sexta-feira, 31 de maio de 2019

Migrantes chegam à fronteira do Panamá após cruzar o ‘inferno’ da selva


Mais de 1.500 migrantes chegaram à localidade panamenha de La Peñita, uma área indígena na fronteira com a Colômbia, após sobreviverem ao “inferno” da selva de Darién, um dos trechos mais perigosos do percurso até os Estados Unidos, onde há muitos narcotraficantes e quadrilhas.

O grupo, que conta com 250 crianças, caminhou pela densa selva de 575 mil hectares e agora se encontra na Estação Temporária de Assistência Humanitária (Etah) instalada neste povoado de casas de madeira e teto de palha, onde recebem assistência médica.
Com capacidade para cerca de 100 pessoas, a Etah está superlotada.
“A selva é um inferno”, comenta Chambe Bezil, um camaronês.
Bezil se une aos cerca de quatro mil migrantes, principalmente do Haiti, Cuba, República Democrática do Congo, Índia, Camarões, Bangladesh e Angola, que estão em diferentes centros de acolhimento no Panamá à espera para prosseguir viagem, com escala na Costa Rica antes de chegar aos Estados Unidos.
– “Um suicídio” –
Com montanhas, rios caudalosos e sem vias de comunicação terrestre, e sob uma umidade e calor insuportáveis, os migrantes cruzam o Darién através de trilhas, muitas delas utilizadas por narcotraficantes e quadrilhas. A selva é tão densa que às vezes não é possível ver o céu e tudo é escuro.
“Atravessar essa selva é um um suicídio”, adverte um policial na improvisada estação humanitária.
A selva é conhecida por sua diversidade de pássaros, mas há muitas serpentes venenosas, jaguares, porcos selvagens, aranhas, escorpiões, lagartos e abelhas africanas.
Vários migrantes passam muito tempo sem comer já que levam poucos mantimentos para a travessia, que dura pelo menos três dias.
Durante os primeiros quatro meses de 2019, passaram pelo local pelo menos 7.700 adultos, um número três vezes maior que o registrado no ano passado, e 1.100 menores de idade, o dobro de 2018.
Segundo fontes oficiais panamenhas, os migrantes atravessam a selva em grupo, alguns formados por famílias inteiras que dizem escapar da pobreza ou da perseguição política.
Alguns morrem pelo caminho, enquanto outros são alvos de roubos ou agressões sexuais.
Chegam “desnutridos, desidratados, às vezes sem dinheiro e assediados” pelos traficantes, indica o diretor do Serviço Nacional de Fronteiras, Eric Estrada.
“No grupo no qual saí, pelo menos cinco pessoas ficaram para trás e estão morrendo”, denuncia o haitiano Pierre Louis Clivens.
“Há muitos ladrões, estão esperando por todos (que fazem a travessia). Muitos ladrões armados, com armas da polícia que caem em suas mãos. É perigoso”, acrescenta.
Marie-Claudia Toussaint, também haitiana, tem o braço enfaixado e conta como foi ferida por um tiro.
“Levaram todo meu dinheiro. Pegaram três telefones, um do meu marido e dois meus, e o ladrão me acertou um tiro no braço esquerdo”, narra enquanto é vacinada.
No último ano e meio, 52 pessoas foram detidas por pertencer a grupos criminosos relacionados ao tráfico de pessoas.
“Lamentavelmente os grupos criminosos que traficam pessoas iludem o imigrante desde os países de origem. Eles dizem que o trajeto é rápido, fácil e sem complicações, mas o que realmente as pessoas encontram é outra realidade”, destaca Estrada.
A situação obrigou o governo panamenho a adequar vários centros de acolhimento localizados perto da fronteira com a Costa Rica, país que permite a entrada diária de cerca de cem migrantes.
– “Está sofrendo”-
Um bebê dorme, após ser amamentado, sobre as pernas da mãe haitiana.
A criança, com nome de Frezin, nasceu no dia 11 de maio em um centro médico do Panamá, onde sua mãe foi enviada após atravessar grávida a fronteira com a Colômbia.
“Esse bebê que está aqui é um recém-nascido. Faz muito calor e não temos um lugar para ele”, lamenta Clivens.
Frezin e os pais estão num barracão com chão de terra batida. No local há vários beliches e roupa espalhada por todo o lado.
Vários adultos dormem no chão, enquanto as crianças nuas ou em fraldas correm pelo local.
Pela tarde, várias dezenas de pessoas embarcam, após o pagamento de 40 dólares e a permissão das autoridades, em ônibus que os levarão à fronteira costarriquense.
Para não serem vistos, percorrerão o país durante toda a noite.
Mas esta é apenas uma pequena etapa de um longo caminho que os levará através de vários países da América Central e do México, até chegar à fronteira dos Estados Unidos, onde enfrentarão a política migratória do presidente Donald Trump.
AFP
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Trump anuncia que vai taxar produtos do México por causa da imigração ilegal

