sábado, 30 de maio de 2020

Unicamp: Pesquisa pretende analisar impacto da COVID-19 na migração no Brasil

Unicamp: Pesquisa pretende analisar impacto da COVID-19 na ...
Observatório das Migrações em São Paulo, vinculado ao Núcleo de Estudos de População Elza Berquó da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), participa de uma iniciativa para um estudo sobre o impacto da COVID-19 (doença causada pelo novo coronavírus) e das medidas adotadas pelo poder público sobre as condições de vida dos imigrantes internacionais, refugiados e apátridas residentes no Brasil, avaliando as possíveis violações de seus direitos sociais.
Para isso, os organizadores da iniciativa solicitam que esse público colabore a partir do preenchimento de um questionário. Trata-se de questões curtas e que podem ser rapidamente respondidas. A pesquisa encontra-se traduzida para seis línguas: português, inglês, espanhol, árabe, francês e creole haitiano.
Os dados recolhidos são anônimos e serão tratados de forma agregada sem a identificação dos respondentes. Nenhuma informação individualizada será fornecida a qualquer órgão de governo ou disponibilizada para divulgação ou uso na pesquisa ou em qualquer outro estudo.
Além do Observatório das Migrações em São Paulo, também participam da iniciativa o Grupo Interdisciplinar de Pesquisa e Extensão Direitos Sociais e Migração (GIPE)/ PUC Minas e o Grupo Distribuição Espacial da População (GEDEP)/PUC Minas.
Mais esclarecimentos podem ser obtidos pelos seguintes e-mails: migraforum.mg@gmail.com ou observatoriodasmigracoes@nepo.unicamp.br.
Secretaria da Educação do Estado de São Paulo
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sexta-feira, 29 de maio de 2020

Pandemia pode levar à pobreza mais 16 millhões de crianças em América Latina e Caribe em 2020

AFP / Gal ROMAEstimativas do possível aumento da pobreza infantil até o fim do ano devido à pandemia do novo coronavírus
Um total de 16 milhões a mais de crianças de América Latina e Caribe estarão vivendo na pobreza até o fim de 2020 caso não sejam tomadas medidas urgentes para combater a crise econômica causada pela pandemia, advertiram nesta quinta-feira Unicef e Save The Children.
O aumento, 22% a mais das que havia no ano passado (72 milhões), significa que quase metade das crianças da região (46%) farão parte de lares que sobrevivem com recursos escassos, indicaram em comunicado conjunto.
"Este aumento esmagador colocaria América Latina e Caribe em níveis semelhantes aos de quase 10 anos atrás e reverteria significativamente os avanços na luta contra a pobreza infantil registrados na maior parte da região no século XXI", diz Mónica Rubio, assessora de políticas sociais do Unicef para a região, citada no comunicado.

As crianças de América Latina e Caribe sofrerão os efeitos econômicos mais severos da pandemia, atrás de alguns países europeus e da Ásia Central, segundo o estudo, baseado em projeções do Banco Mundial e Fundo Monetário Internacional e dados demográficos de uma centena de países. Além disso, a crise gerada pela pandemia ampliará o abismo existente entre as crianças de famílias pobres e ricas, assinala o texto.

Segundo a Cepal, em consequência da pandemia, a região irá experimentar a pior contração econômica desde 1930, de 5,3%. A América do Sul verá crescer quase 30% o número de crianças que viverão em lares pobres, cerca de 11 milhões a mais do que no ano passado.

Unicef e Save The Children pediram que sejam ampliados "rapidamente e em larga escala" os programas de proteção social, incluindo as ajudas em dinheiro, os refeitórios escolares e qualquer outro benefício que chegue às crianças. Além disso, recomendaram que sejam criadas as bases para que os países enfrentem futuras crises a um custo social menor.
Uma perda imediata da renda significa que as famílias terão menos chances de ter acesso a uma alimentação suficiente, atendimento médico ou educação para seus filhos, segundo as entidades. A longo prazo, crescem as chances de as crianças serem submetidas ao trabalho infantil e sofram violência ou transtornos mentais.

"Permitiremos que as crianças paguem a conta da Covid-19?", questionou Mónica Rubio. "Está cada vez mais claro que as consequências desta privação econômica para as crianças poderão ser duradouras ou, até mesmo, irreversíveis."

