sábado, 26 de fevereiro de 2022

Agências da ONU se preparam para levar ajuda humanitária à Ucrânia

 A diretora regional do Fundo da ONU para Infância, Unicef, para Europa e Ásia Central afirmou que o conflito na Ucrânia representa uma ameaça à vida e ao bem-estar de 7,5 milhões de crianças do país.

Afshan Khan destacou que o Unicef está levantando US$ 66,4 milhões para fornecer serviços básicos, incluindo água e saneamento, imunização e assistência médica, educação e ensino, além apoio psicossocial e assistência emergencial em dinheiro para os menores ucranianos.

Escola abandonada após ataque em Donetsk, Ucrânia.
Foto: © UNICEF/Ashley Gilbertson
Escola abandonada após ataque em Donetsk, Ucrânia.

Trabalho conjunto

De acordo com ela, a entidade vai trabalhar em conjunto com a Agência da ONU para Refugiados, Acnur, e outras agências para lançar um pedido formal de financiamento e ativar um plano que leve informações e serviços essenciais para famílias.

Afshan Khan ressaltou que o Unicef tem trabalhado nos últimos oito anos no leste da Ucrânia para ampliar os programas dedicados às crianças. Isso inclui o transporte de água potável para áreas afetadas por conflitos, fornecimento de suprimentos de saúde e higiene e educação.

O Fundo possui funcionários em cinco localidades no país além de equipes móveis para oferecer apoio psicossocial a crianças que sofreram traumas. A representante para Europa e Ásia Central diz que o número de vítimas aumentou como resultado da insegurança.

Proteção

Ela adicionou que as demandas devem disparar com a escalada do conflito. Khan explica que, com as evacuações em andamento, será necessário desde produtos de higiene até cobertores, gás e kits de primeiros socorros.

O apelo do Unicef é para proteger as crianças e que a ajuda humanitária tenha acesso seguro e rápido a quem precisa.

O Unicef também pede que as infraestruturas essenciais, incluindo sistemas de água e saneamento, instalações de saúde e escolas, sejam poupados dos ataques.

A ONU colocou US$ 20 milhões do Fundo Central de Resposta de Emergência à disposição dos ucranianos e declarou que vai aumentar as operações humanitárias no país.

Onunews

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MP monitora ações em favor de comunidades de imigrantes, refugiados e apátridas na Capital

 De acordo com os dados apresentados, uma das condições para o recebimento de benefícios dos programas do comitê é que as famílias assegurem a frequência de crianças e adolescentes na escola.


O Ministério Público de Rondônia está acompanhando a execução de políticas públicas para a defesa da cidadania e direitos humanos de comunidades de imigrantes, refugiados e apátridas em Porto Velho. Diante do intenso fluxo imigratório registrado na Capital, o MP tem atuado no monitoramento de ações que assegurem o acesso desse público a saúde, moradia e educação, verificando, em especial, o atendimento a crianças e adolescentes.

Na última quinta-feira (24/2), o Coordenador do Grupo de Atuação Especial Cível (GAECIV), Promotor de Justiça Julian Imthon Farago, esteve reunido com a secretária-adjunta da Secretaria de Assistência Social e Família (Semasf), Joelna Holder, ocasião em que obteve informações a respeito do trabalho realizado pelo Comitê de Atenção ao Imigrante, Refugiado e Apátrida (COMIRAP), instituído no âmbito do Município de Porto Velho.

Na ocasião, foi informado acerca das ações do organismo, que tem implementado medidas como a prestação de auxílio financeiro, disponibilização de moradia e acesso à educação, uma das preocupações do Ministério Público, considerando o grande número de crianças nos grupos familiares.

De acordo com os dados apresentados, uma das condições para o recebimento de benefícios dos programas do comitê é que as famílias assegurem a frequência de crianças e adolescentes na escola. A comunidade, que costuma ocupar espaços públicos da Capital, também têm sido assistida com moradia e apoio financeiro.

O Promotor de Justiça afirma que a atenção do MP à comunidade imigrante e refugiada tem o objetivo de garantir os direitos fundamentais dessas pessoas, assegurando acolhimento, inclusão e cidadania.

