segunda-feira, 31 de maio de 2021

Agência da ONU pede mais apoio para educadores depois de pandemia

 É urgente investir na educação e na formação e no trabalho digno dos profissionais da educação para que possam contribuir para a recuperação após a pandemia.  

Essa foi a conclusão de uma reunião da Organização Internacional do Trabalho, OIT, sobre o futuro para os profissionais na área da educação. 

Responsabilidades 

Segundo a OIT, professores, formadores e pessoal de apoio precisarão dominar novas tecnologias e técnicas, entender as demandas e habilidades do mercado de trabalho e serem apoiados para lidar com suas maiores responsabilidades. 

Acnur/Firas Alkhateeb
A pandemia mostrou a rapidez das mudanças em particular o grande uso de tecnologia

O embaixador de Barbados junto à ONU, Chad Blackman, presidiu o encontro, com governos, organizações de empregadores e de trabalhadores de todo o mundo. Segundo ele, “o futuro exigirá investimento em educação e habilidades e são precisos professores e trabalhadores motivados e bem apoiados para que possam preparar os alunos para a vida e o trabalho.” 

Mudanças 

A pandemia mostrou a rapidez das mudanças em particular o grande uso de tecnologia. 

Essas transformações, além de funções e responsabilidades adicionais, estão revolucionando o trabalho de professores, administradores e pessoal de apoio à educação. 

Outro desafio é conectar a educação às necessidades dos empregadores e investir em formação e treinamento técnico-profissionalizante. 

O vice-presidente de uma associação de empregadores, Santiago García Gutiérrez, contou que “garantir que os sistemas de educação e treinamento atendam às necessidades do mercado de trabalho é uma das principais prioridades.” 

Experiência 

Para ele, “há uma necessidade urgente de conectar o setor privado à educação e treinamento, de modo a fornecer recursos e experiência, e equipar os alunos com as habilidades exigidas pelos empregadores.” 

Os participantes também destacaram a importância do diálogo social para enfrentar os desafios que afetam as condições de trabalho dos educadores.  

O especialista Jelmer Evers disse que este diálogo pode ajudar em áreas como estabilidade no emprego, salários adequados, bem-estar, gestão da carga de trabalho, políticas educacionais e autonomia profissional. 

Unesco/Dana Schmidt
Governos, empregadores e trabalhadores devem investir mais em educação e treinamento para os profissionais desta área

Privacidade 

Evers destacou ainda negociação coletiva sobre o uso de inteligência artificial, proteção de dados e privacidade, dizendo que essas discussões serão importantes para garantir que os educadores tenham voz nesses temas que moldarão o futuro. 

No final do encontro, foram adotadas conclusões pedindo a governos, empregadores e trabalhadores mais investimento em educação e treinamento para os profissionais desta área.  

A reunião também sublinhou o papel do setor privado na oferta de educação de qualidade. 

Para a embaixadora da Etiópia, Mahlet Hailu Guadey, a adoção destas conclusões é muito importante. Segundo ela, “professores e pessoal da educação são o elemento chave em sistemas de educação de qualidade.” 

Onunews

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Entrando no esporte e lutando contra o tráfico de pessoas: esta é a plataforma que também ajuda atletas de países pobres

 


Esportes, tecnologia e internet como ferramentas de combate Tráfico de Seres Humanos. Este é um dos objetivos da plataforma online SearchYourTeamFundado em 2018 por Wesley Mukrinkindi e Gaitan Ekundo. O seu serviço centra-se inteiramente na digitalização e eliminação dos intermediários que muitas vezes se revelam enganadores e dispostos a explorar os jovens que sonham em jogar “futebol importante”. Mukerinkindi, nascido RuandaEle começou sua carreira no futebol com uma bolsa esportiva em UtahEle criou um aplicativo para conectar pessoas que estão isoladas e marginalizadas do contexto social americano. Três anos depois, ele deu à luz a SearchYourTeam, e viu no esporte um grande incentivo para sair do miséria e dar Explorar. “Na Itália você provavelmente conhece bem, muitos adolescentes tentam vir e brincar (Na Europa, Ed), mas está sendo explorado por Agentes esportivos falsos, pessoas que estão tentando tirar proveito de sua situação e fazê-los rezar ilegalmente ”, explica Mukrinkindi Ilfattoquotidiano.it.