AFP
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Refugiada cega supera desafios para seguir estudando

Margetu estuda na Escola Primária de Mogadishu, no campo de refugiados de Kakuma, no noroeste do Quênia. Foto: Hannah Maule-ffinch/ACNUR
Em um caminho longo e sinuoso, duas meninas caminham juntas para a escola. Uma guiando a outra. Margetu carrega folhas grandes e grossas de papel em uma das mãos enquanto a outra segura firmemente a mão de sua melhor amiga Natasha.
Essas folhas de papel significam tudo para Margetu. São seus materiais em braille. Sem eles, a menina de 14 anos não consegue estudar. Margetu perdeu a visão por razões desconhecidas ainda bebê, quando sua família morava na Etiópia.
Quando ela tinha sete anos, os combates nas regiões central e sul da Etiópia obrigaram sua família a fugir para o país vizinho, o Quênia, em busca de segurança. Eles encontraram refúgio no campo de refugiados de Kakuma, onde vivem desde 2013. A família recebe apoio da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) com abrigo, comida, registro legal e educação.
Quando questionada sobre a vida no campo, Margetu hesita em responder: “Viver em um campo é… um pouco difícil”, diz, acrescentando rapidamente: “o melhor é vir para a escola, porque então você pode aprender e talvez mudar seu futuro”. Seu tom de voz pode ser calmo e quieto, mas a força e a resiliência de Margetu brilham quando ela fala.
Graças ao ACNUR e seu parceiro Educate a Child, Margetu frequenta a escola desde que chegou a Kakuma.
“É muito bom poder ir à escola”, disse Margetu. “Aprender é muito importante. É algo que pode mudar a vida das pessoas de maneiras diferentes. Quando você aprende, pode conseguir um emprego para ajudar a si mesmo e às pessoas ao seu redor. Estudar é bom para todo mundo.”
Por meio de sua parceria com a Educate a Child, o ACNUR ajuda a garantir que estudantes como Margetu tenham acesso a uma educação de qualidade em Kakuma. Juntos, trabalham para treinar e empregar professores qualificados, melhorar a segurança dos ambientes de aprendizagem e fornecer aos alunos material escolar, incluindo dispositivos de assistência especiais para estudantes como o Margetu.
Margetu é cega desde que era bebê e conta com o auxílio de uma máquina de braille na sala de aula. Foto: Hannah Maule-ffinch/ACNUR
A paixão e dedicação de Margetu a levaram ao topo de sua classe. Ela aprende todos as matérias com facilidade, mas a sua favorita é o inglês, porque esse é o principal idioma usado pelas diferentes pessoas que vivem em Kakuma para se comunicar.
Na escola, Margetu tem uma máquina em braile que usa para participar das atividades da escola. A máquina nem sempre funciona muito bem e Margetu gostaria de ter mais materiais adaptados às suas necessidades. Mas ela não deixa que isso se torne um obstáculo.
Onu
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quinta-feira, 28 de maio de 2020

Brasil é o único país em que a pandemia escalou a luta política

Não existe o menor vislumbre de um consenso político federal para o combate à pandemia

