quinta-feira, 31 de janeiro de 2019

EVENTOS CLIMÁTICOS SÃO O PRINCIPAL RISCO PARA O MUNDO

Relatório do Fórum Econômico Mundial identificou que o fracasso nas políticas ambientais interfere diretamente no desenvolvimento socioeconômico, no bem-estar da população e na segurança nacional.

Os eventos climáticos extremos lideraram a lista de riscos para o mundo apontados pela Pesquisa Global de Percepção de Riscos, durante o Fórum Econômico Mundial 2019, na Suíça. A conferência realizada neste mês reuniu líderes mundiais da política, economia e academia, para levantar e discutir soluções para um mundo melhor.
Eventos climáticos são o principal risco para o mundo 1
No relatório, os eventos climáticos extremos são apontados como principais motivos de preocupação, por impactarem na conservação da biodiversidade, no desenvolvimento socioeconômico, no bem-estar e na segurança nacional. “As alterações climáticas têm ocorrido com uma grande velocidade e as políticas ambientais para contê-las não têm acompanhado esse ritmo. Por isso, é necessário estudar este cenário para entender o presente e desenvolver estratégias para o futuro”, destaca a bióloga Juliana Baladelli Ribeiro, analista de Soluções baseadas na Natureza da Fundação Grupo Boticário.
Entre as consequências dos eventos climáticos extremos apontados pelo relatório estão crises de fome, hídricas, conflitos entre Estados, instabilidade social e migração involuntária em larga escala. Outro ponto decorrente do fracasso das políticas ambientais é o aumento do nível do mar. Segundo a pesquisa, até 2050, o nível do mar deve ter um aumento médio de 0,5 metro, atingindo 800 milhões de pessoas que residem em mais de 570 cidades costeiras vulneráveis.
Para controlar a situação nos oceanos, a Pesquisa Global de Percepção de Riscos aponta três estratégias principais: desenvolvimento de engenharia para manter a água fora das cidades; Soluções baseadas na Natureza; e estratégias baseadas no deslocamento de pessoas e empresas para terrenos mais seguros.
Juliana Baladelli explica que o controle da água e o deslocamento de pessoas e empresas são estratégias arriscadas, que podem ter consequências negativas se realizadas de forma isolada. “As Soluções baseadas na Natureza são inspiradas em ações que acontecem no meio ambiente, simulando processos naturais para resolver problemas das grandes cidades, principalmente relacionados à água. Por isso, elas podem ter melhor custo-benefício do que as infraestruturas tradicionais construídas pelo homem. A integração entre os diversos tipos de soluções disponíveis é essencial”, afirma.
Agro News
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Três milhões de deslocados na Etiópia

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Com três milhões de pessoas deslocadas sobretudo devido a conflitos interétnicos, a Etiópia vive uma das maiores crises a nível mundial. Falta um teto, comida e água, cuidados de saúde.
Qoloji é o maior campo de deslocados internos, com 80 mil pessoas, a maioria pertencente à comunidade étnica somali fugida da região de Oromia.
"Eu estava assustada e fugi há ano e meio para estar segura com as minhas crianças. Perdi todos os meus animais e a casa", conta uma mulher.
Água e saneamento são algumas das necessidades mais prementes do campo. A Organização Internacional para as Migrações, com financiamento da Ajuda Humanitária da União Europeia, construiu latrinas e chuveiros e está a dar formação na área da higiene.
"Aprendi a lavar as minhas mãos com sabão antes de cozinhar", diz outra mulher.
Regras básicas que podem salvar vidas. A aposta na prevenção vai continuar este ano com projetos financiados pela União Europeia, anunciados em dezembro pelo Comissário para a Ajuda Humanitária e Gestão de Crises.
A Euronews deslocou-se também à região de Oromia, onde falou com alguns deslocados Oromos da região Somali.
Há cerca de 600 locais para deslocados internos na Etiópia. A maioria não são campos. Em Deder, oito mil pessoas vivem, ora misturadas com a população local ou em edifícios públicos, que foram esvaziados para dar resposta a esta situação de emergência.
Um salão abriga agora 200 famílias Oromos. Um abrigo improvisado e sem condições. "O nosso número está a aumentar. 150 crianças nasceram aqui. Veja onde estamos a dormir. O chão é em cimento. Não temos roupas. As necessidades estão a aumentar, mas o que estamos a receber é bastante limitado", realça uma mulher.
A Organização Internacional para as Migrações está a monitorizar o número de deslocados, as suas movimentações e as suas condições de vida.
A crise na Etiópia vai ser aprofundada no programa Aid Zone, que vai para o ar esta noite.
Euronews
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quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

"A Europa tem o dever de receber as pessoas que fogem da guerra e da perseguição".