Segundo dados de uma organização não governamental Futebol Solidário, quase todos os anos 6 mil menores Eles estão deixando a África tentando sobreviver no esporte europeu. 70% deles falham no projeto. A maneira de evitar que isso aconteça é “digitalizá-lo”, criando avatares Vídeo em destaques Onde jovens jogadores mostram suas habilidades. Dessa forma, eles podem ser credenciados e obter bolsas esportivas e conexões com clubes para jogar futebol, basquete e outros esportes. ”Os pontos fortes de SearchYourTeam, que não se limitam apenas aos jovens da África, mas também aos meninos e meninas que já vivem na isto Europa e em Estados Unidos da AméricaEstou ai Transparência e aElimine intermediários, especialmente indesejado. “Cada jogador tem seu próprio vídeo na plataforma e os treinadores podem encontrá-lo diretamente”, explica Wesley.

Uma história de sucesso é definitivamente uma história Pierre Funko, 23 anos, camaronês mas natural de Bélgica, conheceu a organização Mukerinkindi e Ekoondo de boca em boca, graças à sugestão de um amigo: “Imediatamente tivemos um bom entendimento e partilhei com eles o meu caminho e os meus objectivos – explica o jovem jogador – fechamos contrato com a famosa agência P&P Gestão Esportiva, conhecido por seus jogadores de sucesso, como Romelu Lukaku. Tenho total confiança em Wesley e Gitan e agradeço o que estão fazendo. “

SearchYourTeam levaequilíbrio de gênero É por isso que metade jogadoras Chamei o pódio das meninas. Como Suhan Turku: Vinte anos, olhos verdes cheios de determinação, se apresenta como “franco-italiana e tunisiana”: “Conheci SearchYourTeam via Instagram – diz Ilfattoquotidiano.it Graças a Gaetan e Wesley, fui contactado por vários treinadores e espero que outros me notem. Estou fazendo o meu melhor hoje para ficar em forma, treinar regularmente e me preparar para as seleções de futebol do clube Holanda

Reda bin Mustafa, 23 anos, franco-argelino, passou um ano nos Estados Unidos com uma bolsa de estudos em uma universidade GeorgiaEle joga no time oficial de futebol da faculdade. “Naquele período – diz ele – pude aprender vários idiomas como inglês e português e logo, quando minha saúde permitir, voltarei aos Estados Unidos para a próxima temporada. Tenho muitas ambições e isso é porque trabalho muito e treino regularmente. “

A organização está atualmente em contato comOnodc, o Escritório das Nações Unidas para o Controle de Drogas e Prevenção do Crime, com quem espera estabelecer uma parceria em seu compromisso de combater o tráfico de pessoas. As negociações também estão em andamento com liga Espanha, com o intuito de também criar oportunidades no futebol ibérico depois de receber o apoio em 2018 da cidade de Paris Baseado em Comitê Olímpico Francês.

SearchYourTeam, no entanto, concentra-se fortemente emÁsia Está online América do NorteEm vez do velho continente. A Europa é um mercado difícil de penetrar, especialmente se você sonha em jogar futebol. até o Políticas de Visto É mais complexo, especialmente para as relações bilaterais entre os países de partida e de chegada. “Sabemos muito bem que se alguém da África quer vir jogar na Europa, deve ser um jogador Drogba, uma Ito ou um mani, que fenômeno ”, admite o fundador da organização. Freqüentemente, os meninos e meninas que recorrem ao SearchYourTeam, especialmente da África subsaariana, são bons e talentosos, mas certamente não estão no nível das grandes estrelas do futebol europeu. a isso é o fato de que as regras de visto nos estados Os Estados Unidos e outros mercados são particularmente favoráveis ​​quando se trata de conceder المنح e contratos esportivos. Para isso – conclui Mukrinkindi – os direcionamos principalmente para os Estados Unidos e Ásia, de onde podem chegar à Europa. Porque se um técnico americano quer um jogador, é fácil conseguir um visto, enquanto no mercado asiático temos excelentes relacionamentos e parcerias ”.

Lara Holden 

barcelosnanet.

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sábado, 29 de maio de 2021

Gratidão do Papa por trabalho de religiosa que acolhe migrantes nos EUA

 


A Irmã  Norma Pimentel em atuação juntos aos migrantes na fronteira 

"Obrigado Irmã, obrigado pela sua equipe. Os migrantes devem ser acolhidos, ou seja, protegidos, acompanhados e integrados", agradece o Papa Francisco em uma mensagem em vídeo enviada para a Irmã Norma Pimentel, missionária de Jesus e diretora da "Catholic Charities" no Vale de Rio Grande, fronteira entre Estados Unidos e México. A gravação foi em resposta a uma carta que o Pontífice recebeu da religiosa no início de maio, contando sobre a vida de inúmeros migrantes que são acolhidos no local, quando chegam da América Latina.