Bolsonaro veta norma para proibir minissaia no Planalto após ...
Todas as pandemias na história humana trouxeram consigo mais crendice. Parece que o novo nome para isso é fake news. No século 19 houve, em algumas regiões europeias, uma fervorosa convicção de que as vítimas de tuberculose deveriam ser espetadas com estacas, visto que, se assim não fosse, os doentes mortos reerguer-se-iam das tumbas para infectar os parentes.
A epidemia de covid-19 constitui uma nova oportunidade para as teorias mais esotéricas que buscam explicação e salvação para a doença, agora com a difusão maciça pela internet. Uma das mais fascinantes que li, não sei onde, é aquela que aponta a tecnologia 5G como a verdadeira responsável pela doença (tudo vem da China, numa atualização do outrora chamado mal amarelo). Para quem se ri dessas loucuras e acha que elas ficarão à margem de qualquer rastro de credibilidade, conviria que não se esquecesse que o presidente dos Estados Unidos, país mais poderoso do mundo, sugeriu, numa conferência de imprensa, a injeção com desinfetante para limpar pulmões infectados (fico sempre a pensar o que diria a nossa livre imprensa ocidental se tudo isso tivesse ocorrido com responsáveis chineses).
Talvez com algum exagero, a firme convicção de alguns dirigentes políticos sobre o uso da cloroquina pode ser adicionada à lista das psicoses coletivas. Neste capítulo da superstição, o Brasil não está só no mundo, mas não há dúvida de que ocupa um lugar de relevo na restrita lista de países em que os seus responsáveis políticos aspiram à condição de curandeiros, achando que a sua tarefa é impor protocolos de saúde e prescrição de medicamentos. Quem achou que Galileu foi o ponto-final na tutela política da ciência prepare-se para ver a história regressar a galope.
Outra caraterística histórica das infecções é a procura de bodes expiatórios. Algumas das vítimas das pragas europeias foram os culpados de sempre – judeus, maçons, ciganos, estrangeiros. As paranoias da conspiração e os mitos dos Superiores Desconhecidos que secretamente comandam os acontecimentos mundiais sempre encontraram firme terreno de desenvolvimento em momentos de aflição. Neste caso, ainda não está claro quem será responsabilizado, embora o “vírus chinês” citado pelo presidente dos EUA nos ofereça uma primeira indicação.
No Brasil, as forças politicas de plantão não terão dificuldade em encontrar os responsáveis – ou a China, ou os governadores, ou a Organização Mundial da Saúde, ou o marxismo cultural, ou o politicamente correto, ou todos ao mesmo tempo. A avaliar pelo que por aí vemos, vai valer tudo.
O que é, no entanto, concreto e bem definido na atual tragédia brasileira é a barafunda que tomou conta da sua política nacional de saúde. Não existe o menor vislumbre de um consenso político federal para o combate à pandemia. O Brasil não tem uma estratégia comum válida para todos os atores políticos que têm poderes executivos na área da saúde. Finalmente, não existe sequer um consenso dentro do governo federal quanto ao que fazer – vamos ao segundo ministro da Saúde demitido, desde que tudo começou. Esses três fatos tornam a história política da pandemia brasileira verdadeiramente singular no mundo.
A China, de partido único, impôs medidas radicais bem compreendidas pelas populações e pela comunidade científica do país. A avaliação do trabalho feito parece comparar bem com o resto do mundo. A Europa construiu a sua resposta baseada no melhor conhecimento médico e num acordo tácito entre governos e oposições – a luta política foi, de certa forma, suspensa durante a crise. Os EUA, embora com mais hostilidade e em ano de eleições, conseguiram aprovar uma resposta eco- nômica à crise que uniu os dois partidos e, apesar das estouvadas tiradas do presidente, as medidas implementadas resultaram, com pequenas diferenças, de um mínimo consenso que as instituições médicas norte-americanas conseguiram impor.
Ali não houve mudanças na liderança do Ministério da Saúde ou nas agências federais de controle de infecções. O Brasil é o único país do mundo em que a pandemia escalou a luta política – no interior do próprio governo, no Congresso, nos estados e até nas ruas, aos domingos.
Embora ainda em curso, a pandemia envolve uma competição política. O primeiro epicentro foi a China, depois a Europa, depois os Estados Unidos, agora a Rússia, e o próximo pode muito bem ser o Brasil. O número de mortos diários assusta e as reportagens televisivas impressionam. É difícil, no entanto, dizer que o pior já passou. A seguir à crise sanitária virão a crise econômica e o regresso da competição por mercados mundiais. Nessa altura, a avaliação do combate à infecção e a imagem do Brasil no mundo vai contar, e muito. Como vai acabar ainda não sabemos, mas uma coisa parece certa – a bagunça e a zaragata política terão um preço. Em vidas perdidas, em recuperação econômica e em reputação internacional. Não vai ser bonito.


José Sócrates / Autor
jsocrates@cartacapital.com.br
Ex-primeiro ministro de Portugal (2005 a 2011)
Carta Capital
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Imperialismo continua a manipular a imigração venezuelana

Governo venezuelano rechaçou e classificou como fraudulenta a iniciativa de diversos países liderados pela União Europeia para recolher fundos para, supostamente, prestar auxílio ao migrantes venezuelanos. O protesto foi feito pelo Chanceler Jorge Arreaza pelo Twitter, disse ele: “A República Bolivariana da Venezuela avalia como um espetáculo fraudulento organizado por um grupo de governos, auto proclamados doadores, liderados pela União Europeia, que cria uma comunidade internacional para legitimação de ações continuadas, intervencionistas, falsas e precárias promessas de fundos, supostamente dirigidas a atender a migração venezuelana
A Conferência de Doadores Solidários aos Refugiados e Migrantes da Venezuela no Contexto do COVID-19, anunciou nesta terça feira (26/05), ter arrecadado € 2,5 milhões de Euros. A Conferência tem entre seus participantes, mais de 40 países, a Organização dos Estados Americanos (OEA), instituições europeias como o Banco Interamericano de Desenvolvimento, Banco Mundial, dentre outros. Tem o apoio da Agencia das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) e a Organização Internacional para as Migrações (OIM).
Para as autoridades venezuelanas não passa de um “evento midiático ideologizado” usados para atacar o governo daquele país. O próprio presidente Nicolás Maduro manifestou-se dizendo que “a suposta preocupação europeia com a situação do COVID-19 na Venezuela é cínica, quando os países chamados destinatários [dos migrantes] e a maioria dos doadores auto proclamados são as principais fontes do coronavírus na região e no mundo.
Os detratores do Governo Maduro tem usado o argumento de um êxodo constante de cidadão venezuelanos como propaganda, no entanto estes dados sempre foram muito manipulados pela imprensa burguesa de países como Colômbia e Brasil, ambos declaradamente apoiadores das intenções golpistas dos países imperialistas liderados pelos EUA. Recentemente, o DCO (Diário Causa Operária) noticiou em matéria intitulada “Regime colombiano impede a volta de venezuelanos para seu país”, um impasse causado pelo governo colombiano que impedia o retorno de milhares de venezuelanos a seu país, alegando entraves burocráticos.
Caracas também acusou o consórcio imperialista de esconder o fato de que há um fluxo massivo de venezuelanos retornando, motivados pela xenofobia, discriminação, maus tratos e um manejo ruim da pandemia nos países onde se encontram. Maduro assegurou que 49.628 venezuelanos já regressaram vindos da Colômbia e do Brasil.
A demagogia fica evidente quando, entre os países doadores, encontra-se o Brasil, onde o governo central propõe o fim do isolamento social em meio ao aumento de mortes e sequer tem um ministro da saúde com um plano efetivo para o enfrentamento da crise. Apesar da crise econômica por que passa a Venezuela, causada pelo bloqueio econômico dos EUA, o país é um dos menos afetados pelo COVID-19 na América Latina e conta com uma série de medidas de amparo social, como suspensão de pagamento de tarifas de água e luz, de alugueis e aporte governamental para pagamento de salários.
Certamente, é propaganda bem mais eficiente que um a criação de um fundo “humanitário”, o fato de que EUA, Brasil e União Europeia estão todos no topo da lista de infectados e mortos pelo coronavírus, enquanto que a Venezuela tem lidado muito melhor com o enfrentamento da pandemia.
Causa Operaria
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quarta-feira, 27 de maio de 2020