COMIRAP – O Comitê de Atenção ao Imigrante, Refugiado e Apátrida é formado por instituições públicas municipais e federais e, ainda, por quatro Organizações da Sociedade Civil. Tem como atribuições promover ações e coordenar as iniciativas de atenção, promoção e defesa dos direitos dos refugiados, imigrantes e apátridas no município de Porto Velho, sendo também responsável pela elaboração, implantação e monitoramento do Plano Municipal de Atenção a esse público, visando facilitar o acesso por parte dos estrangeiros às políticas públicas.

newsrondonia.com.br

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sexta-feira, 25 de fevereiro de 2022

Conseguir emprego é a maior dificuldade de refugiados no Brasil, diz pesquisa


Manifestantes durante ato Justiça Por Moïse, em São PauloSuamy Beydoun/Estadão Conteúdo

 Uma pesquisa realizada pela ONG Estou Refugiado, em parceria com o Instituto Qualibest, aponta que o desemprego ou a dificuldade para encontrar trabalho são os principais problemas enfrentados por 66% dos refugiados no Brasil.

O levantamento entrevistou 503 pessoas, por meio de um questionário enviado aos refugiados, entre os dias 14 de janeiro e 21 de setembro de 2021.

Foram incluídos imigrantes de 18 anos ou mais que vivem no país entre 6 meses e 7 anos, na condição de refugiados, solicitantes de refúgio e residentes temporários ou por tempo indeterminado.

As dificuldades financeiras são justamente a principal razão pela qual essas pessoas deixaram seus países de origem. Quando questionadas sobre o motivo de terem saído de suas nações, 69% citaram problemas econômicos.

Cerca de 35% dos entrevistados estavam desempregados quando responderam ao questionário, enquanto 31% eram assalariados. Dentre o grupo que estava trabalhando, o setor de serviços era o principal responsável pelas contratações.

Mais da metade dos imigrantes que participaram da pesquisa são venezuelanos. Especialmente a partir de 2015, diante da crise social e econômica na Venezuela, o fluxo de cidadãos do país em direção ao Brasil aumentou expressivamente.

Também há representatividade relevante no estudo de angolanos, congoleses, colombianos, sírios e cubanos, além de outros.

Perseguição política

Atrás dos problemas econômicos, a perseguição política em seus países de origem é o segundo motivo que obriga os imigrantes a deixarem suas casas –com 21% dos relatos.

No caso dos congoleses, o percentual dá um salto e atinge os 42%. Recentemente, o caso do jovem Moïse Kabagambe, assassinado no Rio de Janeiro, chocou o país.

Na época do crime, a mãe do congolês relatou ter deixado seu país por medo da violência provocada pela guerra.

Embora a solidariedade do povo brasileiro tenha sido apontada por 62% dos participantes da pesquisa da ONG, 47% do total relataram já ter sofrido discriminação no país, principalmente motivada por suas nacionalidades, de acordo com os próprios entrevistados.

cnnbrasil

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Somos todos migrantes

 Nas histórias dos municípios catarinenses e na própria história catarinense não são poucos os exemplos de gente corajosa que, diante das dificuldades na sua pátria natal, enfrentou as agruras dos navios sem conforto e os riscos dos mares para tentar a vida em outro lugar. Os relatos dos que chegaram primeiro soam assustadores, com aquelas florestas intocadas e aparentemente invencíveis, os animais desconhecidos, a dificuldade para toda e qualquer coisa. Mas também nos chegam cheios daquela força que só a esperança de dias melhores fornece.

O tempo passou, os filhos e netos dos imigrantes já estão completamente integrados à nova pátria, mas esse movimento planetário não para. Nunca parou. Sempre tem gente mal instalada num lugar que espera encontrar, em outro, melhores condições. Às vezes tudo dá muito errado. Como tem sido o caso de centenas de brasileiros que tentam entrar ilegalmente nos Estados Unidos, são presos e depois reenviados para cá. Sem falar em alguns que morreram pelo caminho.

Esta nossa região, que foi colonizada por gente que veio de muito longe, não parou de receber imigrantes (nem de despedir-se de emigrantes que foram tentar a sorte em outros locais). A boa fama que temos, local limpo, seguro, com possibilidades de trabalho e emprego, é, compreensivelmente, um atrativo muito especial num mundo onde explodem crises todos os dias.

A primeira reação de quem esquece (ou nem se preocupou em saber) como seus avós ou bisavós chegaram aqui, é pensar em formas de impedir o acesso “dessa gente de fora”. Felizmente esse pensamento mesquinho não representa a maioria. E muitos compreendem que o fato de alguém ter que sair da sua pátria, da sua cidade, do seu estado, não significa nada. É mais importante valorizar a força de vontade, a esperança de dar dias melhores para sua família, a disposição para trabalhar, estudar e se integrar ao novo local.

