sexta-feira, 30 de abril de 2021

Milhares de brasileiros pedem visto de residência em Portugal em dois meses

 Dupla bebe cerveja à beira do Rio Douro, no Porto, Portugal

O governo de Portugal recebeu milhares de pedidos de visto de residência feitos por brasileiros apenas em parte do primeiro trimestre de 2021.

Do começo de janeiro até os primeiros dias de março, foram 3,7 mil solicitações, cerca de 60 por dia, informou ao Portugal Giro uma fonte do Ministério da Administração Interna (MAI).

Os 3,7 mil brasileiros representam 52% dos sete mil pedidos de residência feitos por estrangeiros no período.

A quantidade poderia ser maior, caso os postos consulares no Brasil não tivessem interrompido temporariamente os pedidos devido à pandemia de Covid-19. Os serviços já foram restabelecidos.

Estudo e trabalho continuam a ser os principais motivos da emigração de brasileiros, a maior comunidade estrangeira no país, com mais de 185 mil. Atualmente, um brasileiro pode entrar no país como turista e pedir o visto de residência após obter de uma empresa um documento que comprove interesse em contratá-lo. Caso não obtenha, sua condição muda para irregular. 

Para facilitar este movimento, o governo criará um visto temporário que permita a entrada legal para procura de emprego. A autorização para busca de trabalho acabaria com a possibilidade de o imigrante ficar irregular dentro de um período de curta duração.

Ao mesmo tempo, o governo de Portugal começou a fazer a revisão de todo o sistema de vistos. A ideia é simplificar ao máximo para agilizar o processo de autorização de residência.

A reforma, prevista no Programa de Governo, está em curso, assim como a transformação do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) no Serviço de Estrangeiros e Asilo (SEA).

Hoje, em seu discurso de abertura na conferência “Transformação digital nas Migrações”, que ocorre durante a presidência portuguesa do Conselho da União Europeia, o ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, ressaltou a importância da imigração para ajudar na recuperação da economia pós-pandemia.

-Lidamos com pessoas que querem trabalhar e isto causa impacto positivo na economia europeia. A imigração é normal na vida de um mundo globalizado, devemos promovê-la de maneira legal e combater o tráfico de seres humanos - disse Cabrita.

blogs.oglobo

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Uso de tecnologias facilita processos mas tem riscos

 

© Reuters

"A tecnologia pode ser usada para facilitar processos", como a candidatura a vistos ou as entrevistas online, afirmou António Vitorino, na conferência anual da Rede Europeia das Migrações, que decorre sob o tema "Transformação Digital nas Migrações" Organizada pelo Ministério da Administração Interna, no âmbito da Presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia.

Um assunto que, segundo António Vitorino, "não podia vir mais a propósito", já que a pandemia acelerou o uso de tecnologias em todo o mundo.

"A migração e o sistema de mobilização não estão imunes a este crescimento da tecnologia, que está a mudar as ferramentas" e a "diminuir a obsessão pelos processos em papel", afirmou o responsável da Organização Internacional de Migrações (OIM), acrescentando que, depois da pandemia, "estes processos vão continuar a ser usados".

No entanto, apesar da tecnologia digital "facilitar os processos", evitando, por exemplo, a obrigatoriedade de estar presente num local, é "preciso lembrar que também vão mudar as necessidades", passando a ser pedidos outros tipos de documentos para minimizar riscos.

A apresentação dos "dados sobre saúde vai passar a ser necessária", referiu o secretário-geral da OIM, dando como exemplo os passes que mostram que a pessoa já foi vacinada.

"Nenhuma parte da migração ficará na mesma com o aumento da tecnologia [já que até] o potencial de usar dados para fazer previsões sobre movimentações globais pode tornar-se mais eficaz", adiantou.

"Com grande poder vêm grandes responsabilidades", alertou, considerando que é preciso "lembrar os riscos".

