sexta-feira, 30 de junho de 2017

Após auge do fluxo de refugiados, meta agora é integrar, diz OCDE

O "pico" da crise humanitária dos refugiados "ficou para trás", e a prioridade agora deve ser a integração, um "desafio" para políticas nacionais e internacionais - avalia a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) em seu relatório anual sobre migrações divulgado nesta quinta-feira (29).
Os fluxos "sem precedentes" do final de 2015 e início de 2016 "diminuíram" no último ano. Houve 72 mil chegadas à costa europeia desde o início de 2017, ou seja, "12 vezes menos do que na segunda metade de 2015", relata o diretor para Emprego, Trabalho e Assuntos Sociais na OCDE, Stefano Scarpetta.
"Muitos dos que chegaram à Europa para fugir dos países em conflito permanecerão, certamente, um tempo" e, por isso, agora "é hora de se concentrar na maneira de ajudar essas pessoas a se instalarem em seus novos países de acolhida" e a "se integrar ao mercado de trabalho", acrescenta.
Em 2016, os países da OCDE registraram mais de 1,6 milhão de pedidos de asilo, assim como em 2015. Deste total, "pelo menos 1,5 milhão" de refugiados obteve asilo, destaca o documento.
Pelo quarto ano consecutivo, a Alemanha foi o país mais procurado (675 mil primeiros pedidos de asilo), apesar de, por atrasos no processamento, "a maioria ter chegado em 2015". Na sequência, vêm Estados Unidos (260 mil), Itália (120 mil), França e Turquia (perto de 80 mil). Fora da Alemanha, o número de solicitações "caiu, de fato, 25%" nos países da OCDE entre 2015 e 2016.
Quase metade dos pedidos foi apresentada por cidadãos de Síria, Afeganistão e Iraque. Também se registram fortes especificidades nacionais: gambianos e nigerianos na Itália, sudaneses na França, e iranianos na Grã-Bretanha, por exemplo.
Em um contexto de crise econômica, a "importância repentina" desses fluxos "levantou preocupação da população", que exige políticas "mais seletivas e restritivas", ou até "o fechamento total das fronteiras", relata Scarpetta.
- 'Maior conscientização'
Ao mesmo tempo, essa preocupação veio acompanhada de uma "maior conscientização sobre a necessidade de facilitar a instalação dos refugiados" com "uma maior mobilização dos diferentes atores" para facilitar a integração dos poderes públicos e das ONGs a empregadores e sindicatos, mas também "da sociedade civil em um sentido mais amplo".
De fato, "estão acontecendo mudanças importantes para integrar melhor os refugiados", celebra esse diretor da OCDE, que considera "emblemático" o programa lançado pela Suécia e a lei sobre a integração da Alemanha.
Ele reconhece, contudo, que, em determinados países, as políticas públicas "ainda têm um certo atraso".
Entre os obstáculos, estariam os custos econômicos e o impacto que essas políticas podem ter nas relações internacionais.
"Trata-se de fazer das políticas de integração uma prioridade, não apenas em nível nacional, como internacional", garante Scarpetta.
Isso representa um "desafio", já que, "no passado, a integração - com frequência - pode ter deixado a desejar", completa.
Assim, a taxa de desemprego entre os imigrantes é quase 5 pontos superior à das pessoas nascidas no país.
"Estamos em uma encruzilhada", avalia Scarpetta, considerando-se que, desde 2007, as migrações atingiram um ápice em 2016, um ano antes da crise econômica: quase 5 milhões de pessoas entraram de forma permanente nos países da OCDE.
Esses números incluem os refugiados, mas as migrações familiares e a livre-circulação "continuam sendo preponderantes".
Em 2015, último ano do qual a OCDE tem números definitivos, concedeu-se 1,5 milhão de vistos para estudante e 1,6 milhão para famílias.
"Em geral, os países continuaram facilitando a admissão dos trabalhadores qualificados", como Itália, França, ou Estônia, aponta o informe, que relata uma alta de "mais de 10%" das migrações dentro das empresas e "de 3%" dos trabalhadores deslocados dentro da UE.
Na Espanha, pela primeira vez desde o começo da crise econômica, a migração líquida foi positiva em 2015 (+38.300 pessoas). Esse número pode ser visto como um indicador da recuperação econômica, fruto de um aumento moderado da imigração (+10%) e de uma queda de mais de 20% na emigração.
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Como integrar alunos migrantes, valorizando suas culturas?