Moda e imigração: quem produz nossas roupas?


Imigrantes ainda precisam trabalhar mais que o dobro por dia para atender ao consumo desenfreado de roupas
Projeto Tecendo Sonhos debate condições de trabalho de imigrantes na produção têxtil. Foto: Aliança Empreendedora
Mesmo com um século de avanços conquistados no âmbito do direito do trabalho, os desafios ainda são imensos. Com a crise econômica e política brasileira, a taxa de desemprego permanece sempre alta, fazendo com que muitas pessoas se submetam ao trabalho informal – entre elas, vários imigrantes que chegam ao país em busca de melhores condições de vida.

Devido ao grau de vulnerabilidade social e econômica, muitos aceitam trabalhos -precários, em diversos tipos de negócio, que configuram como escravidão contemporânea. Em São Paulo, por exemplo, estima-se que vivem cerca de 400 mil imigrantes latino-americanos, muitos dos quais trabalham com pequenas confecções de costura.
Essas oficinas são frequentemente informais para atender o consumo desenfreado de roupas com baixo custo. Segundo a Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit), 80% do consumo de roupas no País é proveniente de pequenas e médias confecções e só 20% vem do grande varejo.
Não é difícil ouvirmos que os imigrantes não são bem-vindos porque ocupam vagas de trabalho de nossos compatriotas. Normalmente, esse discurso é direcionado para aqueles que têm baixa escolaridade, menor poder aquisitivo e são de origem negra ou indígena. Não se questiona, por exemplo, a “concorrência” de imigrantes brancos com alta escolaridade provenientes de países de origem europeia e norte americana.
Dados da Polícia Federal mostram que em 2018, mesmo com o aumento de refugiados venezuelanos no País, a quantidade de brasileiros que saíram do País foi maior do que o número de pessoas de outras nacionalidades que entraram – 252 mil migraram enquanto apenas 94 mil imigraram. Somente 0,7% da nossa população é imigrante, quantidade abaixo da média mundial, que é de 3%.
Temos ainda outro dado do Instituto Ipsos que reforça um olhar distorcido sobre a população imigrante no Brasil. Em 2018, os brasileiros tinham uma percepção de que 27% da população era composta por imigrantes, apresentando uma das maiores distorções da realidade de todos os países pesquisados.
Os dados citados nos levam a refletir sobre como o imaginário dos brasileiros ainda relaciona as temáticas imigração-trabalho com preconceito e sem conhecimento em profundidade sobre o tema.
Aqui fica a reflexão: ao mesmo tempo que muitas pessoas não querem receber esses imigrantes, continuam consumindo as roupas que eles produzem, adquirindo os produtos por valores baixos. São esses trabalhadores imigrantes que pagam as contas quando há o consumo de, por exemplo, uma blusa de 20 reais ou 30 reais. Por conta disso, eles precisam trabalhar por volta de 15 horas diárias em condições e ambientes muito precários. Dessa forma podemos pensar qual é a nossa responsabilidade como consumidor quando analisamos essa cadeia de consumo? Qual deveria ser a nossa postura ao receber esses imigrantes em nosso País?
Aliás, jornadas exaustivas de trabalho têm sido o ponto central nessa discussão. A conquista da jornada de oito horas diárias é uma das maiores comemorações do Dia do Trabalhador. Porém, muitos imigrantes ainda precisam trabalhar mais que o dobro por dia para atender ao consumo desenfreado de roupas.
É responsabilidade de todos apoiar iniciativas que recebem os imigrantes e os apoiam na inserção no mercado de trabalho de forma digna, bem como repensar a forma com a qual consumimos artigos de vestuário. É possível promover relações justas de trabalho na moda por meio do empreendedorismo, da regularização das oficinas, da mudança na lógica de mercado e de consumo de roupas.
Quer fazer parte deste movimento? Conheça o o programa Tecendo Sonhos, da Aliança Empreendedora: o Programa Tecendo Sonhos é uma iniciativa da Aliança Empreendedora, com o objetivo de promover relações dignas de trabalho na cadeia têxtil com o público imigrante latino americano, por meio do empreendedorismo. As ações do Programa buscam integrar micro e pequenos empreendedores da cadeia têxtil, organizações sociais que trabalham com migração, governo, redes, pesquisadores e tecnologias que transformem as relações de sua cadeia e o consumo responsável.
Tecendo Sonhos em tempos de covid-19: O setor da moda será muito prejudicado pela pandemia que enfrentamos. E o elo mais frágil da cadeia já está sofrendo essa consequência, são elas pequenas facções que costuram as roupas que produzimos, muitos deles imigrantes. Para isso, a equipe da Aliança Empreendedora e parceiros estamos produzindo novos conteúdos pensando em alternativas e levantando a possibilidade delas produzirem equipamentos de proteção individual (EPIs) autorizados pela a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), como máscaras e aventais cirúrgicos.
 Cristina Filizzola, diretora da filial da Aliança Empreendedora em São Paulo e coordenadora do programa Tecendo Sonhos
Carta Capital
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'Morrer de fome ou de vírus', o dilema de milhões de pessoas, diz economista