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou há pouco que o seu governo vai impor uma tarifa de 5% sobre todos os bens importados do México até que imigrantes ilegais vindos através do país vizinho para dentro de território americano "parem".
"A tarifa vai aumentar gradualmente até que o problema da imigração ilegal esteja remediado, ponto no qual as tarifas serão removidas. Detalhes da Casa Branca a seguir", concluiu o republicano em sua conta no Twitter.
De acordo com comunicado divulgado pela Casa Branca, essa taxação vai aumentar gradualmente, caso não haja queda na imigração ilegal. Veja o cronograma:
  • Taxação de 5% a partir de 10 de junho;
  • 15% a partir de 1º de agosto;
  • 20% a partir de 1º de setembro;
  • 25% a partir de 1º de outubro;
  • Permanecer em 25% indefinidamente.
No comunicado divulgado pela Casa Branca, os EUA acusam o México de um tratamento que não é feito de "maneira justa". Diz ainda que o governo do país vizinho pode, por meios legais, parar "rápida e facilmente" o fluxo ilícito de imigrantes para os EUA.
"Se a crise de imigração ilegal for aliviada com atitudes eficazes tomadas pelo México, as tarifas serão removidas", promete o governo dos EUA. "Se o México falhar em agir, as taxas vão continuar no nível alto(25%), e as empresas localizadas no México podem começar a retornar aos Estados Unidos para fabricar seus bens e produtos. As companhias que se mudarem de volta aos Estados Unidos não vão pagar as tarifas ou serem afetadas de maneira alguma", explica a Casa Branca.
Correio
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quinta-feira, 30 de maio de 2019

V Simpósio Internacional sobre Religião e Migração : Aproximações interdisciplinares na mobilidade humana





V Simpósio Internacional sobre Religião e Migração
Aproximações interdisciplinares na mobilidade humana

3 a 5 de junho de 2019

PROMOÇÃO:

Programa de Estudos Pós-Graduados em Ciência da Religião (PUC-SP)
Missão Paz – CEM (Centro de Estudos Migratórios - São Paulo)
SIMI – Scalabrini International Migration Institute (Roma)

LOCAL: PUC Monte Alegre
Rua Ministro Godói, 969 - Perdizes/SP
Auditório 239 - II andar - Prédio novo

3 de junho de 2019

19h30 – Abertura: profa. Dra. Maria Amália Pie Abib Andery (reitora da PUC), Prof. Dr. Frank Usarski (PEPG-CRE PUC-SP), Prof. Dr. Paolo Parise (Missão Paz) e Prof. Dr. Gioachino Campese (SIMI – Roma)

- Evento cultural: “Son de los Andes”

- Conferência de Abertura – Desafios para a acolhida de migrantes - entre o local e o global. Prof. Dr. Leonardo Cavalcanti (OBMigra; UnB)
Coordenação:  Profa. Dra. Lucia Bógus (PUCSP)
Local: Tucarena 

4 de junho de 2019

8h30 - Painel 1:  Mover, morrer e renascer: perspectivas psíquicas  -  Profa. Dra. Miriam Debieux Rosa (USP) e Profa. Dra. Sylvia Duarte Dantas (UNIFESP)
Local: Auditório 239
Coordenação: Profa. Dra. Dulce Torino Baptista (PUCSP)