Crianças experimentam baião de dois na CEI Dom Gastão
Nos últimos anos, o Brasil tem recebido uma quantidade expressiva de migrantes e refugiados, dentre eles, muitas crianças – situação que vem exigindo uma resposta das escolas.
Para além da questão de compreender e debater tais fluxos contemporâneos de deslocamento, as instituições de ensino lidam com o desafio de acolher e integrar esses alunos que chegam ao País, valorizando ao mesmo tempo suas culturas de origem.
Na Baixada do Glicério, na região central da cidade de São Paulo, Paulo Magalhães, professor de Geografia da EMEF Duque de Caxias, desenvolve atividades para promover a integração de crianças de cerca de 30 nacionalidades.
Segundo a Polícia Federal, entre 2013 e 2015, 320 mil pessoas migraram para o Brasil, uma média anual 2,4 vezes maior do que em anos anteriores, como em 2006, quando o país recebeu 45.124 imigrantes e refugiados.
Para isso, leva seus alunos semanalmente a diferentes espaços educativos com o intuito de apresentar-lhes a cidade e, ao mesmo tempo, promover situações de intercâmbio cultural e comunicação. Da última vez, foram à exposição do artista plástico Cícero Dias, em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil.
“A ocupação de territórios educativostem ajudado eles a se integrar melhor. Aulas fora da escola são mais vivas e eu vejo as crianças falando mais, se expressando melhor nesses momentos e também socializando com a comunidade”, conta o educador.
Diante do caso de uma aluna oriunda da República Democrática do Congo que sofria bullying, o professor mostrou imagens atuais do país a fim de valorizá-lo. “As crianças tinham uma ideia muito negativa da África e eu comecei a mostrar que não era como eles imaginavam”, conta.
Além de alunos de outros países como sírios, marroquinos, chineses e colombianos, há estudantes também de outras regiões do Brasil, como do Nordeste, que igualmente desconhecem o entorno da escola. Por isso, Paulo também propôs um mapeamento dos principais pontos do território.
“Nós fizemos um mapa de São Paulo e do bairro do Glicério em sala de aula, antes de uma aula teórica. Depois, andamos pelas ruas e eu fui mostrando a Igreja da Sé, o Teatro Municipal, entre outros pontos importantes da cidade. Depois fomos montar o mapa novamente”.  
As atividades têm rendido efeitos positivos. O professor contou que recentemente um aluno viu um colega sofrendo bullying e imediatamente interferiu, chamando um adulto. “As crianças estão se sensibilizando com isso e já não deixam mais acontecer”, conta.
Crianças experimentam baião de dois na CEI Dom Gastão
Crédito: Facebook/Reprodução/Creche Dom Gastão
Na EMEI Nelson Mandela, no bairro do Limão, também em São Paulo, os educadores procuram trabalhar a valorização de outras culturas com práticas próprias da infância, por exemplo, brincadeiras e festas.
A diretora Cibele Araújo Racy conta que os alunos são seus maiores aliados em fazer a adaptação dos alunos migrantes. “Todo começo de ano chamamos as crianças mais velhas para planejar com os professores as atividades. Elas contam o que mais gostaram de fazer e os lugares que temos que ir mais vezes”.
Além disso, faz parte do currículo da escola trabalhar as questões étnico-raciais em sala de aula. Uma das atividades que fazem nesta perspectiva é aprender palavras do idioma dos alunos migrantes. A hora da brincadeira livre também é uma oportunidade de interação, proporcionando situações de identificação entre os alunos. “Criança brinca e corre do mesmo jeito em qualquer lugar do mundo”, lembra Cibele.
A escola também promove a formação dos professores e de todos os profissionais que trabalham na instituição para essas questões. Os familiares, por sua vez, passam pelo processo e são convidados a participar da “escola dos pais”, espaço em que familiares e docentes debatem temas de interesse comum.
Nas festas, que são abertas à comunidade e trazem elementos da cultura africana, indígena, boliviana, japonesa, dentre outras, os familiares também têm espaço. “Nós os convidamos não só para vir à festa, mas também para organizá-la, colaborar com dança e comida. Trazer a família para dentro da escola é essencial porque ela também precisa de acolhimento”, diz a diretora.
Outra estratégia importante é a convocação, no começo de cada ano, dos familiares das crianças migrantes ou refugiadas para conversar com a assistente social da escola. “Ficamos sabendo de mais detalhes sobre suas trajetórias, assim fica mais fácil trazer essas histórias para os projetos e também para pensarmos a parte afetiva, porque muitos saíram de seus países por sofrimento ou falta de perspectiva e temos que levar isso em conta. Temos que dar autoestima para essa criança prosseguir”, avalia Cibele.
Integrando alunos migrantes pela alimentação
Outra abordagem, proposta pela CEI Dom Gastão, localizada no Bom Retiro, em São Paulo, é unir as crianças por meio da alimentação e seus saberes
“Outro dia uma boliviana, filha de uma peruana e um chinês, estava comendo baião de dois, e a mãe conheceu o que é manteiga de garrafa. O nosso aluno chinês trouxe sushi, e as outras crianças quiseram experimentar. Isso é Brasil. Isso é comida que integra, que faz amigos ao redor da mesa”, conta Mônica Dias Lopes, coordenadora pedagógica.
Para Mônica, aproximar a família da escola é a base do trabalho. No “dia das mães boliviano”, comemorado em 27 de maio, fizeram cartazes de celebração pela escola com ajuda das famílias. Nas festas, os pais também participam levando comidas típicas.
“É muito acolhedor para uma família boliviana, por exemplo, chegar a uma festa da escola e poder pedir uma salteña. Temos que valorizar essa interculturalidade e trabalhar a garantia de direitos independentemente da nacionalidade, pois somos todos cidadãos de direitos”, conclui Mônica.


