sexta-feira, 31 de março de 2023

Brasil irá conceder vistos temporários para haitianos afetados pela crise em seu país


Brasil irá conceder visto temporário e de autorização de residência para haitianos afetados pela crise no país. Há alguns anos, o Haiti vive uma onda de instabilidade, com crescimento nos índices de violência. A medida foi publicada no Diário Oficial da União nesta sexta-feira (31).

A portaria foi criada pelos ministérios das Relações Exteriores e da Justiça e Segurança Pública e prevê que o visto temporário tem fins de acolhimento humanitário.

Haitianos que foram afetados pela situação de calamidade no país, seja por desastre ambiental ou por instabilidade institucional poderão ser beneficiados pela medida.

Os vistos terão validade de 365 dias, com prazo de residência de até dois anos, e serão emitidos pela Embaixada do Brasil em Porto Príncipe, capital do país caribenho. Haitianos que já estão no Brasil também podem pedir pelo visto temporário em unidades da Polícia Federal. A medida é válida até o fim de 2024.

Para solicitar o visto para residência no Brasil, os estrangeiros terão que apresentar um documento de viagem, o formulário de solicitação de visto, comprovante de meio de transporte para entrada no Brasil e atestado de antecedentes criminais.

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ONU abriga Diálogo Internacional sobre Migração com base na Agenda 2030

 

UN Photo/Rick Bajornas
 

Sede da ONU em Nova Iorque

A declaração é da Organização Internacional para Migrações, OIM, que participa nestes 30 e 31 de março do Diálogo Internacional sobre Migração, na sede da ONU em Nova Iorque. 

O diretor-geral da agência, António Vitorino, disse à ONU News que os migrantes fazem parte do desenvolvimento e estão aqui para ficar. 

Chefe da OIM durante missão à Turquia após terremoto
IOM 2023/Enver Mohammed

“As migrações são um fenômeno humano, historicamente, e vão continuar. E têm um contributo positivo tanto para as sociedades de acolhimento como para as sociedades de origem. O que é preciso é que a migração seja regular, ordeira e segura como se diz no Pacto Mundial, adotado pela Assembleia Geral das Nações Unidas. Nós pensamos que a maior violação dos direitos humanos é o tráfico de seres humanos, a imigração irregular, mas para combater melhor o tráfico e a imigração irregular é preciso que haja canais de imigração regular. E os países de destino têm necessidades de mão-de-obra. Muitos deles são países envelhecidos.  E por isso é preciso combinar as capacidades e as potencialidades dos migrantes com as necessidades dos países de acolhimento.” 

Mudanças climática e migrantes

Para a OIM, é preciso reforçar o impacto positivo que a migração tem sobre as sociedades. O desenvolvimento sustentável pode ajudar a avançar com áreas-chave da Agenda Comum da ONU apoiando o papel da mobilidade humana como um bem comum.  

O chefe da agência da ONU para Migrações comentou a relação das mudanças climáticas com os migrantes. 

“O que nós vemos, hoje em dia, em todo lado, em todas as geografias é que os fenômenos de desastre natural são mais frequentes e mais intensos.  Recentemente, tivemos em Moçambique, por exemplo, a tempestade tropical Freddy, que foi a de mais longa duração na história, e que atingiu as zonas terrestres duas vezes. Atingiu, saiu e depois voltou. Num espaço de poucos dias. Portanto, isto prova que há cada vez mais pessoas serem forçadas a deslocarem pelos impactos das alterações climáticas. É o que essas pessoas precisam é de duas coisas fundamentalmente. A primeira é serem apoiadas para se adaptarem às alterações climáticas. Para adaptarem as suas vidas cotidianas, as suas produções agrícolas às alterações climáticas, à falta d’água que é hoje o grande problema e construírem a sua própria resiliência para que possam permanecer, o mais possível, nas zonas de origem. 
Mas a segunda questão é que quando elas são forçadas a deslocar-se têm que ser apoiadas, assistência humanitária, quando se deslocam e sobretudo apoiadas para encontrarem soluções alternativas nos sítios aonde vão.” 

António Vitorino pretende convencer os países a melhor compreender a migração e o deslocamento num contexto mais abrangente de desafios para o chamado “contrato social” enfrentando falhas na proteção social, na degradação ambiental e reforçando o papel do migrante na construção de comunidades mais fortes. 

un.org

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quinta-feira, 30 de março de 2023

As migrações e circulação de pessoas no mercosul

 


Tratar sobre as migrações sul-americana não representam fenômenos recentes em nossa historiografia, pois estas estão presentes, desde o final do Século XIX com a imigração europeia nos países sul-americanos.

