Pe.
Alfredo J. Gonçalves, CS
No dia 25 de outubro
próximo, na Catedral Metropolitana de São Paulo, terá lugar a celebração
eucarística na qual será beatificada (reconhecida como Bem-aventurada) a
venerável Madre Assunta Caterina Marchetti, co-fundadora das Irmãs Missionárias
de São Carlos Borromeu (Scalabrinianas).
Madre Assunta nasceu
em Lombrici di Camaiore, Lucca, Itália, no dia 15 de agosto de 1871. Como
tantos outros missionários a serviço dos migrantes, sob a inspiração do
Bem-aventurado Dom João Batista Scalabrini, bispo de Piacenza, e a pedido de
seu irmão Pe. José Marchetti, em 27 de outubro de 1895 Madre Assunta embarcou
no porto de Gênova com destino ao Brasil.
Em São Paulo e no Rio
Grande do Sul, trabalhou junto às comunidades e famílias de migrantes,
dedicando-se de forma particular aos órfãos do Orfanato Cristovão Colombo, na cidade
de São Paulo, Ipiranga e Vila Prudente. Sua vida representa um testemunho de
doação não somente àqueles que estavam privados da própria pátria, mas também aos
doentes, ao pequenos, aos últimos e aos mais necessitados – como costuma dizer
o Papa Francisco!
“Lúcida e serena”,
faleceu em 1º de julho de 1948 no Orfanato Cristovão Colombo, nas dependências
da casa de Vila Prudente. “Faltava-lhe pouco mais de um mês para cumprir 77
anos, tendo há pouco retornado à convivência de seus amados órfãos”. No dia 7
de setembro de 2010, a Congregação para a causa dos Santos reconhece as
virtudes heróicas da Serva de Deus Madre Assunta. Quanto ao decreto de tal
reconhecimento, foi promulgado pelo então Papa Bento XVI no dia 19 de dezembro
de 2011.
A vida e obra de
Madre Assunta, no contexto da Revolução Industrial e das migrações históricas
no final do século XIX e início do século XX, enquadra-se perfeitamente na
sensibilidade da Igreja para com a chamada “questão social”. Entre tantos
testemunhos, estão os “santos sociais”, fundadores e fundadoras de novos institutos
religiosos e leigos, com um caráter marcadamente apostólico. Em igual contexto,
vem à luz a Carta Encíclica Rerum Novarum,
de Leão XIII, publicada em maio de 1891, documento inaugural da Doutrina Social
da Igreja.
O mesmo se pode
afirmar de seu irmão José Marchetti e de
Dom J. B. Scalabrini, considerado “pai e
apóstolo dos migrantes”. Através deste último, a Igreja recebeu a intuição do
carisma scalabriniano: presença evangélica no mundo das migrações. As três
figuras deixam um rastro de pegadas inconfundíveis de ardor missionário, com
destaque particular no campo da mobilidade humana em todos os seus aspectos.
Testemunhas de ontem,
inspiração para os discípulos missionários de hoje, no convite do Documento de
Aparecida a retomar com toda força o entusiasmo pela nova evangelização. Os
deslocamentos humanos continuam envolvendo milhões de pessoas em todo mundo e
em todas as direções. Mais do que nunca, os migrantes se põem simultaneamente
em fuga e em busca: sonham, lutam, caminham e esperam... Juntamente com Dom
Scalabrini e Pe. José Marchetti, Madre Assunta constitui uma referência para o
trabalho com os migrantes, refugiados, prófugos, itinerantes...
Roma, Itália, 14 de outubro
de 2014
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