A pessoa que conseguiu coragem para enfrentar o desconhecido, merece crédito por ter tido essa iniciativa

Não é difícil encontrar, em muitas cidades catarinenses, haitianos, paraenses, mineiros, cearenses, venezuelanos, argentinos, uruguaios, moçambicanos, guineenses. A origem, assim como a cor da pele e a situação econômica não querem dizer nada. A pessoa que conseguiu coragem para enfrentar o desconhecido, merece crédito por ter tido essa iniciativa. E é claro que muitos dos que mudam de país, estado, cidade, precisam se reinventar, provar que são capazes, conquistar a confiança de seus novos vizinhos e colegas e finalmente poder sentir-se em casa.

O México tem uma tradição secular de hospitalidade. A expressão “mi casa es su casa” (minha casa é sua casa) representa bem o sentimento de quem abre as portas e coração para acolher desconhecidos. Não é fácil, nem sempre é coisa simples, às vezes ocorrem problemas.

Mas é preciso ter sempre em mente que, assim como essas pessoas, pelos mais diversos motivos, chegaram até aqui, daqui a pouco poderemos ser nós, ou nossos filhos, ou nossos netos que, por algum motivo, aportaremos em outro continente, em outro país, em outra cidade, cheios de esperança e dispostos a se reinventar num ambiente novo e desconhecido, ouvindo uma língua desconhecida e tentando se enquadrar nos usos e costumes. O mundo é assim. Os seres humanos são assim.

omunicipio.com.br/editorial

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quinta-feira, 24 de fevereiro de 2022

Polônia prepara 'centros de acolhimento' para refugiados ucranianos

 A Polônia abrirá em breve os primeiros nove "centros de recepção" para refugiados ucranianos, diante da perspectiva de uma onda de pessoas fugindo do ataque russo, anunciou o ministro do Interior polonês nesta quinta-feira (24).

Além disso, o país está preparado para receber "milhares de feridos" se necessário.

Foto: Wojtek RADWANSKI / AFP

"Certamente haverá uma onda de refugiados", disse Mariusz Kaminski à imprensa, garantindo que a Polônia aceitará "tantos quantos houver em nossas fronteiras", mas sem dar uma estimativa.

O ministro apresentou a lista com os nove centros de acolhimento, perto dos principais postos fronteiriços entre os dois países (que compartilham 535 quilômetros de fronteira): em Dorohusk, Dolhobyczow, Zosin, Hrebenne (leste), Korczowa, Medyka, Budomierz, Krościenko e Przemysl (sudeste).

Os refugiados receberão informações, alimentação, descanso e assistência médica, disseram autoridades polonesas.

O Ministério da Saúde indicou que "foram preparados locais para tratar os feridos, se necessário".

"Acreditamos que atualmente seria possível acomodar vários milhares de pacientes. A Polônia tem os estoques necessários de medicamentos", disse o ministério em mensagem enviada à AFP.

Por outro lado, diversos estabelecimentos públicos, eclesiásticos, educacionais e ONGs polonesas afirmaram estar prontos para acolher potenciais refugiados.

O comandante-chefe das forças de segurança fronteiriça, Tomasz Praga, falou nesta quinta-feira de um "aumento (no número) de pessoas que querem atravessar a fronteira nas passagens rodoviárias" entre Polônia e Ucrânia, mas descreveu a situação como "estável ".

“A circulação nas últimas 24 horas nas passagens (da fronteira) foi de 29 mil pessoas nos dois sentidos, com cerca de 15 mil entradas”, acrescentou.

AFP

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Agência da ONU para as Migrações publica monitoramento sobre as condições de vida de venezuelanos em Manaus

  


A OIM, Agência da ONU para as Migrações, publicou nesta semana a Matriz de Monitoramento do Fluxo da População Venezuelana na Região Metropolitana de Manaus, compreendendo a capital e os municípios Presidente Figueiredo e Iranduba, no Norte do País. O levantamento, conhecido como DTM, (da sua sigla em inglês, Displacement Tracking Matrix) mostra que a capital do Amazonas continua sendo uma das cidades brasileiras mais procuradas por refugiados e migrantes venezuelanos.  

Entre os mais de 600 entrevistados venezuelanos, que representam com seus familiares uma amostra de 1.109 pessoas, 73% afirmaram ter Manaus como destino final no Brasil, ou seja, querem fixar residência na capital manauara. Manaus fica a cerca de 700 quilômetros de Boa Vista, capital que mais recebe o fluxo de refugiados e migrantes no Brasil.