"A digitalização e o 'outsourcing' de dados implica segurança para proteger os dados e a dignidade dos migrantes", e por isso "defendo que sejam adotadas normas e dada formação para usar estas tecnologias" com responsabilidade, sob pena de "se ter algoritmos a tomar decisões" que podem mexer com os direitos humanos.

Por outro lado, sublinhou Vitorino, a identificação dos indivíduos é cada vez mais feita por digitalização, mas "isso implica que migrantes e refugiados estão familiarizados e têm acesso à tecnologia necessária, o que nem sempre é o caso".

Por isso, "é preciso garantir que o seu uso é acessível e acessível numa língua que compreendam", disse, avisando que quem não tem esse acesso direto poderá ter de recorrer a mediadores. "E isso é uma oportunidade para traficantes".

Para António Vitorino, 2021 é o ano para "governos trabalharem com outros governos e com organizações internacionais para desenvolver políticas que assegurem [a existência] de um fórum internacional para armazenar, analisar e trocar informação" e para perceber e ultrapassar as lacunas.

Organizada pelo Ministério da Administração Interna, no âmbito da Presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia, a conferência anual da Rede Europeia das Migrações está a ser transmitida online e visa debater a digitalização e as novas tecnologias no domínio das fronteiras, analisando a sua relevância para as questões da migração, nomeadamente através das múltiplas aplicações em matéria documental, biométrica e de cooperação policial.

A Rede Europeia das Migrações (REM) visa a recolha, análise e divulgação de informação objetiva, fiável e comparável no domínio da imigração e asilo, de apoio às políticas europeias de imigração e asilo.

Minuto a Minuto

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quinta-feira, 29 de abril de 2021

As capelinhas no caminho de fé dos migrantes

 


O Documentário “Caminhos de Fé” registrou os capitéis (capelinhas) nos arredores da cidade de Herval d'Oeste, interior de Santa Catarina. Segundo um morador, "representam a fé do povo em momentos da história em que não existiam outras soluções e tornaram-se símbolos para todas as gerações, principalmente as mais novas que não fizeram parte deste período histórico”

O município de Herval d’Oeste, localizado no meio-oeste de Santa Catarina, área de abrangência da Paróquia Senhor Bom Jesus e da Diocese de Joaçaba, é caracterizado pelo seu potencial agrícola, belezas naturais e fé de seus habitantes. De acordo com a história, os primeiros habitantes chegaram nesta região no início do Século XIX. A grande maioria imigrantes italianos vindos do Rio Grande do Sul. Além de toda a cultura e gastronomia típica da Itália, os primeiros moradores trouxeram consigo traços de fé que tornaram-se marcos nas comunidades onde chegaram.

Capitéis: símbolos de fé

Eis o surgimento dos Capitéis. Conforme o professor Davi José Frozza, antigamente, o município chegou a possuir 31 Capitéis. “Era praticamente um a cada esquina”, resumiu. De acordo com a professora Eliane Filippin, os capitéis são símbolos e demonstrações de fé dos primeiros moradores. “Naquele tempo, não haviam muitas soluções acessíveis para a saúde, lavoura ou até mesmo para a proteção das pessoas. Neste sentido, os Capitéis foram criados como alicerces para essa busca pelo Divino como fonte de inspiração para vencer as adversidades daquele momento da história”, comentou.

Inspirados nestas histórias, o projeto “Eu Amo Herval d’Oeste”, composto por Angelo Junior Radavelli, Erica Chaly e Vanderlei Ferreira, com o apoio da Lei Aldir Blanc do Município de Herval d’Oeste realizou um resgate histórico dos Capitéis localizados no município. Dos 31 existentes antigamente, apenas 15 foram encontrados na atualidade. Com histórias inspiradoras, o Documentário “Caminhos de Fé” ouviu mais de 30 pessoas localizadas nas 10 comunidades que possuem os símbolos de fé nos dias de hoje. De acordo com Sérgio Franceschet, um dos entrevistados, os Capitéis “representam a fé do povo em momentos da história em que não existia soluções na medicina, justiça para problemas pessoas e tornaram-se símbolos para todas as gerações, principalmente as mais novas que não fizeram parte deste período histórico”, explicou.

