sexta-feira, 31 de agosto de 2018

PARA LÓPEZ OBRADOR, MIGRAÇÃO NÃO É TEMA PARA MILITARIZAÇÃO DAS FRONTEIRAS


O presidente eleito do México, Andrés Manuel López Obrador, reiterou nesta terça-feira (28) sua proposta de conseguir a unidade dos países da América do Norte e América Central em um plano integral para enfrentar a migração na região.

Sua declaração foi junto ao presidente da Guatemala, Jimmy Morales, o primeiro governante estrangeiro com quem se reuniu depois de receber sua notificação como o próximo chefe de Estado do México.
'Não ver o fenômeno migratório como um assunto de militarização das fronteiras, mas atendê-lo a partir de suas causas, sobretudo o que pode ser oferecido em termos de melhores condições de vida aos povos para que as pessoas não se vejam obrigadas a migrar, que a migração seja optativa, não obrigatória', apontou.
A aposta é elaborar um programa conjunto de desenvolvimento integral no qual participem Canadá, Estados Unidos, México, os países centro-americanos e que todos contribuam segundo o tamanho de suas economias para levar à prática programas de desenvolvimento, a fim de atenuar o fenômeno, indicou.
Essa proposta está contida em carta que há algumas semanas López Obrador enviou ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, cuja resposta não foi clara em relação aos objetivos propostos pelo mexicano.
Por sua vez, o governante guatemalteco pronunciou-se pelo desenvolvimento do turismo na zona fronteiriça entre seu país e México, como motor impulsor da economia e para frear o fluxo migratório.
Prensa Latina
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Grupo pedala mais de 16 dias em prol dos imigrantes


Uma jornada à justiça - é o que um grupo de jovens ativistas de imigração está chamando uma viagem de bicicleta pela Costa Oeste.
O grupo, chamado de Dream Riders, começou a pedalar do sul de Seattle há 20 dias e acabou chegou a São Francisco, na Califórnia. Os manifestantes pedalaram durante 16 dias e mais de 800 quilômetros para ir até San Diego, no Texas, o destino.
"Há tanta emoção quando subimos a colina. Eu continuo me perguntando por que estou fazendo isso? Por que estou passando por toda essa dor", disse Hana, uma jovem que não queria compartilhar seu sobrenome por medidas de segurança.
Hana falou que sua família imigrou para os EUA, vindo da Coréia, quando ela ainda era criança. A jovem é agora uma estudante universitária que busca conscientizar-se de que todas as comunidades de imigrantes merecem oportunidades iguais. "Eu apenas continuo me lembrando, estou fazendo isso pela minha comunidade. Mas eu gostaria de ter feito mais, treinamento antes disso!"
"Sou mexicano-americano, tenho visto minha família como alvo, mas também sei que existem outros grupos que são vulneráveis à deportação", disse Allyson Duarte, da cidade de McAllen, no Texas, onde muitas das detenções do ICE ocorreram e vários centros de detenção estão localizados.
Ele é um beneficiário da DACA e ativista de imigração. "O objetivo desta campanha é que queremos enfatizar a necessidade de cidadania para todos".
Duarte sente que o atual sistema de imigração americano valoriza alguns grupos de imigrantes mais do que outros, "Então, para realmente resolver o problema, eu não gostaria que minha comunidade fosse confrontada com outras comunidades porque só iria haver briga e nunca abordar o problema maior, que é sistêmico".
Os Dream Riders se reuniram com os alunos para discutir questões de imigração na UC Berkeley na noite de segunda-feira, dia 20. O grupo está dormindo onde quer que alguém abra uma porta: nas igrejas, nos centros comunitários, etc.
Nesta segunda-feira à noite, uma cooperativa de artistas em São Francisco ofereceu abrigo. Na manhã de terça-feira, o grupo seguiu a “Jornada para a Justiça” até Embarcaredo e em seguida, pegará uma balsa para a Baía Leste, onde seguirá pedalando até Davis e Sacramento.
Brazilian Times
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quinta-feira, 30 de agosto de 2018

Após quase oito anos, Acre ainda recebe uma média de 30 imigrantes por mês


Senegalês diz que imigrantes ficam no local em média um mês  (Foto: Iryá Rodrigues/G1)
Após quase oito anos, o Acre ainda recebe uma média de 30 imigrantes mensalmente. Segundo a Secretaria de Justiça e Direitos Humanos do estado (Sejudh), chegam entre 10 a 15 senegaleses em um período de 15 dias.

Os imigrantes ficam hospedados em uma casa, que funciona como república e depois seguem para o Rio Grande do Sul.

Entre os anos de 2010 e 2016, o estado do Acre foi rota para mais de 50 mil imigrantes que entraram no país pela fronteira com o Peru. O maior fluxo de imigrantes foi desde dezembro de 2010 até março de 2016, quando o abrigo foi desativado, em Rio Branco.
Inicialmente, os imigrantes eram abrigados no município de Brasileia, no interior do estado, mas foi desativado e transferido para a capital acreana.