O Papa Francisco enviou uma mensagem em vídeo nesta sexta-feira (28) para a Irmã Norma Pimentel, missionária de Jesus e diretora da "Catholic Charities", considerada a quinta maior instituição de caridade dos Estados Unidos. A religiosa acolhe inúmeros migrantes que chegam da América Latina pelo Vale do Rio Grande, na fronteira entre os EUA e o México, local que se transformou em símbolo da crise migratória já que milhares de pessoas arriscam a vida cruzando o rio em busca do sonho americano.

Acolher quem foge de "infernos sociais"

Na gravação, em língua espanhola, o Pontífice faz referência a uma carta que recebeu de Irmã Norma, datada de 3 de maio, e agradece pelo trabalho realizado em primeira pessoa e por toda a equipe da Caritas:

“Obrigado por acolher, por receber estes migrantes em busca de uma vida melhor, para progredir, outros que fogem de verdadeiros infernos sociais. Obrigado Irmã, obrigado pela sua equipe. Os migrantes devem ser acolhidos, ou seja, devem ser protegidos, devem ser acompanhados e devem ser integrados, quatro coisas: acolher, proteger, acompanhar e integrar. Obrigado por aquilo que fazem com todos aqueles migrantes que pedem ajuda para viver com mais dignidade. Acompanho-os daqui, rezo por vocês e por todas as pessoas que os acompanham neste trabalho.”

Radio Vaticano 

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Santa Sé defende migrantes afetados por crise climática junto a ONU


Para o Vaticano, crise climática tem um rosto humano e são necessárias respostas coletivas

'A deterioração do clima é muitas vezes o resultado de escolhas erradas e atividades destrutivas, de egoísmo e negligência', diz dom Ivan Jurkovic
'A deterioração do clima é muitas vezes o resultado de escolhas erradas e atividades destrutivas, de egoísmo e negligência', diz dom Ivan Jurkovic (Reprodução)

O observador permanente da Santa Sé junto das Nações Unidas afirmou que "é imperativo" abordar "a dimensão humana da mudança do clima", no contexto da COP26 das Nações Unidas, alertando que são "os pobres e os mais vulneráveis" os mais afetados.

"As consequências incapacitantes da crise climática são uma realidade para milhões de pessoas em todo o mundo. Embora a mudança climática ocorra em todos os lugares, a capacidade de responder e se adaptar varia muito, são os pobres e os mais vulneráveis os desproporcionalmente afetados pelas crises ecológica e climática", disse dom Ivan Jurkovic, esta terça-feira (25), em Genebra.

No encontro de Diálogo Internacional sobre Migração, da Organização Internacional para as Migrações (OIM) das Nações Unidas, o arcebispo salientou que a crise climática "já se desdobra há anos", ao contrário da "inesperada" pandemia de Covid-19.

"É vital reconhecer que a crise climática tem um 'rosto humano'", acrescentou na declaração para o painel O Caminho para a COP 26 – Acelerando a ação para enfrentar a migração e o deslocamento no contexto das mudanças climáticas e ambientais.

"Quando as pessoas são forçadas a fugir porque seu ambiente local se tornou inabitável, pode parecer um processo da natureza, algo inevitável. No entanto, a deterioração do clima é 'muitas vezes o resultado de escolhas erradas e atividades destrutivas, de egoísmo e negligência, que colocam a humanidade em conflito com a criação, nosso lar comum'", desenvolveu.

Segundo o observador permanente da Santa Sé junto das Nações Unidas, a realidade humana da migração, e a questão das mudanças climáticas, requerem, pela sua natureza e magnitude, "uma resposta coletiva e coordenada da comunidade internacional".

Dom Ivan Jurkovič considera que "é imperativo" abordarem "a dimensão humana da mudança do clima", na preparação da 26ª Conferência das Partes (COP26) da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas, que vai decorrer de 1 a 12 de novembro, em Glasgow, Escócia.

Neste contexto, citou o papa para falar da "dívida ecológica com a natureza, bem como com os povos afetados pela degradação ecológica induzida pelo homem e pela perda de biodiversidade".

Esta terça-feira, o cardeal Peter Turkson, prefeito do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral (Santa Sé), disse que está em estudo a presença do papa Francisco na COP26, numa conferência de imprensa onde o Vaticano apresentou a 'Plataforma de Ação Laudato Si' (PALS), para promover uma transformação ecológica nas comunidades católicas e na sociedade.

Dom total.com

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sexta-feira, 28 de maio de 2021

Pandemia agravou situação de refugiados idosos na América Latina

 

Eric Ganz

A pandemia da Covid-19 está colocando em risco refugiados na terceira idade na América Latina. O alerta foi feito pela Agência da ONU para Refugiados, Acnur, e pela organização HelpAge International.  