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A euronews entrevistou Filippo Grandi, Alto-Comissário das Nações Unidas para os Refugiados. Uma conversa sem cortes sobre a questão das migrações que pode ler abaixo na íntegra ou ver no vídeo acima.
Andrew Neil (euronews) Estamos ainda perante uma crise migratória na Europa?
Filippo Grandi: "Será que tivemos uma crise migratória (na Europa)? Penso que temos que ter cuidado quando falamos sobre o assunto. Honestamente, quando olhamos para os números, dos 70 milhões de refugiados e populações deslocadas em todo o mundo, entre 85 a 90 por cento não estão na Europa, não estão na América, não estão na Austrália; estão em países pobres ou em países em vias de desenvolvimento. Aí, sim, é onde há uma crise. Claro que tivemos, a dada altura, pessoas a chegar à Europa em grande número. Isso foi crítico e não foi bem gerido, agravando a crise. E depois essa crise foi politizada, agudizando a situação de forma irreversível".
Os políticos pensaram certamente que era uma crise e trataram a situação como uma crise. E para alguns políticos, tornou-se numa enorme crise, incluindo para Angela Merkel.
"Eu não culpo Angela Merkel, que na minha opinião fez o correto. Mostrou que a Europa ainda valorizava a solidariedade. Mas o problema é que, quando ela fez aquela famosa declaração de que os sírios seriam bem-vindos na Alemanha - não podemos esquecer que os sírios estavam naquela época a fugir de uma guerra atroz - o resto da Europa não seguiu o exemplo, o resto da Europa não compartilhou essa responsabilidade com a Alemanha. Ela foi deixada sozinha. Esse foi o problema".
E a mensagem que os políticos parecem retirar disso é que aqui estava Angela Merkel a correr o risco de acolher um milhão de refugiados ou migrantes. Ela era a líder mais poderosa da Europa e isso praticamente destruiu a sua carreira política. Essa foi também a mensagem para o resto da Europa. Por outras palavras, "não vamos fazer isso".
"Certamente. Aquilo com que não concordo é atribuir-lhe esse fracasso, quando o fracasso deve ser atribuído à incapacidade da Europa lidar com o assunto. E penso que é a Europa que tem que lidar com o assunto. Em primeiro lugar, porque a Europa tem o dever de receber as pessoas que fogem da guerra e da perseguição. Por isso, não se trata de uma escolha, na minha opinião, trata-se de um valor europeu. Essa é também uma obrigação europeia, de acordo com o direito internacional. Mas, ao fazê-lo, a Europa deve ser mais organizada, e é aí que voltamos à politização. O assunto tornou-se tão politizado que cada embarcação à deriva no Mediterrâneo com 20 pessoas se torna um drama europeu".
No Mediterrâneo ou no Canal da Mancha...
"...ou no Canal da Mancha".
...ou na Marinha, na Força Aérea ou nas Forças Armadas britânicas.
"E, como terá certamente notado, hoje em dia na Europa é uma corrida para ver quem consegue fazer o mínimo possível para acolher essas pessoas e lidar com elas. Não é um concurso de generosidade, é exatamente o oposto e isso é um absurdo. É também uma corrida para fugir à responsabilidade ou atribuí-la aos outros porque se tornou um tema politicamente tóxico. Este discurso é, como sabe, um círculo vicioso".
Falemos então sobre a escala do problema, sobre o que está a acontecer, e depois sobre algumas das possíveis soluções e respostas políticas. Desde 2015, o número de migrantes tem vindo a decrescer. No Mediterrâneo o número é mais baixo, e há também uma redução de cerca de 85% no número de migrantes que atravessam o Mediterrâneo em direção à Itália. No entanto, no ano passado o número de migrantes que chegaram à Europa por via marítima atingiu ainda os 117 mil, na sua maioria em direção à Itália, Espanha e Grécia. Mais de 2000 pessoas morreram no processo. Ou seja, estamos ainda perante um grande problema que continua por resolver.
"Claro que é um grande problema, não quero ser mal interpretado quando afirmo que não se trata de uma crise. Não é uma crise em comparação ao que o Líbano ou o Bangladesh estão a enfrentar, com muito menos recursos do que a Europa e com números muito, muito maiores. É uma crise no sentido de que ainda que seja uma só morte no Mediterrâneo é, na minha opinião, uma crise, especialmente na Europa, que tem o dever de resgatar essas pessoas. Mas, como disse, temos que organizar o processo de resgate, partilhar o desembarque e reformar o sistema de asilo, para que não sejam só os países da periferia - a Grécia, a Itália e agora a Espanha - a terem que lidar com todos os problemas, como acontece neste momento. Para isso, precisamos de coesão, de trabalhar em conjunto e despolitizar todo este fenómeno".
Bem, isso não está a acontecer. Quero dizer, neste preciso momento há um barco, o Sea-Watch 3, que é um navio de resgate. O navio resgatou 50 migrantes e foi-lhe recusada a entrada em Lampedusa - a ilha italiana mais próxima da costa da Líbia - e está agora a caminho de Malta. Também não sabemos se Malta vai aceitar o desembarque do navio. Malta sente que é "uma pequena ilha" e que tem de acolher "demasiados migrantes". Que está "na linha de frente". O que pensa que vai acontecer a estas pessoas?
"Nos últimos três ou quatro meses já tivemos vários casos como esse. No último desses casos tratou-se de dois barcos que estiveram à deriva pelo Mediterrâneo, por volta do Natal, em condições difíceis, cerca de três semanas com 49 pessoas a bordo. E estamos a falar de um continente de 500 milhões de pessoas, um dos mais ricos do mundo. Então, qual é o problema? No fim, foi encontrada uma solução: seis ou sete países decidiram compartilhar essa responsabilidade. O que é bom, porque eu concordo com os italianos, com os gregos e agora com os espanhóis, que não deve ser apenas um país a receber todos os migrantes, mas sim, precisamos de ter um sistema definido que funcione, caso contrário, torna-se uma negociação que, no clima atual, é muito difícil".