"Rota dos haitianos está interrompida desde 2015, mas porque o Brasil reequipou o seu escritório diplomático em Porto Príncipe, então a documentação é toda disponibilizada em Porto Príncipe. O principal motivo da vinda deles aqui era a documentação, mas como podem tirar a documentação lá vão direto para São Paulo", explica o secretário da Sejudh, Nilson Mourão.

Ainda segundo secretário, os senegaleses chegam ao estado e ficam em uma casa alugada no bairro Defesa Civil, em Rio Branco. Os imigrantes ficam no estado por um período de duas semanas, logo após viagem para o Rio Grande do Sul.

“Essa é constante e permanente seguindo o ritmo mais lento. Eles alugaram uma casa, que é abrigo deles e não vêm sem dinheiro. Na hora de viajar tiram o bilhete deles e seguem. O governo do Estado não tem participação financeira, trabalhamos apenas no acolhimento e orientação quando tem problemas de saúde, como devem se dirigir à Polícia Federal. Ajudamos nesse sentido", ressaltou.

Mourão falou também sobre a dívida que o governo federal tem com o Acre. Segundo ele, o Estado gastou cerca de R$ 13 milhões com ajuda humanitária. "O governo do Estado entrou com uma ação junto ao Supremo Tribunal Federal para reaver esses valores", destacou.

Emissão de vistos

Acre deixou de ser a principal rota para entrada de imigrantes haitianos no país desde que o Brasil ampliou a emissão de vistos pelas embaixadas em Porto Príncipe (Haiti), Quito (Equador) e Lima (Peru). Em 2015, houve uma queda de 96% no número de haitianos ilegais que chegaram ao Brasil pelo estado.
Segundo o Itamaraty, em 28 de setembro de 2015 foi inaugurado em Porto Príncipe, em parceria entre a Embaixada do Brasil no Haiti e a Organização Mundial para a Imigração, um novo centro de atendimento para demandas de vistos de haitianos que querem ir ao Brasil.

G1
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Venezuela minimiza crise migratória que atinge a América Latina

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"Fake news": assim, o governo de Nicolás Maduro minimizou a crise humanitária que resultou na migração de venezuelanos para a América Latina e que levou o Brasil a deslocar tropas para a fronteira.
O fato de haver "venezuelanos que tenham ido para outros países foi usado de maneira bárbara, criminosa e xenófoba por governos xenófobos e racistas", afirmou nesta quarta-feira (29) o ministro da Comunicação, Jorge Rodríguez, que chamou de "fake news" a relação feita entre os fluxos migratórios e uma "crise humanitária".
Prometendo que o plano econômico em vigor desde 20 de agosto salvará o país, Maduro convidou os venezuelanos a voltarem para o país.
"Digo aos venezuelanos (...) que queiram retornar do escravagismo econômico: deixem de lavar banheiros no exterior e venham viver na pátria", disse Maduro na terça-feira em sua primeira declaração sobre o tema nessas semanas em que o êxodo disparou.
Na maior crise migratória latino-americana em décadas, milhares de venezuelanos fugiram para a Colômbia, Equador, Peru, Brasil, Chile e Argentina, diante da falta de comida e medicamentos, em meio à hiperinflação que o FMI projeta em 1.000.000% para 2018 e salários equivalentes a 30 dólares.
Diante desse fluxo, o presidente Michel Temer ordenou o envio das Forças Armadas ao estado de Roraima, na fronteira com a Venezuela, duas semanas depois de um conflito entre os imigrantes venezuelanos e moradores do município de Pacaraima.
Além disso,Temer adiantou que poderão se "distribuir senhas" para limitar o fluxo de imigrantes no estado de Roraima.
O fluxo atinge toda a América Latina: no Brasil, no Peru e no Panamá houve surtos xenófobos na população local que vê nos imigrantes uma ameaça a seus empregos e serviços básicos. Salvo na Costa Rica, os países centro-americanos, incluindo a aliada Nicarágua, impuseram vistos aos venezuelanos.
"É claro que a migração de venezuelanos subiu na região. É um tema complexo, mas é coisa de ver os número e que, sim, subiu", disse à AFP Marcelo Pisani, diretor da Organização Internacional para as Migrações (OIM) para a América do Norte, América Central e Caribe.
Para o analista e ex-embaixador britânico em Cuba, Paul Hare, Maduro é "visto não somente como um líder que debochou da Constituição venezuelana, mas também como uma ameaça para a estabilidade" regional.
- Nenhum país está preparado -
De ônibus ou à pé, famílias inteiras se dirigem à vizinha Colômbia. Alguns ficam e outros seguem rumo ao sul do continente. Muitos foram acolhidos em abrigos, alguns acampam nos terrenos baldios e parques ou vivem de doações.
Saí "buscando uma vida melhor para meus filhos e minha família porque lá um salário não dá para nada", disse à AFP Jackson Durán, de 22 anos, que chegou a Quito após a travessia de 20 dias.
Mais de um milhão de venezuelanos entraram na Colômbia no último um ano e meio, mais de 400.000 no Peru e cerca de 300.000 no Chile. No Equador neste ano entraram 600.000 e cerca de 100.000 vivem na Argentina.
"Nenhum dos países está preparado para tratar dos migrantes e do impacto que sua chegada terá nas populações (...). É necessário um enfoque comum", advertiu Peter Hakim, do Diálogo Interamericano.
Segundo a ONU, 2,3 milhões de venezuelanos (7,5% da população de 30,6 milhões) vivem no exterior. Destes, 1,6 milhão migrou a partir de 2015, quando a crise se intensificou.
O êxodo acelerou depois que o Peru e o Equador decidiram exigir passaporte dos venezuelanos, medida que Quito suspendeu por ordem judicial. No Peru, podem entrar sem o documento venezuelanos que peçam refúgio.
Nesse contexto de urgência, Quito convocou uma reunião regional na segunda e na terça-feira da semana que vem, enquanto que Bogotá e Lima decidiram compartilhar uma base de dados de migrantes. O Peru declarou emergência sanitária em sua fronteira com o Equador.
A OEA também convocou uma sessão extraordinária de seu conselho permanente para o dia 5 de setembro na sede do organismo regional em Washington.
Especialistas acreditam que a migração aumentará a pressão contra Maduro. "Desafiei muitos padrões de comportamento político na região (...), que agora tem uma motivação coletiva para colocar a Venezuela de novo nesse caminho (da democracia)", opinou David Smilde, do centro de pesquisa WOLA, em Washington.
- Crise ou 'fake news'? -
O governo socialista atribui o êxodo a uma "campanha da direita" e disse estar certo de que os migrantes voltarão, porque o plano de Maduro, que inclui um aumento de 3.400% do salário mínimo, dará resultado.
Acolhidos pelo plano "Volte à pátria", cerca de 90 venezuelanos retornaram na segunda-feira.
Muitos teme, entretanto, uma maior escassez e o aumento de preços. "As coisas estavam caras, mas as conseguíamos. Agora estão mais caras e não se conseguem mais. Eu esperava que (com as medidas) fosse melhor, mas não", disse à AFP Edilé Bracamonte, cuja filha foi para a Colômbia há um mês.
"O êxodo deixa claro que milhões de venezuelanos perderam a esperança de qualquer mudança", assegurou Hakim.
No entanto, Rodríguez assegura que 20% dos residentes na Venezuela são colombianos, peruanos e equatorianos, cujos subsídios custam ao país mais de 3 bilhões de dólares por ano.
Sua permanência, argumenta, desmonta a "fake news" (notícia falsa) de que na Venezuela há uma crise humanitária.
* AFP
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quarta-feira, 29 de agosto de 2018

