segunda-feira, 30 de junho de 2025

Paraná Atrai Quase 400 Mil Migrantes e Consolida-se como Polo de Diversidade no Brasil

 


O Paraná se destaca no cenário nacional como um importante destino para migrantes. Entre 2017 e 2022, o estado recebeu 377.237 pessoas vindas de outros estados brasileiros e de diversos países, de acordo com dados do Censo Demográfico 2022, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Esse fluxo migratório impulsiona o crescimento populacional e a diversidade cultural do estado.

Além do grande número de migrantes, o Paraná também se destaca pelo número de naturalizações. No período analisado, 32.394 estrangeiros se tornaram cidadãos brasileiros e escolheram o estado como seu novo lar. Esse número consolida o Paraná como o segundo estado com mais naturalizações no Brasil, demonstrando a receptividade e as oportunidades que o estado oferece aos imigrantes.

O fluxo migratório interno também é significativo. O Paraná registrou um saldo positivo de 85.045 pessoas, resultado da diferença entre os 327.943 migrantes que chegaram de outras unidades da federação e os 242.898 paranaenses que se mudaram para outros estados. “Esse saldo migratório positivo demonstra a capacidade do Paraná de atrair e reter talentos de diferentes regiões do país”, avalia um especialista em demografia.

Entre os migrantes internos, São Paulo (105.546), Santa Catarina (55.870), Rio Grande do Sul (16.713), Mato Grosso do Sul (15.956) e Rio de Janeiro (15.064) foram os principais estados de origem. Já os paranaenses que deixaram o estado buscaram principalmente Santa Catarina (96.110) e São Paulo (61.568).

No que se refere à migração internacional, 49.294 estrangeiros com cinco anos ou mais de idade passaram a viver no Paraná, vindos diretamente de outros países. A América Latina é a principal região de origem, com destaque para venezuelanos (22.125), paraguaios (7.709) e haitianos (3.971). O estado contabiliza imigrantes de 71 nacionalidades distintas, refletindo a sua crescente diversidade cultural e o seu papel como importante porta de entrada para o Brasil.

 

Fonte: http://cbncuritiba.com.br

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‘Migrante não vem tirar o espaço de ninguém, só quer ser tratado como ser humano’, diz padre em SC

 

Religioso integra um grupo de trabalho do Ministério Público do Trabalho (MPT) sobre condições análogas à escravidão - Reprodução/Scalabrinianos

No Dia Nacional do Imigrante, celebrado nesta terça-feira (25), o padre Gabriel Battistella, coordenador da Pastoral do Migrante – Missão Scalabrini, em Santa Catarina, afirma que o Brasil ainda tem um longo caminho para se tornar um país verdadeiramente acolhedor para quem chega de fora. Segundo ele, embora o país seja visto como um destino seguro por migrantes, a realidade encontrada após a chegada é marcada por obstáculos como xenofobia, dificuldades de regularização e exploração no mercado de trabalho.

“Tem-se a possibilidade de se desenvolver aqui”, afirma o padre, em entrevista ao Conexão BdF, da Rádio Brasil de Fato. “Mas não é somente passar uma fronteira que tudo vai ser realizado”, pondera. Um dos pontos mais críticos, segundo Battistella, é a oferta de empregos degradantes a migrantes, especialmente em frigoríficos do oeste catarinense.

“Muitos trabalhos que acabam sendo oferecidos para os migrantes são trabalhos que os autóctones locais não têm mais interesse”, relata. “Infelizmente, com um trabalho bastante desgastante […] às vezes a família acaba nem podendo se encontrar, porque está em turnos de trabalho diferentes”, conta.

O padre integra um grupo de trabalho do Ministério Público do Trabalho (MPT) sobre condições análogas à escravidão. Ele aponta que a burocracia na documentação e no reconhecimento de diplomas também contribui para a vulnerabilidade. “Nós temos muitos profissionais da área da saúde que trabalham em frigoríficos, trabalham em vendas de shoppings, por essa dificuldade”, revela.

“Muitos trabalhos que acabam sendo oferecidos para os migrantes são trabalhos que os autóctones locais não têm mais interesse”, relata. “Infelizmente, com um trabalho bastante desgastante […] às vezes a família acaba nem podendo se encontrar, porque está em turnos de trabalho diferentes”, conta.