AFP/Arquivos / MAURO PIMENTELNesta foto tirada em 7 de abril de 2020, pessoas esperam para receber doações de alimentos distribuídos por uma ONG na favela Cidade de Deus, no Rio de Janeiro
A economista Dalia Maimon Schiray afirma que milhões de pessoas no mundo enfrentam a opção de "morrer de fome ou morrer de vírus" e destaca a necessidade de expandir iniciativas comunitárias e auxílios estatais para enfrentar a pandemia da COVID-19.

Sem essa ação, as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) permanecerão reservadas para as "classes médias", disse Maimon, coordenadora de pós-graduação do Laboratório de Responsabilidade Social da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em entrevista à AFP.

P: Quais são as dificuldades para generalizar o confinamento social no Brasil?

R: Um relatório recente da OIT mostra que existem 1,7 bilhão de pessoas no mundo trabalhando no setor informal, e que para essas pessoas existe uma contradição entre morrer de fome ou morrer do vírus. Se morrer de fome para mim é certo, vou arriscar de não me contaminar pelo vírus e vou trabalhar. As medidas recomendadas pela OMS contra a COVID-19 são principalmente para as classes médias.

Como podemos falar de isolamento social quando a população tem apenas o trabalho como fonte de renda? Temos que ter política de renda, para que as pessoas fiquem em casa. O governo deu 600 reais durante três meses para 50 milhões de brasileiros, mas esse dinheiro não é suficiente para sobreviver. E como vão lavar as mãos as milhões de pessoas que não têm água em seu domicílio?

P: As favelas são as áreas de maior risco?

R: No Brasil 13,6 milhões de habitantes vivem em favelas (...) e cerca de 95% dependem do trabalho para sobreviver. Há uma grande densidade populacional, residências separadas por becos, e grande número de pessoas vivendo no mesmo cômodo. A probabilidade de contaminação é, portanto, maior.

Uma favela, Santa Marta, fez higienização das ruas, e isso evita o contágio. Isso é o que precisa ser feito pelo governo em todas as favelas. No caso do Rio de Janeiro, as favelas são empoderadas com presença de organizações sociais, têm líderes comunitários, [algumas] têm projetos com financiamento internacional e trocam de experiências. Não é o caso da população pobre do interior do país. Como vai levar cesta de alimentos para o interior?

Outro problema, é a educação a distância adotada pelas escolas públicas, porque muitas comunidades não tem internet gratuita. Deveriam pelo menos criar um ou dos pontos para permitir o aceso gratuito. O discurso que ouve em muitas favelas, é para que o setor público invista nelas.

P: No mês passado, o então ministro de Saúde Luiz Henrique Mandetta falou que para combater o coronavírus nas favelas, tem que ter “diálogo” com as milícias ou traficantes que controlam muitas delas. Como você vê isso?

R: Para entrar nessas favelas, tem que passar por eles. Os traficantes não tem contradição com o confinamento. Os milicianos provavelmente sim, porque eles tiram uma porcentagem do comércio local.