Etiópia: 1 milhão de deslocados que precisam de ajuda

evento beneficenza Con il Cuore Assisi
Nova crise humanitária na Etiópia, 900 mil pessoas obrigadas a fugir por causa das violências étnicas. Médicos Sem Fronteiras trabalha para ajudar nas necessidades mais urgentes
Cidade do Vaticano
A população está fugindo ao longo da fronteira entre Gedeo e West Guji, duas regiões no sul da Etiópia. As condições de vida são preocupantes, pois o grande afluxo de deslocados faz com que os serviços sejam mais carentes e diminuam os recursos. É difícil encontrar abrigo, água e serviços higiênicos. Alguns deslocados foram acolhidos pelos centros dos Médicos Sem Fronteiras e nestas horas recebem os primeiros cuidados.

Fugiram às pressas

A coordenadora desta emergência no Médicos Sem Fronteiras, Alessandra Saibene explica: “A maior parte das pessoas fugiu às pressas sem levar nada consigo. Hoje as famílias dormem em edifícios abandonados, como escolas e igrejas, algumas vezes ao ar livre sobre folhas de bananeiras ou cobertas de plástico”. A prioridade é encontrar abrigo, bens de primeira necessidade, água potável, cuidados médicos e serviços higiênicos. "Superlotação, acesso limitado à água potável e latrinas insuficientes fazem aumentar o risco de doenças transmissíveis. Devemos intervir imediatamente para melhorar as condições de vida dessas pessoas, senão a situação vai piorar”, acrescentou Saibene.

A situação na Etiópia

A rede de televisão “Fana” repercutiu um relatório (14/08) publicado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), que explica que a maioria dessas pessoas provêm das regiões sul e sudeste do país. Os dados mostraram que, no fim de 2017, quase 1 milhão de membros da etnia oromo, majoritária na região de Oromia (sul), tinham deixado a região devido a enfrentamentos com a etnia somali. Há apenas dois meses, outros 800 mil oromos deixaram a localidade de Guji, em Oromia, por lutas com o grupo étnico gedeo.

Violência étnica

A violência entre as etnias é um fenômeno comum nas regiões do sul da Etiópia. As tensões explodiram em abril, a 400 km ao sul da capital Adis Abeba. Centenas de milhares de pessoas foram obrigadas a fugir de suas casas. Enquanto que os líderes locais encorajavam as pessoas a voltarem às suas casas depois dos enfrentamentos iniciais, mas a partir de junho muitos fugiram pois os combates aumentaram. A situação continua crítica apesar da intervenção do exército etíope. 

Os deslocados

A maior parte dos pacientes que recebe assistência nas estruturas médicas do MSF sofre de disenteria, parasitas, infecções no aparelho respiratório e na pele, todas consequências da pobreza, superpopulação e ausência de água potável. Com a aproximação do inverno e da estação das chuvas, as condições podem piorar, com graves consequências para a saúde.

