sexta-feira, 29 de março de 2024

Guia para aprimorar o acolhimento de Refugiados e Migrantes é lançado em São Paulo

 

Nesta quinta-feira (28), foi lançado o “Guia para Acolhimento de Pessoas Refugiadas e Migrantes: Padrões Internacionais e a Experiência do Sistema Único de Assistência Social no Município de São Paulo”, formulado com o objetivo de aprimorar a promoção de políticas públicas de acolhimento.

“O Guia tem a perspectiva de trazer um direcionamento, um alinhamento e um apoio para o trabalho que a gente desenvolve dentro da nossa rede de acolhimento com migrantes e refugiados”, ressaltou a coordenadora de Proteção Social Especial de SMADS, Vanessa Helvécio, durante a fala de abertura.

Fruto da colaboração entre o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) e a Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (SMADS), o Guia representa um esforço conjunto para estabelecer diretrizes objetivas e eficazes para o acolhimento dessas populações.

O representante da ACNUR no Brasil, Davide Torzilli, exaltou o nível do documento. “Fico muito feliz com a qualidade desse Guia. Esse Guia é inovador porque, pela primeira vez, a gente coloca a experiência internacional, alinhada à experiência do SUAS [Sistema Único de Assistência Social]”.

O evento de lançamento teve lugar no Salão Nobre da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo (Praça Ramos de Azevedo, 254). Com o objetivo de proporcionar um espaço adequado para o diálogo e a colaboração entre os diversos atores envolvidos no acolhimento de pessoas refugiadas e migrantes, foi preparada uma mesa temática para ampliar e aprofundar a discussão sobre as necessidades específicas dessas populações no contexto brasileiro. Especialistas, representantes governamentais, organizações da sociedade civil e membros da comunidade foram convidados para debater desafios, compartilhar boas práticas e propor soluções para atendimento mais digno e eficiente.

“Isso é, de verdade, cuidar de gente. É cuidar das pessoas. É o que a Secretaria de Assistência Social tem como pauta para a cidade. Muito obrigada a cada um de vocês que estão aqui para, junto com a gente, participar de uma discussão para que possamos avançar ainda mais na nossa politíca de acolhimento", enalteceu a Chefe de Gabinete de SMADS, Ciça Santos.

Atendimentos na Rede Socioassistencial para imigrantes

A rede socioassistencial da Prefeitura dispõe de cinco serviços de acolhimento que ofertam vagas preferencialmente para imigrantes. São eles: Centro de Acolhida Especial (CAE) para Mulheres Imigrantes, CAE para Família "Ebenezer" – ambos na Penha –, Centro de Acolhida (CA) para Adultos "São Mateus", CA Imigrantes "Bela Vista" e CA Imigrantes "Pari", na região central.

Ao todo, estes serviços dispõem de 690 vagas de acolhimento. Além dos equipamentos específicos para imigrantes, esse público pode utilizar todos os serviços da rede socioassistencial.

Atualmente, há 3.309 imigrantes acolhidos na rede socioassistencial da prefeitura. As três nacionalidades mais acolhidas são a angolana, com 1.725 imigrantes, afegã, com 232, e venezuelana, com 451.

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quinta-feira, 28 de março de 2024

ACNUR divulga estudo sobre recomendações e desafios vivenciados por pessoas refugiadas no Brasil

 

Encontros participativos de escuta e diálogo com pessoas refugiadas no Brasil foram promovidos pelo ACNUR em 15 cidades ao longo de 2023. Foto: Felipe Irnaldo/ACNUR

No segundo semestre de 2023, a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) conduziu processos de escuta e diálogo com pessoas refugiadas sobre diferentes recortes temáticos, como acesso a emprego e renda, assistência social e educação. Chamado de “Diagnóstico Participativo”, o mecanismo de compreensão e análise das principais reivindicações de refugiados e outros deslocados forçados envolveram 218 participantes em todo o Brasil, de 15 cidades localizadas nos estados do Amazonas, Goiás, Pará, Rio de Janeiro, Roraima, São Paulo e no Distrito Federal.

O estudo pode ser acessado na íntegra aqui.

Os principais desafios enfrentados pela população refugiada, bem como as soluções sugeridas, foram agrupados em seis eixos temáticos, identificados como prioritários: i) apoio econômico e assistência social; ii) moradia, água, saneamento e higiene; iii) acesso a emprego e renda; iv) educação; v) unidade familiar; e vi) saúde.

No âmbito do apoio econômico e assistência social, barreira linguística, falta de informações sobre programas sociais e casos de xenofobia em sistemas públicos de atendimento estão entre dificuldades mais citadas por essa população. “Fica claro que dão prioridade (no atendimento público) para os brasileiros. Se for estrangeiro, criam muitas dificuldades e barreiras, solicitam mais documentos do que é exigido e por isso às vezes desistimos”, afirmou um homem durante a realização de uma etapa do processo. 