O levantamento também aponta que uma das prioridades dos venezuelanos é obter emprego e renda para se sustentar no Brasil e ainda há o desejo de enviar recursos para ajudar familiares que ficaram na Venezuela). O monitoramento também aponta um nível de escolaridade acima do Ensino Médio, Técnico e mesmo Ensino Superior para a maioria (76%).  

A pesquisa mostra que os venezuelanos também sofrem os impactos da pandemia de COVID-19 e outros relacionados à situação de vulnerabilidade. No momento da entrevista, mais da metade dos entrevistados estava desempregada ou trabalhando na informalidade, sendo 56% de mulheres em idade ativa desempregadas. Entre os que têm renda, mais da metade (58%) recebe menos de um salário-mínimo.

COVID-19 - A pandemia causou impactos negativos na vida dos venezuelanos no Brasil. Quase 80% deles tiveram a renda afetada pela crise sanitária, além da piora das condições de trabalho para quase 60% dos entrevistados. No período de pandemia da COVID-19, mais de 40% dos entrevistados responderam ter o acesso a alimento dificultado.

Para a coordenadora do escritório da OIM em Manaus, Jaqueline Almeida, os venezuelanos que estão na cidade têm potencial de se integrar e somar com o crescimento da cidade e municípios vizinhos, mas muitos ainda precisam de apoio. “O DTM aponta ainda um cenário de vulnerabilidade em relação aos entrevistados se avaliarmos que mais da metade recebe menos de um salário-mínimo, e que uma parcela está desempregada ou na informalidade e há aqueles que relatam dificuldades de acessar alimentos diariamente. Por isso nosso apoio às ações dos governos federal e locais para reforçar a integração continua no Amazonas”, disse Almeida.

Resposta - Desde 2019 a OIM mantém atividades permanentes de resposta ao fluxo de venezuelanos em Manaus e municípios vizinhos em apoio às autoridades locais. Atualmente são oferecidas atividades de documentação, saúde, educação, proteção e integração socioeconômica. Só no apoio à documentação são atendidas cerca de 400 pessoas por semana. A OIM também contribui para a estratégia federal de Interiorização, que já apoiou a viagem e a integração de quase 70 mil refugiados e migrantes em cidades de todas as regiões do Brasil para vagas de emprego, abrigamento ou reunião com amigos ou familiares.  

O DTM – a pesquisa tem como objetivo levantar as necessidades da população de refugiados e migrantes venezuelana para auxiliar a tomada de decisões. Desde 2018, a OIM já realizou mais de 10 rodadas do DTM com venezuelanos na Região Norte do Brasil, sobretudo nos municípios de Boa Vista e Pacaraima, no estado de Roraima. Em 2021, foi realizada a DTM nacional sobre a população indígena venezuelana em parceria com o governo federal. Em Manaus, foram duas rodadas, a primeira ocorrida em março de 2020.

As atividades da OIM contam com o apoio financeiro do Escritório de População, Refugiados e Migração (PRM) do Departamento de Estado dos Estados Unidos da América.

brazil.iom.int

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quarta-feira, 23 de fevereiro de 2022

Efeito da pandemia. Migrantes, ciganos e jovens são os mais vulneráveis no mercado de trabalho

 

 Annette Monheim / Global Imagen

Os migrantes, os refugiados, as pessoas ciganas e os jovens são os mais vulneráveis no mercado de trabalho português, aponta um relatório da Cáritas Europa, que destaca o impacto da pandemia de covid-19.

A avaliação sobre Portugal, que foi divulgada esta segunda-feira e integra o relatório anual da Cáritas Europa sobre pobreza (CARES!), salienta que no período que antecedeu a pandemia provocada pela covid-19 a economia portuguesa "tinha uma performance positiva com uma tendência moderada de crescimento", salientando que, segundo dados do Eurostat, entre 2010 e 2020 a "taxa de emprego entre homens e mulheres cresceu e a taxa de desemprego baixou".

No entanto, os dados relativos ao terceiro trimestre de 2020, que refletem os efeitos iniciais da pandemia, "mostram uma rápida e considerável redução na taxa de emprego e um aumento da taxa de desemprego quando comparado com o terceiro trimestre de 2019".

Defende, por isso, que sejam criadas condições para uma economia que apoie os trabalhadores mais vulneráveis, que aumentem as políticas de criação de emprego e o apoio social e que as autoridades portuguesas fomentem a inovação, a requalificação e formação profissionais e implemente medidas de apoio aos mais jovens.