Todavia, as migrações internacionais contemporâneas registram aspectos diferenciados das migrações do início do século passado. Estão inseridas trazidos pela “globalização”, nos planos econômicos, políticos e culturais. Pode-se estabelecer uma divisão característica de como a migração e a livre circulação de pessoas foram tratados no Mercosul na década de 1990, a segurança dos países era foco de preocupação.

Já na década seguinte, com as mudanças de governos em tons democráticos nos Estados do continente, buscaram se ater no desenvolvimento econômico-social e trouxe consigo temas até então antes marginalizados, como a questão migratória. Resultando em avanços significativos em relação à livre circulação de pessoas e à cidadania. Tão logo, tratado de Assunção entrou em tela eram criados dois subgrupos de trabalho voltados a migração.

O primeiro preocupava com os Assuntos Aduaneiros: controle migratório e facilitação fronteiriça, coordenação administrativa, determinação comum dos documentos necessários, compatibilização normativa migratória, controle de turistas de terceiros países e análise da possibilidade de criação de um documento único para nacionais dos Estados Membros; por sua vez, o segundo focalizava as Relações de trabalho, emprego e seguridade social: comparação de estatísticas e legislações trabalhistas dos Estados Membros, e dos fluxos migratórios com motivação de trabalho entre esses países. Com a chegada da reforma do Protocolo de Ouro Preto, em 1994, as migrações deixaram de serem tratados pelos citados subgrupos e, em 1997, surgia a Comissão sobre Migrações Trabalhistas, que propõe um projeto sobre trabalhadores transfronteiriços.

Nesse esforço de trabalho resultou no Acordo de 1999, denominado “Entendimento sobre migração transfronteiriça nos Estados Membros do Mercosul, Bolívia e Chile” que, depois viria se tornar na “Regulamentação do regime de migração transfronteiriça”. Quanto ao Refúgio, foi firmada, pelo Mercosul, com a Declaração do Rio de Janeiro sobre a Instituição do Refúgio. Neste documento, os Estados Membros reconhecem o direito universal de solicitar refúgio previsto na Carta de Declaração Universal de Direitos Humanos, bem como se comprometem a garantir a proteção necessária aos refugiados, nos termos da Convenção relativa ao Estatuto dos Refugiados de 1951 e, do Protocolo relativo ao Estatuto dos Refugiados de 1967, pois cada Estado Membro deveria elaborar uma norma jurídica sobre refúgio.

A definição das migrações no Mercosul, sejam as migrações de vizinhança ou, temporárias, pesquisas recentes realizadas por instituições governamentais e não governamentais como os Ministérios do Trabalho, da Justiça e das Relações Exteriores dos respectivos países ou ainda a Pastoral do Migrante e o Instituto Migrações e Direitos Humanos, desenvolvem trabalhos para a política das migrações intrarregional. Nesse aspecto, ainda, apresenta característica diversa, sobretudo, no tocante nas migrações de vizinhança e temporárias.

Neste ínterim, as metrópoles tais como São Paulo e Buenos Aires sejam destinos dos migrantes do Mercosul. A intensidade do movimento de circulação de pessoas entre Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai demonstra crescimento de populações por inserção no mercado de trabalho, saúde e educação.

As migrações regionais da América do Sul revelam uma ruptura com o paradigma tradicional acerca das migrações internacionais, pois não estão inseridas em fluxos que buscam países desenvolvidos como destino. A livre circulação de pessoas no Mercosul é firmada, como proposta a ser orientada para o fortalecimento da integração e cooperação regional.

Esses movimentos ocorrem, entre países vizinhos, ou de fronteira, seja em busca de empregos temporários: como trabalho na agricultura, construção civil, vendas e fluxo migratório de razoável intensidade. Países como Brasil e Argentina recebem números expressivos de imigrantes oriundos do Paraguai, Uruguai e Bolívia; a Argentina recebe quantidades relativas de brasileiros. Por sua vez, Paraguai abriga os “brasiguaios”, forte indicador de como as migrações intrarregionais são importantes para gerar problemáticas, análises, acordos políticos, agendas bilaterais e multilaterais.

Neste sentido, o Mercosul trata além das questões econômicas que geram maior desenvolvimento regional, para alcançar questões sociais, de infraestrutura, cultura e educação. Entre as políticas adotadas pelos países do Bloco, está a preocupação com a livre circulação de trabalhadores entre os países, como medida de política migratória regional em direção a integração social.