Na perspectiva da moradia, temas como condições precárias de moradia, infraestrutura inadequada e mesmo insegurança nos bairros foram temas comuns em diferentes localidades. Sobre o tema da empregabilidade, o desafio de inserção nas áreas de formação do país de origem, a alta incidência de trabalho informal e subemprego e a dificuldade de acesso aos programas de microcrédito contextualizam a realidade enfrentada pelas pessoas refugiadas entrevistadas. “O fato de não sabermos como conseguir crédito no Brasil para iniciar os nossos empreendimentos faz com que precisemos emprestar dinheiro de agiotas, o que é perigoso”, disse uma mulher haitiana.  

Já no campo da educação, as barreiras linguísticas, a dificuldade de acesso aos locais de estudo e a evasão associada à violência e discriminação no ambiente educativo são listadas como alguns dos principais desafios existentes.  

De forma transversal às temáticas, as pessoas refugiadas propuseram soluções que destacam a importância do acesso à informação de qualidade, verídica e atualizada, bem como de formações sobre temas diversos que agreguem conhecimentos sobre a realidade brasileira. Elas também enfatizaram a necessidade de mais ações de engajamento do setor privado e do aprimoramento de políticas públicas, com efetiva participação em medidas que impactem diretamente suas vidas no Brasil.

“A realização deste constante processo de diálogo, com escuta ativa e plano prático de encaminhamentos, considera em primeiro plano as opiniões e visões das pessoas refugiadas e em necessidade de proteção internacional, sendo um elemento fundamental para o planejamento dos trabalhos do ACNUR. Seguimos atentos às necessidades dos refugiados no Brasil para a construção de planos e políticas sólidas que facilitem o processo de acolhimento e integração dessa população, conciliando parcerias públicas e privadas para ampliarmos nossas respostas”, afirma o Representante do ACNUR no Brasil, Davide Torzilli. 

Composição da amostra e metodologia 

As pessoas refugiadas participantes do Diagnóstico Participativo de 2023 foram maioritariamente venezuelanas, representando 54% dos respondentes, seguidas por haitianas (21%), afegãos (9%), colombianos (5,5%), cubanos (3,5%) e sírios (1,4%).  

Como forma de contemplar uma amostra diversa de perfis e localidades, porém não representativa estatisticamente da população refugiada no Brasil, adotou-se a abordagem de idade, gênero, e diversidade, assim como se considerou as diferentes nacionalidades e aspectos socioeconômicos. 

Para o desenho dos temas a serem discutidos, primeiramente realizou-se uma revisão das informações existentes sobre as lacunas de proteção e integração enfrentadas por pessoas forçadas a se deslocar de diferentes nacionalidades. Em seguida, foi conduzido um mapeamento das populações refugiadas, a fim de definir quais comunidades e indivíduos participariam do processo de consulta, baseando-se na maior diversidade agregada. A partir disso, foram propostas as agendas de encontro, conforme a disponibilidade das pessoas participantes e dos parceiros do ACNUR. 

Para cada grupo, formado entre seis e 10 pessoas, foram apresentadas 12 temáticas para discussão, na qual deveriam selecionar até quatro assuntos a serem discutidos de forma prioritária, com o apoio de perguntas conduzidas por mediadores do ACNUR ou de organizações parceiras.  

Como complemento ao conteúdo das temáticas, o relatório traz também as experiências das pessoas refugiadas participantes dos encontros com base na idade, gênero e diversidade, destacando segmentos específicos como jovens; mulheres e meninas; populações indígenas; idosos; pessoas LGBTQIA+; e pessoas com deficiência.

Construindo soluções duradouras

No contexto nacional, o diagnóstico sublinhou que barreiras linguísticas e a falta de conhecimento sobre marcos legais e procedimentos prejudicam o acesso dos refugiados à informação e aos seus direitos. Nesse contexto, aprimorar os canais de comunicação, disponibilizando informações em uma linguagem simples e em diversos idiomas, torna-se crucial. 

As limitadas opções para acesso a meios de vida e renda foram identificadas como fatores que dificultam a integração efetiva dos refugiados e migrantes. Esta situação compromete o acesso a direitos e serviços básicos, incluindo moradia digna e alimentação adequada. A escassez de recursos econômicos amplifica os problemas de saúde mental decorrentes da experiência de deslocamento forçado e expõe essas pessoas a uma série de riscos, como a residência em áreas periféricas expostas ao crime organizado e a exploração laboral.

Para enfrentar essas situações, é fundamental apoiar a inserção dos refugiados e migrantes no mercado de trabalho formal, estimular o empreendedorismo e facilitar a revalidação de diplomas. Além disso, o diagnóstico constatou a falta de conhecimento e preparação por parte de funcionários públicos e prestadores de serviços. Nesse sentido, o compartilhamento de informações sobre os direitos dos refugiados e migrantes, aliado à sensibilização e à capacitação destes profissionais, torna-se essencial para superar as barreiras identificadas.

O engajamento em atividades e projetos que promovam a coexistência pacífica entre refugiados, migrantes e a comunidade de acolhida é fundamental para abordar de maneira eficaz os desafios enfrentados por aqueles que necessitam de proteção internacional. 