Educação Integral
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quinta-feira, 29 de junho de 2017

Os muros institucionais que prejudicam a migração


Há duas datas comemorativas importantes no mês de junho: Dia Mundial do Refugiado (20) e Dia do Imigrante (25). Temos pouco a comemorar e muito a refletir, principalmente na esfera de direitos dessas pessoas. Isso porque muitas delas não conseguem proteção e oportunidade nos países ou regiões em que buscam refúgio.
O ser humano normalmente muda de seu local originário para outra região/país, voluntariamente ou em decorrência de fatores ambientais, sociais ou econômicos. Além disso, ao longo da história, em vários locais do mundo, pessoas foram obrigadas a abandonar suas casas, fugindo de ameaças e guerras.
Embora os refugiados possuam uma proteção específica, o termo “migrante” pode se referir de modo geral àqueles que se deslocam voluntária ou forçosamente.
Ao final da Segunda Guerra Mundial, mais de 40 milhões de pessoas foram obrigadas a deixar seus respectivos países de origem. Diversos conflitos após a retirada nazista também geraram dezenas de milhares de refugiados e migrantes.
As atrocidades vivenciadas naquele momento histórico foram determinantes para a tomada de consciência e os importantes avanços feitos nos direitos dos migrantes. A Convenção das Nações Unidas sobre o Estatuto dos Refugiados foi adotada em 28 de julho de 1951, entrando em vigor em 22 de abril de 1954. O seu Protocolo entrou em vigor 1967. Aqui temos a base normativa do Direito Internacional dos Refugiados, estabelecendo preceitos mínimos para sua proteção.
A partir disso, os indivíduos que foram forçados ou pressionados a se deslocar devem receber abrigo na condição de refugiados. Independentemente de terem sido vítimas de perseguição em razão de sua raça, religião, opinião política, participação em grupos sociais, nacionalidade, etc, nos termos da Convenção de 1951.
Pode não parecer em uma primeira análise, mas, atualmente, os desafios são ainda maiores do que os milhões de refugiados da Segunda Guerra Mundial. Há muito o que refletir e reivindicar no Dia do Imigrante.
No dia 19 de junho, foi divulgado o Relatório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur). O referido documento mostra o número de refugiados e de pedidos de refúgio no Brasil aumentou em 2016.
Enquanto 2015 foram registrados 8.863 refugiados no Brasil, em 2016 esse número pulou para 9.689 (aumento de 9,3%). E o número de pedidos de refúgio que em 2015 era de 28.670, passou para 35.464 (aumento de 23,6%).
O levantamento sobre refugiados no Brasil considerou dados do Comitê Nacional dos Refugiados (Conare), do Ministério da Justiça, e foram antecipados em parte pela Acnur, durante encontro em São Paulo.
A Acnur aponta que em 2016 cerca de 65,6 milhões de pessoas foram forçadas a se deslocar em todo o mundo. O número supera os da Segunda Guerra Mundial. É o maior da história.
Ainda segundo o relatório do Acnur, do total de pessoas forçadas a se deslocar, 10,3 milhões são novas pessoas e cerca de dois terços (6,9 milhões) delas se deslocaram dentro de seus próprios países. As crianças representam a metade do número total dos refugiados de todo o mundo. Conflitos políticos, guerras e perseguições são as principais causas dos deslocamentos.
Não bastasse isso, o tema da migração se tornou mais complexo diante do rigor dos Estados no controle de suas fronteiras.
No Brasil, a Lei 13.445/2017, chamada de Nova Lei de Migração Brasileira, recebeu vetos em disposições de grande relevância. Mas ainda assim a referida lei representa um importante avanço na regulação dos direitos dos estrangeiros. Revogou algumas discriminações do obsoleto Estatuto do Estrangeiro.
A Nova Lei de Migração brasileira, no entanto, é uma vitória quase isolada em um conjunto de derrotas na proteção dos direitos dos migrantes e refugiados no mundo. Ainda há muros físicos e institucionais em diversos ordenamentos jurídicos, que promovem a criminalização da migração e a xenofobia.
Nos últimos anos, a ausência de solidariedade da União Europeia no auxílio aos refugiados ficou evidente com a adoção de medidas para a restrição da entrada e devolução do maior número possível de migrantes. A Hungria, um dos principais países de acesso dos migrantes à Europa, além de recusar o plano de realocação, cercou grande parte da área limítrofe com a Sérvia, fechou suas fronteiras, respondendo com violência e detenções ilegais àqueles que as tentam cruzar.
A desorientação marca a trajetória dos migrantes e refugiados que procuram asilo. A escassez de informação, as condições desumanas em que muitas vezes são obrigados a aguardar a análise da autorização de permanência no país, o desconhecimento da língua e da cultura, são apenas algumas das muitas dificuldades que os migrantes têm que superar.
Na falta de uma política migratória adequada à magnitude da crise enfrentada, destacam-se as iniciativas da sociedade civil e poucas instituições comprometidas em minimizar o sofrimento daqueles que procuram abrigo no país estrangeiro.
A gravidade do problema requer o esforço contínuo em transformar em ações a retórica dos direitos humanos, rememorando sempre os valores aclamados na Declaração Universal dos Direitos Humanos, notadamente que “o reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da família humana e dos seus direitos iguais e inalienáveis constitui o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo”.
Em maio de 2017, o Superior Tribunal de Justiça proferiu importante decisão em um caso em que uma criança e sua mãe eram refugiadas da República Democrática do Congo, de onde vieram devido à situação de grave e maciça violação de direitos humanos. A criança não tinha registro de nascimento - uma vez que se encontrava desprovida de qualquer documento de identidade. Assim, ela não conseguia a sua matricula em escola pública, nem tampouco atendimento de saúde.
O ministro Luis Felipe Salomão, relator do recurso REsp 1.475.580/RJ, proferiu o voto condutor do acórdão, deixando claro que, embora a criança estrangeira não pudesse ter uma certidão de nascimento brasileira, porque, de fato, nasceu no exterior, as escolas, hospitais e autoridades brasileiras têm o dever de aceitar o documento emitido pelo Registro Nacional de Estrangeiros (RNE), surtindo os mesmos efeitos de uma certidão de nascimento brasileira, para justamente lhe garantir o acesso igualitário ao atendimento de saúde e aos estabelecimentos de ensino. Em suma, o STJ garantiu a equiparação da certidão de nascimento brasileira ao RNE. Uma decisão bastante elogiável e consentânea com o sistema de proteção aos Direitos Humanos.
Em seu voto, o ministro relator ressaltou que “a Lei 9.474/1997 prevê, como forma de identificação, que o refugiado terá direito, nos termos da Convenção sobre o Estatuto dos Refugiados de 1951, a cédula de identidade comprobatória de sua condição jurídica, carteira de trabalho e documento de viagem (artigo 6º). Nesse mesmo rumo, o artigo 21 estabelece que será emitido um protocolo do requerimento quando o interessado solicita refúgio em favor do requerente e de seu grupo familiar, que autoriza sua estada no território nacional até a decisão final do processo, com possibilidade de expedição de carteira de trabalho provisória e serão averbados os nomes dos menores de quatorze anos, que serão titulares dos mesmos benefícios que seus responsáveis.
(...) o estrangeiro residente no Brasil goza de todos os direitos reconhecidos aos brasileiros, nos termos da Constituição e das leis e, dentre esses direitos, a matrícula em estabelecimento de ensino seria permitida ao estrangeiro com as restrições estabelecidas nesta Lei e no seu Regulamento (...) É assegurado aos estrangeiros refugiados a emissão do Registro Nacional de Estrangeiro (RNE), documento idôneo, definitivo e garantidor de direitos fundamentais iguais aos de brasileiros, contendo todos dados que qualificam o portador. O Registro Nacional de Estrangeiro é documento de identidade equivalente ao registro civil de pessoas naturais”.
O Superior Tribunal de Justiça ainda ressaltou que a Lei de Refúgio é clara quanto aos direitos das crianças e adolescentes dependentes dos refugiados no Brasil, pelo que a Certidão de Nascimento brasileira não é requisito para o reconhecimento da identidade formal da criança dependente de refugiado, nem mesmo para que essa criança seja matriculada em estabelecimento de ensino ou, ainda, que receba atendimento médico pela rede pública de saúde, tendo em vista a existência de documento equivalente viabilizador desses direitos (Registro Nacional de Estrangeiro).
Em suma, não podemos perder de vista que a migração é, antes de tudo, uma garantia internacional de direitos humanos, não se limita à segurança nacional. Por isso, o migrante ou refugiado, ao invés de ser percebido como um estranho ou forasteiro, deve ser acolhido como pessoa titular de direitos essenciais.
Conjur
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Santa Sé participa de evento mundial sobre Migração e Desenvolvimento em Berlim