Essa foi uma solução ad-hoc.
"Sim, totalmente. E será também a solução para o presente barco. Posso apostar".
E não será uma estratégia, ou uma política. Falemos sobre uma das políticas: a operação Sofia, que é uma operação naval europeia de patrulha no Mediterrâneo. A operação salvou cerca de 50.000 pessoas desde 2015. Destina-se também a combater as redes criminosas de tráfico de pessoas. Parece que a operação Sofia - que é dirigida pelos italianos e utiliza navios de muitas nações europeias, incluindo da Alemanha - está a ser reduzida e poderá mesmo terminar. Que tem a dizer sobre isso?
"Estou preocupado, porque não é só a operação Sofia - que aliás, já no ano passado também foi reduzida - é o mecanismo de resgate no Mediterrâneo. Penso que as ONG têm desempenhado um papel muito importante nisso.
As ONG foram atacadas publicamente, criticadas; e o âmbito da sua ação foi limitado. Foram acusadas de fomentarem, de aumentarem o tráfico de pessoas; quando, na realidade, realizam um trabalho indispensável - juntamente com a guarda costeira dos diferentes países e os navios da operação Sofia - no resgate de pessoas. E fazem-no não de acordo com a lei dos refugiados ou com as regras de migração, mas de acordo com a lei marítima, que é muito antiga, remonta ao século XVII. Penso que temos um dever, que é global. Que é o dever, como seres humanos, de salvar pessoas que estão em perigo no mar".
Mas agora parece que estamos a fazer cortes nos recursos e não a obter os recursos necessários para esse fim. Até os alemães estão a dizê-lo, porque os navios da Alemanha estão a ser enviados pelos italianos para áreas onde não há refugiados.
"Como disse antes, e corretamente, o facto é que há uma quebra no número de pessoas a chegar à Europa. Uma quebra que é, na verdade, acentuada. Mas a percentagem daqueles que estão a morrer no mar, em proporção ao número de chegadas, está a aumentar".
Já este ano ocorreram várias mortes.
"De facto, entre 2017 e 2018 a nossa estimativa é que a percentagem de mortes duplicou, o que significa que há menos resgates. Mas deixando de lado quaisquer outras considerações, porque compreendo completamente a complexidade do problema, isto é absolutamente inaceitável, especialmente para a Europa. E estou a falar como europeu, não apenas como Alto-Comissário para os Refugiados".
De acordo com uma declaração sua, os movimentos de migrantes e refugiados devem ser, e passo a citar, "administrados de uma maneira pragmática e baseada em princípios." O que é que isso significa na prática?
"Na prática, significa ter aquilo a que chamaríamos um sistema de asilo que funcione melhor. Em primeiro lugar, uma melhor distribuição de chegadas, não apenas chegadas a uns poucos países. Em segundo lugar, um sistema que seja mais eficiente e rápido em julgar quem é um refugiado e quem não é.
Já fizemos inúmeras propostas à União Europeia para adotar um sistema melhor. Nós somos os que estão a promover um sistema sólido, com salvaguardas. Mas estamos também a dizer que o sistema tem que ser eficiente. Caso contrário, as pessoas esperam muito tempo e o sistema perde o impacto e o valor.
E depois - e isto é difícil - temos que ter um sistema em que aqueles que não são reconhecidos como refugiados possam seguir uma via diferente. São migrantes e a migração é absolutamente legítima. Mas tem outra lógica e outra dinâmica, e algumas pessoas poderão ter que regressar ao seu país de origem. E isso não está a acontecer. Não há acordos a funcionar entre os países europeus e os países de onde essas pessoas vêm. Por isso, a situação é muito complexa. Eu não estou, de forma nenhuma, a subestimar a complexidade de tudo isto, mas sim a sugerir um sistema diferente exatamente por causa dessa complexidade. A Europa precisa de estar unida. E nesta questão, de momento, não há unidade.
Muitas pessoas pensam que está a tornar-se cada vez mais difícil no mundo moderno fazer a distinção entre um refugiado, perante o qual existem obrigações legais de asilo, e um migrante económico, que é alguém que quer sair em busca de uma vida melhor. Podem sentir-se inseguros no país de onde vêm, mas não são bem refugiados. Veem melhores perspetivas [no país de destino]. Porquê condená-los? A distinção é turva e já não funciona.
"Eu concordaria com parte do argumento. Concordo que se tornou mais difícil fazer essa distinção. Não porque as pessoas não fujam por razões muito válidas. Que é o caso de todos, de facto. Ou se movam por uma razão muito válida, ou por uma variedade ou mistura de razões.
Tomemos o caso dos venezuelanos. Eu estive lá em outubro e foi muito interessante. Os venezuelanos estão a deixar o seu país em grande número. Estimamos que cerca de 3 milhões tenham saído do país nos últimos dois anos por razões que vão desde não poderem colocar comida na mesa para seus filhos, à perseguição política e tudo o mais. Por isso, eu sei que é difícil, mas quando se julga estes casos, é preferível pecar por excesso, porque devolver as pessoas ao seu país, onde podem correr perigo ou risco para as suas vidas, é algo que não podemos enfrentar. E é aqui que se definem as bases de referência internacionais para a proteção.
Depois, temos vários tipos de proteção internacional que podem ser oferecidos às pessoas: proteção temporária, proteção humanitária ou estatuto de refugiado, que é o mais seguro. Portanto, penso que as distinções ainda são válidas e importantes. Se queremos preservar a instituição do asilo é necessário investimento, é necessário debate e é necessária uma unanimidade na Europa para que as regras sejam aplicadas de forma coerente".