A falta de recursos

Mesmo antes da crise, esta região era uma das mais populosas do país. O grande afluxo de deslocados torna a situação ainda mais crítica diminuindo os recursos disponíveis e serviços públicos.
“ A Etiópia é um dos países que mais recebe refugiados das nações vizinhas, já que acolhe atualmente mais de 920 mil pessoas, principalmente da Somália, Sudão, Sudão do Sul e Eritreia”
Apesar da intervenção do governo para garantir os cuidados médicos, comida e primeiros socorros, as condições de vida dos deslocados ainda é grave pela falta de recursos.
“Durante o período das chuvas – explica Saibene – quase todos as reservas de alimentos das famílias acabam, por isso é necessária a distribuição de comida para evitar a desnutrição. É fundamental uma resposta rápida e continuada das autoridade locais e por parte das organizações não governamentais, além de uma ininterrupta contribuição dos doadores”.
Radio Vaticano
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Mais de 4 milhões de crianças refugiadas não vão à escola no mundo, diz ONU

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Quatro milhões de crianças refugiadas não frequentam a escola, afirmou a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), em relatório divulgado nesta quarta-feira (29). Este dado representa um aumento de 500 mil crianças fora da escola em apenas um ano.
O relatório "Turn the Tide: Refugee Education in Crisis" (Inverter a Tendência: Educação de Refugiados em Crise, em tradução literal) mostra que, apesar dos esforços dos governos, do ACNUR e de seus parceiros, a matrícula de crianças refugiadas na escola não consegue acompanhar o crescimento dessa população no mundo.
No final de 2017, havia mais de 25,4 milhões de refugiados em todo o mundo, 19,9 milhões deles sob o mandato do ACNUR. Mais da metade (52% ) eram crianças – 7,4 milhões em idade escolar.
"A educação é uma forma de ajudar crianças a se curarem, mas é também a maneira de reconstruir países inteiros", disse Filippo Grandi, alto-comissário das Nações Unidas para refugiados. "Sem educação, o futuro das crianças e das comunidades que as integram será absolutamente comprometido".
Apenas 61% das crianças refugiadas frequentam o ensino fundamental, em comparação com 92% das crianças no mundo.
À medida que as crianças refugiadas ficam mais velhas, essa lacuna aumenta. Quase dois terços das crianças refugiadas que frequentam o ensino fundamental não chegam ao ensino médio. No total, 23% das crianças refugiadas frequentam o ensino médio, em comparação com 84% das crianças no mundo.
No nível universitário, a lacuna se torna um abismo. Globalmente, a matrícula no ensino superior é de 37%, enquanto apenas 1% dos refugiados tem a mesma oportunidade - um número que não mudou em três anos.
"A escola é o primeiro lugar em meses ou até mesmo em anos em que crianças refugiadas encontram alguma normalidade", acrescenta Grandi. "Com base nos padrões atuais, a menos que seja feito um investimento urgente, centenas de milhares de crianças se juntarão a essas tristes estatísticas".
O relatório destaca o progresso feito pelos países comprometidos com a Declaração de Nova Iorque para Refugiados e Migrantes em matricular um adicional de 500 mil crianças refugiadas em 2017 que estavam fora da escola. Ao mesmo tempo, o relatório recomenda que mais ações sejam feitas para garantir que todos os refugiados recebam a educação de qualidade que merecem.
O relatório encoraja que os países de acolhimento inscrevam crianças refugiadas nos sistemas nacionais, com um currículo adequado, desde o ensino fundamental até o ensino médio, para garantir que tenham as qualificações reconhecidas e continuar os estudos, matriculando-se em universidades ou obtendo uma formação profissional superior.
Além disso, é importante notar que os países em desenvolvimento abrigam 92% dos refugiados em idade escolar e precisam de mais apoio financeiro da comunidade internacional.
Por fim, o relatório apela para parcerias mais fortes com o setor privado, organizações humanitárias e de desenvolvimento e governos para aumentar as soluções sustentáveis para a educação de pessoas refugiadas.

Sobre o relatório

“Turn the Tide: Refugee Education in Crisis” é o terceiro relatório anual de educação do ACNUR. O primeiro, "Missing Out", foi lançado em 2016, antes da Conferência para Refugiados e Migrantes durante a Assembleia Geral da ONU em setembro de 2016.
Este relatório solicitou aos doadores que fornecessem financiamento plurianual e previsível para a educação de refugiados. O segundo, "Left Behind", foi lançado em 2017 e destacou a lacuna de oportunidades entre as crianças refugiadas e seus colegas não refugiados, solicitando que a educação seja considerada fundamental na resposta às emergências de refugiados.
O documento inclui um prefácio de Filippo Grandi, alto-comissário da ONU para Refugiados, bem como as observações finais da enviada especial do ACNUR, Angelina Jolie.
Saiba mais sobre o relatório aqui: https://goo.gl/21T7E4.
Onu
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terça-feira, 28 de agosto de 2018