"Além disso, as autoridades precisam de fazer um esforço para aumentar o salário mínimo para assegurar que as pessoas sejam capazes de cobrir os seus custos diários", refere a Cáritas Europa.

Uma segunda recomendação vai no sentido de que seja dada mais atenção aos trabalhadores da área dos cuidados, que "são, na sua maioria, não qualificados, têm salários baixos e trabalham por turnos" e precisam de mais do que um emprego para fazer face às despesas e aos custos de vida, apesar de ter sido um grupo reconhecido como essencial durante a pandemia.

"As autoridades nacionais necessitam de renovar as qualificações profissionais, formação e competências dos trabalhadores da assistência social, e assegurar condições de trabalho mais justas com acesso a benefícios sociais", diz a instituição.

Na opinião da Cáritas Europa, o impacto da pandemia no mercado de trabalho português foi evidente e os efeitos socioeconómicos foram particularmente severos entre as pessoas com níveis de educação mais baixos, entre as quais o risco de desemprego foi mais elevado, mas também entre os jovens, os trabalhadores com mais idade (em particular as mulheres), os migrantes e os trabalhadores da área da assistência social.

.dn.pt

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Rede Interamericana de Defesa de Pessoas em Mobilidade realiza primeira reunião

 


A Defensoria Pública da União (DPU) participou, nessa terça-feira (22), da primeira reunião dos pontos focais da Rede Interamericana de Defesa de Pessoas em Mobilidade. Criada pela Associação Interamericana de Defensorias Públicas (AIDEF) e acompanhada pelo programa EUROsociAL+, da União Europeia, a Rede tem como objetivo permitir a troca de experiências entre defensores públicos e estabelecer um protocolo conjunto de atuação na defesa de pessoas migrantes e refugiadas.

Os representantes da DPU na Rede Interamericana de Defesa de Pessoas em Mobilidade são o defensor público federal João Chaves, integrante do Grupo de Trabalho Migrantes, Apátrida e Refúgio (GTMAR), e Ilana Szabo, coordenadora de Cooperação e Relações Internacionais da Assessoria Internacional (AINT).

A reunião foi realizada para apresentar os pontos focais líderes e demais pontos focais das instituições associadas, esclarecer sobre os procedimentos para solicitação de informações por meio do mecanismo de colaboração implementado pela Rede, criar de boletim de jurisprudências específico sobre migrações e propor a criação de dossiê temático. A DPU, a partir da reunião, ficou responsável pela criação do primeiro boletim de jurisprudência temático da Rede.

RCM/ACAG
Assessoria de Comunicação Social
Defensoria Pública da União

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terça-feira, 22 de fevereiro de 2022

Efeito Moïse: fiscais encontram 264 trabalhadores sem registro na orla do Rio

 

Fiscalização
Cem fiscais percorreram quiosques nas zonas sul e oeste no último sábado

São Paulo – Em ação desencadeada na onda de comoção pelo assassinato de Moïse Kabagambe, há quase um mês, auditores-fiscais encontraram no último sábado (19) 264 trabalhadores sem registro em quiosques na orla do Rio de Janeiro. Batizada de Orla Legal, a operação encontrou 76 deles na Barra da Tijuca (zona oeste e local do crime contra o congolês), 55 no Recreio dos Bandeirantes, também na zona oeste, e 54 na Praia da Reserva, ainda na região da Barra. Além deles, foram encontrados trabalhadores em bairros da zona sul: Copacabana (24), Leblon (23), Leme (22), São Conrado (oito) e Ipanema (dois).

A operação foi deflagrada pela Superintendência Regional do Trabalho no Rio de Janeiro (SRT/RJ, antiga Delegacia Regional), com participação da Polícia Federal. Segundo o Sinait, sindicato nacional dos auditores-fiscais, deve durar até dois meses, quando será feito um diagnóstico das condições de trabalho nos quiosques. Moïse, que trabalhava em um deles, foi morto a pauladas quando, segundo a família, foi cobrar uma dívida por serviços prestados.

“Planejamos a realização de ações fiscais nos 209 quiosques de praias do Leme ao Pontal, com grande efetivo, para que seja eficaz e sustentável”, afirma o chefe da Seção de Fiscalização do Trabalho da SRT fluminense, Diego Folly. “A formalização do vínculo não só corresponde ao cumprimento da legislação, mas também é a porta de entrada para o trabalho digno”, acrescenta. Do Leme ao Pontal é também nome de uma conhecida composição na voz de Tim Maia.