E uma das respostas políticas da Europa foi dar dinheiro à Líbia de onde muitos migrantes e refugiados deixam África rumo à Europa através do Mediterrâneo. Dinheiro que serve para colocá-los em campos, para financiar os campos e nalguns casos para os devolver aos campos, se forem resgatados no mar. Li que esses campos na Líbia são verdadeiros pardieiros.
"Sim, estive nesses campos"
Tenho razão?
"Tem toda a razão. Disse recentemente e quero repeti-lo, que se eu fosse um refugiado ou um migrante ou uma pessoa como as que estão nesses campos, faria tudo, iria correr qualquer risco para fugir de lá, incluindo - e eles sabem bem isso - atravessar o mar, sob o risco sério de perder a vida.
Os campos são tão horríveis, perigosos e humilhantes para as pessoas, que é compreensível o que fazem. Agora, também tenho que fazer um reparo sobre quando falou de dar dinheiro à Líbia: se a comunidade internacional investisse adequadamente na Líbia, isso não seria mau.
Em primeiro lugar era necessário resolver o conflito, que necessita desesperadamente de um ponto final e que é a fonte de todos os outros problemas na Líbia. Depois, é necessário reconstruir o país.
O problema é que a maior parte dos recursos parece estar a ser colocado apenas numa instituição, a Guarda Costeira. Porquê? Porque a Guarda Costeira patrulha as águas e isso serve o objetivo da Europa de limitar as chegadas de migrantes. Sabe, em si, apoiar a Guarda Costeira e resgatar pessoas no mar é uma coisa boa. O problema é que se não resolvermos os outros aspetos do problema, o que acontece é que as pessoas desembarcam na Líbia, são colocadas em centros de detenção e depois temos de retomar o processo de chegar até elas, de resgatar algumas e por aí adiante.
"Certamente que não. Mas, também é verdade que temos de olhar para o problema de uma forma realista. Dezenas de milhar de pessoas estão 'encalhadas' na Líbia e claramente não podem vir todas para a Europa. Isso é claro. E sabe que muitas querem voltar para os seus países se não fossem refugiados. Sabe que muitas pessoas que se deslocaram por motivos económicos apercebem-se que a viagem é demasiado difícil e perigosa. E querem regressar a casa.
Há cerca de um ano, a Organização Internacional para as Migrações (OIM), uma agência afiliada à nossa, começou a trabalhar lá. Conseguimos alguns progressos. A OIM repatria, de avião, pessoas que aceitam regressar aos seus países e aqueles que não podem regressar, porque são refugiados, recebem ajuda para sair da Líbia. Mas é apenas ainda uma fração do total. No entanto, se pudéssemos expandir esse trabalho, isso seria útil, porque receberiam proteção na Líbia e proteção para sair da Líbia de uma forma que não os exporia ao tráfico e aos perigos da travessia por via marítima. Mas, para isso precisamos de mais espaço e o espaço na Líbia é limitado. Muitos destes centros de que fala não são geridos pelas autoridades, são geridos por milícias. Não podemos pensar nessas milícias como grandes grupos políticos, são apenas criminosos, são apenas gangues que se aproveitam de todos os tipos de tráfico, incluindo de pessoas.
É assim a Líbia, Alto-Comissário, mas 500 pessoas foram recentemente expulsas de um entro de receção de migrantes perto de Roma. Foram expulsas pelo governo italiano, não pela Líbia. Não no norte de África, mas sim perto de uma das maiores cidades europeias. Não quero ser deprimente, mas se olharmos para isto - e penso que estas histórias mostram o lado humano do problema - vemos o que está verdadeiramente a acontecer e é difícil ser otimista.
"Talvez eu possa colocar as coisas de uma forma ligeiramente diferente. Estão a ajudar a humanizar o problema ao realçarem o quão desumanizantes as políticas se tornaram. O que aconteceu em Itália foi o resultado de uma nova lei que o Governo aprovou. Dissemos publicamente ao governo que essa lei não era boa para as pessoas que era suposto proteger e ajudar. E que iria agravar os problemas, especialmente cortando o apoio que é dado aos requerentes de asilo e por aí adiante, ao não deixá-los aceder a estes centros. A situação não era perfeita antes, precisava de ser melhorada. Mas este foi um passo atrás, não um passo em frente".
Penso que alguém da sua agência disse: 'os políticos têm de deixar de usar os seres humanos como arma de arremesso político', o que é algo muito acertado de se dizer. Mas, as eleições europeias estão aí à porta, as migrações vão estar no centro da campanha e os partidos populistas vão condicionar o debate. Isso é mais do que expectável e as coisas ainda devem certamente piorar antes de melhorarem.
"Infelizmente, concordo consigo. Não estaria preocupado só por a migração fazer parte do debate, É um tema importante. É uma questão global que tem de ser corretamente resolvida. Mas, temos de enfrentar o problema de uma forma séria, não apenas discutindo quem é que vai receber as próximas 20 pessoas que cheguem num barco e o debate sobre as migrações está reduzido a isto em vez de ser um debate sobre as raízes do problema, sobre como as pessoas se deslocam, sobre os motivos económicos e as alterações climáticas que levam ao êxodo. Este é o debate que a Europa deveria fazer sobre migrações e que não está a realizar. Portanto, tudo o que podemos fazer neste momento é esperar que as eleições europeias passem e que possamos retomar um debate sério sobre o assunto. A Europa merece isso e certamente que milhões de pessoas também o merecem".
Euronews
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ONU reformará Centro de Pastoral para Migrantes de Mato Grosso