Os documentos do Foro Especializado Migratório, no Mercosul constituem declarações e ações conjuntas acerca dos fluxos migratórios. Dessa forma, por exemplo, a Declaração de Montevidéu prima contra o Tráfico de Pessoas no Mercosul e Estados Associados, mantém o compromisso pela criação de medidas de combate, punição e prevenção ao tráfico de pessoas e exploração, por meio da migração clandestina.

Em 2004, era assinada a Declaração de Santiago sobre princípios migratórios. Essa declaração afirma que as políticas migratórias devem buscar, adequar-se, regional e internacionalmente, a regulamentação da migração como fator para o gerenciamento dos fluxos e de acordo com as medidas que respeitem os direitos humanos.

Por meio da política migratória, realizada a partir do Acordo de Residência, reserva o reconhecido direito como ao trabalho e ao exercício de atividades remuneradas, os direitos civis iguais aos dos nacionais afirmando tratamento igualitário entre os mesmos, direito e reunião familiar, os direitos previstos ao solicitante da residência aos seus familiares, direitos previdenciários, entre outros.

Importantes Instituições como a Comissão Econômica para América Latina e Caribe, CEPAL, e os centros CELADE/IMILA respondem com análises quantitativas e censos demográficos, mas reconhecem suas limitações para se chegar a número preciso de imigrantes na região sul-americana.

Entretanto, para que projetos em benefício da integração avancem ainda mais, se faz necessário que as legislações nacionais estejam coerentes. A relevância de políticas migratórias nacionais com o processo político de integração regional pode demonstrar consonância na governabilidade das migrações aos efeitos de um planejamento político de proximidade e maior cooperação. As políticas regionais para as migrações representam avanço no modelo de integração que o Mercosul tem almejado durante estes últimos anos.

(*) Ney Iared Reynaldo, é doutor em História da América, docente Associado dos cursos de História/ICHS/UFR e Ciências Econômicas/FACAP/UFR. E-mail: ney.iared@ufr.edu.br

atribunamt

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Pesquisa analisa inserção de haitianos no território paranaense por meio do trabalho



Todos os dias, o Paraná recebe imigrantes de diversos lugares do mundo. Seja por catástrofes ambientais ou dificuldades econômicas e/ou sociais, o objetivo de quem deixa o país de origem é sempre o mesmo: conseguir melhores condições de vida. Buscando avaliar o sucesso desse propósito, a tese do doutorando Lineker Alan Gabriel Nunes investigou como ocorre a inserção do imigrante haitiano no território paranaense.

Intitulada “Migração e trabalho dos haitianos no Paraná (2010 – 2022)”, a pesquisa analisa a inserção do imigrante no estado  a partir da temática do trabalho. “Eu falo de trabalho porque desde que comecei a pesquisar a migração haitiana, eu percebi que existe uma relação muito íntima entre o trabalho e melhores condições de vida, educação, lazer e outras questões da esfera cotidiana”, explica Nunes.

Morador do município de Cascavel, no Oeste do Paraná, o doutorando se interessou pelo tema após notar um número expressivo de imigrantes, sobretudo haitianos, residindo em sua cidade. No Mestrado, a dissertação de Nunes investigou a relação dos estrangeiros com o trabalho especificamente em Cascavel. Para o Doutorado, a pesquisa de campo foi ampliada para outras cidades paranaenses: Toledo, Coronel Vivida, Londrina, Maringá e Curitiba, na busca para entender a inserção social desse público nos diferentes municípios.

Sob orientação da professora Ideni Terezinha Antonello, do Departamento de Geociências (DGeo – CCE) da UEL, a pesquisa teve início com um levantamento bibliográfico de obras sobre trabalho e migração. Posteriormente, foi construída uma base quantitativa de dados desses migrantes haitianos por meio de informações da Receita, Polícia e Ministério Federal. Por fim, foram desenvolvidas entrevistas com imigrantes e pessoas que atuam junto a eles, através da metodologia de História Oral. “A técnica de história oral busca entender o processo de vida dos migrantes. Então, a nossa preocupação não era induzir as respostas deles com um questionário pronto, mas, sim, entender o processo histórico de vida desses migrantes, desde o Haiti até a sua inserção no Brasil”, explica a professora.