Oportunidades de emprego

Foram aproximadamente 100 auditores-fiscais destacados para percorrer a orla, verificar as condições de trabalho e entrevistar os funcionários. De acordo com a fiscalização, os empregadores foram notificados para apresentar documentos até a próxima quinta (24). Nesse dia, completa-se um mês da morte do congolês.

Os fiscais também encontraram vários migrantes nos quiosques, e muitos sem registros. ““Assim como o congolês Moïse, outros migrantes e refugiados buscam oportunidades de emprego. É importante ressaltar que a Lei de Migração garante o acesso igualitário ao trabalho, sem discriminação da condição migratória. Não há justificativa para a informalidade ou impedimento para que esses trabalhadores sejam contratados”, afirma o chefe da fiscalização.

Brasil de Fato

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Os migrantes também constroem o futuro do mundo

 


Foi divulgado o título da Mensagem do Papa Francisco para o próximo Dia Mundial dedicado aos refugiados e aos que migram em busca de uma nova pátria: deve ser reconhecida e promovida a sua contribuição para o desenvolvimento integral das sociedades, "sem excluir ninguém".

"Construir o futuro com os migrantes e refugiados": este é o título escolhido pelo Papa Francisco para sua Mensagem anual para o 108º Dia Mundial do Migrante e do Refugiado, que será celebrado no domingo, 25 de setembro deste ano.

Segundo um comunicado da Seção Migrantes e Refugiados do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, o tema, anunciado pela Sala de Imprensa da Santa Sé, "pretende evidenciar o compromisso que todos somos chamados a colocar em prática para construir um futuro que responda ao projeto de Deus sem excluir ninguém".

A contribuição dos migrantes para o desenvolvimento de todos

Duas palavras foram sublinhadas pelo dicastério: 'Construir' e 'com'. Segundo o texto, significam “reconhecer e promover a contribuição dos migrantes e refugiados” na construção do futuro “porque só assim será possível construir um mundo que garanta as condições para o desenvolvimento humano integral de todos”. A mensagem do Papa Francisco será dividida em seis subtemas e “aprofundará alguns componentes essenciais da contribuição dos migrantes e refugiados, real e potencial, para o crescimento social, econômico, cultural e espiritual das sociedades e comunidades eclesiais”.

Material informativo e subsídios estão sendo preparados

Para apoiar a preparação da celebração do Dia, a partir do final de março, a seção Migrantes e Refugiados lançará uma campanha de comunicação destinada a promover uma adequada compreensão do tema e subtemas da Mensagem do Papa por meio de subsídios multimídia, material informativo e reflexões teológicas.


Adriana Masotti – Vatican News

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segunda-feira, 21 de fevereiro de 2022

Imigração: o problema e a solução

 

Foto de Paulete Matos.

Há décadas que o tema da imigração está no programa eleitoral e na agenda política de todos os partidos políticos dos países mais desenvolvidos. Ouvimos falar da necessidade de controlar os fluxos, ora para proteger os autóctones do desemprego, ora para se poder receber decentemente os estrangeiros legalizados, pois os países mais ricos não podiam “acolher toda a miséria do mundo”. Ouvimos falar na necessidade de estabelecer quotas que controlassem a importação de trabalhadores estrangeiros e fizessem frente à ameaçadora “invasão” em curso. Construiu-se a fortaleza Schengen, reforçou-se o policiamento nas fronteiras e nas ruas, expulsou-se muitos dos que não tinham documentos, por vezes em acções colectivas, fretando aviões. E tolerou-se a presença de muitos outros que, embora indocumentados, fazem parte de uma outra quota, a dos “clandestinos”.

Hoje, o discurso dominante deixou de lado o alarmismo, perante a evidente falta de mão-de-obra em inúmeros sectores da economia e da sociedade, desde as indústrias pesqueira, agrícola ou da construção até aos profissionais da saúde e dos serviços domésticos, perante o envelhecimento da população e o deficit da segurança social. No passado dia 18 de dezembro, dia internacional dos migrantes, as intervenções públicas nas instâncias do poder difundiram uma mensagem optimista e serena do papel dos imigrantes na sociedade. Em Portugal, o presidente da República referiu-se aos “que têm chegado e ajudado a construir uma sociedade mais jovem, diversa e plural", “os imigrantes que nos procuram e aqui encontram uma nova vida, contribuindo para o desenvolvimento e bem-estar do nosso país". A comissária europeia do Interior, Ylva Johansson, proclamou que a imigração é “uma solução e não um problema”: "As pessoas vêm para aqui para viver, trabalhar, amar. Os factos mostram que a migração funciona.” E, já em 2019, António Costa anunciava o fim das quotas de trabalhadores estrangeiros e a abertura à imigração, “tão velha como a humanidade”. Vivemos no melhor dos mundos possíveis: afinal, a imigração enriquece o país, contribui para o aumento da natalidade e rejuvenesce a sociedade.