AFP
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terça-feira, 26 de maio de 2020

Seis em cada 10 famílias migrantes em Espanha perderam emprego

Seis em cada 10 famílias migrantes em Espanha perderam emprego
A organização humanitária Save the Children alertou hoje que seis em cada 10 famílias migrantes em Espanha perderam temporariamente o emprego devido à crise do coronavírus e que sete em cada 10 sofreram um corte nos salários.
Estas são algumas das conclusões da investigação que a organização não governamental (ONG) realizou em Espanha sobre a situação das famílias de origem migrante durante o confinamento, uma análise que é “especialmente preocupante”, uma vez que quase 30% dessas famílias perderam o emprego permanentemente e uma em cada cinco teve um corte salarial definitivo.
O estudo está enquadrado na campanha #QueNadieQuedeAtrás (Ninguém fica para trás, em castelhano), que a ONG lançou para denunciar “a falta de compromisso político” com as famílias em situação de pobreza durante a pandemia e exigir dos governos e partidos políticos uma maior protecção aos grupos mais vulneráveis da população.
A sondagem on-line foi realizada a mais de 1.800 crianças e suas famílias em toda a Espanha para descobrir a sua situação económica e perceber como o encerramento das escolas durante o confinamento as afectou.
Os resultados mostram que mais de dois terços (66%) das famílias de origem migrante estão em situação vulnerável, o que representa o dobro da generalidade das famílias espanholas.
As famílias com pais de origem migrante foram severamente afectadas pela crise, já que se dedicavam sobretudo a actividades pouco qualificadas, informais, a empregos temporários ou a subemprego.
Segundo directora de políticas de conscientização e infância da organização, Catalina Perazzo, a crise da covid-19 aumentou as desigualdades que já existiam, já que a Espanha era o segundo país da União Europeia com a maior taxa de desemprego entre a população migrante.
Mais da metade dessas famílias teve de cortar os seus gastos com a alimentação ou atrasar os pagamentos do aluguer das casas onde vivem.
Além disso, cerca de 40% dessas famílias tiveram de pedir ajuda financeira a amigos ou familiares ou pedir comida durante o confinamento: Entre a a população geral espanhol, essa percentagem rondou os 20%, ou seja, metade.
O tipo de alimentação das famílias migrantes também é, agora, pior (20%) ou muito pior (2,6%) do que antes da pandemia.
Relativamente à educação dos mais jovens, o estudo concluiu que três em cada 10 famílias migrantes não têm acesso à Internet ou não têm boas ligações, e quase 36% das crianças usam os telemóveis para estudar porque a maioria não tem computador próprio.
“O abismo educativo aumentou. Desde o início do confinamento, as crianças em situação de pobreza têm maior risco de ‘chumbar’ ou mesmo abandonar a escola”.
Face a estas conclusões, a Save the Children propõe que as medidas adoptadas para a recuperação da economia, como a existência de um rendimento mínimo ou os abonos por cada filho a cargo, incluam todos os lares em situação vulnerável, independentemente da sua situação administrativa, sendo o critério o facto de a família ter residência efectiva há pelo menos um ano no país.
A organização considera importante a adopção e o financiamento de um novo Plano Estratégico de Cidadania e Imigração (PECI) para a reintegração no mercado de trabalho de pessoas de origem migrante que ficaram desempregadas, incluindo medidas de apoio a jovens.
A ONG propõe ainda medidas que permitam uma autorização de residência e trabalho através de contratos nos sectores essenciais, o que ajudaria a mitigar os efeitos da crise nas famílias migrantes.
DNoticias
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OIM doa 1,5 tonelada de alimentos para migrantes que aguardam abertura das fronteiras no Acre

Com o objetivo de apoiar as ações realizadas pela Prefeitura de Assis Brasil, no Acre, e de entidades da sociedade civil, a Organização Internacional para as Migrações (OIM) doou este mês 1,5 tonelada de alimentos para mais de 250 imigrantes que aguardam a reabertura das fronteiras com Peru e Bolívia no município acreano.
Estas pessoas vindas da Venezuela, Haiti, Colômbia, Togo e Benin estavam próximas de cruzar a tríplice fronteira quando foram paradas pela restrição de mobilidade devido à pandemia do novo coronavírus e não puderam seguir viagem como planejado.
Enquanto aguardam, elas foram acolhidas pela Igreja Nossa Senhora do Perpétuo Socorro e pela Prefeitura de Assis Brasil com abrigamento e comida. A doação da OIM, feita em articulação com o Instituto Migrações e Direito Humanos (IMDH), e com a Igreja de acolhida, deve garantir a segurança alimentar do grupo pelas próximas semanas.
“Esperamos com essa ação apoiar as entidades que estão trabalhando para garantir a acolhida desses cidadãos em trânsito nesse período de espera que não sabemos quanto ainda vai durar. Essa é uma crise de saúde, mas que também tem fortes impactos na mobilidade das pessoas”, informou o coordenador de projeto da OIM, Guilherme Otero.
O atendimento aos imigrantes incluiu ainda ação do Ministério da Justiça e Segurança Pública para verificar qualquer pendência de regularização migratória, assim como ações de saúde. Eles estão sendo monitorados para sintomas da COVID-19 enquanto aguardam a abertura das fronteiras para chegarem a seus destinos.
“Agradecemos a doação da OIM para os migrantes que estão no nosso município durante a pandemia. Apesar dos obstáculos, seguimos nosso trabalho de acolhimento, e a parceria com instituições como a OIM é muito importante nessas ações”, afirmou o prefeito de Assis Brasil, Antônio Barbosa de Souza.
A OIM continua acompanhando a situação junto às autoridades e à sociedade civil. A recomendação é que os migrantes presentes no Brasil evitem viajar ao Acre ou a outros estados fronteiriços para sair do país enquanto as medidas em vigor não os permitirem.
Esta ação foi realizada com o apoio financeiro do Escritório de População, Refugiados e Migração (PRM) do Departamento de Estado dos Estados Unidos.
Onu
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segunda-feira, 25 de maio de 2020