10h30 – Intervalo

11h00 – Conferência: Igreja e mobilidade humana. Perspectiva desde os documentos da Igreja católica - Prof. Dr. Gioacchino Campese (SIMI-Roma)
Coordenação: Prof. Dr. Paolo Parise (Missão Paz)
Local: Auditório 239

12h30 – Almoço

14h – Painel 2: – As urgências e as estratégias: religiões e organizações da sociedade civil em ação - Associação das Mulheres Filipinas; Associação África do Coração.
Coordenação: Prof. Dr. Edin Sued Abumansur (PUCSP)
Local: Auditório 239

15h30 – Intervalo

16h00 – Mesas de comunicação (Apresentação de trabalhos)
Coordenação: Prof. Dr. Wellington da Silva Barros (Missão Paz)
Locais: salas de aula

5 de junho de 2019

08h30 –  Painel 3: “Migrações e Mídias” - Prof. Dr. Fernando Altemeyer Jr (PUCSP) e Prof. Dr. Hélion Povoa (UFRJ)
Coordenação:  Profa. Dra. Suzana Ramos Coutinho (PUCSP)
Local: Auditório 239

10h00 –  Intervalo

10h30 – Conferência: Populismo e Políticas Migratórias - Prof. Dr. Beto Ferreira M. Vasconcelos (FGV)
Coordenação: Prof. Dr. Eulálio Figueira (PUCSP)
Local: Auditório 239

12h00 – Almoço

14h00 – Conferência:  O tema das migrações no magistério do papa Francisco - Alfredo José Gonçalves, CS
Coordenação:  Prof. Dr. João Décio Passos (PUCSP)

16h00 - Encerramento: Prof. Dr. Frank Usarski (PEPG-CRE PUC-SP), Prof. Dr. Paolo Parise (Missão Paz) e prof. Dr. Gioachino Campese (SIMI-Roma)
Coordenação: Prof. Dr. João Décio Passos (PUCSP)
Local: Auditório 239

Missão Paz


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ACNUR lança hoje (30) estudo sobre perfil socioeconômico de refugiados no Brasil

Refugiados residentes em São Paulo. Foto: ACNUR / L. Leite
A Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) e a Cátedra Sérgio Vieira de Melo (CSVM) lançam nesta quinta-feira (30), em Brasília (DF), pesquisa inédita sobre o perfil socioeconômico dos refugiados no Brasil. Elaborado por professores associados à CSVM por meio de entrevistas domiciliares, o estudo é um marco na produção do conhecimento sobre o tema do refúgio no Brasil e da integração social, educacional e econômica de uma população altamente vulnerável.
A fim de analisar as variáveis sociodemográficas e laborais, foram conduzidas entrevistas com cerca de 500 pessoas refugiadas reconhecidas pelo Comitê Nacional para Refugiados (CONARE) e que hoje residem no Brasil. O relatório traz dados a respeito de escolaridade, perfil laboral, integração social, obstáculos à integração e perspectivas futuras da população pesquisada. O trabalho de campo foi realizado entre junho de 2018 e fevereiro de 2019.
ACNUR lança na quinta (30) estudo sobre perfil socioeconômico de refugiados no Brasil
(divulgação)
O perfil será lançado no auditório da Escola Superior do Ministério Público da União (ESMPU, Setor de Grandes Áreas Sul 604), a partir das 10h. As inscrições para o evento são gratuitas e limitadas, podendo ser feitas pelo endereço https://forms.gle/nyimh5TsTKpsbNV86.
A mesa de abertura contará com a presença do representante do ACNUR no Brasil, José Egas, do coordenador-geral do CONARE, Bernardo Laferté, do secretário de Planejamento e Projetos da ESMPU, Volker Egon Bohne, e a da diretora do Instituto de Letras da Universidade de Brasília, Rozana Reigota Neves. Os dados gerais do estudo serão apresentados pelo professor Marcio Sergio Batista Silveira de Oliveira, da Universidade Federal do Paraná, coordenador nacional da pesquisa.
O evento também contará com a exposição de dois painéis sobre as perspectivas locais dos oito estados contemplados pela pesquisa – São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Rio Grande do Sul, Distrito Federal, Santa Catarina, Minas Gerais e Amazonas – que concentram 94% dos refugiados sob a proteção do governo brasileiro.
Os professores e acadêmicos envolvidos na pesquisa são vinculados à Universidade Federal do Paraná, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Universidade Estadual de Campinas, Fundação Casa Rui Barbosa, Universidade de Brasília, Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Universidade Federal do Amazonas e Universidade Federal de Santa Catarina.