Capitel de Herval d'Oeste

Os 15 capitéis que representam a fé do povo

O Caminhos de Fé resgatou 15 Capitéis localizados nas seguintes Comunidades:

Comunidade do Pacífico - Capitel Nossa Senhora dos Navegantes

Comunidade da Santa Luzia - Capitel Santa Luzia

Comunidade do Senhor Bom Jesus da Barra Verde - Capitéis Nossa Senhora Aparecida e São Brás

Comunidade do Rio Sapato: Capitéis Nossa Senhora do Caravággio e Santo Antônio

Comunidade do Rancho Queimado: Capitel São Paulo e São Roque

Comunidade da Capoeirada: Capitel Santa Luzia

Comunidade de Sede Sarandi: Capitéis Santo Antônio e São Roque

Comunidade de Sede Belém: Capitéis Santa Teresinha, Nossa Senhora Aparecida e Santo Antônio

Comunidade da Serra Alta: Capitel Santa Luzia


Angelo Júnior Radavelli
Radio Vaticano

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ACNUR realiza encontro de cidades para compartilhar boas práticas no acolhimento de pessoas refugiadas e migrantes

 

Refugiadas indígenas da etnia Warao trabalham com a palha de buriti para produzirem artesanatos, sendo uma importante fonte de renda apoiada por municípios brasileiros. Foto: ACNUR/Felipe Irnaldo.

Na última sexta-feira (23), a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) promoveu um encontro virtual entre diferentes municípios brasileiros para compartilhar experiências nas ações de acolhida às pessoas refugiadas e migrantes, incluindo indígenas, no âmbito da assistência social.

Com a proposta de apresentar os desafios enfrentados e boas práticas de iniciativas públicas no escopo da atuação municipal, representantes das cidades de Ananindeua (PA), Belém (PA), Nova Iguaçu (RJ), Rio de Janeiro (RJ) e São Paulo (SP) estiveram conectadas para trocar experiências e soluções, por intermédio do ACNUR.

A iniciativa de promover o diálogo entre as cidades partiu da FUNPAPA, órgão responsável pelas políticas de Assistência Social da cidade de Belém. Com o apoio do ACNUR, a proposta buscou fortalecer o desenvolvimento e o aperfeiçoamento de redes de apoio entre entes públicos e destes junto às suas respectivas relações com as organizações da sociedade civil, academia e demais instituições parceiras.

Na abertura do encontro, a responsável pelo escritório do ACNUR em Belém, Janaina Galvão, apresentou um cenário especificamente desafiador, ainda mais em contexto da atual crise sanitária: a integração de refugiados e migrantes no Brasil, em especial de grupos indígenas venezuelanos devido às especificidades culturais destes grupos que requerem por parte do poder público olhares específicos para traçarem políticas diferenciadas.

Danielle Brígida, Diretora de Atenção Básica e Especial da Fundação Papa João XXIII (FUNPAPA), relatou os esforços da nova gestão para desenvolver um plano municipal de políticas públicas voltadas para refugiados e migrantes,  destacando a intenção de ter 25% de todos os serviços da pasta atendendo as demandas da população refugiada e migrante até o final deste ano.

Na outra ponta deste processo de gestão pública, Vinícius Duque, Coordenador da Política para Imigrantes da Secretaria de Direitos Humanos e Cidadania de São Paulo, reforçou os benefícios advindos da implementação de uma lei municipal para refugiados ainda em 2016, com um claro enfoque na participação dessa população na formulação do atual Plano Municipal de Políticas para Imigrantes, que contou com o apoio do ACNUR para sua estruturação.

No Rio de Janeiro, o histórico de atuação de Quésia Almeida, ex-Subsecretária de Direitos Humanos e atual Coordenadora de Política Sobre Drogas, confirmou em sua fala a importância das articulações entre os diferentes atores que podem promover ações conjuntas e coordenadas em prol das pessoas refugiadas e migrantes no município, como a formação interna de equipes de CREAS e CRAS sobre o tema e a aproximação com universidades para realizar estudos da realidade local, qualificando assim as respostas implementadas.