Trabalho

De acordo com a pesquisa, existe um forte vínculo entre a presença de imigrantes haitianos em vários municípios paranaenses com a dinâmica produtiva de trabalho local. Devido a isso, Nunes acredita que um dos principais motivos que levam os imigrantes, não apenas haitianos, a se instalarem no Paraná é a busca por oportunidades de emprego.

A partir da análise do tipo de trabalho no qual os haitianos estão inseridos, o doutorando dividiu o estado em três territórios: Oeste/Sudoeste, Norte e Leste. Nas regiões Oeste, Sudoeste e Norte, foi constatado que esses imigrantes normalmente trabalham em frigoríficos, na Construção Civil e em atividades produtivas locais, como a fabricação de móveis. Já no território Leste, os empregos estão voltados para atividades no setor terciário, com destaque para os supermercados.

Apesar dessas serem as principais atividades desenvolvidas por haitianos nos municípios da pesquisa, Nunes pontua que existe uma minoria de imigrantes que ocupam cargos de níveis maiores, como é o caso do secretário de Juventude, Cidadania e Migrantes de Maringá, Emmanuel Predestin. Esse baixo número pode estar relacionado às dificuldades que esses grupos encontram para validar seus diplomas no Brasil, impossibilitando que exerçam sua profissão de formação.

 

Dentro da pesquisa, também foi feito um recorte de gênero, no qual foi constatado que as mulheres imigrantes têm muito mais dificuldade de inserção no mercado de trabalho e em outros espaços da sociedade do que os homens. “A gente percebe que além de um caráter racial, tem um caráter de gênero envolvido nessa dificuldade de integração na sociedade brasileira. A mulher haitiana, geralmente, tem mais dificuldades para falar o idioma, conseguir emprego e integrar todos os outros espaços. Isso ocorre tanto por conta de um machismo estrutural histórico do Haiti quanto por uma relação hierárquica brasileira em que as mulheres tendem a ficar mais nas comunidades junto aos imigrantes”, relata Nunes.

Políticas públicas

Dentro das relações de trabalho e, consequentemente, políticas públicas que envolvem os haitianos, Nunes explica que é necessário considerar a existência de uma série de ações do poder público, da iniciativa privada e individuais que participam da captação de força de trabalho e atuam junto a esse público, como Instituições, Organizações Não Governamentais (ONGs) e setores ligados às igrejas. Essas entidades contribuem para a união do grupo e ajudam na luta por melhores condições de vida, principalmente quando o estado é omisso.

Segundo o pesquisador, apesar de o Paraná ter passado por avanços em relação às políticas públicas voltadas para imigrantes, ainda são necessários muitos avanços e melhorias que garantam uma boa qualidade de vida a essas pessoas. “Um dos pontos que conseguimos observar nas questões enfrentadas pelos haitianos e que dificultam essa inserção no mercado de trabalho e o acesso à saúde é o racismo e xenofobia”, explica Nunes.

Futuro

Após a defesa da tese, que ocorre neste mês, Nunes pretende voltar a atuar como professor em Cascavel e continuar pesquisando sobre migração em projetos de pesquisa e extensão. Outro desejo do doutorando é atuar com os migrantes do ponto de vista da informação, ajudando, por exemplo, na leitura e entendimento de editais para trabalhos, estudos ou concursos que ajudem a melhorar a qualidade de vida dessas pessoas.

Meire Sebastião*

Agência UEL

*Estagiária de Jornalismo

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quarta-feira, 29 de março de 2023

Restaurante é condenado por submeter trabalhadores estrangeiros a condições degradantes

 


Sessão de julgamento 6ª Turma

A Sexta Turma do Tribunal Superior do Trabalho condenou o restaurante Simbad, em Santo André (SP), ao pagamento de indenização por dano moral coletivo de R$ 50 mil por ter mantido trabalhadores estrangeiros em condições degradantes de trabalho. Para o colegiado, o fato de as irregularidades, constatadas em 2014, terem sido posteriormente sanadas não afasta a lesão à coletividade.

Fiscalização

A ação civil pública foi ajuizada pelo MPT, com base em inquérito aberto a partir de uma denúncia anônima. Em setembro de 2014, a fiscalização constatou a presença de três brasileiros, dois egípcios e um libanês sem registro. Em abril de 2015, uma nova fiscalização constatou diversas irregularidades, como fiação exposta, sanitários fora das normas e alojamentos sem camas e armários, além da situação ilegal dos trabalhadores, cujos passaportes eram retidos pelo empregador, também egípcio. 