Termina amanha sexta-feira (30), em Berlim, o Fórum Mundial sobre Migração e Desenvolvimento para reforçar o diálogo e a cooperação internacional. Uma delegação da Santa Sé participa do evento, representados pelo Pe. Michael Czerny, subsecretário da Seção Migrantes e Refugiados do Dicastério para o Desenvolvimento Humano Integral.
O Pe. Czerny participou de duas mesas-redondas. Numa delas discutiu sobre a criação de soluções para beneficiar desabrigados e comunidades de destino e de origem dos migrantes. Ele lembrou afirmações do Papa Francisco que, em 21 de fevereiro, se direcionou aos participantes do Fórum Internacional “Migrações e Paz”. A resposta à questão das migrações, disse o Pontífice, deve ser subdividida por quatro verbos: acolher, proteger, promover e integrar.
Outro aspecto prioritário, segundo o Pe. Czerny, refere-se à necessidade de acompanhar aqueles que são obrigados a fugir nas diferentes quatro fases cruciais do caminho migrante: no país de origem, naqueles de transição, no país de destino e, eventualmente, na fase de regresso à pátria.
Cresce a desigualdade entre os povos
O discurso do Papa de 3 de dezembro de 2016, a empreendedores de um congresso internacional, também foi lembrado pelo Pe. Czerny em Berlim: “a desigualdade entre os povos”, afirmou Francisco naquela ocasião, “continua crescendo, e muitas comunidades são diretamente atingidas pela guerra e pela pobreza ou pela partida forçada de migrantes e refugiados. As pessoas querem que sua própria voz seja ouvida, além de expressar as suas preocupações e medos. Querem dar a sua contribuição legítima às comunidades locais e à grande sociedade, e se beneficiar dos recursos e do desenvolvimento frequentemente reservados a poucos”. Respondendo adequadamente a essas emergências, o Papa concluiu que acabamos “vivendo um momento de esperança”.
Migrações de retorno
Pe. Czerny também abordou o tema da promoção do desenvolvimento dos migrantes que retornam, através de um vídeo do Papa Francisco divulgado em 19 de abril de 2016. O Pontífice afirmou que “muitas vezes não acolhemos vocês! Perdoem o fechamento e a indiferença das nossas sociedades que temem a mudança de vida e de mentalidade que a presença de vocês requer. Tratados como um peso, um problema, um custo, vocês são, ao contrário, um dom”.
O Fórum Mundial deste ano é presidido pela Alemanha e pelo Marrocos, com sede em Berlim, num processo voluntário de consulta entre os países participantes para a troca de boas práticas no âmbito da migração. A Santa Sé acredita que o evento possa contribuir ao desenvolvimento de políticas globais que reforcem as ligações de solidariedade entre os migrantes e os países de origem e de destino. (AC)
Radio Vaticano
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quarta-feira, 28 de junho de 2017

SPTuris revela ranking da imigração em São Paulo


A capital paulista é uma cidade global e reúne pessoas de diversas nacionalidades. Dados recentes coletados pelo Sistema Nacional de Cadastro e Registro Estrangeiro (Sincre) e organizados pelo Observatório de Turismo e Eventos (Ote), núcleo de estudos e pesquisas da empresa municipal São Paulo Turismo (SPTuris), mostram as 15 maiores comunidades estrangeiras que vivem no município.