Brasil participa em reunião com Colômbia, Equador e Peru sobre êxodo venezuelano


Brasil vai participar, juntamente com a Colômbia, o Equador e o Peru, numa reunião que começa nesta segunda-feira em Bogotá para procurar soluções regionais para o êxodo de milhares de venezuelanos que fugiram da crise no seu país.
Em comunicado, a agência de controlo migratório colombiana, Migración Colombia, indicou que, nas "últimas horas", o Brasil "confirmou a sua participação" na reunião, que decorrerá à porta-fechada até terça-feira e na qual os quatro países tentarão encontrar "estratégias conjuntas" para lidar com o enorme número de cidadãos venezuelanos que diariamente atravessam as suas fronteiras. No final, as autoridades migratórias dos quatro países divulgarão uma declaração da qual constará o acordado para gerir a questão dos migrantes venezuelanos.
A Organização Internacional para as Migrações (OIM) advertiu na passada sexta-feira que a fuga dos venezuelanos para os países vizinhos "pode rapidamente transformar-se numa crise". "Vemos ondas de violência no Brasil (contra venezuelanos na cidade fronteiriça de Pacaraima) e as medidas restritivas de alguns Governos (com a exigência de passaportes para entrada no Equador e no Peru) como o primeiro alerta de que uma situação difícil pode muito rapidamente transformar-se numa situação de crise, e temos de estar preparados", disse o porta-voz da OIM.
Entretanto, no sábado, a justiça equatoriana suspendeu a exigência de passaportes aos migrantes venezuelanos, e, hoje, a Amnistia Internacional veio instar o executivo peruano a recuar em relação a essa medida, aplicada desde sábado nas fronteiras do país e que fez cair para menos de metade a entrada de venezuelanos em território peruano.
Na semana passada, o diretor da Migración Colombia, Christian Krüger Sarmiento, sublinhou que "o êxodo de cidadãos venezuelanos não é um problema exclusivo da Colômbia, do Peru, do Equador, ou de um só país", acrescentando que se trata de "um assunto regional" que como tal deve ser abordado. O responsável salientou igualmente que os venezuelanos "não estão a deixar o seu país por gosto, mas como consequência de uma série de políticas de expulsão geradas por Nicolás Maduro".
Cerca de 35.000 venezuelanos atravessam diariamente a fronteira com a Colômbia, alguns em busca de comida e medicamentos e outros para abandonar definitivamente o seu país, e pelo menos um milhão de venezuelanos já se instalou definitivamente na Colômbia.
O Peru é, a seguir à Colômbia, o segundo país que alberga mais migrantes venezuelanos, com cerca de 400.000 chegados no último ano, segundo dados oficiais de Migraciones de Perú, mas só cerca de 75.000 têm Autorização Provisória de Permanência (APP), ao passo que outros 100.000 estão ainda à espera de obtê-la.
No total, cerca de 2,3 milhões de habitantes fugiram da Venezuela por causa da crise política, económica e social em que está mergulhado o país, de acordo com os mais recentes números da ONU, que alertou para a grave falta de alimentos e medicamentos com que se debate a população do país com as maiores reservas de petróleo do mundo.

Expresso

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"Medellín 50 anos": migração, refugiados e tráfico de pessoas

Arcebispo de Trujillo e presidente da Conferência Episcopal Peruana, Dom Héctor Miguel Cabrejos Vidarte

Cidade do Vaticano
Devemos por em prática a dinâmica da cultura do encontro, que o Papa Francisco propõe em relação aos migrantes, e que considera quatro ações precisas: “Acolher, proteger, promover e integrar os migrantes e refugiados”.

Foi o que disse o arcebispo de Trujillo e presidente da Conferência Episcopal Peruana, Dom Héctor Miguel Cabrejos Vidarte, OFM, no Congresso eclesial “Medellín 50 anos”, realizado na cidade colombiana de 23 a 26 de agosto para celebrar o 50º aniversário da segunda Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano (1968).

Migração, situação dos refugiados e tráfico de pessoas

No contexto das dificuldades vividas atualmente por alguns povos da América Latina, como é o caso da Venezuela e Nicarágua, o presidente dos bispos peruanos participou do Congresso abordando o tema da migração, a situação dos refugiados e o tráfico de pessoas, referindo-se concretamente ao êxodo de venezuelanos que chegam ao Peru com a esperança de encontrar melhores condições de vida para si e suas famílias.

Ação solidária da Igreja peruana aos irmãos venezuelanos

Em seu pronunciamento, Dom Cabrejos Vidarte precisou as ações solidárias que a Igreja peruana vem realizando para apoiar os irmãos venezuelanos, mediante várias congregações e paróquias. Entre estas, mencionou:
A coleta em prol dos venezuelanos de 3 de junho passado; a criação no mês de julho, na sede da Conferência Episcopal Peruana, do Centro de Informação e Orientação ao Migrante Venezuelano; a realização da Campanha Partilhar 2018 (dias 24 a 26 de agosto); e a abertura da Casa do Migrante, na capital Lima, em coordenação com a Congregação Scalabriniana.

Mais de 400 mil venezuelanos imigrados no Peru

 

Conhecendo os problemas enfrentados pelos venezuelanos no Peru, os quais, de acordo com cifras da Superintendência Nacional de Migrações, passam de 400 mil pessoas, a Igreja peruana vem trabalhando como uma Igreja universal que acolhe todas as pessoas, oferecendo-lhes um acompanhamento pastoral que é fundamental nestes momentos de dificuldades.