O restaurante foi autuado, e, em diligência posterior, os fiscais verificaram que, embora não estivessem mais alojados no local, os estrangeiros continuavam trabalhando no restaurante.

Irregularidades sanadas

O juízo da 2ª Vara do Trabalho de Santo André determinou que a empresa regularizasse o contrato de trabalho de seus empregados em até 20 dias, sob pena de multa de R$ 5 mil por trabalhador encontrado em situação irregular. Contudo, indeferiu o pedido de condenação por dano moral coletivo. Ao manter a sentença, o Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região (SP) considerou que, após o cumprimento da ordem judicial, as irregularidades haviam cessado.

No recurso de revista, o MPT sustentou que a correção da irregularidade somente no curso da ação não afasta a ofensa aos direitos coletivos praticada ao longo dos anos.

Desrespeito à dignidade

A relatora, ministra Kátia Arruda (foto), observou que a caracterização do trabalho análogo ao de escravo não depende da restrição da liberdade de locomoção e abrange, também, a sujeição das pessoas a condições degradantes de trabalho, como ocorreu no caso. E, a seu ver, o fato de o restaurante ter regularizado a situação não afasta o dever de reparar. “As irregularidades existiram e sujeitaram uma coletividade de trabalhadores à situação gravíssima de desrespeito à própria dignidade”, afirmou. 

Segundo a ministra, o objeto da demanda diz respeito não apenas a direitos individuais, “uma vez que foram gravemente violadas normas protetivas relacionadas à saúde e à segurança dos trabalhadores”. 


Indenização

Ao fixar o valor da indenização, a ministra reiterou a gravidade da conduta de manter trabalhadores estrangeiros em alojamentos inadequados, desprovidos de todos os direitos trabalhistas. Contudo, ponderou que as irregularidades apontadas foram sanadas e que se trata de microempresa (com faturamento anual bruto de até R$ 360 mil). Os R$ 50 mil serão revertidos ao Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT).

(Carmem Feijó-Imagem: Fellipe Sampaio)

Processo: RR-1002238-02.2016.5.02.0432


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Tribunal Superior do Trabalho
Tel. (61) 3043-4907 
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Oficina sobre desafios no acolhimento de migrantes e refugiadas encerra o Mês da Mulher

 


A Subsecretaria de Políticas para as Mulheres de Guarulhos promoveu nesta terça-feira (28) uma oficina para discutir desafios e estratégias à garantia de acolhimento, proteção e integração às mulheres migrantes e refugiadas que chegam à cidade. A formação promovida a servidores e à sociedade civil aconteceu no auditório da Secretaria de Educação, no Macedo, ao lado de representantes do Alto-Comissariado da Organização das Nações Unidas para Refugiados (Acnur).

 

O evento encerra uma programação diversa de debates no Mês da Mulher e reforça o papel do município como a principal porta de entrada de mulheres migrantes ao país, uma vez que abriga o aeroporto mais movimentado da América do Sul. Em 2022 o Brasil reconheceu 65 mil pessoas como refugiadas e recebeu mais de 4,8 mil afegãos e aproximadamente mil ucranianos, de acordo com o Acnur. “A atividade traz conhecimentos importantes para que possamos aprimorar o nosso trabalho”, afirmou a subsecretária de Políticas para as Mulheres, Verinha Souza.

 

Reconhecida por três selos MigraCidades, Guarulhos possui uma série de programas municipais para atender esse público. Dentre eles, abrigos e casas de passagem, um comitê totalmente voltado à criação de políticas públicas para as consequências do deslocamento forçado, uma UBS referenciada, capacitação de professores para atendimento aos alunos migrantes e a elaboração de um informativo em quatro idiomas para auxiliar mulheres migrantes a identificar canais de assistência social e os tipos de violência coibidos pela Lei Maria da Penha.


A proteção aos migrantes é uma missão contra a violência e a favor da paz visada pelo município. “Refugiado é um termo usado no caso de deslocamentos forçados por temor de perseguição envolvendo violação de direitos humanos ou conflitos armados, questões de raça, religião, opinião política, grupo social, entre outros”, explicou Gisele Netto, representante do Acnur.

 

Participação

 

O evento teve o apoio da Subsecretaria da Igualdade Racial e contou com as participações da presidente do Conselho Municipal de Imigrantes de São Paulo, Hortense Mbuyi Mwanza, que é refugiada da República Democrática do Congo, e da migrante boliviana que coordena a equipe de base do coletivo Warmis – Convergência das Culturas, Jobana Moya.