Por fim, o ACNUR reafirma seu compromisso em apoiar iniciativas conjuntas para superar os desafios apresentados e reconhece a importância da participação dos atores locais, autoridades e sociedade civil para construir soluções duradouras. 

Acnur 

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Entrada de imigrantes no Reino Unido bate novo recorde, pressionando o governo

 

Colete salva-vidas boiando no Canal da ManchaFoto: Getty Images

Mais de 4.600 requerentes de asilo chegaram ao Reino Unido em pequenos barcos até agora em 2024, um total recorde para os primeiros três meses do ano e dando ao primeiro-ministro Rishi Sunak uma nova dor de cabeça política.

Dados provisórios Ministério do Interior, mostraram na quarta-feira (27) que até o dia anterior, 26 de março, 4.644 pessoas foram detectadas chegando através do Canal da Mancha em pequenos barcos, como botes infláveis.

Isso se compara com 3.770 para o mesmo período do ano passado e 4.162 para 2022, o recorde anterior.

Sunak espera que seu esquema principal para deportar para Ruanda aqueles que chegam ao país sem permissão impeça as pessoas de fazer as perigosas travessias do Canal da Mancha. A legislação que visa colocar esse plano em vigor após uma série de contratempos legais deve voltar ao parlamento no próximo mês.

“O número inaceitável de pessoas que continuam a atravessar o Canal demonstra exatamente por que devemos obter voos para Ruanda o mais rápido possível”, disse um porta-voz do governo na semana passada.

“Continuamos a trabalhar em estreita colaboração com a polícia francesa que enfrenta uma onda crescente violência e perturbações nas praias, uma vez que trabalham incansavelmente para evitar estas viagens perigosas, ilegais e desnecessárias.”

Os números anuais totais caíram 36% no ano passado em relação ao total recorde de 2022, o que levou Sunak a afirmar que o governo estava começando a ter sucesso em “parar os barcos”, uma de suas principais prioridades antes de uma eleição esperada para este ano.

Mas o último aumento vai elevar a pressão sobre o primeiro-ministro britânico, cujos conservadores estão bem atrás do Partido Trabalhista da oposição em pesquisas de opinião, tendo a imigração como uma grande preocupação para alguns eleitores.

“Apesar de todas as evidências que indicam o contrário, Rishi Sunak continua dizendo ao povo britânico que as chegadas de pequenos barcos estão diminuindo e sua promessa de parar os barcos continua nos trilhos”, disse Stephen Kinnock, porta-voz do Partido Trabalhista.

cnnbrasil.com.br/

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quarta-feira, 27 de março de 2024

Trabalho infantil cresce como consequência da imigração ilegal nos EUA

 Nos Estados Unidos, um país que muitos consideram um símbolo de oportunidades, a triste realidade do trabalho infantil ainda persiste. Recentemente, um caso chocante na Califórnia expôs a exploração de adolescentes imigrantes em empregos abusivos, desafiando as leis estaduais e federais que proíbem essa prática. Apesar da proibição do trabalho infantil nos Estados Unidos, denúncias de casos como este são cada vez mais comuns.

Adolescentes, alguns com apenas 14 anos, foram encontrados trabalhando por longas horas em uma fábrica de processamento de frangos na Califórnia. Em condições insalubres e de alto risco, esses jovens imigrantes manipulavam equipamentos e realizavam atividades inadequadas para suas idades.

Leopoldo Silva / Agência Senado

Vulnerabilidade e imigração ilegal – Os casos de trabalho infantil têm aumentado significativamente nos últimos anos, com um aumento de 88% desde 2019 em todas as indústrias, de acordo com o Departamento de Trabalho dos Estados Unidos.

De acordo com Daniel Toledo, advogado que atua na área do Direito Internacional, fundador da Toledo e Associados, escritório de advocacia internacional com unidades no Brasil e nos Estados Unidos, os jovens imigrantes da América Latina são os mais vulneráveis a essa forma de exploração. “A imigração ilegal, muitas vezes, os coloca em situações desesperadoras, onde são forçados a aceitar trabalhos perigosos e mal remunerados”, revela.

Para Toledo, a imigração ilegal tem contribuído para a proliferação do trabalho infantil nos Estados Unidos. “Muitas famílias imigrantes, lutando para sobreviver em um novo país, são pressionadas a aceitar empregos com salários muito abaixo do valor de mercado. Isso reduz drasticamente a renda familiar, levando-os a colocar seus filhos para trabalhar, muitas vezes em idade inadequada, para complementar o orçamento doméstico”, lamenta.

Exploração que atravessa fronteiras – O problema do trabalho infantil entre imigrantes nos Estados Unidos não é isolado, refletindo uma realidade global onde a busca por mão de obra barata e a exploração de grupos vulneráveis são toleradas.

O advogado acredita ser imprescindível que o governo americano e a sociedade como um todo encarem esse desafio. “Isso inclui a implementação de políticas mais rigorosas de proteção das fronteiras, visando combater efetivamente a imigração ilegal, apontada como uma das principais causas desse problema. Dessa maneira, será possível reduzir esse quadro vulnerabilidade”, finaliza.