A poucos quilômetros da capital fluminense, Elaine Medeiros, Secretária de Assistência Social de Nova Iguaçu, explicou os esforços do município em acolher e buscar meios de integração local para pessoas refugiadas que passaram a residir no município, seja no contexto da estratégia de interiorização (um dos eixos principais da Operação Acolhida, resposta humanitária do Governo Federal para o fluxo de pessoas venezuelanas ao Brasil) ou das demandas específicas de famílias indígenas da etnia Warao – que requereram atenção diferenciada  do município.

Encerrando o ciclo de apresentações, Marisa Lima, Secretária Municipal de Assistência Social de Ananindeua (PA), descreveu as necessidades de atendimento junto aos indígenas Warao.

“A primeira coisa que fizemos (no atendimento aos indígenas Warao) foi mapear e entender o perfil dessas pessoas, buscando acolher as demandas emergenciais e a partir daí começar a pensar em um plano de intervenção intersetorial, sabendo que não seria possível cobrir uma demanda como essa sozinhos”, afirmou.

A prefeitura de Ananindeua publicou na semana passada o decreto de criação do Comitê Intersetorial Municipal de Acolhimento e Atenção à População Indígena Warao, que reúne membros do poder público, do sistema de justiça, sociedade civil, organizações internacionais, além de representantes do poder legislativo e, claro, da própria comunidade Warao.

Na semana passada o ACNUR lançou uma publicação de referência para a proteção de indígenas refugiados e migrantes no país, reforçando ações efetivas para o atingimento dos Objetivos do Desenvolvido Sustentável, como o ODS 10, que visa a redução das desigualdades para alavancar o crescimento sustentável da renda e promover a inclusão social e econômica de todos.

Acnur

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quarta-feira, 28 de abril de 2021

QUAL A DIFERENÇA ENTRE IMIGRAR E EMIGRAR?


Você sabe qual a diferença entre os verbos "emigrar" e "imigrar"? Uma pessoa que saiu de um país para firmar morada em outro território tecnicamente acabou fazendo as duas coisas, mas o uso das palavras depende de que ponta da viagem nós estamos falando. Porém, é bastante comum que isso cause confusão nas pessoas.

Tanto "emigrar" quanto "imigrar" derivam do latim migrare, o qual significa "ir de um lugar para outro". Portanto, para compreendermos a diferença entre os dois termos, precisamos remover a parte "migrar", que aparece em comum entre eles, e nos aprofundarmos no que resta de cada um deles. 

Analisando os termos

(Fonte: Wikimedia Commons)(Fonte: Wikimedia Commons)

Vamos começar pela palavra "emigrar". Neste caso, a letra "e" é uma abreviação do prefixo "ex", que por sua vez expressa um sentido de origem. Assim como as palavras "excluir" ou "escavar", a palavra "emigrar" se refere ao ato de tirar algo de outra coisa. Portanto, se você está citando o processo de emigração, você deveria estar se referindo a alguém que saiu de algum lugar em específico. 

Gramaticalmente falando, é impossível dizer que uma pessoa está emigrando para um país. Por outro lado, isso pode ser feito por alguém que está imigrando. Nestes casos, o prefixo "im" possui significado de transferência "para" algum lugar, assim como a palavra "implante". 

Dessa forma, o termo imigração deveria ser apenas utilizado nos casos de pessoas que estão se mudando para algum país. Para te ajudar a lembrar da diferença entre os dois termos, tenham em mente sempre que:

  • No Brasil, um brasileiro que está saindo do país para morar no exterior pode ser chamado de emigrante
  • Porém, esse mesmo brasileiro será considerado um imigrante no país em que ele chegar

Imigração e emigração ao longo dos anos

(Fonte: Wikimedia Commons)(Fonte: Wikimedia Commons)

Os movimentos migratórios são algo bastante comum na história da humanidade. Por exemplo, diversas cidadãos dos países envolvidos na Segunda Guerra Mundial emigraram de suas terras e se tornaram imigrantes de nações que estavam afastadas das regiões de conflito.