 

Também integraram a oficina a coordenadora de projetos da Casa de Acolhida Terra Nova II Guarulhos, Graziela Rocha, a coordenadora do Centro de Referência no Atendimento às Mulheres Vítimas de Violência Doméstica – Casa das Rosas, Margaridas e Betes, Fernanda Coimbra, além de gestores da administração municipal e de representantes do Conselho Municipal de Políticas para Mulheres e da Rede Guarulhense de Não Violência à Mulher.

 

Fotos: Márcio Lino/PMG


guarulhos.sp.gov.br


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terça-feira, 28 de março de 2023

Avião Solidário da LATAM e ACNUR transportam mais de 2 toneladas de itens humanitários a refugiados do Brasil

 

Parceria regional entre LATAM e ACNUR contribui para a resposta humanitária a pessoasrefugiadas que buscam proteção internacional no Brasil. Foto: LATAM/Divulgação

Mais de 2 toneladas de itens de ajuda humanitária doados à Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) foram transportados gratuitamente na última semana pelo Avião Solidário da LATAM para o atendimento de refugiados na região Norte do Brasil. A carga composta por kits de higiene foi transportada em 3 voos operados pela LATAM entre os dias 20 e 27 de março, destinada ao atendimento de crianças, jovens, adultos e idosos de diversas nacionalidades que precisaram abandonar os seus lares em razão de guerras, perseguições e violações dos direitos humanos.

“Somos a maior companhia aérea da América Latina e temos compromisso com os países da região e consciência do nosso papel social. Em um país com dimensões continentais como o Brasil, por exemplo, somente o avião é capaz de encurtar distâncias para fazer a ajuda chegar preservada e na hora certa para quem mais precisa. A LATAM se sente honrada em colaborar nesta missão humanitária ao lado da ONU”, destaca Silmara Santos, coordenadora de Sustentabilidade da LATAM Brasil.

A parceria entre ACNUR e LATAM é resultado de um acordo regional firmado em 2022 e contempla o transporte gratuito de cargas e passageiros para os 54 destinos atendidos pela LATAM no Brasil. “A capacidade logística e de resposta rápida da LATAM são elementos essenciais da cooperação com o ACNUR para atender as necessidades das pessoas refugiadas e assegurar de forma significativa a resposta humanitária que promovemos no Brasil, atendendo a distintas regiões com agilidade e segurança nas entregas”, avalia Davide Torzilli, Representante do ACNUR Brasil.

No início deste ano, a ACNUR e o Avião Solidário da LATAM também atuaram juntos no transporte de 48 casas sustentáveis de emergência do escritório regional da agência da ONU no Panamá na rota Brasília-Boa Vista. O transporte ajudou a atender as necessidades de uma comunidade indígena refugiada, além de venezuelanos refugiados e migrantes que residem atualmente na capital de Roraima. Também em janeiro de 2023, o Avião Solidário da LATAM realizou o transporte gratuito de mais de seis toneladas de itens destinados aos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Rio Grande do Sul e Minas Gerais, em que 17 instituições parceiras da ACNUR foram beneficiadas com roupas, fraldas, bolsas escolares e materiais de higiene pessoal.

Além da articulação da ACNUR com as organizações da sociedade civil, entes públicos como estados e municípios também integram o processo de recebimento das doações, sendo a resposta humanitária uma conjunção de esforços de diferentes setores para atender de forma mais eficiente às necessidades imediatas das populações refugiadas.

AVIÃO SOLIDÁRIO: COMPROMISSO DA LATAM COM O BRASIL

 Em 2023, o programa Avião Solidário da LATAM já beneficiou mais de 160 mil pessoas no Brasil, transportou 13 animais resgatados, transportou gratuitamente 10 toneladas de cargas em emergências, concedeu 264 passagens aéreas as instituições sociais apoiadas e atuou diretamente em situações como os terremotos da Turquia e Síria, os deslizamentos no litoral paulista e na crise humanitária do povo Yanomami.

Com mais de 10 anos de existência, o Avião Solidário já beneficiou mais de 140 milhões de pessoas no Brasil com o transporte gratuito de mais de 921 toneladas de cargas, 4,6 mil animais e 282 milhões de vacinas contra a Covid-19 para todos os estados brasileiros e o Distrito Federal. O volume de vacinas, aliás, equivale a mais de 70% do total de doses embarcadas pelo setor aéreo dentro do País desde 2020.