Deste total, dez países da Europa e América do Sul predominam na lista com cinco países de cada continente, e outros três são da Ásia.

Portugal, Bolívia e Japão continuam ocupando, respectivamente, o primeiro, segundo e terceiro lugares, no comparativo com o mesmo levantamento de 2015. Além disso, o Líbano, 13º lugar há dois anos, saiu da lista. O Haiti entrou para o ranking, ocupando a oitava posição – consequência da imigração para o Brasil nos últimos dois anos.

Confira as principais comunidades estrangeiras e quantidade de pessoas residentes na cidade de São Paulo:



1. Portugal – 70.711
2. Bolívia – 58.195
3. Japão – 33.288
4. China – 25.420
5. Itália – 22.772
6. Espanha – 18.519
7. Coréia do Sul – 15.964
8. Haiti – 14.149
9. Argentina – 12.871
10. Chile – 8.809
11. Estados Unidos – 8.273
12. Alemanha – 7.769
13. Peru – 7.008
14. França – 6.605
15. Paraguai – 6.005


  • 706 pessoas apátridas, ou seja, sem nacionalidade definida, vivem em São Paulo
  • 126 pessoas são cidadãos da “Alemanha Oriental”, pois nasceram antes de 1989, quando a divisão do país encerrou
  • Uma pessoa de San Marino – um dos países com as menores populações do mundo – também vive na capital paulista
A cidade ainda tem residentes com origem nos seguintes países:
– Liechtenstein, Europa (nove)
– Benin, África (nove)
– Coréia do Norte, Ásia (seis)
– Lesoto, África (um)
– Kabardino Balkaria, divisão federal da Rússia (um)
SPTURIS

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Dezenas de migrantes desaparecidos após terem sido abandonados no deserto - OIM

A Organização Internacional para as Migrações (OIM) anunciou hoje que está à procura de 51 migrantes no deserto do Saara, no Níger, depois de contrabandistas os terem abandonado a caminho da Líbia.

Aquela agência das Nações Unidas adiantou que o alerta foi lançado por um grupo de 24 migrantes, provenientes da Nigéria, do Senegal e da Costa do Marfim, que sobreviveu a tempestades de areia.No total, o grupo de migrantes era composto por 75 pessoas.

A OIM vai transferi-los ainda hoje para o centro de acolhimento de Dirkou, depois de antes os ter levado para Seguedine, onde um dos sobreviventes acabou por morrer.

Mais de 600 migrantes foram salvos pela OIM desde abril de 2016 no Níger, a principal rota para migrantes da África Ocidental em direção à Europa.
 DN

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terça-feira, 27 de junho de 2017

Com experiência humanitária, sudanesa ajuda outras refugiadas a recomeçar a vida no DF