Estudante de Letras, Clara Paixão auxiliou diversos autores conservadores em Recife e Carpina (PE). Amante da Liberdade, Clara entende que são preceitos básicos: direito irrestrito ao projeto de vida do próximo, direito à propriedade privada e livre mercado.

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Um terço das mortes de migrantes ocorre durante fuga de conflitos

 Roupas que se acredita terem sido descartadas por migrantes estão no deserto de Djibuti.

IOM/Eva Sibanda
 
Roupas que se acredita terem sido descartadas por migrantes estão no deserto de Djibuti.

A Organização Internacional para Migrações, OIM, publicou um relatório para marcar os 10 anos do Projeto Migrantes Desaparecidos. O estudo revela tendências alarmantes de mortes e desaparecimentos de migrantes na última década.   

Mais de um terço dos migrantes falecidos cujo país de origem pôde ser identificado vem de países em conflito ou com grandes populações de refugiados, destacando os perigos enfrentados por aqueles que tentam fugir de zonas de conflito sem caminhos seguros.   

Informações incompletas

Entretanto, as informações sobre as identidades dos migrantes desaparecidos são muito incompletas. Entre as principais conclusões do relatório está o alto número de mortes não identificadas. 

Mais de dois terços dos migrantes cujas mortes foram documentadas permanecem sem identificação, o que faz com que as famílias e as comunidades tenham que lidar com a perda ambígua de seus entes queridos. 

Para a OIM, a situação ressalta a necessidade de uma coleta de dados mais bem coordenada e de processos de identificação para que as famílias afetadas possam se recuperar.  Segundo os dados, quase 5,5 mil mulheres morreram em rotas de migração nos últimos 10 anos e o número de crianças identificadas é de quase 3,5 mil. 

63 mil mortes e desaparecimentos

O relatório faz uma retrospectiva da última década, com mais de 63 mil mortes e desaparecimentos documentados durante a migração nesse período - e mais mortes registradas em 2023 do que em qualquer ano anterior. 

Para a OIM, esses números demonstram a necessidade urgente de reforçar as capacidades de busca e resgate, facilitar as rotas de migração seguras e regulares e tomar medidas baseadas em evidências para evitar mais perdas de vidas. A ação também deve incluir “a intensificação da cooperação internacional contra redes inescrupulosas de contrabando e tráfico”. 

Atualmente, o Projeto Migrantes Desaparecidos continua sendo o único banco de dados global de acesso aberto sobre mortes e desaparecimentos de migrantes, compilando informações de fontes abrangentes, incluindo informantes-chave de governos, funcionários da ONU e organizações da sociedade civil.  

Afogamento e subnotificação

De acordo com o relatório, afogamento é a principal causa de morte. Quase 60% das mortes documentadas durante a migração estão ligadas a esta razão, com mais de 27 mil mortes relacionadas somente no Mediterrâneo. 

O relatório enfatiza a necessidade de aprimorar as capacidades de busca e resgate para salvar vidas no mar e ressalta a importância de trabalhar com os governos para facilitar rotas de migração mais seguras.  

O texto aponta a subnotificação de mortes de migrantes e afirma que as mais de 63 mil mortes e desaparecimentos registrados durante a migração na última década provavelmente são apenas uma fração do número real de vidas perdidas em todo o mundo. 

O documento destaca a necessidade de melhorar os esforços de coleta de dados para avaliar com precisão a escala do problema e abordar os desafios mais amplos da migração insegura. 

Há mais de 37 mil mortos para os quais não há informações disponíveis sobre sexo ou idade, o que indica que o número real de mortes de mulheres e crianças é provavelmente muito maior. 

Aumento do número de mortes

Apesar dos compromissos políticos e da atenção da mídia, as mortes de migrantes estão aumentando, com 2023 marcando o maior número anual de mortes já registrado, com mais de 8,5 mil casos.

Até o momento, em 2024, as tendências não são menos alarmantes. Somente no Mediterrâneo, embora as chegadas este ano sejam significativamente menores, cerca de 16 mil, em comparação com o mesmo período em 2023, de mais de 26 mil, o número de mortes é quase tão alto quanto no ano passado.  

Segundo a OIM, um número cada vez maior de iniciativas e instrumentos globais, regionais e nacionais defendem ações para os migrantes desaparecidos. Os dados do Projeto Migrantes Desaparecidos são usados como uma forma de mensurar a meta de migração segura da Agenda 2030. 


Onunews


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sexta-feira, 22 de março de 2024

Aberta a consulta pública de publicação sobre Política de Assistência Social para migrantes

 Foto: R4V/Valmik Mota.

Foto: R4V/Valmik Mota.

A Secretaria Nacional de Assistência Social (SNAS) do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), abriu consulta pública para contribuições ao material “Orientações para a Atenção a Crianças e Adolescentes Migrantes Internacionais e suas Famílias no Âmbito do Sistema Único de Assistência Social (SUAS)”Interessados poderão colaborar, até 5 de abril, com o conteúdo da versão preliminar do material. Questões de formatação e diagramação serão ajustadas na publicação final.