Acolher, proteger, promover e integrar migrantes e refugiados. Esse é o trabalho que o Centro de Pastoral para Migrantes desenvolve desde 1980, quando foi criado, e que já possibilitou o atendimento de mais de 200 mil pessoas. Ciente da importância desse papel, o Ministério Público do Trabalho em Mato Grosso (MPT-MT) assinou um Acordo de Cooperação Técnica com o Escritório das Nações Unidas de Serviços para Projetos (UNOPS) para realizar uma reforma ampla e geral na entidade, que vive em estado de superlotação.
O valor, que totaliza R$ 1,5 milhão, é proveniente de uma indenização por danos morais coletivos paga por uma multinacional chinesa que firmou Termo de Ajuste de Conduta (MPT) junto ao MPT.
O projeto terá duração de 10 meses e contará com especialistas em gestão de projetos e com a rede internacional de especialistas da UNOPS.
O procurador do Trabalho Rafael Mondego conta como surgiu a ideia de beneficiar o Estado de Mato Grosso com tal iniciativa. “Era de conhecimento de todos a situação delicada pela qual passava o Centro da Pastoral para Migrantes em Cuiabá, a despeito de várias iniciativas do MPT voltadas a melhorar a sua estrutura e serviços prestados à comunidade migrante, atualmente em ascensão, haja vista o crescente número de imigrantes venezuelanos que chegam à capital. Assim, visando atender as necessidades da entidade de forma ampla, soubemos da existência de Termo de Cooperação Técnica firmado pela Procuradoria Geral do Trabalho com o UNOPS, escritório da ONU especializado na execução de projetos relacionados à promoção de direitos humanos ao redor do planeta. Tal instrumento, percebemos, poderia trazer grandes melhorias à estrutura oferecida pela Pastoral às pessoas por ela abrigadas, garantindo-lhes dignidade mediante a efetiva observância, nas instalações da pastoral, de padrões internacionais de qualidade”.
De acordo com a coordenadora da Pastoral, Eliane Aparecido Vitaliano, a casa dispõe atualmente de cem vagas. “Os quartos são apertados porque atendem muitos migrantes e não possuem as divisões necessárias. Com a reforma, os quartos ficarão com quatro a cinco camas e divididos de forma a melhor acomodar os migrantes”. Além dos quartos, o CPM receberá aparelhos de ar condicionado, sistema de captação de água das chuvas, banheiros, auditório, quadra poliesportiva e sala de formação e de cursos profissionalizantes. Almoxarifado e diretoria também serão reformados.
“Inicialmente, a maioria dos atendimentos era para migrantes internos, brasileiros que vieram por conta dos incentivos de colonização do governo. Como muitos não conseguiam suas terras, ficavam em Cuiabá. A casa acolhe, ainda, trabalhadores resgatados do trabalho escravo. A partir de 2012, começou a atender os haitianos e, de lá para cá, foram atendidos aproximadamente 3,4 mil haitianos”, conta.
Desde o ano passado, a casa tem acolhido, por meio do Programa de Interiorização do Governo Federal e da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), iniciado em abril de 2018, muitos venezuelanos que fogem da crise enfrentada pelo país. Somente em 2018 foram 164.
Esse é o caso de Rosbelli Roja e Victor Lugo, casal venezuelano que passou pela Pastoral do Migrante. Eles vieram de Maracay, capital do estado de Aragua, em 12 de setembro de 2017. A primeira parada foi em Boa Vista. Chegaram a Cuiabá em abril do ano passado, com a primeira turma de venezuelanos vindos de Roraima.
“A acolhida foi maravilhosa, nunca esperava ser recebida desse jeito. A primeira coisa que ofereceram na casa foi comida, foi muito bom. Em Roraima não trabalhávamos e andávamos muito para poder comer. Estávamos na turma para ir para São Paulo, mas houve um câmbio e viemos para Cuiabá. Foi o melhor caminho que Deus nos deu”.
Rosbelli narra que a família saiu da Pastoral há sete meses, quando o marido conseguiu um emprego. Segundo ela, “a casa fez tudo necessário para os venezuelanos: preparação de como fazer as entrevistas de emprego, o que se deve vestir. Na própria oficina que teve na casa o meu marido fez a entrevista no emprego que está hoje. A Marilete [do Ministério do Trabalho] ajudou muito. Ela conhece primeiro você, vê o que você sabe fazer, para que você dure no trabalho e fique bem no trabalho”, relata a venezuelana, que não pretende sair de Cuiabá tão cedo. “Cuiabá é maravilhosa, é quente, mas é maravilhosa”.
Elvir José Castillo, de 38 anos, passou pela mesma experiência. Veio da Venezuela, da cidade de El Tigre, no estado de Anzoátegui. Há mais ou menos dois meses alugou um apartamento para ele, a esposa e as três filhas, de 5, 9 e 13 anos, morarem. Antes disso, foi acolhido pela Pastoral junto com as 66 pessoas do primeiro grupo vindo de Roraima. “O trabalho da Pastoral... As pessoas daqui são boas, ajudaram muito a conseguir emprego, ajudaram a conseguir os documentos, carteira de trabalho, CNH”, elogia.
Castilho hoje é motorista, mas já trabalhou como eletricista, assistente de produção e operador de empilhadeira em Cuiabá. Ele observa que a Pastoral também ofereceu aulas de português e que graças a isso consegue compreender e “falar um pouquinho” o idioma. Ele diz, ainda, que quando se mudou, recebeu ajuda financeira para custear o primeiro mês de aluguel. “Muito agradecido com eles, fomos muito bem tratados...Ajudaram com cama, sapato, calça, camisa para mim, minhas filhas, mulher. Deram panela, copo e colher...”
Reforma
Segundo a coordenadora Eliane, 70% dos refugiados em idade produtiva são encaminhados para o mercado de trabalho formal. O Centro é um disparador de políticas públicas para migrantes e conta com apoio das Secretarias Municipais de Saúde, de Educação e de Assistência Social, e da Polícia Federal. A instituição é mantida pela PIA Sociedade dos Missionários de São Carlos, com doações da própria comunidade, e com a ajuda dos parceiros. “O MPT é um grande parceiro nosso. Outro grande parceiro é o MTE, que nos ajuda com a sensibilização das vagas de empregos e com o trabalho da auditora fiscal do Trabalho Marilete Mulinari Giraldi para atendimentos dos migrantes externos. A prefeitura de Cuiabá auxilia com 40% da alimentação”, explica.
“A Pastoral atende os migrantes que ficam hospedados lá, mas também faz atendimento externo dos migrantes que estão em Cuiabá e buscam ajuda para regularização de documentos, encaminhamento de emprego. E, atualmente, não existe um espaço próprio para esse atendimento. A reforma vai criar esse espaço. Além disso, a reforma vai sanar problemas estruturais como a fossa e a capacidade de água, que hoje é insuficiente para a demanda. E a criação de espaço para lazer, como a construção da quadra e reforma da sala de TV, que hoje comporta 15 pessoas, e do refeitório”.
Eliane explica que o Centro de Pastoral para Migrantes presta serviços humanitários para aqueles que fogem da fome, do desemprego e da instabilidade política. A entidade oferece desde alimentos, roupas e hospedagem, até qualificação profissional, auxílio para regularização de documentos e encaminhamento para emprego. “Com esse apoio, o Centro ajuda a resgatar o senso de cidadania do indivíduo, estimulando o migrante a buscar melhores condições, além de sensibilizar a sociedade em relação ao fenômeno das migrações”.
Projeto
O projeto ‘Implementação de Infraestrutura e Compras para o Centro Pastoral para Migrantes’ vai contribuir para melhorar as condições do local de acolhida de pessoas migrantes e trabalhadores resgatados de trabalho escravo ou degradante.
O gerente de Projetos do UNOPS, David Melo, enfatiza a expertise do escritório em implementar projetos de infraestrutura no país, garantindo que a alocação de recursos tenha impactos positivos à sociedade. “UNOPS e MPT estão trabalhando juntos para promover uma infraestrutura de qualidade para trabalhadores, especialmente os migrantes, melhorando efetivamente a vida dessas pessoas e apoiando o alcance dos objetivos da Agenda 2030”.
Melo salienta que o projeto tem duas linhas principais: planejamento de investimento em infraestrutura e de aquisição de equipamentos e execução de demandas prioritárias. Com isso, permitirá que o CPM capte recursos e faça investimentos eficientes no longo prazo, ao mesmo tempo em que resolverá necessidades imediatas.
O Escritório das Nações Unidas de Serviços para Projetos (UNOPS) é um organismo operacional das Nações Unidas. Em todo o mundo, apoia o sistema ONU, seus parceiros e governos a fornecerem soluções nas áreas de assistência humanitária, desenvolvimento, paz e segurança.
Foi criado em 1974 como parte do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e tornou-se uma organização independente em 1995. Os serviços prestados pelo UNOPS abrangem as áreas de infraestrutura, gerenciamento de projetos, compras, gestão financeira e recursos humanos. Os parceiros solicitam os serviços para complementar suas próprias capacidades, aumentar a velocidade, reduzir riscos, promover a relação custo-benefício e melhorar a qualidade de seus projetos em diferentes áreas.
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terça-feira, 29 de janeiro de 2019