Atuando no projeto “Mulheres Unidas”, o trabalho de Eiman Haru é exemplo da luta pelo fim da violência contra as mulheres refugiadas – e pauta do Dia Laranja pelo Fim da Violência contra as Mulheres, marcado todo dia 25. Iniciativa do Instituto de Migrações e Direitos Humanos (IMDH) tem o apoio da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR).
Como grande parte das mulheres forçadas a se deslocar, a trajetória de Eiman é marcada pela superação das dificuldades inerentes ao refúgio e à integração local. Confira nesse vídeo e nessa reportagem especial.
Mulheres refugiadas e migrantes procuram o Instituto de Migrações e Direitos Humanos (IMDH) em busca de auxílio no processo de adaptação e integração cultural no Brasil.
Muitas vezes elas precisam de ajuda para entender português ou com a validação dos documentos de trabalho. Não são incomuns relatos de abuso de poder por parte dos parceiros, além de muitos casos de violência sexual.
Quem as ajuda é Eiman Haru, também refugiada, que participa do projeto “Mulheres Unidas – Mulheres que Inspiram o Mundo”. A iniciativa atende a população refugiada feminina residente no Distrito Federal e região.
“Elas vêm de diversos países da África, da América do Sul, da Ásia e pertencem a diferentes religiões, tribos, e tem histórias únicas”, afirma. Como grande parte das mulheres forçadas a se deslocar, a trajetória de Eiman Haru é marcada pela superação das dificuldades inerentes ao refúgio e à integração local.
Hoje, após ultrapassar essas barreiras, ela estende a mão às mulheres em situações semelhantes à sua e as ensina sobre os direitos das mulheres no Brasil, prestando assistência individual e atuando como ponto de referência no processo de acolhida e adaptação cultural e social.
A sudanesa, que é formada em Artes e especializada em assistência humanitária, está no Brasil desde 2015 e foi selecionada para ser consultora no projeto dentro do IMDH. O projeto é apoiado pela Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) e foi criado com a intenção de dar atenção especifica às necessidades de mulheres em situação de refúgio.
A empatia e aproximação de Eiman com estas mulheres em situação de refúgio aconteceu de forma espontânea. De acordo com a diretora do IMDH, Rosita Milesi, o projeto nasceu em 2016, a partir de uma série de encontros.
“Nesse caminho de avanço, e querendo mesmo implementar mais atividades e oportunidades para as mulheres refugiadas, o ACNUR nos apoiou com a possibilidade de contratar uma consultora com essa finalidade. Isso fortaleceu muito o projeto e primeira consultora contratada foi justamente uma refugiada, a Eiman, e o que nos levou a convidá-la foi uma questão bastante simples, o idioma”, afirma Rosita.
Muitas das refugiadas e migrantes que chegam sentem-se confortáveis em se abrir com ela e contar sobre as dificuldades enfrentadas, já que, como elas, Eiman tem um histórico de trabalho semelhante no Sudão. É o caso de Rabia, refugiada do Marrocos, que procurou o IMDH e obteve auxílio de Eiman, e que hoje é sua amiga.
“Ela me deixa confortável. É muito bom poder encontrar alguém no momento em que você mais precisa, que te mostra os caminhos possíveis. Ela faz com que eu sinta orgulho de ser quem sou”, afirma Rabia.
Eiman explica que, apesar das dificuldades, é importante poder ajudar as refugiadas e migrantes: “É um pouco difícil ouvir problemas diariamente, principalmente quando você não pode fazer nada relacionado à lei, por exemplo. Mas oferecer apoio inicial emocional e social e ouvir o que essas mulheres tem a dizer… Isso nós conseguimos fazer”.
A partir das conversas, um plano de ajuda é traçado para que as mulheres saiam de situações de risco e não se enquadrem mais no perfil de alta vulnerabilidade.
O trabalho de Eiman destaca-se no Dia Laranja pelo Fim da Violência contra as Mulheres deste mês, que dará a visibilidade às mulheres em situação de refúgio, no contexto do Dia Mundial do Refugiado, celebrado em 20 de junho.
O Dia Laranja foi declarado pelas Nações Unidas e é celebrado no dia 25 de cada mês com o objetivo de ampliar o calendário celebrado no dia 25 de novembro – Dia Internacional pelo Fim da Violência contra as Mulheres.
Trata-se de um dia para dar visibilidade ao tema, mobilizar o compromisso já feito e exigir as condições para que mulheres e meninas possam viver uma vida livre de violência.
Em todo o mundo, as mulheres têm demonstrado uma enorme resiliência ao refazer suas vidas e a de seus familiares, levando desenvolvimento e progresso às comunidades de acolhida.
Segundo Isabel Marquez, representante do ACNUR no Brasil, “a história das mulheres e meninas refugiadas no Brasil demonstra um grande poder de resiliência e uma imensa colaboração para o desenvolvimento de nossa sociedade”.
Para Isabel, o empoderamento das mulheres e meninas, assim como a igualdade de gênero e de oportunidades, são essenciais para prevenir o deslocamento forçado e promover o desenvolvimento humano sustentável.

Dados sobre mulheres refugiadas

A discriminação contra as mulheres e meninas é causa e consequência do deslocamento forçado e da apatridia. Muitas vezes, a situação é agravada por outras circunstâncias, como por exemplo a origem étnica, deficiências físicas, religião, orientação sexual, identidade de gênero e origem social.
De acordo com os dados do Relatório de Tendências Globais do ACNUR, em 2016, 49% das pessoas refugiadas eram mulheres. Aquelas que estão desacompanhadas, grávidas ou são idosas estão ainda mais vulneráveis.
No Brasil, de acordo com o último relatório do CONARE, 32% das 10.038 solicitações de refúgio, apresentadas no ano passado, foram feitas por mulheres no ano passado.
Em um artigo publicado com o editor-chefe da Revista Interdisciplinar da Mobilidade Humana, Roberto Marinucci, Rosita Milesi analisa o papel das mulheres migrantes e refugiadas a serviço do desenvolvimento humano.
Segundo o artigo, o perfil das mulheres refugiadas e migrantes mudou ao longo dos últimos anos. Se, por um lado, atualmente as mulheres têm projetos migratórios individuais e assumem o papel de provedoras do lar; por outro, seu desenvolvimento pessoal é prejudicado, na maioria dos casos, em prol daqueles ao seu redor – filhos, parceiros e comunidades às quais pertencem.
Fatores como as novas leis migratórias e demandas do mercado de trabalho aparecem como principais contribuintes para o novo perfil da mulher migrante. O paradoxo está no fato de que “a mulher migrante e refugiada, em geral, contribui muito para o desenvolvimento humano das pessoas ao seu entorno, mas nem sempre isso vem acompanhado de um processo de empoderamento ou desenvolvimento humano da própria mulher”, afirma Rosita.
Onu
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Encerramento da 32º Semana do Migrante em São Paulo e Celebração dos 22 anos da Paróquia Latino Americana-Missão Paz

A Igreja no Brasil celebrou a 32ª Semana do Migrante, com o tema: “Migração, biomas e bem viver”. Lema: “Uma oportunidade para imaginar outros mundos!” O objetivo da semana, é anunciar, denunciar, refletir e construir uma nova relação do ser humano com a Mãe Terra.
A 32ª Semana do Migrante é articulada pelo Serviço Pastoral do Migrante (SPM), vinculado à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Inspirada pelo lema da Campanha da Fraternidade deste ano, propõe uma perspectiva de mudança de mentalidade e comportamento.
O Serviço Pastoral dos Migrantes elaborou vários materiais (texto base, roteiro de celebração, círculos bíblicos, entre outros) para subsidiar as comunidades e paróquias no aprofundamento da temática dos migrantes.
Em vários estados do pais durante este domingo aconteceram missas de encerramento da semana do migrante, presença massiva de migrantes de vários países, assim como vários componentes da Diretoria e Colegiada do  SPM.