O mesmo aconteceu recentemente com os refugiados da Guerra da Síria, que foram embora de seu país para buscar condições melhores de vida nos países europeus e até mesmo na América do Sul. Historicamente, o Brasil é conhecido por sempre ter recebido muitos imigrantes que emigraram de suas terras — não à toa temos as maiores comunidades de italianos e japoneses fora da Itália e do Japão, respectivamente.

megacurioso.com.br

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Que ninguém seja excluído de trabalho

 Nas vésperas da Festa de S. José Operário, recordamos a Carta Apostólica “Patris Corde” na qual o Papa Francisco afirma que “a perda de trabalho que afeta tantos irmãos e irmãs e tem aumentado nos últimos meses devido à pandemia de Covid-19, deve ser um apelo a revermos as nossas prioridades”

São José com o Menino Jesus 

Estamos a viver um ano dedicado a S. José. O Papa Francisco quis, assim, assinalar os 150 anos da declaração de S. José como padroeiro universal da Igreja proclamada a 8 de dezembro de 1870 pelo Papa Pio IX.

Até dezembro deste ano de 2021, a Igreja tem um tempo especial para celebrar S. José. Segundo o Papa, “depois de Maria, a Mãe de Deus, nenhum Santo ocupa tanto espaço no magistério pontifício como José, seu esposo”.

Francisco publicou uma Carta Apostólica intitulada ‘Patris Corde’ que em português podemos traduzir com a expressão “Com coração de pai”. Um documento que sublinha várias dimensões da paternidade de S. José, tais como, a ternura, a obediência, o acolhimento, a coragem criativa e também a sua missão como trabalhador.

A poucos dias de celebrarmos em todo o mundo o Dia do Trabalhador, na Festa de S. José Operário que se assinala no 1º de maio, recordamos aqui o ponto 6 da Carta Apostólica do Papa Francisco. Escreve o Santo Padre neste ponto que se intitula “Pai trabalhador”:

“Um aspeto que carateriza São José – e tem sido evidenciado desde os dias da primeira encíclica social, a Rerum novarum de Leão XIII – é a sua relação com o trabalho. São José era um carpinteiro que trabalhou honestamente para garantir o sustento da sua família. Com ele, Jesus aprendeu o valor, a dignidade e a alegria do que significa comer o pão fruto do próprio trabalho.

Neste nosso tempo em que o trabalho parece ter voltado a constituir uma urgente questão social e o desemprego atinge por vezes níveis impressionantes, mesmo em países onde se experimentou durante várias décadas um certo bem-estar, é necessário tomar renovada consciência do significado do trabalho que dignifica e do qual o nosso Santo é patrono e exemplo.

O trabalho torna-se participação na própria obra da salvação, oportunidade para apressar a vinda do Reino, desenvolver as próprias potencialidades e qualidades, colocando-as ao serviço da sociedade e da comunhão; o trabalho torna-se uma oportunidade de realização não só para o próprio trabalhador, mas sobretudo para aquele núcleo originário da sociedade que é a família. Uma família onde falte o trabalho está mais exposta a dificuldades, tensões, fraturas e até mesmo à desesperada e desesperadora tentação da dissolução. Como poderemos falar da dignidade humana sem nos empenharmos para que todos, e cada um, tenham a possibilidade dum digno sustento?

A pessoa que trabalha, seja qual for a sua tarefa, colabora com o próprio Deus, torna-se em certa medida criadora do mundo que a rodeia. A crise do nosso tempo, que é económica, social, cultural e espiritual, pode constituir para todos um apelo a redescobrir o valor, a importância e a necessidade do trabalho para dar origem a uma nova «normalidade», em que ninguém seja excluído. O trabalho de São José lembra-nos que o próprio Deus feito homem não desdenhou o trabalho. A perda de trabalho que afeta tantos irmãos e irmãs e tem aumentado nos últimos meses devido à pandemia de Covid-19, deve ser um apelo a revermos as nossas prioridades. Peçamos a São José Operário que encontremos vias onde nos possamos comprometer até se dizer: nenhum jovem, nenhuma pessoa, nenhuma família sem trabalho!”