Economia mundial está 'em coma induzido', diz chanceler da UE, que teme pela AL



A pandemia de coronavírus pode levar a uma "crise da balança de pagamentos" na América Latina, porque a economia mundial "está em coma induzido" - afirmou o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, nesta segunda-feira (25).
Em entrevista à AFP, Borrell também lamentou que, "na Europa, as pessoas não estão cientes" do alcance da crise migratória de venezuelanos, na véspera de uma conferência de doadores para ajudar esses migrantes e os países de acolhida.

O espanhol, cuja chegada em dezembro à diplomacia europeia aprofundou o interesse pela América Latina, também abordou o "impasse" nos esforços para resolver a crise política na outrora potência petrolífera.
Recentemente, o ex-ministro das Relações Exteriores espanhol expressou sua preocupação com o impacto da pandemia na região, onde o número de mortos passa de 40.000 pessoas.

"A economia mundial está em coma induzido (...) para preservar a saúde do paciente, mas isso tem consequências importantes para a atividade, o emprego e a balança de pagamentos. Estamos muito preocupados com isso", frisou.
Para Borrell, uma das soluções pode se dar por meio de uma intervenção "mais intensa" do Fundo Monetário Internacional (FMI).

"Mas, para isso, precisa ser capaz de emitir direitos de saque especiais e, infelizmente, Estados Unidos e algum outro país se opuseram", afirmou.

Questionado sobre a possibilidade de uma moratória do pagamento das dívidas de países da América Latina, como proposto para os da África, Borrell disse que a resposta cabe aos credores, especialmente "organizações financeiras internacionais".

A pandemia "pode afetar os países de desenvolvimento médio na forma de uma nova crise na balança de pagamentos", alertou.
"E, na América Latina, existem, infelizmente, alguns países candidatos a sofrer esse tipo de crise", declarou, sem citar quais.
- "Resistências" debilitadas -

Por iniciativa da União Europeia e da Espanha, com o apoio das Nações Unidas, a comunidade internacional buscará na terça-feira responder aos pedidos de ajuda dos países que acolhem os cinco milhões de venezuelanos deslocados.
Em outubro de 2019, houve uma primeira tentativa de dar atenção a esta crise de deslocados - a segunda mais importante em número depois da Síria -, mas "foi a pandemia de coronavírus que trouxe a urgência de agir à mesa", reconheceu Borrell.

Milhares de venezuelanos estão voltando para seu país, e há "tensões inegáveis", mas "lógicas" em tempos de "escassez e problemas de saúde" nos países anfitriões, onde "houve alguns atos xenófobos (...) uma grande novidade na América Latina", apontou.

"Se retornam para a Venezuela, é porque não conseguiram encontrar uma solução aceitável nos países anfitriões, apesar dos esforços que fizeram", lamenta o ex-ministro, para quem a "resistência" dos países de acolhida "foi enfraquecida pela pandemia".

A plataforma de coordenação de crises liderada pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) e pela Organização Internacional para as Migrações (OIM) estima em cerca de US$ 1,41 bilhão a ajuda necessária em 2020 para os migrantes e as comunidades de hospedagem.

A Venezuela vive uma grave crise social, institucional e política desde 2015, e o segundo mandato de seu presidente, Nicolás Maduro, não é reconhecido por mais de 50 países.

Para tentar abrir o caminho para uma solução política, os países da América Latina e europeus lançaram em 2019 um Grupo Internacional de Contato (ICG), mas "com pouco sucesso até agora", reconheceu Borrell.

"Vamos tentar novamente. As circunstâncias humanitárias podem ser um estímulo para que esse diálogo [entre governo e oposição] dê frutos", estimou.