Sobre a Cátedra Sérgio Vieira de Melo

Desde 2003, o ACNUR implementa a Cátedra Sérgio Vieira de Mello em cooperação com centros universitários nacionais e com o Comitê Nacional para Refugiados (CONARE). A CSVM visa difundir o ensino universitário, a pesquisa e a extensão acadêmica sobre temas relacionados ao refúgio, promover a formação acadêmica e a capacitação de professores e estudantes, além de apoiar diretamente refugiados em projetos comunitários.

Sobre refugiados no Brasil

De acordo com os dados do CONARE, do Ministério da Justiça, até o fim de 2018 o Brasil já havia reconhecido 10.522 refugiados provenientes de 105 países, tais como Síria, República Democrática do Congo, Colômbia, Palestina e Paquistão.
O reconhecimento como refugiado é fundamentado por situações de fundado temor, perseguição relacionada a raça, religião, nacionalidade, pertencimento a determinado grupo social ou opinião política. Destes, 5.134 continuam no país na condição de refugiado, sendo que 52% moram em São Paulo, 17% no Rio de Janeiro e 8% no Paraná. Atualmente, a população síria representa 35% da população refugiada com registro ativo no Brasil.
Acnur
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quarta-feira, 29 de maio de 2019

Sejuf apoia a etapa paranaense da Copa dos Refugiados

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O Paraná será uma das sedes da Copa do Mundo dos Refugiados 2019, evento promovido e coordenado pela ONG África do Coração em parceira a Ponto Agência de Inovação Social e com o apoio institucional da Agência da ONU para Refugiados (Acnur) e da Secretaria da Justiça, Família e Trabalho (Sejuf). O objetivo é a integração social dos migrantes e refugiados que encontraram no Brasil a esperança de reconstruir suas vidas.

A etapa paranaense será realizada nos dias dia 24 e 25 de agosto, com times de futebol formado por imigrantes e refugiados. A seleção campeã ganhará a taça e uma viagem ao Rio de Janeiro para disputar a final nacional, que será realizada no Estádio Jornalista Mário Filho (Maracanã), em setembro. “Já temos quatro equipes inscritas e nossa meta é chegar a oito”, conta o coordenador da Política Pública para Refugiados, Migrantes e Apátridas da Secretaria de Justiça, Família e Trabalho (Sejuf), João Guilherme de Mello Simão.

O local dos jogos ainda está sendo definido. Além do torneio em si, o evento terá palestra e roda de conversas sobre refúgio e passeios e brincadeiras com crianças refugiadas.

A Copa foi apresentada pelos representantes da ONG África do Coração, Jean Katumba e Munir Jarour Khadouj Makzum, aos integrantes do Conselho Estadual dos Direitos dos Refugiados, Migrantes e Apátridas do Paraná (Cerma) e para o secretário Ney Leprevost – que oficializou o apoio da pasta ao evento. “A Sejuf é sempre parceira no combate ao racismo e à xenofobia. No governo Ratinho Junior, não compactuamos com a exclusão e trabalhamos por todos, inclusive as minorias”, disse Ney.Participaram ainda da reunião Barbara Ezequiel, da ONG; o padre ortodoxo Samaan Nazri; e a representante da Organização Internacional das Migrações (ONU), Nerissa Farret.

As inscrições podem ser feitas neste link.