O Papa na sua Carta Apostólica “Com coração de Pai” afirma ainda que em S. José “nunca se nota frustração, mas apenas confiança”. Francisco frisa que “o seu silêncio persistente não inclui lamentações, mas sempre gestos concretos de confiança”. Por isso, “o mundo precisa de pais, rejeita os dominadores, isto é, rejeita quem quer usar a posse do outro para preencher o seu próprio vazio; rejeita aqueles que confundem autoridade com autoritarismo, serviço com servilismo, confronto com opressão, caridade com assistencialismo, força com destruição. Toda a verdadeira vocação nasce do dom de si mesmo, que é a maturação do simples sacrifício” – declara o Santo Padre.

“A paternidade, que renuncia à tentação de decidir a vida dos filhos, sempre abre espaços para o inédito. Cada filho traz sempre consigo um mistério, algo de inédito que só pode ser revelado com a ajuda dum pai que respeite a sua liberdade. Um pai sente que completou a sua ação educativa e viveu plenamente a paternidade, apenas quando se tornou «inútil», quando vê que o filho se torna autónomo e caminha sozinho pelas sendas da vida, quando se coloca na situação de José, que sempre soube que aquele Menino não era seu: fora simplesmente confiado aos seus cuidados. No fundo, é isto mesmo que dá a entender Jesus quando afirma: «Na terra, a ninguém chameis “Pai”, porque um só é o vosso “Pai”, aquele que está no Céu» (Mt 23, 9)” – escreve o Papa.

No próximo 1º de maio celebra-se o Dia do Trabalhador na festa litúrgica de S. José Operário. Uma altura oportuna para refletir, em tempo de pandemia, sobre os problemas do trabalho e do emprego através das palavras do Papa Francisco na invocação de S. José na sua dimensão de trabalhador no texto da Carta Apostólica “Patris Corde”. Fica o desejo do Papa: “nenhum jovem, nenhuma pessoa, nenhuma família sem trabalho!”

Rui Saraiva – Portugal

Radio Vaticano 

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terça-feira, 27 de abril de 2021

ACNUR, OIM: trágico naufrágio no Caribe ressalta necessidade de estabelecer caminhos e rotas seguras

 


O ACNUR, Agência da ONU para Refugiados e a Organização Internacional para as Migrações (OIM) estão profundamente consternados com a perda de pelo menos duas vidas após um barco ter naufragado na costa da Venezuela na última quinta-feira, 22 de abril.

Segundo as autoridades locais, pelo menos 24 pessoas, incluindo várias crianças, estavam a bordo do barco que se dirigia para a nação caribenha de Trinidad e Tobago. Sete pessoas foram resgatadas por navios comerciais venezuelanos e dois corpos foram recuperados até o momento. As operações de resgate ainda estão em andamento para encontrar outros sobreviventes entre os 15 venezuelanos que ainda não foram localizados.

“As águas do Mar do Caribe continuam ceifando a vida dos venezuelanos”, disse Eduardo Stein, Representante Especial Conjunto do ACNUR e da OIM para Refugiados e Migrantes da Venezuela. “À medida que as condições no país pioram, situação agravada pela pandemia de Covid-19, as pessoas continuam a fazer viagens arriscadas.”

Este é o mais recente de vários incidentes envolvendo o naufrágio de barcos que transportavam refugiados e migrantes venezuelanos para as ilhas do Caribe. Em dezembro de 2020, foi relatado outro naufrágio perto da cidade venezuelana de Guiria.

Com as fronteiras terrestres e marítimas ainda fechadas para limitar a transmissão da COVID-19, essas viagens são realizadas principalmente por rotas irregulares, o que aumenta os perigos e riscos à saúde e proteção.