Segundo ambas as entidades, refugiados mais velhos têm o seu bem-estar prejudicado e veem limitado o acesso a serviços essenciais. 

Vida financeira 

A análise foi realizada com refugiados de países como Colômbia, Equador, El Salvador, Honduras e Peru. Ali, muitos casos de saúde física e mental, nutrição, vida financeira e status legal foram agravados pela pandemia. 

A metade dos refugiados idosos entrevistados reportou ter sofrido discriminação e um grande número reportou abusos. 

UNIC Bogotá/Dagoberto Muñoz
ONU pediu à comunidade internacional que inclua os idosos em situação de mobilidade humana como um grupo prioritário

 

Os idosos que vivem deslocados há muito sofrem com o abandono e a falta de proteção.  

Os programas de vacinação da Covid-19 são chave para manter seus direitos, como afirmou o diretor local do Acnur, José Samaniego. 

A maioria dos idosos disse não ter acesso total aos médicos durante a pandemia. E 42% não receberam tratamento para problemas de saúde pré-existentes. E 6% dos contaminados com Covid-19 não tiveram cuidados médicos adequados. 

Atividades 

A pandemia também causou uma redução do contato diário desses idosos com suas famílias. Com o risco de contaminação foram suspensas as atividades comunitárias e de recreação tão necessárias à geração da terceira idade. 

A falta de acesso aos alimentos foi um outro problema para pessoas nessa condição.  

Antes da pandemia, 25% dos idosos tinham que pular algumas refeições por falta de acesso ao alimento, com a pandemia, esse número subiu para 41%. 

E 64% das pessoas na terceira idade entrevistadas para a pesquisa não tinham renda mensal. E 62% dos que tinham, disseram que o dinheiro não dava para cobrir as necessidades básicas. 

Família 

Com a Covid, a situação do desemprego piorou. Em Honduras e El Salvador, um terço dos entrevistados informou ter perdido o trabalho. Em outros países da região, este número é de 50%. 

© Centro de la Diversidad Cultural
Pelo menos 64% de pessoas na terceira idade entrevistadas para a pesquisa não tinham renda mensal

 

E mesmo com todas as dificuldades, muitos idosos eram responsáveis pelo sustento da família. Como crianças e adolescentes, 60%, e pessoas com deficiencia, 5%. 

Com a crise financeira, 20% dos idosos não tinham como pagar o aluguel e 5% dos pesquisados foram despejados durante a pandemia. 

Por isso, a ONU pediu à comunidade internacional que inclua os idosos em situação de mobilidade humana como um grupo prioritário em suas agendas, adaptando e financiando uma estrutura que possa responder a suas necessidades. 

Onu

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As trabalhadoras domésticas e o sustento social da pandemia

As quarentenas recorrentes entre o ano passado e este ano tiveram um impacto profundo na educação, no emprego e na forma de trabalhar a nível mundial. Todas essas transformações tiveram um efeito especialmente duro para as mulheres. Segundo o UNICEF, mais de 168 milhões de crianças em todo o mundo estão com suas escolas fechadas durante quase um ano, tendo que recorrer às aulas virtuais. Na maioria dos lares dessas crianças, são as mulheres que têm arcado com a maior parte da carga desta nova metodologia.

Enquanto isso – e embora o trabalho remoto tenha se convertido na “nova normalidade” -, a pandemia provocou a perda de 24,7 milhões de postos de trabalho, segundo estimativa da Organização Internacional do Trabalho. De acordo com a instituição, é provável que a desigualdade econômica piore, já que a crise do emprego afeta de maneira desproporcional as mulheres e os imigrantes.

Na América Latina, as quarentenas chegaram a definir a vida durante a pandemia, cujo impacto social tem sido suportado de forma desigual pelas mulheres. Nas famílias que são forçadas a decidir que só um dos membros saia para trabalhar e o outro fique em casa realizando as tarefas de cuidado, a balança se inclina para quem consiga produzir mais dinheiro. Nesta decisão, a brecha salarial por gênero pesa para as mulheres, que tiveram – em muitos casos – que abandonar seus trabalhos e regressar à casa.

Nos casos em que as mulheres tentam conservar seus empregos, assumem a maior carga das tarefas domésticas em comparação com os homens. Nos setores mais privilegiados, costuma-se optar por contratar outra mulher trabalhadora para executar as tarefas de cuidado, como a cozinha, a limpeza, a criação dos filhos e o cuidado de idosos. De acordo com dados da ONU Mulheres de 2016, de cada seis pessoas que realizam trabalhos domésticos uma é migrante e, da totalidade desses trabalhadores, 73,4% são mulheres. Isto significa que as trabalhadoras domésticas são, em sua maioria, mulheres migrantes. 