Atendimentos no Paraná - Em pouco mais de dois anos de funcionamento, cerca de 2.300 estrangeiros que buscam uma nova oportunidade de vida no Brasil foram atendidos no Centro de Informação para Migrantes, Refugiados e Apátridas do Paraná (Ceim-PR), também vinculado à Sejuf. Com a proposta de oferecer orientação e acesso às diversas políticas públicas do Estado acolhe e orienta os imigrantes e faz os encaminhamentos necessários – como, por exemplo, auxílio para buscar um emprego.

Desde que foi inaugurado, em 2016, o Centro recebeu registros de mais de 40 nacionalidades, com destaque para Haiti, Cuba, Síria e Venezuela. São populações que vivenciam crises humanitárias motivadas por tragédias naturais ou crises políticas, como o terremoto que atingiu o Haiti em 2015, as ditaduras enfrentadas por venezuelanos e cubanos e a guerra civil síria, que começou em 2011.

Para o secretário da Sejuf, Ney Leprevost, o papel do Estado é oferecer condições dignas para que essas pessoas consigam, no Brasil, uma nova oportunidade. “As 28 etnias que colonizaram o Estado nos séculos XIX e XX – alemães, poloneses, ucranianos, italianos, japoneses entre eles – trouxeram na bagagem seus costumes e tradições e ajudaram a construir o Paraná de agora. Hoje, são outros povos que buscam abrigo aqui. Muitos migrantes estão fugindo de governos ditatoriais ou de situações de calamidade pública e extrema pobreza. Aqui, temos a missão de encaminhá-los para assistência jurídica, mercado de trabalho e atendimento socioassistencial”, diz Leprevost. 

Considera-se refugiado a pessoa que deixa o seu país de origem devido a fundado temor de perseguição por motivos de raça, religião, nacionalidade, grupo social ou opiniões políticas, como também devido à grave e generalizada violação de direitos humanos.

Conselho - O Conselho Estadual dos Direitos dos Refugiados, Migrantes e Apátridas (Cerma-PR) é vinculado à estrutura organizacional da Secretaria de Estado da Justiça, Família e Trabalho (Sejuf), com caráter consultivo e deliberativo. Auxilia na implementação e fiscalização das políticas públicas voltadas aos direitos dos refugiados e migrantes, em todas as esferas da Administração Pública do Paraná, visando à garantia da promoção e proteção dos direitos dos refugiados, migrantes e apátridas.

________
SERVIÇO:
Mais informações sobre a Copa no site  http://africadocoracao.org/

Secretaria da justiça e trabalho e direitos humanos 


CMSE - Evento discutira migrações internacionais


O Núcleo de Estudos Estratégicos do Comando Militar do Sudeste (CMSE) promove, no dia 12 de junho, o XI Painel Sobre Defesa, no Quartel-General do Ibirapuera, em São Paulo. O evento é gratuito e terá como tema "Migrações internacionais: desequilíbrios resultantes, aspectos humanitários e ameaças/oportunidades para o Brasil".

O professor doutor Eduardo Perillo, diretor titular adjunto do ComSaude/FIESP, será o primeiro a palestrar. Ele abordará o assunto "Migrações internacionais". Em seguida, a professora doutora Camila Sombra, chefe interina do escritório da ACNUR em São Paulo, ministrará a palestra "Proteção aos refugiados em contextos urbanos: desafios e oportunidades".

Por fim, o General de Brigada Gustavo Henrique Dutra de Menezes, Comandante da Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), discorrerá sobre "O movimento migratório e a Operação Acolhida".

O painel ocorre das 13h30 às 17h, no auditório do CMSE. Voltado para professores e alunos universitários e militares da guarnição de São Paulo, o evento tem como objetivo estimular o debate de temas que despertem o interesse da sociedade.

As inscrições devem ser feitas pelo site www.nue2.cmse.eb.mil.br. Mais informações pelo e-mail planejamento@cmse.eb.mil.br.