O padre integra um grupo de trabalho do Ministério Público do Trabalho (MPT) sobre condições análogas à escravidão. Ele aponta que a burocracia na documentação e no reconhecimento de diplomas também contribui para a vulnerabilidade. “Nós temos muitos profissionais da área da saúde que trabalham em frigoríficos, trabalham em vendas de shoppings, por essa dificuldade”, revela.

O religioso também critica o preconceito contra migrantes do Sul Global. “Às vezes gostamos da música, da culinária, da dança, das cores. Mas não gostamos da pessoa. A pessoa incomoda. […] O preconceito é o espelho da pobreza da pessoa. Essa pobreza de espírito e intelectual, essa mesquinhez humana”, lamenta.

Encerrando o mês do migrante, a Pastoral promove no dia 29 de junho a Festa da Partilha, em Florianópolis, com celebração em espanhol, almoço coletivo e uma festa intercultural. Mais informações podem ser acessadas no site da organização. “Convidamos cada nacionalidade para vir com seus trajes típicos e também, se possível, trazer um prato típico da sua cultura. E nós, brasileiros, estaremos integrando essa festa com a nossa tradicional festa junina”, anuncia.

Editado por: Thalita Pires

brasildefato.com.br/

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sexta-feira, 27 de junho de 2025

Com 12 mil alunos estrangeiros, Prefeitura realiza série de ações ações para para valorizar a diversidade cultural e promover a inclusão nas escolas

 A Rede Municipal de Ensino da cidade de São Paulo conta com cerca de 12 mil estudantes migrantes de mais de 100 nacionalidades. Para valorizar a diversidade cultural e promover a inclusão, a Secretaria Municipal de Educação (SME) elaborou propostas e materiais pedagógicos para as escolas trabalharem a temática durante o mês de junho.



Crédito: Freepik

A Rede Municipal atende estudantes migrantes de mais de 100 nacionalidades, com maior presença de bolivianos, venezuelanos e angolanos, além de afegãos, haitianos, paraguaios, peruanos, argentinos, colombianos, nigerianos e cubanos. Os cadernos “Leituraço: Junho Migrante” e “Caderno de orientações Junho Migrante” estão disponíveis de forma digital e reforçam a importância de integrar os saberes e experiências dessas nacionalidades.
As iniciativas seguem as propostas do Currículo da Cidade com o documento “Povos Migrantes: orientações pedagógicas ”. O título apresenta diversas reflexões sobre os fluxos migratórios contemporâneos, a presença migrante na cidade de São Paulo e nas Unidades Educacionais.
O núcleo de Educação para as Relações Étnico-Raciais (NEER), lançou o Caderno de Orientação: Junho Migrante. O material, pensado para todas as Unidades Educacionais, oferece subsídios pedagógicos e relatos de práticas para que escolas e professores trabalhem a valorização da cultura migrante.
O Leituraço é uma iniciativa da Sala e Espaço de Leitura da Coordenadoria Pedagógica da SME e apresenta diferentes propostas temáticas ao longo do ano.
As ações propostas nos cadernos estão alinhadas com os princípios de equidade, educação integral e inclusiva do Currículo da Cidade de São Paulo. O objetivo é que as discussões sobre migração não se restrinjam ao mês de junho, mas sejam trabalhadas ao longo de todo o ano letivo. Os cadernos podem ser baixados no site da prefeitura.

https://gruposulnews.com.br/

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Censo 2022: número de imigrantes volta a crescer pela primeira vez desde 1960