Devido à precariedade do trabalho doméstico e aos poucos espaços de representação que essas trabalhadoras podem acessar, suas condições de trabalho são péssimas. Dados da Alianza por la Solidaridad estimam que 57% das trabalhadoras domésticas não têm um horário laboral fixo. Isto quer dizer que essas trabalhadoras não controlam o tempo que trabalham por dia ou quando podem sair dos seus espaços de trabalho, nem controlam seus descansos e suas refeições.

As trabalhadoras domésticas e a pandemia

Durante a pandemia, a situação das trabalhadoras domésticas piorou. Elas enfrentam duras escolhas: ficar na casa do seu empregador enquanto dure a pandemia e, portanto, sem cuidar das suas próprias famílias, ou optar por se deslocar e arriscar perder o emprego porque seus empregadores temem que possam levar o vírus para as suas casas. Os sindicatos de trabalhadores domésticos têm protestado contra essa terrível escolha, mas suas vozes não aparecem nos meios de comunicação, em grande parte porque essas mulheres são marginalizadas e tratadas como partes invisíveis da sociedade.

As trabalhadoras domésticas formam parte de uma grande comunidade de trabalhadores informais, muitos dos quais sustentam a sociedade durante a pandemia. São essas trabalhadoras informais que participam da distribuição de alimentos, da limpeza dos espaços públicos e do trabalho em pequenas mercearias e outros negócios. Correm um alto risco de contágio não só pela natureza dos seus trabalhos, mas também pelas longas viagens no transporte público. Na América do Sul, esse tipo de trabalho é majoritariamente desempenhado por mulheres imigrantes, muitas delas em situação de migração irregular. 

“Na pandemia, não temos direitos trabalhistas: temos condições de trabalho”

Angélica Venega migrou do Peru ao Chile para conseguir mais dinheiro e poder financiar a educação da sua filha. Um familiar a colocou em contato com o Sindicato Unitário de Trabalhadoras Domésticas e Atividades Afins (Sinducap). O Sinducap faz parte da Confederação Latino-americana e do Caribe de Trabalhadoras Domésticas, fundada em 1988. Segundo Venega, o Sinducap lhe permitiu negociar condições de trabalho bem definidas na casa onde trabalha. Essas condições de emprego incluem o horário de trabalho, a provisão de alimentação e dinheiro para o transporte, o pagamento da seguridade social, a exigência ou não de um uniforme e os limites do que se espera durante o horário de trabalho.

Emilia Solís Vivano, presidente do Sinducap, declarou que há mais de 300 pessoas no sindicato. Os membros não são só trabalhadoras domésticas, mas também fornecedores de alimentos, jardineiros e limpadores de janelas. Esses trabalhadores são os que sustentam os altos padrões do modo de vida dos seus empregadores. Infelizmente, esses padrões se distanciam muito das suas próprias realidades.

A situação dos trabalhadores, já precária antes da pandemia, piorou nos últimos meses. “Devido à estigmatização das trabalhadoras domésticas como possíveis [portadoras] do vírus”, disse Venega, “muitos empregadores nos pedem para morar na casa para evitar o uso do transporte público. Isto não é exatamente uma oferta. Se você não aceita essa oferta, te demitem. Demitem você, mas como fazem uma oferta que você recusa, chamam isso de pedido de demissão. Se você pediu demissão, não há [nenhum] benefício legal. Na pandemia, não temos direitos trabalhistas: temos condições de trabalho”.

A exigência de que as trabalhadoras domésticas morem em seus locais de trabalho, disse Venega, não se relaciona apenas à pandemia, ao medo das doenças e à desconfiança nos protocolos de saúde. “A pandemia”, disse, “está sendo utilizada pelos empregadores para prolongar a jornada de trabalho sem aumentar o salário”. Quando se vive na mesma casa em que se trabalha, as horas de trabalho podem acabar sendo ditadas pela conveniência e as condições laborais dos empregadores, que podem exigir mais atenção uma vez que chegam em casa após trabalhar, durante os fins de semana, quando recebem visitas, e de acordo com o horário dos seus filhos ou filhas.

Venega afirmou que “estas são condições que os patrões não tolerariam em seus próprios locais de trabalho, onde eles são os empregados, mas não têm receio em impor para nós. Os empregadores costumam reduzir os salários das trabalhadoras, alegando que seus próprios salários também foram reduzidos devido à pandemia”.