 

Mulheres e meninas “traficadas” dentro e fora do país

 

O presidente do episcopado peruano afirmou que o tráfico de pessoas e o tráfico de migrantes vem crescendo no país, de norte a sul, leste a oeste, por rotas específicas. Disse ainda que esta problemática afeta milhares de vidas, especialmente mulheres e meninas, que são “traficadas” dentro e fora do Peru.

Reforçar laços entre Igrejas de origem, trânsito e destino

 

Nesse sentido, Dom Cabrejos Vidarte instou a reforçar os laços entre as Igrejas de origem, trânsito e destino, e a denunciar os entraves que as pessoas sofrem para que a sociedade civil e os governo alcancem uma política migratória que priorize sobretudo os direitos humanos das pessoas em mobilidade.
Também participaram do Congresso concluído este domingo (26/08) em Medellín, na Colômbia, o arcebispo de Huancayo, no Peru, cardeal Pedro Ricardo Barreto Jimeno, e o bispo de Chuquibamba e presidente da Comissão Episcopal de Ação Social peruana, Dom Jorge Enrique Izaguirre Rafael.


Radio Vaticano

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segunda-feira, 27 de agosto de 2018

O “monstro da xenofobia” ronda a porta de entrada de venezuelanos no Brasil

Um nó diplomático vai se adensando na cidade de Pacaraima, em Roraima, na fronteira com a Venezuela, desde que, no dia 18 de agosto, um grupo de brasileiros destruiu acampamentos improvisados de centenas de imigrantes. As imagens gravadas e distribuídas nas redes sociais correram o mundo para revelar a tensão entre as populações dos dois países. De um lado, o desesperado êxodo venezuelano. De outro, a falta de preparo do Brasil para lidar com os novos refugiados.
A gota d'água para  justificar o ataque aos imigrantes foi a notícia de que um comerciante de Pacaraima, Raimundo Nonato, havia sido roubado e espancado, um crime cometido supostamente por quatro venezuelanos. A polícia investiga o caso. Enquanto isso, 1.200 venezuelanos já foram expulsos após os ataques dos habitantes da área.
“Não é que não queremos os venezuelanos, mas temos que colocar os venezuelanos bandidos no seu devido lugar, como esses que me torturaram. A Polícia Federal precisa puxar os antecedentes dos imigrantes na fronteira”, disse Nonato ao EL PAÍS. Com alguns pontos na cabeça e o olho direito roxo, ele afirma que o crime que sofreu é uma das provas de que a imigração venezuelana em Roraima saiu do controle.
O comerciante Raimundo Nonato, que disse ter sido agredido por venezuelanos.
O comerciante Raimundo Nonato, que disse ter sido agredido por venezuelanos. DOUGLAS MAGNO
Em Pacaraima vivem 12.000 pessoas. Há meses, cerca de 800 venezuelanos chegam diariamente, sem que a cidade tenha infraestrutura suficiente para atendê-los, o que levou o rechaço aos refugiados  a crescer até o ponto do ataque aos acampamentos. "Eu teria feito o mesmo", diz o comerciante ferido, quase uma semana depois.
Após o episódio de violência, o número de imigrantes que cruzaram a fronteira em Pacaraima se reduziu. Segundo profissionais da triagem, as longas filas no posto de identificação, que eram diárias até a semana antes do ataque, desapareceram. O medo de ser atacado tem sido maior do que o de ficar na Venezuela. É o que contam os irmãos Roger, de 23 anos, e José, de 25 anos, que, na quarta-feira buscavam um lugar onde passar a noite. Fugindo do flagelo que se instalou no país de Nicolás Maduro, os dois tinham acabado de empreender uma viagem de 26 horas de ônibus de Puerto La Cruz, no Caribe venezuelano, até a fronteira, mas não chegaram a tempo de iniciar o pedido de refúgio. O centro do Exército que realiza a triagem já havia fechado. "Vamos ter que atravessar novamente para a cidade venezuelana de Santa Elena de Uairén, aqui do lado, e achar algum lugar na rua para dormir. É melhor não se arriscar, não quero ser agredido", explicou o irmão mais novo. "Desde o conflito do fim de semana, estão recomendando que nenhum venezuelano passe a noite na fronteira ou acampado em Pacaraima", comenta. No dia seguinte, retornaram.
Embora seja o episódio mais grave, este não é o primeiro relato de discriminação aos refugiados em Pacaraima. É explícito o ressentimento na população afetada tanto pela precarização ainda maior de serviços públicos, pressionados pela demanda dos novos usuários, como pela sensação de insegurança. "Quando a gente chega nos postos de saúde, já não tem mais vaga, tudo ocupado pelos venezuelanos. Os médicos já te cumprimentam em espanhol. O último exame do meu filho tive que fazer em um laboratório privado", reclama a brasileira Fabiana J., atendente em uma lanchonete na cidade. Pacaraima tem somente dois postos de saúde e um hospital estadual com estrutura básica, que não realiza cirurgias.
O padre Jesus Fernandez, da paróquia de Pacaraima.
O padre Jesus Fernandez, da paróquia de Pacaraima. DOUGLAS MAGNO
Parece pouco, mas é o mínimo necessário para venezuelanas como Andrea Rodriguez, de 20 anos,  grávida de 36 semanas. Ela explica que estava evitando vir à cidade com medo das ações hostis, mas não pode esperar mais. Com os serviços médicos da sua cidade colapsados na Venezuela, quer pedir no posto de Pacaraima permissão para permanecer 60 dias no Brasil para dar à luz, se possível na capital Boa Vista. “Apesar do que aconteceu, sempre fui bem tratada aqui. Do jeito que as coisas estão piorando na Venezuela, é bem provável que eu me mude com o meu filho para o Brasil”.
O barril de pólvora na fronteira cresceu diante da indiferença do Governo brasileiro, segundo Jesús Fernández, padre da Paróquia de Pacaraima: “As autoridades demoraram muito para reagir diante de uma mudança tão brusca e o monstro da xenofobia foi crescendo”, diz o pároco do município com IDH abaixo da média brasileira no Estado menos populoso do país. O religioso, que todas as manhãs prepara um café da manhã para centenas de venezuelanos recém-chegados, chama de "metamorfose terrível" a vivida pela cidade nos últimos dois anos. Para ele, depois de ter virado notícia nacional e internacional no fim de semana por causa do ataque, o município vive em falsa calmaria. “É como um vulcão que entra em erupção, se acalma, mas pode entrar em atividade a qualquer momento”.
Se entre os venezuelanos há medo, alguns moradores brasileiros não escondem a revolta e outros fazem ameaças veladas. Na noite de quarta-feira, o EL PAÍS viu passar pelas principais ruas da cidade uma "carreata pela paz". Eram cerca 30 veículos buzinando e sacudindo bexigas brancas, pedindo "tranquilidade" no município. Quase todos os carros tinham cartazes questionando o fluxo migratório na região. "Não somos xenófobos. E se fosse sua família espancada?", dizia um cartaz. “Somos brasileiros de braços abertos, mas não queremos bandidos. Não iremos matar ninguém, mas, em última necessidade, faremos um bloqueio humano”, afirma Fernando Abreu, um professor de espanhol aposentado.