O documento é produto da parceria da SNAS com a OIM, Agência da ONU para as Migrações, e é complementar a publicação “Orientações para o Atendimento a Migrantes Internacionais no Sistema Único de Assistência Social (SUAS)”, que conta com orientações gerais voltadas à qualificação do atendimento a pessoas migrantes. A recomendação é que sejam lidos de forma complementar, ao acessar aqui.

A consulta pública visa permitir a contribuição de gestores, conselheiros, trabalhadores e usuários do SUAS, assim como parceiros e a sociedade em geral acerca do documento. 

O material faz parte da estruturação de estratégias de proteção e inclusão social do público migrante no país. Reúne orientações gerais que podem apoiar gestores e trabalhadores na atenção a esse público, com recomendações específicas acerca da proteção da convivência familiar e comunitária de crianças e adolescentes migrantes e o debate entre diversos atores ao longo do projeto. 

Clique aqui para ter acesso ao documento para consulta.

As contribuições serão recebidas até dia 05/04/2024, enviadas exclusivamente para o e-mail migrantes@mds.gov.br.

gov.br/mds/pt-br

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quinta-feira, 21 de março de 2024

Deputado Túlio Gadêlha é eleito presidente da Comissão Mista sobre Migrações

 deputado túlio gadêlha na comissão de migração

Túlio Gadêlha destacou a importância de pensar políticas públicas para imigrantes

A Comissão Mista Permanente sobre Migrações Internacionais e Refugiados (CMMIR) foi instalada nesta terça-feira (19). Por acordo, a comissão elegeu o deputado Túlio Gadêlha (Rede-PE) para presidente e o senador Paulo Paim (PT-RS) para 1º vice. Com base no ato que regula a comissão, a presidência do colegiado deve ser exercida de forma alternada entre os parlamentares do Senado e da Câmara. Em 2023, a CMMIR foi presidida pela senadora Mara Gabrilli (PSD-SP). Agora, ela vai atuar como relatora da comissão.

Para Túlio Gadêlha, a comissão tem mostrado a importância de superar ideologias para que o cuidado com os imigrantes seja viabilizado. O presidente disse que há muito a avançar e destacou a importância de pensar em políticas públicas para imigrantes adaptadas às realidades de cada estado.

"Que os brasileiros continuem acolhendo bem os imigrantes, mas que também o poder público receba bem aqueles que chegam buscando refúgio no nosso país", pediu o deputado, que foi relator da comissão em 2023.

Já o senador Paulo Paim destacou que, no ano passado, o Brasil registrou 65 mil pessoas reconhecidas como refugiadas. Venezuelanos e cubanos estão entre os que mais buscam refúgio no Brasil. Segundo Paim, a Agência da ONU para Refugiados (Acnur) estima que em 2024 o mundo vai registrar 130 milhões de pessoas refugiadas. Ele ainda destacou que a comissão tem, entre outros objetivos, fiscalizar os direitos dos refugiados que chegam ao Brasil.

A deputada Reginete Bispo (PT-RS) lamentou que a fome tenha se tornado uma arma de guerra, forçando a migração de famílias e povos.

Já a deputada Carol Dartora (PT-PR), que no ano passado foi vice-presidente da CMMIR, disse que a comissão terá o desafio de trabalhar pela efetivação de políticas públicas em favor dos refugiados. "Migrar é um direito humano. Com exceção dos indígenas, aqui no Brasil somos todos migrantes", afirmou.

CMMIR
A CMMIR foi criada em 2019 para acompanhar movimentos migratórios nas fronteiras do Brasil e a situação dos refugiados internacionais dentro do País.

A composição do colegiado é de 12 senadores e 12 deputados federais como membros titulares e mesmo número de suplentes, escolhidos pelo critério da proporcionalidade partidária.

Da Redação
Com informações da Agência Senado

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quarta-feira, 20 de março de 2024

Papa alerta para «via-sacra» dos migrantes na América Latina

 

Foto: Lusa/EPA

Cidade do Vaticano, 20 mar 2024 (Ecclesia) – O Papa alertou para a “via-sacra” dos migrantes na América Latina, mostrando preocupação com a situação na selva de Darién, entre a Colômbia e o Panamá.

“Esta selva, que é um triunfo da natureza, hoje torna-se uma verdadeira via-sacra que não apenas evidencia os limites da gestão migratória no hemisfério ocidental, mas também alimenta um negócio próspero que permite a acumulação de lucros ilícitos do tráfico de pessoas”, denuncia, numa mensagem publicada pela sala de imprensa da Santa Sé.

Francisco dirige-se aos participantes no encontro dos bispos fronteiriços da Colômbia, Costa Rica e Panamá, que decorre de 19 a 22 de março, no Panamá.

O Papa destaca a necessidade de acompanhar as pessoas que vivem “na margem terrestre de um mar de lágrimas e de morte que une homens e mulheres, adultos e crianças das mais diferentes latitudes”.

“A migração nesta região inclui venezuelanos, equatorianos, colombianos, haitianos, que ao longo do caminho estão ligados a grupos de nicaraguenses e outros viajantes da América Central, bem como aos de outros continentes”, precisa.