AFP
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Brasileiros imigrantes nos EUA: o paradoxo da legalidade pela sobrevivência

Por Rodrigo Lins
Desde o anúncio da pandemia e posteriormente do pacote de salvação econômica feito pelo Presidente Donald Trump nos EUA, a comunidade imigrante indocumentada, inclusive a brasileira, sabia que passaria por momentos difíceis no território americano. Trilhões de dólares anunciados para ajuda de cidadãos e empresas nos EUA, com um único requisito para recebimento: estarem dentro da legalidade imigratória.
Embora dados recentes divulgados pelo jornal New York Times mostrem que 75% da mão de obra no setor agrícola americano seja de trabalhadores imigrantes indocumentados, as diretrizes do Governo Trump para concessão de ajuda financeira a esta parcela da sociedade, que soma segundo números recentes 18 milhões de pessoas, foram claras: tolerância zero para indocumentados, inclusive para enviar ajuda financeira.
Nesta semana em que o décimo quinto avião com imigrantes brasileiros deportados dos Estados Unidos aterrissou no Brasil, centenas de outros também brasileiros legalmente residindo no país norte americano – portadores do Green Card – recebiam por correio ou depósito em conta os cheques com a ajuda anunciada pelo Presidente americano. Um claro paradoxo que prova a legalidade imigratória como fator sinequanon para imigrantes sobreviverem nos EUA não apenas durante esta pandemia.
Pouco mais de três meses após o isolamento social e fechamento do comércio imposto pelas cidades americanas, os indocumentados seguem na linha de frente do desamparo das políticas públicas do Governo. Situação que empurrou aos estados a garantia de ajuda mínima a esta comunidade imigrante não autorizada a viver nos EUA.
O primeiro esforço de financiamento estatal para indocumentados já teve início na Califórnia. Na última segunda-feira (18/5), imigrantes indocumentados afetados pela pandemia começaram a receber auxílio financeiro. O governador do estado Gavin Newsom anunciou em abril o Disaster Relief Fund – fundo de auxílio a desastres de coronavírus – no valor de US$ 125 milhões para apoiar imigrantes indocumentados que não eram elegíveis para verificações de estímulos federais e benefícios de desemprego devido ao seu status de imigração.
O fundo combina US$ 75 milhões em doações estaduais com US$ 50 milhões de organizações privadas e espera-se que beneficie cerca de 150.000 adultos sem documentos, segundo o site do estado. Cerca de 150 mil imigrantes indocumentados vão receber o auxílio. O benefício único fornecerá US$ 500 em suporte por adulto, com um limite de US$ 1.000 por família.
Enquanto isso, a gestão de Donald Trump no Departamento de Cidadania e Imigração dos EUA, busca um resgate de emergência de US$ 1,2 milhões no Congresso americano. A justificativa do pedido destaca que a soma é para compensar a queda de receitas devido à pandemia. A agência governamental dos EUA responsável pela emissão de vistos e pedidos de cidadania é financiada pelas tarifas cobradas aos imigrantes que pretendem viver ou trabalhar no país. Desde março, com o encerramento das fronteiras com o Canadá e o México e a redução dos fluxos migratórios, houve uma queda drástica nos pedidos, afirmou o órgão.
Esse cenário nos mostra que a realidade imigratória no país norte-americano ficará, nos próximos anos, mais cara e menos tolerante com indocumentados. Um fator que precisa ser considerado, principalmente por brasileiros, antes de deixar o país rumo ao ‘sonho americano’. O planejamento imigratório, antes considerado opcional por muitos, agora passará a ser fundamental para se evitar o naufrágio da iniciativa ou o abandono à margem da sociedade americana.
A legalidade do processo imigratório pautará a vida que o imigrante gostará de viver nos EUA. É preciso que o interessado em viver na américa considere este passo como um investimento e não como gasto que pode ser evitado com entradas paralelas e ilegais pelas fronteiras do país. Uma decisão que pode, inclusive, salvar a sua vida e de sua família, enquanto o país se recupera da crise econômica e alto desemprego.
O endurecimento das leis de imigração dos EUA, o acordo de deportação com o Brasil e as mudanças de procedimentos que dificultam o conhecido “cai-cai” (ida pela fronteira) fizeram com que o número de brasileiros sem visto barrados no país norte-americano saltasse de 1.500, no ano fiscal de 2018, para 17,9 mil em 2019, conforme dados do Serviço de Alfândegas e Proteção das Fronteiras dos Estados Unidos. Números que não podem ser desconsiderados por aqueles que planejam arriscar-se.
Será também comum, principalmente nos países latinos, que a crise econômica, como em outras ocasiões, gere o sentimento de migração a qualquer preço ‘em busca de uma vida melhor’. Mas os fatos de hoje nos mostram que, se não de forma inteligente e planejada, este futuro será ainda mais incerto e mais perigoso do que se divulga clandestinamente.
Por Rodrigo Lins
Mestre em Comunicação, Especialista em linguagem audiovisual, Professor universitário, jornalista e escritor, reside legalmente nos Estados Unidos e é autor do livro “Internacionalize-se: Parâmetros para levar a carreira profissional aos EUA legalmente” lançado em 2019. Dirige a agência de Comunicação, Marketing e Imprensa multinacional Onevox Creative Solutions com sede nos EUA.
MundoLusiada
www.miguelimigrante.blogspot.com