Estes discursos não escondem, todavia, a continuidade de uma política restritiva à entrada na Europa de estrangeiros extra-comunitários. A receita que existe hoje em Portugal, por exemplo, é a da combinação de um contingente de imigrantes em situação legalizada coexistindo com outros tantos a quem não se reconhece o direito de viver e trabalhar no país. Esses são obrigados a viver na clandestinidade, tornam-se invisíveis, apenas existindo para quem os explora. Essa é a receita para colocar à disposição dos empresários a escolha entre uma mão-de-obra barata com alguns direitos e uma mão-de-obra quase gratuita – quando não escrava, como se tem visto no sector da agricultura no Alentejo e no Algarve -, vulnerável, desumanizada e descartável. Para a “economia”, esta massa de imigrantes à margem da sociedade, fora do seu olhar e do dos sindicatos, invisível para os tribunais e para os inspectores das condições de trabalho, pode ser a solução; para nós, ela é um problema.

Desde o anúncio da “guerra ao terror” decretada por Bush após o ataque às Torres Gémeas e ao Pentágono em setembro de 2001, o controlo da imigração passou a ser visto também como uma questão de segurança. Em 2004, a União Europeia cria a Frontex, que começa a sua missão de guarda-fronteiras com um orçamento de pouco mais de seis milhões de euros e prevê para 2022 um orçamento de quase 758 milhões de euros. A verba destinada às deportações de migrantes passou de 80 mil euros em 2005 para 63 milhões em 2019. São números que só por si espelham a reacção da União Europeia à chegada massiva de migrantes às suas portas e a importância que a repressão tem nessa política.

A imigração, tal como a vivemos, é efectivamente um problema político e só não o seria se ela fosse encarada e vivida como uma consequência natural de um direito generalizado à livre circulação das pessoas. Mas a mobilidade humana não é encarada como um direito universal; a livre circulação está limitada aos cidadãos do espaço Schengen dentro desse espaço e para o resto do planeta; ela é de sentido único. No sentido contrário, confrontamo-nos com os muros de betão ou de arame farpado, as polícias e os drones de vigilância ou os centros de detenção.

O escritor indiano Suketu Mehta formulou melhor do que ninguém a essência dos fluxos migratórios com a sua famosa expressão “nós estamos aqui porque vocês estiveram lá”. Esta frase será tão acertada na boca de uma pessoa oriunda de alguma ex-colónia que vem procurar trabalho numa antiga metrópole, em Inglaterra, em França ou em Portugal, como na de qualquer migrante que chega numa lancha à Sicília ou que espera por uma oportunidade de passagem junto aos muros da Europa central ou em Pas-de-Calais, à beira da Mancha.

A questão da emigração também tem de ser vista de outro ângulo: as fugas massivas de populações são fenómenos forçados pelas guerras e a pilhagem imperialistas. A ocupação do Afeganistão em 2001, que perdurou durante vinte anos, e sobretudo a invasão do Iraque em 2003, à qual se seguiu uma ocupação mortífera liderada pelos Estados Unidos e o Reino Unido, foram o início de um desastre humano sem fim à vista. A destruição e a pilhagem provocadas pelas políticas imperialistas de que Portugal também foi cúmplice activo semearam o terror e uma pobreza extrema no seio das populações civis. Em 2007, estimava-se em mais de quatro milhões o número de refugiados iraquianos no mundo. Com o fim da guerra do Iraque, o Islão político e fundamentalista tornou-se um movimento de massas que agravou a situação de miséria e repressão. O djihadismo actua hoje em todos os países onde os Estados Unidos, apoiados pelos restantes países imperialistas, interveio militarmente. Afeganistão, Iraque, Somália, Iémen, Líbia e Paquistão são hoje sociedades devastadas pela fome, doenças, desemprego, medo e insegurança; sociedades onde simplesmente viver se tornou impossível.