Nem os perigos representados pelo trânsito e pela chantagem ilegal, nem as crescentes restituições ou barreiras nos países onde esses irmãos e irmãs não são desejados diminuem a atração (real ou ilusória) de satisfazer a necessidade de emprego e melhores condições de vida, ou mesmo de uma esperada reunificação familiar”.

Francisco sublinha que cada refugiado e migrante que deixa a sua terra natal deve interpelar as comunidades católicos.

“Nos nossos povos encontramos, ao mesmo tempo, a fraternidade hospitaleira que acolhe com sensibilidade humana, mas infelizmente também a indiferença que ensanguenta o Darién”, adverte.

O Papa encoraja todos “a trabalhar incansavelmente para que seja possível erradicar essa indiferença”, para que “quando um irmão ou irmã migrante chegar, encontre na Igreja um lugar onde não se sinta julgado, mas acolhido”.

“Reconhecendo-nos também forasteiros, com as nossas próprias vulnerabilidades e necessidades, podemos criar as condições necessárias para acolher o próximo como irmão ou irmã, e assim torná-lo parte do nosso quotidiano”,

agencia.ecclesia.pt/

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terça-feira, 19 de março de 2024

1ª Conferência Municipal Livre para Migrantes, Refugiados e Apátridas será no dia 26

Arte: Comunicação/PMG

A 1ª Conferência Municipal Livre para Migrantes, Refugiados e Apátridas em Guarulhos terá como tema “Refúgio, Migração e Apátridas: Pelo econhecimento Pleno da Cidadania” e será realizada no próximo dia 26, a partir das 13h, no auditório 8 do Adamastor (avenida Monteiro Lobato, 734, Macedo). Mais informações podem ser obtidas pelo telefone (11) 2409-6843.

 

O objetivo do encontro é destacar as principais demandas dessa população e sugerir diretrizes para que o Plano Municipal de Migração possa garantir efetivamente seus direitos.

 

O evento pretende mobilizar atores sociais, políticos e instituições voltadas ao segmento, incluindo pessoas migrantes, refugiadas e apátridas, bem como seus coletivos e associações, profissionais dos serviços de atendimento a esse público, pesquisadores e organizações sociais.

 

A conferência terá seis eixos temáticos: igualdade de tratamento e acesso a serviços públicos; inserção socioeconômica e promoção do trabalho decente; interculturalidade e diversidade; governança e participação social; regularização migratória e documental; enfrentamento a violações de direitos.

 

A iniciativa é coordenada pela Subsecretaria da Igualdade Racial, integrante da Secretaria de Direitos Humanos, que coordena o Comitê Municipal de Políticas para Migrantes, Refugiados e Apátridas.

 



guarulhos.sp.gov.br


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sexta-feira, 15 de março de 2024

Cartilha para Migrantes, Imigrantes e Refugiados é lançada em Americana

 Cartilha para Migrantes, Imigrantes e Refugiados é lançada em Americana

Cartilha para Migrantes, Imigrantes e Refugiados é lançada em Americana

A cartilha para Migrantes, Imigrantes e Refugiados foi lançada em Americana, nesta segunda-feira (19), com o objetivo de facilitar o acesso às informações sobre os serviços e políticas públicas para este público-alvo e profissionais da rede socioassistencial. O lançamento ocorreu no Teatro Municipal Lulu Benencase com a presença de autoridades e representantes dos municípios das regiões metropolitanas de Campinas e Piracicaba.

A cartilha traz informações e orientações sobre a legislação no Brasil, como se registrar, regularização dos documentos, repatriação voluntária, reassentamento e integração local, saúde, educação e direitos ao trabalho decente, tráfico de pessoas, contrabando e trabalho escravo, além de endereços e telefones de contato para atendimentos, apoio, serviços e denúncias.

"Agradeço e parabenizo a todos os envolvidos neste trabalho, pois a união de esforços foi fundamental para a realização desta cartilha. O prefeito Chico Sardelli, desde o início da nossa gestão, junto com a Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos e apoio de todas as secretarias municipais, mantém este olhar para os migrantes, imigrantes e refugiados. Com a parceria de todos, este projeto vai se expandir também para outros municípios. E Americana está à disposição. Eu digo que todos os imigrantes que estão em nossa cidade são cidadãos americanenses", disse o vice-prefeito Odir Demarchi, que representou o prefeito Chico Sardelli no evento.

O conteúdo da cartilha foi produzido pela Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos, por meio do programa de Atenção e Promoção dos Direitos Humanos de Migrantes, Imigrantes e Refugiados (MigraRe), com a participação da Secretaria de Comunicação e Tecnologia de Informação. A publicação do material foi custeada pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) da 15ª Região.

O trabalho ocorreu em parceria com a Rede de Promoção do Trabalho Decente para Imigrantes, composta por representantes dos municípios das regiões metropolitanas de Campinas e Piracicaba, Ministério Público do Trabalho, por meio da Coordenadoria Nacional de Erradicação do Trabalho Escravo e Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas (Conaete), Defensoria Pública da União, Ministério do Trabalho e Emprego, Instituto do Trabalho Decente, Unicamp e ONG Visão Mundial.