“Naufrágios, mortes trágicas em fronteiras e mais sofrimento são evitáveis, mas apenas se uma ação internacional imediata e coordenada for mobilizada para encontrar soluções pragmáticas que tornem salvar vidas e proteger os direitos humanos as prioridades de qualquer resposta”, acrescentou Stein.

“O estabelecimento de vias regulares e seguras, inclusive por meio de vistos humanitários e de reunião familiar, bem como a implementação de sistemas de entrada sensíveis à proteção e mecanismos de recepção adequados, podem prevenir o uso de rotas irregulares, contrabando e tráfico”.

O ACNUR e a OIM reiteram sua disponibilidade em prestar apoio e conhecimento técnico na busca de soluções práticas para fornecer caminhos regulares que também levem em consideração as medidas de prevenção da COVID-19. O ACNUR e a OIM, colíderes da Plataforma de Coordenação Interinstitucional para Refugiados e Migrantes da Venezuela (R4V), trabalham com pelo menos 24 outros parceiros e governos do Caribe para atender às necessidades dos refugiados e migrantes na sub-região.

Existem mais de 5 milhões de refugiados e migrantes venezuelanos em todo o mundo e estima-se que 200 mil dessas pessoas estejam no Caribe.

Agência da ONU para Refugiados

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6 dúvidas comuns sobre a tradução juramentada de documentos para imigração

 


A tradução de documentos para imigração apresenta um duplo desafio para os profissionais da área. 

É fundamental que eles usem suas habilidades linguísticas em um contexto meticuloso com terminologia específica e desempenhem um papel fundamental na aplicação legal de um documento oficial. 

Além disso, esse trabalho requer uma competência técnica impecável combinada com um conhecimento profundo do sistema jurídico da região em questão. 

Vale lembrar que o principal diferencial das traduções juramentadas é a garantia da veracidade das informações apresentadas.

Confira agora 6 das dúvidas mais comuns relacionadas a esse tipo de serviço.

1. Quando você precisa de uma tradução juramentada?

No mundo jurídico, as traduções juramentadas são necessárias para todo documento que for solicitado seja compreendido pelas autoridades do país que o portador está visitando. 

Geralmente, essas traduções são os únicos formatos que são aceitos por prefeituras, tribunais, organizações internacionais e toda instituição que represente ou se reporte ao governo local.

Os exemplos incluem documentos relativos ao estado civil, como certidões de nascimento, casamento ou óbito e diplomas; sentenças judiciais ou extratos emitidos por uma Câmara de Comércio e também documentos empresariais como atas, contratos e livros contábeis.

Assim como cada situação requer um conjunto de documentos, quando eles precisam ser apresentados fora de seu país de origem têm a obrigação legal de acompanhar sua determinada tradução juramentada.

2. Quem garante a qualidade da tradução?

Uma tradução juramentada é diferente de uma tradução normal porque é assinada e carimbada por um tradutor juramentado e é, graças a isso, considerada legalmente da mesma forma que o objeto traduzido. 

Além disso, as traduções juramentadas acompanham dados do tradutor responsável como seu CPF e seu número de identificação na junta comercial em que está registrado.

Com esses dados é possível confirmar se o profissional é mesmo um tradutor juramentado, também chamado de tradutor público, e garantir a veracidade das informações ali contidas.

A assinatura e o carimbo que um documento com tradução juramentada possuem são reconhecidos através de um registro no Ministério das Relações Exteriores. Isso, através do Conselho Distrital da região em que o tradutor atua.

Tais informações garantem a qualidade do trabalho e podem ser verificadas consultando a Junta Comercial da região, um cuidado essencial para o processo de imigração ser bem sucedido.

3. Quanto custa uma tradução juramentada?

Não há uma resposta direta para isso, o serviço de tradução de documentos para imigração depende de diversos fatores, como por exemplo:

  • O par de idiomas envolvido;

  • A dificuldade que o texto possui;

  • O valor que pode ser descontado por repetições ou correspondências exatas;

  • Se memória de tradução ou tradução automática está ou não envolvida;

  • Se requer uma revisão específica ou qualquer outro serviço adicional.