Federação das Industrias de Roraima esclarece critérios para contratação de imigrantes

Com o tema “Inserção de Migrantes Vulneráveis no Mercado de Trabalho Roraimense”, a Federação das Indústrias do Estado de Roraima (Fier), em parceria com a Organização Internacional para as Migrações (OIM), uma agência vinculada à Organização das Nações Unidas (ONU), pretende, entre outras coisas, esclarecer a contratação de migrantes venezuelanos, durante oficina que será realizada nesta terça-feira, 29.
Em entrevista ao programa Agenda da Semana , na Rádio Folha FM 100.3, a coordenadora técnica da Fier, Karen Telles, falou do comprometimento da federação, sobretudo em relação às empresas que atuam no setor industrial, no sentido de contribuir para que tenham todo acesso às informações necessárias para contratar com segurança, respeitando os aspectos e os requisitos legais.
“No ambiente da gestão empresarial, devem-se seguir todos os procedimentos legais com relação à contratação de um estrangeiro, que deve ser realizada respeitando os mesmos requisitos da contratação de um brasileiro. Se a intenção da empresa, independentemente do setor de atuação, do porte e tendo CNPJ constituído, é contratar algum migrante, deve seguir os mesmos procedimentos. A legislação é a mesma nesse sentido”, explica Karen.
Segundo ela, a empresa que queira contratar um trabalhador estrangeiro deve assinar a carteira como faria com um brasileiro, assim como elaborar o contrato de três meses de experiência e após esse período decidir se vai permanecer ou não com ele.
“Caso decida rescindir o contrato, o empresário deve fazer o ressarcimento dos encargos, dos direitos desse trabalhador, enfim, é uma contratação normal, igual a qualquer outra”, destacou.
A intenção, de acordo com Karen, é criar um ambiente produtivo, com a participação de trabalhadores brasileiros ou venezuelanos. “Não importa a nacionalidade, o que se deve levar em consideração são os requisitos, a aptidão de cada pessoa para o desempenho das suas funções”, disse.
A oficina vai explorar temas como os mitos mais comuns sobre migrantes e pessoas refugiadas e entender os benefícios e desafios da contratação dessa população. “Nós sempre frisamos que não se trata de uma substituição da força de trabalho venezuelana pela força de trabalho brasileira. Não é isso”, salienta.
Karen Telles enfatiza que os postos de trabalho estão garantidos para aqueles que estão desempenhando bem suas atividades, sejam brasileiros ou venezuelanos. “O objetivo é esclarecer sobre o acesso de migrantes ao mercado brasileiro. Nosso papel, como entidade de classe, é contribuir para que essas informações cheguem ao máximo de instituições possível, pensando no crescimento e desenvolvimento da região”, ressalta.
Ela esclarece também que a empresa interessada em contratar um migrante, seja ele venezuelano ou de qualquer outra nacionalidade, deve solicitar a documentação do candidato, como o CPF, a Carteira de Trabalho, e na ausência deles, pelo menos o protocolo emitido pela Polícia Federal. “Esse documento vai determinar se a pessoa está apta ou não a permanecer no Brasil”, completa.
O evento é destinado aos empresários de diversos segmentos industriais e comerciais, sindicatos, entidades de classe, como também a profissionais que atuam diretamente no setor de Recursos Humanos, e será realizado no auditório da Fier, localizado na Avenida Benjamin Constant, 876 – Centro de Boa Vista, das 9h às 12h30. Para participar, os interessados podem confirmar a presença por meio de um formulário de inscrição no linkhttps://bit.ly/2FgMghg.
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ACNUR: 6 fatos sobre os refugiados e migrantes venezuelanos

A Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) no Brasil reuniu seis fatos sobre a atual situação de refugiados e migrantes da Venezuela. Milhões de pessoas deixaram o país em crise, por diferentes motivos, incluindo insegurança, escassez de comida, ausência de serviços de saúde e medicamentos e até mesmo a perda de suas casas.
Famílias venezuelanas cruzam a fronteira do seu país com o Brasil para comprar comida e levar para casa. Foto: ACNUR/Victor Moriyama
Famílias venezuelanas cruzam a fronteira do seu país com o Brasil para comprar comida e levar para casa. Foto: ACNUR/Victor Moriyama
A Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) no Brasil reuniu seis fatos sobre a atual situação de refugiados e migrantes da Venezuela. Milhões de pessoas deixaram o país em crise, por diferentes motivos, incluindo insegurança, escassez de comida, ausência de serviços de saúde e medicamentos e até mesmo a perda de suas casas. Confira a lista preparada pelo organismo das Nações Unidas:

1. Maior êxodo na história recente da América Latina

Venezuelanos na praça Simon Bolívar, em Boa Vista, Roraima. Foto: ACNUR/Reynesson Damasceno
Venezuelanos na praça Simon Bolívar, em Boa Vista, Roraima. Foto: ACNUR/Reynesson Damasceno
Mais de 3 milhões de venezuelanos deixaram seu país desde 2014, sendo que 2,4 milhões estão vivendo em países da América Latina e Caribe. Este é o maior êxodo na história recente da América Latina, e as pessoas continuam a deixar a Venezuela devido à violência, insegurança e falta de comida, remédios e serviços essenciais.