Em São Paulo a missa foi celebrada na  Igreja Nossa Senhora da Paz pelo Cardeal de São Paulo Odilo Sherer  junto aos padres Scalabrinianos e os cônsules de Bolivia, Peru, Chile e representantes de Venezuela,El Salvador e comunidades de migrantes e refugiados. Celebrando os 22 anos de caminhada da “Parroquia Personal de los Fieles Latinoamericanos”.
 Terminou com uma tarde cultural e almoçou preparado pela comunidade italiana, houve apresentações do tradicional folclore latinoamericano com as presenças de Grupos como Alma Guarani- Paraguai, Raizes Folcloricas del Cuzco-Peru,Caleuche-Chile e San Simon –Bolivia




Esta celebraçao foi transmitida pela web radio migrantes español e Streaming live da Missão Paz, junto ao equipe de Comunicão Padre Sergio Gheller, Patricia Rivarola e Miguel Ahumada

Miguel Ahumada
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segunda-feira, 26 de junho de 2017

Crise eleva migração de brasileiros para temporadas de trabalho no Japão

Períodos de crise política e econômica favorecem a ida de descendentes de japoneses à terra de seus antepassados para temporadas de trabalho. Agências em Campo Grande especializadas em encaminhar esse público ao oriente afirmam que nos últimos meses, por exemplo, a procura pelo serviço tem aumentado em torno de 50%.
Mário Akira Ariyoshi, gerente da agência Itiban, explica que normalmente os brasileiros são ocupados nas linhas de produção de fábricas de eletrônicos, automóveis e plásticos. “O objetivo deles é fazer um pé-de-meia para investir no Brasil quando retornam, construindo casas, montando empresas ou negócios que lhes confiram uma independência financeira”, afirma.
O Japão, segundo ele, libera vistos até a terceira geração de descendentes dos imigrantes. Quando essas pessoas decidem tentar a vida do outro lado do mundo, eles saem da cidade já com a documentação regularizada, com moradia e emprego.
“Normalmente ficam em média três anos. Tem gente que fica mais tempo e temos brasileiros que não pretendem mais voltar ao Brasil, inclusive compraram casa e apartamento, fixaram raízes”, afirma Ariyoshi.
Maíra Taíra, dona da agência Taíra, afirma que não existe um perfil certo de quem vai ao Japão para temporadas de trabalho. “Tem alguns que só estudavam aqui no Brasil, outros trabalhavam como balconistas, mas também alguns com ensino superior”, pontua.
“Alguns não voltam porque ficam revoltados com o país ao conhecerem o Japão, pois trabalhando lá, a pessoa consegue se manter e ter controle financeiro melhor do que aqui”, relata.

Experiência – A secretária Adriana Sueny Sakae, 41 anos, saiu do Brasil rumo ao Japão em 1992, período em que o país era administrado por Fernando Collor. Na época, o pai havia sofrido um derrame, a mãe não podia trabalhar para dedicar-se a ele e a irmã era muito nova. Aos 17 anos, foi emancipada e aventurou-se na terra dos antepassados em busca de melhores condições financeiras.
“Trabalhei com montagem de impressoras, fabricação de peças de compressores a ar, ajudante de enfermeiro em hospital e em restaurante. Eu fui para ajudar a minha família”, lembra.
Embora o trabalho para os imigrantes brasileiros seja um tanto árduo, Adriana não se arrepende. “Não me arrependo de nada. Foi uma experiência que, se eu pudesse, faria novamente. Eu amo aquele país que me acolheu. Só voltei porque chega um tempo em que você fica desgastado”.
O químico Américo Okano morou no Japão por cinco anos, entre 1991 a 1995, também durante a crise Collor, o que o fez migrar em busca do “pé de meia”.
“Naquela época havia um índice muito grande de desemprego. Eu fui trabalhar em uma firma de plásticos no Japão que produzia toda a espécie de coisas, desde peças de computador até peças para coração artificial de uso médico”, lembra.
Ele vivia em uma cidade chamada Koga, mas trabalhava em outro município. A empresa funcionava 24 horas e havia um revezamento entre os funcionários. Uma semana o expediente era diurno e na outra, noturno.
“Andava mais ou menos uns dois mil quilômetros a pé até a primeira estação. Pegava um trem e desembarcava em outra estação onde o micro-ônibus da empresa estava aguardando”, lembra o químico.
Foram dias difíceis, segundo ele, mas que acabaram valendo à pena. “Se eu trabalhar a vida inteira aqui, trabalhar mesmo, das 8h às 18h, todos os dias, não vou ganhar o que eu ganharia lá e nem vou trabalhar o quanto eu trabalhei lá”, conta Okano. “Todos os dias eu me perguntava o que estava fazendo lá e por que eu não voltava ao Brasil, com exceção das vezes em que recebia o holerite”.
Campo Grande News
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ONG promove encontro entre imigrantes e suas famílias na fronteira do México