Campanha e 'fake news'

É a esse caldeirão com tintas xenófobas e circulação de notícias falsas que aderiram tanto a governadora de Roraima, Suely Campos, que busca se reeleger nas eleições de outubro, como o principal senador do Estado, Romero Jucá, um íntimo aliado do presidente Michel Temer que também concorre para tentar manter sua cadeira no Senado. O Governo Michel Temer já descartou fechar a fronteira, mas Campos e Jucá seguem afirmando que a medida é necessária e urgente, numa estratégia para explorar o sentimento anti-venezuelano e tentar melhorar suas posições nas pesquisas  — o senador está embolado entre segundo e terceiro lugar, segundo o Ibope, e governadora amarga uma terceira posição no mesmo levantamento de agosto. Não parece uma aposta desbaratada no Estado em que o candidato à presidência de ultradireita, Jair Bolsonaro, que já defendeu um campo de refugiados para os venezuelanos, lidera as pesquisas.
Cerca de 127 mil venezuelanos, entre o início de 2017 e junho deste ano, cruzaram a fronteira fugindo da escassez generalizada na Venezuela. É a principal porta de entrada dos imigrantes no país. Alguns vieram apenas para buscar mantimentos e remédios, mas boa parte chegou para tentar uma nova vida no Brasil ou ao menos usar o país como rota de passagem para outros destinos. O Governo Temer mantém uma operação para acolher os que chegam, mas só há um abrigo para a população indígena de etnia Warao na cidade. Um abrigo para os imigrantes em geral está sendo construído, mas ainda não há data de inauguração.
Para evitar que os imigrantes se aglomerem em Pacaraima, o Governo tenta incentivar que eles se dirijam à Boa Vista, onde há dez abrigos, mas, muitos, sem recursos, tem que fazer o trajeto de cerca de 200 km a pé. Outra estratégia, a de distribuir os venezuelanos por outros Estados do Brasil, também tem andado a conta-gotas —  pouco mais de 800 pessoas já aderiram ao programa — e não há perspectiva de que isso mude no curto prazo. Em visita a Pacaraima na quinta-feira, o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, disse que a União não pode forçar outros Estados a aceitarem venezuelanos em meio à lenta recuperação econômica. “Não é uma questão fácil”. Mas concordou que não se pode tirar proveito político de uma tragédia como essa: "A disputa política precisa de limite e o limite é dignidade dessas pessoas".
El Pais 
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Migrantes venezuelanos, guerra econômica e manipulação midiática

 

Nos últimos tempos, é certo que, num canal de TV nacional, passe um peça sobre os migrantes venezuelanos. Encontrar, nos mesmos órgãos de comunicação, algo do gênero – e, se possível, com maior qualidade jornalística – sobre os retrocessos sociais e econômicos no Brasil pós-golpe, sobre a matança diária de dirigentes sociais e defensores dos direitos humanos na Colômbia atual ou sobre a miséria na Argentina de Macri parece coisa do mundo da fantasia.