Se um trabalhador está infectado com Covid-19 e não pode ir ao seu local de trabalho, corre o risco de ser despedido. Além disso, é responsável por custear seu tratamento e isolamento – por conta própria – durante a quarentena. No caso dos trabalhadores migrantes, que podem não ter uma casa para ir ou um familiar com quem contar, uma demissão ou infecção pode se traduzir em deportação.

“Esta nova normalidade”, disse Venegas, “não tem nada muito novo. Só piorou algumas coisas que já eram assim antes da pandemia”. E acrescentou: “a única coisa que está se normalizando é a avareza”.

Jornalista e tradutora na Revista Opera. Mestranda em Estudos Sociais Latino-americanos pela Universidade de Buenos Aires, pesquisa a participação do Brasil e de Cuba nas guerras de libertação nacional da Angola, Guiné-Bissau e Moçambique durante a Guerra Fria.


revistaopera.com.


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quinta-feira, 27 de maio de 2021

Município mobiliza servidores para pesquisa nacional sobre indígenas venezuelanos

 


A Prefeitura de Porto Velho participou ativamente da pesquisa que colheu dados para apoiar a construção de políticas públicas nacionais para a população indígena migrante venezuelana. O trabalho é resultado de parceria que envolveu o Ministério da Cidadania (MC), o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH), a Fundação Nacional do Índio (FUNAI) e a Organização Internacional para as Migrações (OIM).

A Secretaria Municipal de Assistência Social e Família (Semasf) representou a Prefeitura através do Serviço Especializado de Abordagem Social. O projeto denominado “DTM Nacional sobre População Indígena Migrante Venezuelana” produziu uma amostra nacional sobre a realidade migratória dos povos Waraos e demais populações indígenas venezuelanas no país.

Na pesquisa foi utilizada a ferramenta Matriz de Monitoramento de Deslocamento (DTM), que permite coletar dados sobre as características etnoculturais e migratórias, além de reunir informações sobre as condições de acesso aos serviços públicos e traçar um perfil sociodemográfico.

Porto Velho faz parte da amostra nacional porque faz parte do percurso de migração dos indígenas venezuelanos.

O foco é oferecer subsídio para a acolhida emergencial humanitáriaO foco é oferecer subsídio para a acolhida emergencial humanitária

No período de março a abril deste ano, a equipe do Serviço Especializado de Abordagem Social visitou quatro vilas de indígenas Waraos, localizadas no centro da capital rondoniense.

Ao todo, 37 famílias foram pesquisadas e o resultado tornou possível conhecer de forma mais sensível a realidade desse grupo, que forma o principal contingente de refugiados e migrantes de povos indígenas da Venezuela no Brasil.

O principal foco do levantamento é oferecer subsídio ao governo federal e parceiros para a acolhida emergencial humanitária, o desenvolvimento de projetos e o desenho de políticas públicas condizentes com as características e necessidades dessa população.

A pesquisa nacional irá ampliar os três estudos publicados pela OIM: “Diagnóstico e avaliação da migração da Venezuela para Manaus, Amazonas”, “Aspectos jurídicos da atenção aos indígenas migrantes da Venezuela para o Brasil” e “Soluções duradouras para indígenas migrantes e refugiados no contexto do fluxo Venezuelano no Brasil”.

Texto: Semasf
Fotos: Semasf

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Bachelet quer que Líbia e União Europeia protejam migrantes no Mediterrâneo

 A alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, exortou o Governo de Unidade Nacional da Líbia e a União Europeia a reformar com urgência as políticas de busca e salvamento no Mediterrâneo Central. 

Na quarta-feira, o Escritório de Direitos Humanos divulgou um relatório indicando que a falta de resgate priva os migrantes de suas vidas, dignidade e direitos humanos. 

Falhas 

Em comunicado, Bachelet afirma que “a verdadeira tragédia é que grande parte do sofrimento e da morte” na região “é evitável.” Segundo ela, “todos os anos, as pessoas se afogam porque a ajuda chega tarde demais ou nunca chega.” 

Foto: ONU News/Daniel Johnson
Bachelet contou que os resgatados são forçados a esperar dias ou semanas para desembarcar com segurança

Ela contou que os resgatados são forçados a esperar dias ou semanas para desembarca com segurança, mas muitas vezes são retornados à Líbia, onde não estão seguros, por causa da violência.  

De acordo com o relatório, as falhas são “uma consequência de decisões políticas e práticas concretas” de autoridades líbias, dos Estados-membros da União Europeia e de atores para criar um ambiente que põe a dignidade e os direitos humanos. 