Defesanet

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terça-feira, 28 de maio de 2019

Mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial do Migrante e do Refugiado 2019

Nesta segunda-feira, 27 de maio, foi divulgada no Vaticano a mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial do Migrante e do Refugiado 2019 que será celebrado no dia 29 de setembro de 2019.
O título da mensagem, que apresentamos na íntegra graças ao portal Vatican News, é: “Não se trata apenas de migrantes”.
Queridos irmãos e irmãs!
A fé assegura-nos que o Reino de Deus já está, misteriosamente, presente sobre a terra (cf. Conc. Ecum. Vat. II, Const. past. Gaudium et spes, 39); contudo, mesmo em nossos dias, com pesar temos de constatar que se lhe deparam obstáculos e forças contrárias. Conflitos violentos, verdadeiras e próprias guerras não cessam de dilacerar a humanidade; sucedem-se injustiças e discriminações; tribula-se para superar os desequilíbrios económicos e sociais, de ordem local ou global. E quem sofre as consequências de tudo isto são sobretudo os mais pobres e desfavorecidos.
As sociedades economicamente mais avançadas tendem, no seu seio, para um acentuado individualismo que, associado à mentalidade utilitarista e multiplicado pela rede mediática, gera a «globalização da indiferença». Neste cenário, os migrantes, os refugiados, os desalojados e as vítimas do tráfico de seres humanos aparecem como os sujeitos emblemáticos da exclusão, porque, além dos incómodos inerentes à sua condição, acabam muitas vezes alvo de juízos negativos que os consideram como causa dos males sociais. A atitude para com eles constitui a campainha de alarme que avisa do declínio moral em que se incorre, se se continua a dar espaço à cultura do descarte. Com efeito, por este caminho, cada indivíduo que não quadre com os cânones do bem-estar físico, psíquico e social fica em risco de marginalização e exclusão.
Por isso, a presença dos migrantes e refugiados – como a das pessoas vulneráveis em geral – constitui, hoje, um convite a recuperar algumas dimensões essenciais da nossa existência cristã e da nossa humanidade, que correm o risco de entorpecimento num teor de vida rico de comodidades. Aqui está a razão por que «não se trata apenas de migrantes», ou seja, quando nos interessamos por eles, interessamo-nos também por nós, por todos; cuidando deles, todos crescemos; escutando-os, damos voz também àquela parte de nós mesmos que talvez mantenhamos escondida por não ser bem vista hoje.
«Tranquilizai-vos! Sou Eu! Não temais!» (Mt 14, 27). Não se trata apenas de migrantes: trata-se também dos nossos medos. As maldades e torpezas do nosso tempo fazem aumentar «o nosso receio em relação aos “outros”, aos desconhecidos, aos marginalizados, aos forasteiros (…). E isto nota-se particularmente hoje, perante a chegada de migrantes e refugiados que batem à nossa porta em busca de proteção, segurança e um futuro melhor. É verdade que o receio é legítimo, inclusive porque falta a preparação para este encontro» (Homilia, Sacrofano, 15 de fevereiro de 2019). O problema não está no facto de ter dúvidas e receios. O problema surge quando estes condicionam de tal forma o nosso modo de pensar e agir, que nos tornam intolerantes, fechados, talvez até – sem disso nos apercebermos – racistas. E assim o medo priva-nos do desejo e da capacidade de encontrar o outro, a pessoa diferente de mim; priva-me duma ocasião de encontro com o Senhor (cf. Homilia na Missa do Dia Mundial do Migrante e do Refugiado, 14 de janeiro de 2018).