Já a Venezuela é certa. Distorcida, num ritmo diário, em peças que, frequentemente, apelam às emoções, centrando-se no "lado humano e pessoal" de quem padece o fenômeno migratório, mas que, de enquadramento político e econômico pouco ou nada têm.

E sobre os nossos, a geração troikenta que passou fome ou outras necessidades aqui e acolá, não lhes ocorre nada, até porque, na versão nossas TV passam, para os Tugas emigrar é uma festa, uma espécie de turismo, com muitos copos, cenas filmadas em restaurantes com bons pratos e palavras novas para aprendermos, uns e outros. Uma troca feliz, um encontro. E tanto que se falava de remessas, do bom que era, como que a darem razão a quem tinha mandado a malta daqui para fora. Tudo bom, tudo indolor.

Todo o oposto dos venezuelanos, miseráveis e sofridos e fustigados pela Revolução Bolivariana. É um dia sim e o outro também, nas nossas TV. É a "crise dos migrantes venezuelanos".

"Todos os que regressarem são bem-vindos"
Lembra a Prensa Latina, numa peça hoje publicada, que, na passada quinta-feira, Filippo Grandi, diretor do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), e William Lacey Swing, diretor-geral da Organização Internacional para as Migrações (OIM), pediram maior apoio para os países que recebem refugiados e migrantes venezuelanos – Colômbia, Brasil e, sobretudo, Equador e Peru.

De acordo com estas organizações, mais de 1,6 milhões de pessoas emigraram da Venezuela nos últimos três anos, 90% das quais estão em países da América do Sul. Indicaram ainda que, no total, há 2,3 milhões de venezuelanos vivendo no estrangeiro.

Ainda no dia 23, o ministro dos Negócios Estrangeiros da Venezuela, Jorge Arreaza, recebeu o novo representante do Alto Comissariado da ACNUR no país sul-americano, Matthew Crentsil, que se comprometeu a trabalhar em coordenação com o governo de Caracas.

Na véspera, o vice-presidente venezuelano da Comunicação, Cultura e Turismo, Jorge Rodríguez, exortou os seus compatriotas emigrantes a regressar ao país e a participar no programa de recuperação econômica que o governo promove, nomeadamente através da criação de uma nova moeda, um novo sistema de câmbio, a fixação de preços para bens de primeira necessidade, a fiscalização rigorosa da especulação de preços e uma reforma tributária e fiscal.

Por outro lado, o executivo continua a dar primazia aos programas sociais, como o Gran Misión Vivienda Venezuela, criado em 2011 e no âmbito do qual foi entregue, esta quinta-feira, a casa número 2 187 335, no Distrito Capital, segundo informou o Correo del Orinoco. A meta do governo venezuelano é chegar a cinco milhões de fogos entregues antes do final de 2025.

"Aos venezuelanos que se foram embora digo-lhes que serão sempre bem-vindos aqui; dentro de pouco tempo veremos os resultados positivos do programa de recuperação econômica", disse ainda Jorge Rodríguez, que é também o ministro venezuelano da Comunicação e da Informação.
Sobre o tema da emigração, que alguns países da região, organismos internacionais e imprensa internacional – como a nossa – catalogam como "crise", disse Rodríguez: "Curiosamente ninguém falou da migração de colombianos e brasileiros, que têm saúde e educação gratuita na Venezuela".

Os problemas existem, e gringos na parada também
Repudiando o aumento de "agressões políticas, xenófobas e midiáticas" contra o país, Jorge Rodríguez lembrou a situação que se vive na fronteira com a Colômbia, onde há redes criminosas a levar da Venezuela produtos de primeira necessidade, combustível e outras mercadorias.
A Colômbia foi, em anos recentes, o país vizinho de onde chegou mais gente à Venezuela, fugindo à guerra e procurando melhores condições de vida. Quando Hugo Chávez chegou ao poder, em 1999, foram criados programas especiais de apoio para os colombianos.

Se Chávez denunciou a ingerência estrangeira e a guerra econômica movida contra o seu país, Nicolás Maduro e o seu executivo continuam a fazê-lo, enfrentando sanções de caráter econômico, comercial e financeiro, ações hostis a nível diplomático, ameaças de intervenção externa e campanhas de manipulação midiática.

A forte pressão financeira internacional, conjugada com a tradicional dependência das importações em setores vitais para o país, deixa a Venezuela exposta às grandes transnacionais e às ameaça de novas medidas discriminatórias decretadas em Washington ou Bruxelas.

Em Maio, a vice-ministra da Saúde, Indhriana Parada, afirmou em Genebra (Suíça) que aqueles que pedem canais humanitários para a Venezuela são os mesmos que bloqueam a possibilidade de aquisição de medicamentos e alimentos para o povo venezuelano.

Parada explicou que, para adquirir 25 medicamentos de tipo oncológico e, assim, atender às necessidades de 135 crianças nas áreas de Oncolongia e Hematologia, a Venezuela teve de recorrer ao Uruguai, porque as grandes transnacionais farmacêuticas se recusam a vender ao seu país, que, por outro lado, enfrenta todo o tipo de dificuldades para efetuar operações bancárias, em virtude do bloqueio financeiro a que é submetido. 
Vermelho
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