A ONG Rede Fronteiriça promoveu, no sábado (24), o evento “Hugs Not Walls” que permitiu, com autorização e vigilância da imigração, um encontro entre mais de 2,5 mil pessoas, que compõem outras 195 famílias separadas pela fronteira entre o México e EUA. As famílias – constituídas por imigrantes ilegais que vivem nos EUA – tiveram três minutos para se abraçar.
O aguardado encontro ocorreu em pleno Rio Bravo, que divide a mexicana Ciudad Juárez (Chihuahua) e a americana El Paso (Texas), diante do olhar atento da Patrulha de Fronteira.
Depois de 11 anos sem se ver, separadas pela fronteira, a família Pastrana pôde se abraçar. “Foram 11 anos muito longos, não pudemos nos ver, nem nos tocar neste tempo, é um momento inesquecível e aproveitamos para demonstrar o quanto a gente as ama”, disse à AFP Claudia Pastrana, uma mulher de 42 anos, originária de Ciudad Juárez, após abraçar a irmã e a sobrinha que emigraram para o Texas em busca de vida melhor.
Mayra, irmã de Claudia, também disse que o evento, organizado pela ONG Rede Fronteiriça dos Direitos Humanos, “foi algo inesquecível”.
Enquanto isso, a Patrulha de Fronteira vigiava cada movimento a cem metros de distância para que “ninguém vá passar algo na hora dos abraços”, disse Ramiro Cordero, porta-voz da Patrulha de Fronteira do setor de El Paso.
Esta é a quarta vez em que o evento é realizado, mas a segunda após a eleição de Donald Trump à Presidência. Em reiteradas ocasiões, Trump tem demonstrado publicamente seu repúdio à imigração de mexicanos.
“É uma forma de fazer protesto e erguer a voz contra as políticas agressivas do atual presidente (americano), e que separou milhões de famílias”, disse Fernando García, diretor da Rede Fronteiriça.
Após o curto, mas efusivo encontro das Pastranha, Claudia, que foi ao encontro acompanhada do filho e do sobrinho, precisou voltar ao lado mexicano. Dali, agitava os braços em uma longa despedida da irmã, a quem perdia de vista pouco a pouco.
 AcheiUsa
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sábado, 24 de junho de 2017

Haitianas aprendem a confeccionar bolsas em projeto na Grande Florianópolis

A estudante Christele Codet, 24 anos, mostra orgulhosa a bolsa artesanal com faixas laranja e azul. Ela escolheu cuidadosamente as cores e fez à mão a peça. Christele mora há oito meses em Florianópolis, depois de deixar família e amigos em uma cidade litorânea do Haiti em busca de oportunidades. Veio sozinha e divide uma casa com compatriotas na Carvoeira. Trabalha em um restaurante das 17h às 1h, mas também aprende um novo ofício: confeccionar bolsas, a primeira delas é a que exibe com carinho. Nas mãos de Christele e outras seis haitianas, retalhos e outros resíduos têxteis que seriam descartados se transformam em bolsas artesanais. 
Nerlande (E), ao lado de Christele recebem lições de NetoFoto: Marco Favero / Agencia RBS
Elas fazem parte do projeto Très Deyò, que em crioulo, língua falada no Haiti, significa tranças de fora. A iniciativa surgiu de um Trabalho de Conclusão de Curso da acadêmica do curso de Design de Moda da Estácio em São José Taisse Marcos de Souza. O objetivo era desenvolver uma coleção com imigrantes e refugiados. Há pouco mais de um mês começaram os encontros aos domingos no Espaço Cultural Armazém Coletivo Elza, no Sambaqui, para ensinar a usar os teares de pregos. Agora também se reúnem nas sextas pela manhã no ateliê da Estácio para usar as máquinas de costura. As imigrantes, que tinham pouca experiência na área, agora aprendem todo o processo de confecção:  
– No início elas levaram o projeto como um curso, agora vendo os protótipos começam a ver oportunidade de vender essas peças. Eu entendi que o projeto acabou envolvendo várias causas como o empoderamento feminino negro, de migração. E para elas é bacana o fato de elas serem vistas de forma diferente – resume Taisse. 
A coordenadora planeja vender as peças exclusivas em setembro, quando devem finalizar a primeira coleção. A renda ficará com as mulheres que confeccionaram os artigos. Depois o desafio é dar continuidade ao projeto. Para isso precisam de um local para a capacitação das imigrantes e confecção dos itens. Taisse conta que já têm bastante retalhos para a produção e gostaria de começar a confeccionar roupas também. Além disso, precisa de mais infraestrutura para atender outros imigrantes, inclusive homens, interessados em participar. 

A haitiana Nerlande Albert, 32 anos, frequenta os encontros semanais. Tímida e falando poucas palavras em português, explica que revendia roupas no seu país de origem. Agora entende o processo complexo que envolve a confecção de uma peça e se diverte na atividade nova:
– Graças a Taisse é fácil costurar – diz a imigrante, que há sete meses vive na Capital. 
Do outro lado, os envolvidos também aprendem. O acadêmico de Design de Moda Durval Travassos Neto ajuda no projeto dando lições de costura e modelagem, mas garante que também aprende. 
– Esse contato com uma cultura completamente diferente, nós aprendemos muitas coisas. A valorizar o que temos, porque deixar a família e tudo o que tem sem falar a língua eu admiro muito a coragem delas – destaca. 
Para ajudar 
Quem tiver interesse em ajudar ou doar sobras de tecidos pode enviar e-mail para tresdeyo@gmail.com ou acessar a página do projeto.
Nerlande confecciona uma bolsaFoto: Marco Favero / Agencia RBS
Por
Diario Catarinense


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