«Se amais os que vos amam, que recompensa haveis de ter? Não fazem já isso os publicanos?» (Mt 5, 46). Não se trata apenas de migrantes: trata-se da caridade. Através das obras de caridade, demonstramos a nossa fé (cf. Tg 2, 18). E a caridade mais excelsa é a que se realiza em benefício de quem não é capaz de retribuir, nem talvez de agradecer. «Em jogo está a fisionomia que queremos assumir como sociedade e o valor de cada vida. (…) O progresso dos nossos povos (…) depende sobretudo da capacidade de se deixar mover e comover por quem bate à porta e, com o seu olhar, desabona e exautora todos os falsos ídolos que hipotecam e escravizam a vida; ídolos que prometem uma felicidade ilusória e efémera, construída à margem da realidade e do sofrimento dos outros» (Discurso na Cáritas diocesana de Rabat, Marrocos, 30 de março de 2019).
«Mas um samaritano, que ia de viagem, chegou ao pé dele e, vendo-o, encheu-se de compaixão» (Lc 10, 33). Não se trata apenas de migrantes: trata-se da nossa humanidade. O que impele aquele samaritano – um estrangeiro, segundo os judeus – a deter-se é a compaixão, um sentimento que não se pode explicar só a nível racional. A compaixão toca as cordas mais sensíveis da nossa humanidade, provocando um impulso imperioso a «fazer-nos próximo» de quem vemos em dificuldade. Como nos ensina o próprio Jesus (cf. Mt 9, 35-36; 14, 13-14; 15, 32-37), ter compaixão significa reconhecer o sofrimento do outro e passar, imediatamente, à ação para aliviar, cuidar e salvar. Ter compaixão significa dar espaço à ternura, ao contrário do que tantas vezes nos pede a sociedade atual, ou seja, que a reprimamos. «Abrir-se aos outros não empobrece, mas enriquece, porque nos ajuda a ser mais humanos: a reconhecer-se parte ativa dum todo maior e a interpretar a vida como um dom para os outros; a ter como alvo não os próprios interesses, mas o bem da humanidade» (Discurso na Mesquita «Heydar Aliyev» de Baku, Azerbeijão, 2 de outubro de 2016).
«Livrai-vos de desprezar um só destes pequeninos, pois digo-vos que os seus anjos, no Céu, veem constantemente a face de meu Pai que está no Céu» (Mt 18, 10). Não se trata apenas de migrantes: trata-se de não excluir ninguém. O mundo atual vai-se tornando, dia após dia, mais elitista e cruel para com os excluídos. Os países em vias de desenvolvimento continuam a ser depauperados dos seus melhores recursos naturais e humanos em benefício de poucos mercados privilegiados. As guerras abatem-se apenas sobre algumas regiões do mundo, enquanto as armas para as fazer são produzidas e vendidas noutras regiões, que depois não querem ocupar-se dos refugiados causados por tais conflitos. Quem sofre as consequências são sempre os pequenos, os pobres, os mais vulneráveis, a quem se impede de sentar-se à mesa deixando-lhe as «migalhas» do banquete (cf. Lc 16, 19-21). «A Igreja “em saída” (...) sabe tomar a iniciativa sem medo, ir ao encontro, procurar os afastados e chegar às encruzilhadas dos caminhos para convidar os excluídos» (Exort. ap. Evangelii gaudium, 24). O desenvolvimento exclusivista torna os ricos mais ricos e os pobres mais pobres. Verdadeiro desenvolvimento é aquele que procura incluir todos os homens e mulheres do mundo, promovendo o seu crescimento integral, e se preocupa também com as gerações futuras.
«Quem quiser ser grande entre vós, faça-se vosso servo; e quem quiser ser o primeiro entre vós, faça-se o servo de todos» (Mc 10, 43-44). Não se trata apenas de migrantes: trata-se de colocar os últimos em primeiro lugar. Jesus Cristo pede-nos para não cedermos à lógica do mundo, que justifica a prevaricação sobre os outros para meu proveito pessoal ou do meu grupo: primeiro eu, e depois os outros! Ao contrário, o verdadeiro lema do cristão é «primeiro os últimos». «Um espírito individualista é terreno fértil para medrar aquele sentido de indiferença para com o próximo, que leva a tratá-lo como mero objeto de comércio, que impele a ignorar a humanidade dos outros e acaba por tornar as pessoas medrosas e cínicas. Porventura não são estes os sentimentos que muitas vezes nos assaltam à vista dos pobres, dos marginalizados, dos últimos da sociedade? E são tantos os últimos na nossa sociedade! Dentre eles, penso sobretudo nos migrantes, com o peso de dificuldades e tribulações que enfrentam diariamente à procura – por vezes, desesperada – dum lugar onde viver em paz e com dignidade» (Discurso ao Corpo Diplomático, 11 de janeiro de 2016). Na lógica do Evangelho, os últimos vêm em primeiro lugar, e nós devemos colocar-nos ao seu serviço.
«Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância» (Jo 10, 10). Não se trata apenas de migrantes: trata-se da pessoa toda e de todas as pessoas. Nesta afirmação de Jesus, encontramos o cerne da sua missão: procurar que todos recebam o dom da vida em plenitude, segundo a vontade do Pai. Em cada atividade política, em cada programa, em cada ação pastoral, no centro devemos colocar sempre a pessoa com as suas múltiplas dimensões, incluindo a espiritual. E isto vale para todas as pessoas, entre as quais se deve reconhecer a igualdade fundamental. Por conseguinte, «o desenvolvimento não se reduz a um simples crescimento económico. Para ser autêntico, deve ser integral, quer dizer, promover todos os homens e o homem todo» (São Paulo VI, Enc. Populorum progressio, 14).
«Portanto, já não sois estrangeiros nem imigrantes, mas sois concidadãos dos santos e membros da casa de Deus» (Ef 2, 19). Não se trata apenas de migrantes: trata-se de construir a cidade de Deus e do homem. Na nossa época, designada também a era das migrações, muitas são as pessoas inocentes que caem vítimas da «grande ilusão» dum desenvolvimento tecnológico e consumista sem limites (cf. Enc. Laudato si’, 34). E, assim, partem em viagem para um «paraíso» que, inexoravelmente, atraiçoa as suas expetativas. A sua presença, por vezes incómoda, contribui para desmentir os mitos dum progresso reservado a poucos, mas construído sobre a exploração de muitos. «Trata-se então de vermos, nós em primeiro lugar, e de ajudarmos os outros a verem no migrante e no refugiado não só um problema a enfrentar, mas um irmão e uma irmã a serem acolhidos, respeitados e amados; trata-se duma oportunidade que a Providência nos oferece de contribuir para a construção duma sociedade mais justa, duma democracia mais completa, dum país mais inclusivo, dum mundo mais fraterno e duma comunidade cristã mais aberta, de acordo com o Evangelho» (Mensagem para o Dia Mundial do Migrante e do Refugiado de 2014).
Queridos irmãos e irmãs, a resposta ao desafio colocado pelas migrações contemporâneas pode-se resumir em quatro verbos: acolher, proteger, promover e integrar. Mas estes verbos não valem apenas para os migrantes e os refugiados; exprimem a missão da Igreja a favor de todos os habitantes das periferias existenciais, que devem ser acolhidos, protegidos, promovidos e integrados. Se pusermos em prática estes verbos, contribuímos para construir a cidade de Deus e do homem, promovemos o desenvolvimento humano integral de todas as pessoas e ajudamos também a comunidade mundial a ficar mais próxima de alcançar os objetivos de desenvolvimento sustentável que se propôs e que, caso contrário, dificilmente serão atingíveis.
Por conseguinte, não está em jogo apenas a causa dos migrantes; não é só deles que se trata, mas de todos nós, do presente e do futuro da família humana. Os migrantes, especialmente os mais vulneráveis, ajudam-nos a ler os «sinais dos tempos». Através deles, o Senhor chama-nos a uma conversão, a libertar-nos dos exclusivismos, da indiferença e da cultura do descarte. Através deles, o Senhor convida-nos a reapropriarmo-nos da nossa vida cristã na sua totalidade e contribuir, cada qual segundo a própria vocação, para a construção dum mundo cada vez mais condizente com o projeto de Deus.
Estes são os meus votos que acompanho com a oração, invocando, por intercessão da Virgem Maria, Nossa Senhora da Estrada, abundantes bênçãos sobre todos os migrantes e refugiados do mundo e sobre aqueles que se fazem seus companheiros de viagem.
Vaticano, 27 de maio de 2019.
FRANCISCO
Radio Vaticano
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