Operação Mare
Nostrum lançada por Itália após naufrágios em Lampedusa em
2013 será substituída por missão europeia de patrulhamento
É mais um exemplo do discurso anti-imigração que
ganha terreno na política britânica. O Governo conservador anunciou que não
participará em missões de resgate e salvamento de barcos com imigrantes em
dificuldades no Mediterrâneo, por considerar que operações como a que Itália
está prestes a terminar incentiva a arriscar a arriscada travessia sem papéis.
“Este é
um dia muito negro para o posicionamento moral do Reino Unido”, reagiu a
directora da Amnistia Internacional no país, Kate Allen, citada pelo
jornal Guardian, questionando o argumento invocado por Londres: “É
a guerra, a pobreza e a perseguição que levam pessoas desesperadas a correr
estes riscos terríveis”.
A decisão britânica, numa resposta escrita a uma questão colocada pela
Câmara dos Lordes, foi conhecida a dias do início de uma nova missão de
patrulhamento no Mediterrâneo, lançada pela União Europeia face aos planos
italianos para terminar a operação Mare Nostrum que, durante o
último ano resgatou 150 mil imigrantes de embarcações em dificuldades. Só
que ao contrário da antecessora, a operação da agência europeia Frontex actuará
apenas em águas italianas (a sua prioridade é o reforço do controlo fronteiriço),
tendo meios mais limitados e um orçamento três vezes inferior.
O Reino Unido não só não participa activamente na nova missão, como
recusa apoiar quaisquer operações futuras que tenham como prioridade o resgate
de imigrantes. Londres entende que estas missões “criam involuntariamente um
factor de atracção que encoraja mais imigrantes a tentar a perigosa travessia
marítima e, com isso, leva a mais mortes trágicas e desnecessárias”, escreveu a
secretária de Estado dos Negócios Estrangeiros, Joyce Anelay.
É o mesmo argumento – bem como os dez milhões de euros que a missão
custa por mês – que levou o Governo italiano a anunciar, no início deste mês, o
fim da Mare Nostrum, lançada há um ano, após dois naufrágios que
mataram 500 pessoas ao largo da ilha de Lampedusa. Contudo, Roma admite agora
continuar os resgates, tanto mais que a missão europeia é “totalmente
distinta” da que está em curso.
Apesar dos esforços da Marinha italiana, que mobilizou 32 navios para a
operação, pelo menos 3300 pessoas morreram desde o início do ano em naufrágios
no Mediterrâneo.






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