Na hora de criar uma boa proposta comercial são analisadas essas e outras variáveis, mas o que se tem por parâmetro é o sistema de medidas próprio do serviço, a lauda.


Ela corresponde a uma determinada quantidade de termos escritos estipulada pela junta local. Ex: 1000 termos = 1 lauda. E só após uma análise do documento a ser traduzido é possível realizar um orçamento com base na quantidade de laudas.

De modo geral, o valor do serviço é tabelado pelas Juntas Comerciais e pode ser verificado a qualquer momento.

4. Quanto tempo demora o serviço?

Assim como no caso do preço, não existe uma resposta padrão quando falamos de prazos, pois normalmente os mesmos fatores são considerados para estipular a entrega.

Por via de regra, a tradução começa a partir do momento em que o tradutor recebe a cópia do documento e tem a aprovação do cliente após a análise orçamentária.

É essencial que a versão final do documento fonte seja entregue ao tradutor no início do processo de tradução. Depois de concluída a etapa de certificação, o tradutor não pode fazer mais modificações no documento. 

Considerando a natureza meticulosa desse procedimento, mesmo uma pequena modificação pode ter um grande impacto nos custos e prazos de uma tradução juramentada.

É melhor fornecer um documento original e completo desde o início do processo para garantir que todos os envolvidos tenham uma compreensão clara dos prazos do processo. 

E caso você precise que a tradução seja entregue o mais rápido possível ou com um intervalo de tempo mais curto, outro fator que afeta o valor do serviço.

5. O que é necessário para começar?

Uma simples pesquisa sobre o oferecimento do serviço pode solucionar essa questão.

Antigamente a tradução juramentada só podia ser realizada mediante a entrega física do documento, hoje já existe aprovação legal para a apresentação digital, o que torna a adesão mais prática de encontrar e adquirir.

Alguns profissionais e empresas que oferecem o serviço ainda fazem questão de ter a cópia física dos documentos para traduzi-los, mas essa já não é uma necessidade de ofício e sim um método particular. Sendo assim, você pode enviar por meios digitais como por e-mail.

Na verdade, esta é a opção mais conveniente tanto para o tradutor quanto para o solicitante da tradução, pois evita deslocamentos desnecessários e agiliza os processos de tradução e cotação.

6. Onde encontrar tradutores juramentados?

Além dos profissionais que atuam em escritórios próprios, é recomendável procurar por tradutores juramentados de empresas que prestam o serviço em diversos idiomas e que tenham experiência no mercado.

A segurança e a tranquilidade na contratação de um profissional juramentado de uma empresa especializada é sempre muito importante na hora de decidir e faz uma enorme diferença principalmente para quem está procurando essa tradução pela primeira vez. 

O apoio que uma empresa do ramo pode oferecer em casos emergenciais, sobretudo às vésperas de viagens, ajuda muito. Trata-se de um suporte profissional bem visto e muito esperado em qualquer ramo de atividade.

No caso da tradução, isso ocorre graças ao fato de que os profissionais que almejam trabalhar com a juramentação prestam um concurso público de grande dificuldade.

Depois, os que desejam representar uma boa empresa do ramo ainda passam por testes e entrevistas rigorosos até que sejam aprovados de acordo com sua competência.

E esse processo seletivo assegura que a empresa escolhida pelo cliente terá plenas condições de corresponder tudo o que lhe for solicitada.

O mais importante a se considerar é que a mudança de um país para outro pede cautela na separação dos documentos e o ideal é que, tanto a emissão quanto a tradução juramentada sejam realizados com antecedência.

Consulte os órgãos competentes a quem deverá se reportar, liste todos os documentos que pedirem e se organize levando em conta o tempo que possui, a tranquilidade que deseja e o valor que será investido.

Sobre os autores: Dalton Ribeiro, redator, analista de link building da SEO Marketing e estudante de Letras da Universidade de São Paulo.

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