Na prática, o Avião Solidário está conectado com a frente de Valor Compartilhado do grupo LATAM, para colocar à disposição da América do Sul toda a experiência logística e a conectividade da companhia em prol do transporte gratuito de pessoas, animais e cargas em emergências de Saúde, Meio Ambiente e Desastres Naturais.

SOBRE O ACNUR

A Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) é uma organização dedicada a salvar vidas, proteger direitos e garantir um futuro digno a pessoas que foram forçadas a deixar suas casas e comunidades devido a guerras, conflitos armados, perseguições ou graves violações dos direitos humanos.

Presente em mais de 130 países, o ACNUR atua em conjunto com autoridades nacionais e locais, organizações da sociedade civil, academia e o setor privado para que todas as pessoas refugiadas, deslocadas internas e apátridas encontrem segurança e apoio para reconstruir suas vidas com dignidade.

acnur.org/

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Incêndio no Instituto de Migração do México deixa pelo menos 39 mortos

 

migrantes próximos à cerca da fronteira EUA

Um incêndio atingiu um prédio do Instituto Nacional de Migração do México, na cidade de Juarez, na fronteira com os Estados Unidos, e deixou 39 pessoas mortas, de acordo com a agência de notícias AP News. 29 pessoas ficaram feridas e estão em estado "delicado-grave", segundo o Instituto.

O caso ocorreu na noite desta segunda-feira (27). A maior parte das vítimas é de origem venezuelana, de acordo com a agência de notícias Reuters. Equipes dos bombeiros e da Guarda Nacional foram chamados para auxiliar no resgate.

Trabalhadores voluntários também estão no local. O Instituto Nacional de Migração é responsável por aplicar a legislação migratória para estrangeiros que buscam ingressar no país.

    O incêndio teria começado por conta de migrantes que estavam presos nas instalações do México e, como forma de revolta, atearam fogo a um colchão que tinha dentro da cela, segundo o jornal espanhol "El País". Haviam 68 homens da América Central e do Sul detidos na instalação no momento do incêndio, afirmou uma agência do governo mexicano.

    terra.com.br

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    segunda-feira, 27 de março de 2023

    Brasileiros são imigrantes que mais solicitaram regularização do status migratório na Irlanda

     

    Imagem do Castelo de Dublin, na Irlanda — Foto: Donaldytong/Wikipedia

    Os brasileiros foram os imigrantes que mais solicitaram regularização de seu status na Irlanda, segundo dados do Ministério da Justiça irlandês aos quais a BBC News Brasil teve acesso.

    Foram ao todo 1.495 pedidos vindos de cidadãos do Brasil (18% do total), seguidos por 1.302 do Paquistão, 1.156 da China (incluindo Hong Kong), 749 das Filipinas e 445 da Nigéria.

    Cidadãos da Índia (311), Bangladesh (280), Egito (251), Ilhas Maurício (242) e Malásia (231) completam a lista dos que mais solicitaram regularização de sua situação. Outros países somam 1.849 pedidos.

    No total, 8.311 pedidos de regularização foram submetidos ao Ministério da Justiça da Irlanda por meio de um programa temporário para regularizar o status de imigrantes indocumentados, ou seja, que não têm permissão para viver na Irlanda.

    Isso inclui tanto os que chegaram ao país ilegalmente quanto aqueles cuja autorização de residência expirou ou foi retirada.

    O programa, que durou seis meses, também estava aberto para quem tinha visto de estudante expirado, desde que atendesse aos requisitos mínimos de residência sem documentos — caso de muitos brasileiros (ler mais abaixo).

    Para se candidatar ao programa, que recebeu solicitações de 31 de janeiro a 31 de julho de 2022, os requerentes deveriam estar vivendo na Irlanda por menos quatro anos ou por três em caso de famílias com crianças menores de 18 anos.

    Pelo programa, os imigrantes recebem autorização para residir legalmente no país por dois anos, que podem ser renovados após o término desse prazo. A taxa de inscrição custou de 550 euros (R$ 3.040) por pessoa a 700 euros (R$ 3.865) para uma família.

    Segundo o Ministério da Justiça irlandês, o programa gerou 3,73 milhões de euros (R$ 20,6 milhões) em receitas para os cofres públicos.

    O maior número de solicitações ocorreu nas faixas etárias entre 26 e 45 anos, com pouco mais de 60% dos requerentes nessa faixa etária.

    Também foram feitos pedidos em nome de 905 crianças de até 12 anos e 229 para adolescentes entre 13 e 18 anos.