Pesquisa 

O relatório, que cobre janeiro de 2019 a dezembro de 2020, mostra nota que os países da União Europeia reduziram significativamente suas operações de busca e salvamento. Ao mesmo tempo, ONG humanitárias foram impedidas de resgatar os migrantes. 

Os navios comerciais também evitam ajudar por causa da burocracia do desembarque e outros impasses. 

Para a Europa, a Guarda Costeira da Líbia tem que assumir mais responsabilidades, mas sem salvaguardas de direitos humanos suficientes. 

Com isso, subiram as interceptações e retornos à Líbia, onde os migrantes continuam a sofrer graves violações e abusos. 

Em 2020, pelo menos 10.352 migrantes foram interceptados pela Guarda Costeira da Líbia no mar e reconduzidos ao país, em comparação com 8.403 em 2019. 

OIM/Hussein Ben Mosa
Somente este ano, mais de 630 pessoas morreram afogadas na parte central do Mediterrâneo fazendo a perigosa jornada para chegar à Europa

Vítimas 

Apesar de uma queda acentuada, centenas continuam perdendo a vida nessa rota. Desde janeiro deste ano, foram menos 632 mortes. 

Com a pandemia, alguns migrantes resgatados tiveram que fazer a quarentena a bordo dos navios. Ao serem liberados, falta de condições de recepção e risco de detenção prolongada e outros desafios. 

Bachelet diz que ninguém deve ser obrigado a arriscar a vida, ou de suas famílias, em busca de segurança e dignidade.  

Para ela, “a resposta não pode ser simplesmente evitar partidas da Líbia ou tornar as viagens mais desesperadoras e perigosas.” 

O tema, trata-se de um “desprezo letal por pessoas que estão desesperadas” 

Onunews

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quarta-feira, 26 de maio de 2021

A explosão das migrações climáticas no Sul global

 


Países como Moçambique vêm sendo afetados não só por violência armada mas também por fortes ciclones

Por Ajit Niranjan, na DW Brasil

Tempestades, inundações, incêndios florestais e secas tiraram pessoas de suas casas mais de 30 milhões de vezes no ano passado, com o aumento das temperaturas causando um caos adicional, de acordo com um relatório publicado nesta quinta-feira (20/05) pelo Centro de Monitoramento de Deslocamento Interno (IDMC, na sigla em inglês).

Junto com guerras e violência, o clima extremo resultou em 40,5 milhões de novos deslocamentos internos em 2020, de acordo com o IDMC. É o maior número de novos deslocamentos registrados em dez anos. O número de novos deslocamentos corresponde à estimativa de todos os movimentos do tipo ocorridos, incluindo pessoas que se deslocaram mais de uma vez.

A organização de pesquisa com sede em Genebra estima que um total recorde de 55 milhões de pessoas estavam vivendo como refugiadas em seu próprio país no final do ano passado.

Dobro da cifra mundial de refugiados

O clima extremo deve provocar o deslocamento de cada vez mais pessoas, não só por enchentes e tempestades, mas também em decorrência de crises climáticas de desenvolvimento mais lento, como quebras de safras e secas. Nos países ricos, os políticos temem que mais migração de regiões pobres possa sobrecarregar os serviços públicos à medida que o planeta se aquece.

“A ideia de que as mudanças climáticas irão desencadear uma migração em massa para os países ricos é uma distração do fato de que a maior parte do deslocamento é interno”, afirma Bina Desai, chefe de programas do IDMC. “É uma obrigação moral investir realmente no apoio às pessoas onde elas estão, ao invés de apenas pensar no risco de elas chegarem às fronteiras”, alerta.

Deslocamentos por causas climáticas

O relatório anual, em seu sexto ano, revela que mais de 80% das pessoas forçadas a deixar suas casas em 2020 estavam na Ásia e na África.

Na Ásia, a maioria das pessoas forçadas a fugir o fez por causa do clima extremo. Em países como China, Índia, Bangladesh, Vietnã, Filipinas e Indonésia – onde centenas de milhões de pessoas vivem em litorais e deltas – uma combinação de crescimento populacional e urbanização deixou mais pessoas expostas a inundações que se tornaram mais fortes à medida que o nível do mar vem subindo.

Mulheres em campo de refugiados no Congo
Conflitos e mudanças no clima obrigam pessoas a procurar abrigo em campos de refugiados

Nesta segunda-feira, o ciclone mais violento a atingir a Índia em duas décadas afetou a costa oeste do país com rajadas de vento de até 185 quilômetros por hora, forçando 200 mil pessoas a deixarem suas casas.