"Hoje é um dia muito feliz para a cidade de Americana. Este trabalho vem sendo colocado de forma especial para os imigrantes, numa ação conjunta, priorizando as políticas públicas de atendimento para alcançar este público, proporcionando o acesso aos serviços públicos, a inclusão, para que os imigrantes possam viver com dignidade em nossa cidade", disse a secretária de Assistência Social e Direitos Humanos, Juliani Hellen Munhoz Fernandes.

A coordenadora da Política de Atenção aos Migrantes, Imigrantes e Refugiados e Comitê MigraRe, Marilza de Jesus Morais Silva, também reforçou a importância da cartilha e a distribuição na região. "Será uma ferramenta importante para a inclusão dos imigrantes e para a construção da rede regional. Nessa primeira etapa, foram confeccionadas 13 mil cartilhas em português e, posteriormente, mais 13 mil serão traduzidas nos idiomas Inglês, Francês, Espanhol e Crioulo Haitiano pelo Instituto de Estudos de Linguagem da Unicamp. Serão distribuídas para os municípios e órgãos representativos da sociedade civil que compõem a rede, órgãos públicos e sociedade civil e MPT, que irão distribuir nas capacitações da rede", explicou Marilza.

O vereador Lucas Leoncine enalteceu o pioneirismo da ação em prol dos imigrantes. "O lançamento da cartilha é uma iniciativa pioneira que promove a garantia dos direitos dos imigrantes. Agradeço, em nome dos vereadores, o prefeito Chico, vice Odir, o Ministério Público do Trabalho, todos os participantes, pelo excelente trabalho".

Para o procurador do MPT e coordenador regional do combate ao trabalho escravo, Marcus Vinícius Gonçalves, o lançamento da cartilha já demonstra o trabalho de Americana neste sentido. "A rede nasceu para atuar neste foco, que é fomentar o trabalho decente, uma sinergia de esforços fundamental para alcançarmos os objetivos para a implementação das políticas públicas. O MPT conseguiu recursos de acordos judiciais, entre outros, para poder custear a cartilha, fruto de muitas mãos, para que efetivamente possamos levar aos estrangeiros informações e conhecimento sobre várias questões, retirando-os da situação de vulnerabilidade", afirmou.

O defensor público federal Ricardo Kifer Amorim, representante da Defensoria Pública da União na Comissão Estadual para Erradicação do Trabalho Escravo (Coetrae-SP), destacou o papel da fiscalização no combate ao trabalho escravo. "Ano passado, fiscalizamos 66 cidades, uma medida importante que vem de encontro com o trabalho da assistência social. São ações que integram a população de imigrantes. A Rede do Trabalho Decente é uma iniciativa muito boa e a cartilha é uma ação excelente para que possamos seguir nesta luta e inserir as pessoas que sofreram com o trabalho escravo", argumentou.

O programa MigraRe foi reconhecido pelo superintendente do Ministério do Trabalho e Emprego em São Paulo, Marcus Alves de Mello. "Fiquei muito feliz por tudo que vi aqui em Americana. A iniciativa da criação do programa MigraRe é muito bem-sucedida. O combate à exploração infantil e ao trabalho escravo é o dever de toda a sociedade, assim como a conscientização sobre os direitos dos imigrantes, migrantes, refugiados e de todos os trabalhadores. Precisamos desenvolver uma sociedade justa, humana. Parabenizo Americana pela vanguarda e espero que esta ação se espalhe para todos os municípios".

Também participaram do lançamento os secretários Leon Botão (Comunicação e Tecnologia da Informação) e Rafael de Barros (Desenvolvimento Econômico), a secretária de Desenvolvimento Social de Piracicaba, Euclidia Maria Fioravante, o secretário de Desenvolvimento Social de Capivari, Luiz Antonio Piazza, o gestor de Direitos Humanos da Prefeitura de Campinas, Sergio Max Almeida Prado, o coordenador de Políticas Públicas e Igualdade Racial da Prefeitura de Campinas, Marcelo Rezende, o coordenador estadual de Combate ao Trabalho Análogo ao Escravo, Paulo Roberto Warlet da Silva, a professora doutora Ana Cecília Cossi Biazon, docente do Departamento de Linguística Aplicada do Instituto de Estudos da Linguagem da Unicamp, entre outros convidados.


Ações desenvolvidas

Em 2023, as ações da rede regional avançaram com a agenda mensal de reuniões para a discussão sobre o enfrentamento do trabalho escravo, tráfico de pessoas e capacitação de profissionais.

Com a participação do Instituto de Estudos de Linguagem (IEL) da Unicamp, foi realizado em Americana o primeiro módulo do Curso de Língua Portuguesa para o Acolhimento de Imigrantes, promovido pelas secretarias de Assistência Social e Direitos Humanos e de Educação.