2. Peru, país que mais recebe venezuelanos

Refugiados e migrantes venezuelanos em Lima, no Peru. Foto: OIM
Refugiados e migrantes venezuelanos em Lima, no Peru. Foto: OIM
O Peru é hoje o maior país de acolhimento de refugiados na América Latina, com 156,7 mil pedidos de asilo desde 2014.

3. Venezuelanos no Brasil

Venezuelanos cruzam a fronteira para comprar alimentos no Brasil. Foto: ACNUR/Victor Moriyama
Venezuelanos cruzam a fronteira para comprar alimentos no Brasil. Foto: ACNUR/Victor Moriyama
Desde 2015, mais de 85 mil venezuelanos procuraram a Polícia Federal brasileira para solicitar refúgio ou residência no Brasil.

4. Na fronteira entre Brasil e Venezuela

Centro de Recepção e Registro em Pacaraima, na fronteira do Brasil com a Venezuela. Foto: ACNUR/Victor Moriyama
Centro de Recepção e Registro em Pacaraima, na fronteira do Brasil com a Venezuela. Foto: ACNUR/Victor Moriyama
Em média, entre 150 e 200 venezuelanos passam por dia pelo Centro de Recepção e Registro em Pacaraima (RR), na fronteira do Brasil com a Venezuela.

5. Venezuelanos em Boa Vista e Pacaraima

Abrigo Nova Canaan, em Boa Vista, Roraima. Foto: ACNUR/ Victor Moriyama
Abrigo Nova Canaan, em Boa Vista, Roraima. Foto: ACNUR/ Victor Moriyama
Mais de 6 mil venezuelanos moram nos abrigos apoiados pelo ACNUR e parceiros em Boa Vista e Pacaraima, cidades do estado de Roraima.

6. Interiorização de venezuelanos no Brasil

Interiorização de venezuelanos no Brasil. Foto: Casa Civil/Governo Federal
Interiorização de venezuelanos no Brasil. Foto: Casa Civil/Governo Federal
Em 2018, 4 mil venezuelanos participaram do programa de interiorização, que busca ajudar os solicitantes de refúgio e de residência a encontrar melhores condições de vida em outros estados brasileiros. As famílias recebem CPF, carteira de trabalho e vacinas. E a chance de um futuro melhor.

O trabalho do ACNUR

Infelizmente, muitas famílias venezuelanas não têm recursos para se restabelecer de forma independente e moram em lugares inseguros até encontrar abrigo. O ACNUR trabalha junto com o Governo Federal, agências da ONU e parceiros para que essas pessoas sejam acolhidas e registradas.
O organismo internacional atua para garantir que os mais vulneráveis sejam protegidos com abrigo, assistência médica e documentos que lhes permitam acessar os serviços. O objetivo é assegurar que os venezuelanos não vivam em situações precárias, expostos e em risco.
Acnur
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segunda-feira, 28 de janeiro de 2019

Taxa de reconhecimento de refugiados varia entre 12% e 89% na Europa

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Apresentar um pedido de asilo não parece oferecer as mesmas probabilidades de sucesso em todos os países da Europa. Apesar de o direito à protecção internacional estar consagrada na Convenção de Genebra, de que todos os Estados-membros da União Europeia são signatários, a decisão de atribuir ou não o estatuto de refugiado é uma responsabilidade nacional e não europeia. E se os critérios legais para a concessão deste estatuto são comuns, na prática, verificam-se grandes disparidades na Europa nas taxas de reconhecimento – ou seja, na percentagem de respostas positivas face ao número total de decisões em cada instância do procedimento. 

A média europeia em termos de decisões positivas em primeira instância foi de 46% em 2017, segundo o Eurostat, mas variava entre os 12% da República Checa e os 89% da Irlanda. Com taxas de reconhecimento abaixo dos 35% estão países como a França, a Croácia, a Polónia, a Hungria, a Dinamarca e o Reino Unido. No topo da tabela estão, para além da Irlanda, países como a Letónia (74%), a Lituânia (78%), Malta (69%) e Eslováquia (68%). As estatísticas parciais relativas ao terceiro semestre de 2018 apontam para uma redução da média europeia, mas mantendo-se as discrepâncias entre países.

Para o eurodeputado do PSD Carlos Coelho, as assimetrias no reconhecimento de refugiados são um dos aspectos “mais condenáveis” da escassa harmonização europeia em matéria de asilo. “Não é verosímil que os verdadeiros asilados vão todos para um país e que os falsos vão todos para outro”, analisa o eurodeputado Carlos Coelho, eleito pelo PSD. “É evidente que há países que estão a ser mais generosos e países que estão a ser menos generosos”.

Portugal está ligeiramente em cima da média europeia com uma taxa de reconhecimento de 52%. Esta taxa inclui não apenas refugiados (sujeitos a perseguição) mas também beneficiários de protecção subsidiária se se considera correrem risco de sofrer ofensas graves se regressarem ao país de origem.

Publico 
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