A catástrofe humanitária que assola estas vastas regiões do mundo provocou o êxodo de milhões de pessoas e uma (pequena) parte delas consegue chegar às portas da Europa, onde o seu destino é decidido entre a obtenção de um estatuto de refugiado, a deportação para países subcontratados pela UE como a Líbia ou a Turquia, ou ainda a permanência por tempo indeterminado em campos de concentração sobrelotados onde as condições de vida não são muito diferentes daquelas que deixaram para trás. Segundo dados do Alto-comissariado da ONU para os refugiados, os requerentes de asilo eram quatro milhões em 2020 (sobre cerca de 84 milhões de refugiados e deslocados). A União Europeia afirma não poder acolher tanta gente, mas segundo a mesma fonte, 86% dos refugiados deslocam-se para os países vizinhos com economias pouco desenvolvidas; só o Médio Oriente acolhe um terço dos refugiados no mundo. A Alemanha, o país europeu com mais refugiados no seu território, tem na verdade menos de metade dos refugiados que vivem na Turquia, um país com um número de habitantes semelhante.

Fará sentido discutir sobre quem é imigrante, quem é migrante, quem é refugiado ou quem é falso requerente de asilo? E quais e quantos deles têm direito de procurar sustento e segurança nos países que os saquearam? Os passadores e traficantes de seres humanos são hoje apontados como únicos ou principais responsáveis das mortes trágicas no Mediterrâneo, da tortura nos campos de refugiados da Líbia ou das condições desumanas dos refugiados ao longo dos muros erguidos pelo mundo fora, mas todos sabemos que as causas principais desta catástrofe humana são as guerras e ocupações militares que devastam países para melhor espoliá-los das suas riquezas. Esse é o problema da imigração, que continuará a existir enquanto a rapacidade das grandes companhias capitalistas continuar a destruir vidas e futuro nos países periféricos.

Esquerda.net

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Em amistoso com refugiados, Vasco recebe família de Moïse e lança manifesto de defesa de imigrantes

 


O Vasco promoveu neste domingo, em São Januário um amistoso entre uma seleção de refugiados e uma seleção de brasileiros. A partida foi em homenagem ao congolês Moïse Kabagambe, assassinado no Rio de Janeiro no mês passado. A família dele esteve presente.

Os dois times entraram no campo de São Januário com faixas e nas camisas a hashtag #JustiçaPorMoise. A família de Moïse entrou em campo e fez um tour pelo estádio, onde conheceu a história do Vasco na luta contra o racismo e o preconceito.




“MANIFESTO EM DEFESA DOS IMIGRANTES E REFUGIADOS


As migrações são tão antigas quanto a humanidade. Desde os primórdios, pessoas se

movimentam entre regiões, países e continentes, com diferentes motivações, ambições e dores particulares, buscando vidas melhores, estabilidade ou, tão simplesmente, resguardar suas vidas e a dos seus familiares.

As migrações sempre contribuíram para o avanço da humanidade. O enriquecimento cultural e a economia são diretamente beneficiados pelas movimentações populacionais, e o Club de Regatas Vasco da Gama é testemunha de tal realidade

Criado em 1898, o Vasco era tido como um clube de colônia – com orgulho. Portugueses

radicados no Rio de Janeiro, orgulhosos de suas tradições, fundaram um clube que refletia

sua própria identidade: profundamente portugueses e não menos brasileiros. O Vasco é um clube que reflete as migrações e o sonho por uma vida melhor.

Os fundadores do Vasco da Gama não tiveram vida fácil. Taxados de estrangeiros pelas elites

da época, como o diferente a ser afastado, o Vasco não recuou e trouxe para si outra bandeira histórica: a da luta contra o racismo. O clube pioneiro na inclusão de negros e trabalhadores em competições futebolísticas de alto nível no Rio de Janeiro já conhecia os caminhos da luta contra o preconceito. Luta-se contra o racismo com iniciativas de inclusão. É a mesma fórmula do combate à xenofobia, em favor de migrantes e refugiados de todo o mundo.

Vasco da Gama se solidariza com todas as vítimas de racismo e xenofobia, e se insurge

contra esses crimes. Casos como os de Moïse Kabagambe calam fundo na alma dos vascaínos e são ilustrativos das condições enfrentadas por pessoas que desejam oportunidades de vidas melhores e mais seguras.

Se o esporte é um espaço de mudança da sociedade, o combate ao racismo e à xenofobia

   devem estar entre as prioridades de um clube que se orgulha de seu histórico de responsabilidades diante do mundo que o cerca. O Vasco da Gama convida a todos para uma reflexão e para que juntos possamos erradicar essas mazelas que envergonham nosso país.


Rio de Janeiro, 20 de fevereiro de 2022.


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