Desde 2022, também foram implementadas as políticas públicas de atendimento e inclusão com a criação do Programa MigraRe. Houve capacitações em conjunto com a Secretaria de Justiça, foi promovida a 1ª Feira de Serviços para Imigrantes e Refugiados, a Inclusão Produtiva e Oportunidades de Trabalho, Interpretação e tradução com parceria do IEL, produzidos materiais orientativos, entre outras ações.

Segundo a diretora de Assistência Social e Direitos Humanos da Prefeitura de Americana, Beatriz Betoli Bezerra, houve um crescimento da população imigrante no município. "Em 2021, eram 436 imigrantes considerando a base de dados do Cadastro Único e, em 2023, 772. Americana é a segunda maior cidade da região de Campinas que recebe imigrantes, a maioria bolivianos, venezuelanos e haitianos. O MigraRe foi uma estratégia do município para atender essa demanda, com o propósito de acolher este público para que consigam se integrar", observou.

As ações buscam a inclusão, interação, inserção no mercado de trabalho e o combate às situações de exploração e violação de direitos.


Texto: Daniela Alves (MTb 23.611)
.americana.sp.gov.br/
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O perigo do cyberbullying para crianças e adolescentes

 

Imagem: Adobe Stock

Hoje, as redes sociais fazem parte da vida da maioria das crianças e adolescentes do mundo todo. Somente no Brasil, cerca de 24 milhões de crianças e adolescentes brasileiros de 9 a 17 anos são usuários de internet – o número representa 92% desse universo populacional. Dos total de usuários, 86% possuem perfis em redes sociais, um recorte de aproximadamente 21 milhões de pessoas.

Com a divulgação de fotos e vídeos, há a prática de bullying, chamada de intimidação sistemática caracterizada por todo ato de violência física ou psicológica, intencional e repetitivo que ocorre sem motivação evidente. Transferida para a internet, ações deste tipo são transformadas em cyberbullying – que pode ser pior que o bullying no ambiente escolar, pois a vítima não pode fugir dele.

A última pesquisa global sobre cyberbullying (agressões registradas na internet) mostrou que o Brasil é o segundo país em que as ofensas em meios digitais são mais frequentes.

De acordo com o levantamento, realizado pelo Instituto Ipsos com 20,8 mil pessoas, 29% dos pais ou responsáveis brasileiros consultados relataram que os filhos já foram vítimas de violência online. Na sondagem anterior, divulgada em 2016, esse índice era de 19%.

Os ataques recebidos pela internet de anônimos e não anônimos podem levar a graves consequências como: depressão, automutilação e em situações mais graves até suicídio.

O caso mais recente no Brasil foi da morte de Jéssica Vitória Canedo, de 22 anos, em Araguari. O caso, que ganhou notoriedade no final do ano passado, revelou a trágica história da jovem após receber ataques nas redes sociais devido a prints sobre um suposto affair com o humorista Whindersson Nunes.

A autora das mensagens difamatórias, uma jovem de 18 anos da cidade de Rio das Ostras, foi identificada e indiciada pelo crime de instigação ao suicídio.

Jéssica tirou a própria vida depois que sites e perfis de fofoca divulgaram a suposta relação. A Polícia revelou, por meio de nota, que “a própria jovem foi a responsável pela divulgação do conteúdo a algumas páginas de fofoca, através de perfis falsos criados por ela em uma rede social. Ela fez toda a montagem e divulgou para as páginas de notícias, esse suposto relacionamento com o humorista Whindersson”, declarou o delegado Felipe Oliveira.

A investigação também revelou que Jéssica recebeu uma mensagem cujo conteúdo a instigava a tirar a própria vida.

Em 2021, outro caso chamou a atenção, a cantora de forró Walkyria Santos perdeu seu filho adolescente e, no Instagram, fez um desabafo forte sobre o possível motivo de ele ter tirado a própria vida. Segundo ela, o jovem de 16 anos sofreu ataques homofóbicos em um vídeo publicado na rede social TikTok, no qual ele e um amigo aparecem brincando como se fossem dar um beijo na boca.

 Crime

Em 15/01 deste ano, foi sancionada a Lei 14.811/2024, que torna mais rígidas as penas para crimes cometidos contra crianças e adolescentes. Dentre as condutas, as práticas de bullying e cyberbullying passam a constar no Código Penal, que agora prevê pena de multa e reclusão para os praticantes.

O texto define ‘bullying’ como intimidação sistemática, individual ou em grupo, mediante violência física ou psicológica, por meio de atos de humilhação ou discriminação ou de ações verbais, morais, sexuais, sociais, psicológicas, físicas, materiais ou virtuais. A lei prevê multa para os autores de bullying, e reclusão de dois a quatro anos, além de multa, para quem cometer o mesmo crime em ambientes virtuais (cyberbullying).

Alerta

Pais e responsáveis precisam ficar em alerta sobre a mudança de comportamento das crianças e adolescentes. Em caso de certeza que a criança ou adolescente está sofrendo cyberbullying, procurar a delegacia de polícia mais próxima e registrar o crime. Não esquecer de tirar print dos comentários. O apoio emocional da família e pessoas próximas é fundamental para a vítima.

observatorio3setor.org.br

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