    Houve também 12 solicitações de regularização de pessoas com 76 anos ou mais.

    Até 22 de fevereiro deste ano (últimos dados disponíveis), o número de decisões emitidas para os requerentes do programa foi de "5.640, das quais 5.284 (94%) foram positivas, 258 (4%) foram negativas e 98 (2% ) foram retiradas pelas recorrentes por diversas razões", informou o órgão à BBC News Brasil em nota.

    Segundo Helen McEntee, que era ministra da Justiça da Irlanda quando o programa foi lançado, em janeiro do ano passado, ele "melhorará a vida de milhares de pessoas em todo o país que contribuem para nossa sociedade, enriquecem nossa cultura e trabalham em nossa economia, mas infelizmente ainda vivem nas sombras legais", declarou na ocasião.

    "As pessoas vêm para a Irlanda em busca de uma vida melhor para si e para suas famílias e podem ficar sem documentos por vários motivos".

    "Esse programa proporcionará uma oportunidade para aqueles que atendem a seus critérios permanecerem e residirem no Estado e se tornarem parte da sociedade irlandesa dominante, em vez de viverem à margem", completou.

    Na época, McEntee reconheceu que os imigrantes em situação irregular estão "sobrecarregados com muito estresse e incerteza em relação à sua posição na sociedade. Infelizmente, eles também podem ser mais vulneráveis à exploração devido à sua situação legal precária".

    Segundo o Ministério da Justiça irlandês, não há dados oficiais confiáveis sobre o número de pessoas indocumentadas vivendo na Irlanda, mas estudos indicam que podem ser 17 mil, incluindo até 3 mil crianças.

    Brasileiros na Irlanda



    No ano passado, uma reportagem da BBC News Brasil mostrou que o número de brasileiros vivendo na Irlanda mais que quintuplicou entre 2016 e 2022.


    Em 2016, eram 13,6 mil, segundo o censo local. No ano passado, conforme estimativas elaboradas pela Embaixada do Brasil em Dublin, esse número chegou a 70 mil.


    O país de pouco mais de 5 milhões de habitantes e 70 mil km² virou um ímã para os estrangeiros graças à facilidade que os recém-chegados têm de encontrar emprego legal e se regularizar, segundo especialistas em imigração consultados na ocasião pela BBC News Brasil.


    O mercado de trabalho vive um momento de prosperidade, e há vagas em áreas diversas, para profissionais com ou sem qualificação.


    Há ainda uma enorme oferta de cursos de inglês, que atraem centenas de brasileiros todos os meses.


    Segundo alguns desses imigrantes, além do custo menor em comparação com outras nações que também oferecem aulas da língua, a Irlanda se destaca por oferecer uma modalidade de visto de estudos que permite trabalhar por meio período, ou 20 horas por semana.


    Essa modalidade de visto, chamado de Stamp 2, pode ser tirada diretamente na Irlanda, logo após a chegada, desde que o estrangeiro comprove sua matrícula em um curso com duração mínima de 25 semanas e uma reserva de 3 mil euros (cerca de R$ 16,5 mil) ao passar pela imigração.


    A partir de julho deste ano, esse valor subirá para 4,2 mil euros (R$ 23,2 mil) — para cursos de até seis meses ou 700 euros (R$ 3,8 mil) por mês, o que for menor.


    "Parte dos estudantes retornam ao Brasil assim que seu visto expira, mas uma outra parte permanece no país porque encontra boas oportunidades de trabalho dentro da lei", disse à BBC News Brasil César Leite, chefe do setor consular da Embaixada em Dublin, na ocasião.


    "A demanda por mão de obra é muito grande, porque os próprios irlandeses estão emigrando muito, e existe uma lacuna a ser suprida", acrescentou o diplomata.


    Além disso, a Irlanda tem um dos salários mínimos mais altos da Europa (11,30 euros — cerca de R$ 65 — por hora), mais do que países como Portugal (4,40 euros) e Espanha (7,82 euros).


    O inglês também atrai muitos estrangeiros que já falam o idioma oficial do país e desejam morar na Europa, mas não querem se aventurar com as outras línguas do continente.


    Mesmo os brasileiros de família europeia, que têm nacionalidade e passaporte europeu, escolhem a Irlanda como alternativa aos destinos mais tradicionais. Segundo a Embaixada, 25% dos portugueses e italianos que vivem hoje no país são também brasileiros.


     Este texto foi publicado em https://www.bbc.com/portuguese/articles/c3gz43983zqo


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