 Editoria: IBGE | Vinícius Britto | Arte: Claudia Ferreira

27/06/2025 10h00 | Atualizado em 27/06/2025 10h00

  • Entre 2010 e 2022, houve forte crescimento dos residentes naturais de países estrangeiros, sendo que o total passou de 592 mil para 1,0 milhão de pessoas, o que representou um aumento de 70,3% no período.
  • Esse fenômeno reflete uma mudança na tendência observada nas décadas anteriores, visto que desde o Censo de 1960, o país vinha apresentando uma redução do número de estrangeiros e naturalizados brasileiros. É o maior número total desde 1980, quando o Censo registrou 1,1 milhões de estrangeiros.
  • Também houve mudança em relação ao local de origem dessas pessoas. A população de estrangeiros e naturalizados brasileiros nascidos na América Latina saltou de 183 mil em 2010 para 646 mil em 2022, com grande influência dos imigrantes nascidos na Venezuela (272 mil), ao passo que entre os europeus, houve uma redução de 263 mil para 203 mil no mesmo período.
  • Entre os estrangeiros e naturalizados residindo no Brasil em 2022, 460 mil imigraram até 2012, 151 mil entre 2013 e 2017 e outros 399 mil entre 2018 e 2022, evidenciando que o fluxo mais recente já é responsável pela maior parte das pessoas nascidas no exterior residindo no Brasil.
  • Em relação ao quesito de data fixa, que investiga onde os imigrantes internacionais residiam cinco anos antes da pesquisa censitária, a comparação entre Censos indica um aumento expressivo no fluxo imigratório internacional, pois no quinquênio anterior ao Censo 2010 o fluxo foi de 268 mil imigrantes, enquanto no Censo 2022, 457 mil pessoas.
  • Observou-se mudança significativa na composição dos fluxos migratórios internacionais para o Brasil, marcada pelo expressivo crescimento da imigração venezuelana, que saltou de 2 mil indivíduos para 199 mil, consolidando a Venezuela como a principal origem de imigrantes no país.
  • Ao longo da última década observou-se crescimento intenso na proporção de imigrantes oriundos da América Latina, que passaram de 27,3% em 2010 para 72,0% em 2022.
  • Esse aumento ocorre simultaneamente à redução da participação de fluxos provenientes da Europa (29,9% para 12,2%) e do Norte da América (20,4% para 7,0%).
A população de estrangeiros nascidos na América Latina saltou de 2010 para 2022, com grande influência de imigrantes venezuelanos - Foto: Marcelo Camargo/Agêcia Brasil

Dados do Censo Demográfico 2022 mostram que entre 2010 e 2022, houve forte crescimento dos residentes naturais de países estrangeiros no Brasil, sendo que o total passou de 592 mil para 1,0 milhão de pessoas, um aumento de 70,3% no período. Esse fenômeno reflete uma mudança na tendência observada nas décadas anteriores, visto que desde o Censo de 1960, o país vinha apresentando uma redução do número de estrangeiros e naturalizados brasileiros.

Também houve mudança em relação ao local de origem dessas pessoas. A população de estrangeiros e naturalizados brasileiros nascidos na América Latina saltou de 183 mil em 2010 para 646 mil em 2022, com grande influência dos imigrantes nascidos na Venezuela (272 mil), ao passo que entre os europeus, houve uma redução de 263 mil para 203 mil no mesmo período.

As informações fazem parte do Censo Demográfico 2022: Fecundidade e migração: Resultados preliminares da amostra, divulgado hoje (27) pelo IBGE. O evento de apresentação dos resultados ocorrerá no Auditório do Instituto de Química (IQ) da Universidade de Brasília (UNB), campus universitário Darcy Ribeiro, e contará, também, com transmissão ao vivo pelo IBGE Digital e pelas redes sociais do Instituto.

Os resultados poderão ser acessados no portal do IBGE e em plataformas como o SIDRA e o Panorama do Censo, sendo que nesse último poderão ser visualizados, também, por meio de mapas interativos. Veja também as notícias sobre migração interna e fecundidade.

“Em 2010, os nascidos em Portugal era o grupo mais numeroso nesse segmento da população, dando lugar, em 2022, aos nascidos na Venezuela, tendo o país europeu passado ao posto de segunda maior naturalidade estrangeira no Brasil. Houve também um importante aumento dos naturais de outros países da América Latina, e por outro lado, uma redução dos nascidos na Europa de um modo geral”, destaca Marcio Minamiguchi, gerente de Estimativas e Projeções de População do IBGE.

Outro dado que confirma um movimento mais recente de imigrantes é a análise segundo ano em que fixaram residência no Brasil. Entre o 1,0 milhão de estrangeiros e naturalizados residindo no Brasil em 2022, 460 mil imigraram até 2012, 151 mil entre 2013 e 2017 e outros 399 mil entre 2018 e 2022, evidenciando que esse o fluxo mais recente já é responsável pela maior parte das pessoas nascidas no exterior residindo no Brasil.

Entre Censos, imigração venezuelana salta de 2 mil para 198 mil pessoas

Em relação ao quesito de data fixa, que investiga onde os imigrantes internacionais residiam cinco anos antes da pesquisa censitária, a comparação entre Censos indica um aumento expressivo no fluxo imigratório internacional, pois no quinquênio anterior ao Censo 2010 o fluxo foi de 268 mil imigrantes, enquanto no Censo 2022, 457 mil pessoas.