Mas enquanto os sistemas de alerta precoce podem salvar vidas ao tirar as pessoas do caminho do perigo, muitos dos deslocados não têm um lar para onde voltar. Quando o ciclone Amphan atingiu Bangladesh no ano passado, forçou 2,5 milhões de pessoas a fugirem e destruiu mais de 55 mil casas, de acordo com o relatório, sugerindo que 10% das pessoas deslocadas ficaram desabrigadas.

Na África, a maior parte dos deslocamentos em 2020 se deve a conflitos. A violência persistente expulsou as pessoas de suas casas em países como Burkina Faso e Moçambique, enquanto novas guerras surgiram em outros países, como a Etiópia.

O IDMC estimou que meio milhão de pessoas fugiu dos combates na região de Tigray, na Etiópia, no final do ano passado. Desde então, o Unicef calcula o número como acima de um milhão.

Alguns conflitos foram associados a temporadas de chuvas excepcionalmente longas e intensas, que trouxeram enchentes e perdas de safra para países já afetados pela violência. As fortes chuvas forçaram pessoas já deslocadas a fugirem novamente em países como Somália, Sudão, Sudão do Sul e Níger, de acordo com o relatório. Esses desastres ambientais provocaram 4,3 milhões de deslocados na África Subsaariana em 2020. Pelo menos metade deles ainda estavam deslocados no final do ano.

“Migrantes de áreas rurais para cidades são frequentemente forçados a se estabelecer em áreas que não são seguras para habitação e propensas a inundações ou a outros perigos”, diz Lisa Lim Ah Ken, especialista regional em clima da Organização Internacional para Migração (IOM) da ONU no Quênia. “Muito pode ser feito, começando pela prevenção”, avalia.

Migração

Os pesquisadores dizem que as conexões entre clima e migração são mal compreendidas e, às vezes, exageradas. Enquanto o IDMC compila dados sobre o deslocamento interno – a maioria dos quais é proveniente de desastres repentinos, como inundações e tempestades – há poucos dados sobre quantas pessoas deixam suas casas por causa de crises ambientais de desenvolvimento mais lento, como aumento da temperatura e do nível do mar.

Ainda assim, uma meta-análise publicada em março pelo Centro de Análise de Política Econômica da Universidade de Potsdam revelou que desastres que acontecem por um longo tempo, como ondas de calor e secas, têm mais probabilidade de aumentar a migração do que desastres repentinos, como enchentes e furacões. Os pesquisadores sugerem que isso ocorre porque as pessoas precisam de dinheiro para migrar, o que geralmente falta após choques climáticos repentinos, embora eles causem deslocamento imediato em distâncias mais curtas.

Pessoas andam em rua alagada em Bangladesh
Ciclone Amphan forçou a fuga de 2,5 milhões de pessoas e destruiu mais de 55 mil casas em Bangladesh

Aqueles que ficam onde estão – geralmente sem dinheiro para reconstruir suas casas ou seus meios de subsistência – podem ficar presos em um ciclo de clima extremo que os impede de partir, embora outros possam escolher ficar por outros motivos.

“Se você deseja migrar, então precisa de alguns recursos para fazê-lo”, observa Barbora Sedova, economista especialista em conflito e migração no Instituto Potsdam para Pesquisa de Impacto Climático e coautora do estudo. “Fala-se pouco sobre as populações que estão presas em seus locais de origem e não têm recursos para migrar.”

Clima cada vez mais extremo

As mudanças climáticas já tornaram as condições climáticas extremas ainda mais extremas – inclusive nos países ricos. Um estudo publicado em março na revista Natural Hazards and Earth System Sciences revelou que o risco de incêndios intensos durante a temporada de incêndios florestais australianos de 2019 e 2020 foi 30% maior devido aos impactos humanos sobre o clima. Os incêndios mataram 34 pessoas e destruíram milhares de casas.

Na terça-feira, um estudo publicado na revista Nature Communications indicou que 13% dos 62,5 bilhões de dólares em danos causados em 2012 pelo furacão Sandy na cidade de Nova York foram resultado do aumento do nível do mar. Se os humanos não tivessem aquecido o planeta, e assumindo que todos os outros fatores tivessem permanecido constantes, as inundações teriam afetado 70 mil pessoas a menos, segundo os modelos da pesquisa.

Os pesquisadores da migração climática pedem que os governos cortem rapidamente as emissões de gases de efeito estufa, se adaptem às mudanças climáticas e continuem a apoiar as comunidades deslocadas assim que o perigo imediato passar. “Se criarmos oportunidades para essas pessoas nas cidades – em termos de emprego, moradia, vida e dignidade –, então a migração não precisa necessariamente se tornar uma questão de segurança internacional”, diz Sedova. “Se a questão for bem administrada, pode até ter consequências positivas para o país.”

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