Observou-se mudança significativa na composição dos fluxos migratórios internacionais para o Brasil, marcada pelo expressivo crescimento da imigração venezuelana, que saltou de 2 mil indivíduos para 199 mil, no período de 5 anos anteriores aos censos de 2010 e 2022, respectivamente, consolidando a Venezuela como a principal origem de imigrantes no país.

De forma geral, ao longo da última década observou-se crescimento intenso na proporção de imigrantes oriundos da América Latina, que passaram de 27,3% em 2010 para 72,0% em 2022.

“Embora o crescimento da região tenha sido impulsionado sobretudo pela imigração a partir da Venezuela, outros países como Bolívia, Haiti, Paraguai, Argentina e Colômbia também se destacam como importantes países de origem dos fluxos de migração internacional no Brasil”, analisa Minamiguchi.

Esse aumento ocorre simultaneamente à redução da participação de fluxos provenientes da Europa (29,9% para 12,2%) e do Norte da América (20,4% para 7,0%).

O gerente explica que esses contingentes demonstram uma retração expressiva tanto em termos relativos quanto absoluto e destaca que os fluxos advindos do chamado Norte Global são caracterizados pelo de retorno de brasileiros que residiam no exterior, ao contrário dos países do Sul, que são em sua maioria, pessoas estrangeiras;

“Como no Censo 2010 os Estados Unidos da América, Japão e Europa somados respondiam pela maior parte dos fluxos à época, e são localidades em que o perfil do migrante é de brasileiro retornado, os fluxos migratórios internacionais não compensavam o efeito da mortalidade das gerações de estrangeiros que imigraram para o Brasil no passado. Em 2022 observamos a inversão dessa tendência histórica que era observada desde o censo 1960”, completa.

Mais sobre a pesquisa

O levantamento aprofunda a caracterização da população brasileira, através das informações coletadas no bloco de quesitos relativos aos temas Fecundidade e Migração, do Questionário da Amostra do Censo Demográfico 2022.

Os dados de Fecundidade estão desagregados por cor ou raça, nível de instrução, grupos de idade e religião das mulheres, para Brasil e Unidades da Federação. Já os dados de migração estão detalhados por local de nascimento, de residência anterior e tempo de moradia no município, além de informações da imigração internacional, para os recortes Brasil, Grandes Regiões, Unidades da Federação e Municípios.

Editoria: IBGE | Vinícius Britto | Arte: Claudia Ferreira

agenciadenoticias.ibge.gov.br

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sábado, 21 de junho de 2025

Entenda o que é ser refugiado e quais são seus direitos no Brasil

 


Criada pela ONU, a data de 20 de junho — Dia Mundial do Refugiado — homenageia a força e a coragem das pessoas que deixaram seus lares. Mas você sabe qual a diferença entre refugiado, asilado e imigrante?

Apesar de todas essas pessoas estarem longe de seu país de origem, os motivos que as levaram a migrar — e os direitos que têm — são diferentes.

Imigrante é quem sai voluntariamente do seu país em busca de melhores condições de vida. Pode vir para estudar, trabalhar, investir ou se reunir com a família. O Brasil permite a entrada de imigrantes com autorização de residência ou diferentes tipos de visto, como temporário, de trabalho ou estudo.

Asilado político é quem foge por perseguição política. O pedido de asilo pode ser feito dentro do Brasil ou em embaixadas brasileiras em outros países. A concessão depende exclusivamente do governo brasileiro, mesmo que a perseguição seja comprovada.

Já o refugiado é quem escapa de perseguições mais amplas, como por motivos de religião, etnia, nacionalidade, guerras ou convicções políticas. O refúgio está previsto em tratados internacionais, e o Brasil tem o dever de proteger quem corre risco.

Refugiados no Brasil: como funciona o acolhimento

Para pedir refúgio no Brasil, a pessoa precisa estar em território nacional ou em alguma fronteira. O pedido é feito junto à Polícia Federal, onde se preenche um termo de solicitação e recebe um protocolo provisório.

Esse documento é válido por um ano e pode ser renovado enquanto o processo estiver em andamento. Ele já garante o direito de trabalhar, estudar e acessar os serviços públicos.

Caso o pedido seja aceito pelo Comitê Nacional para os Refugiados (Conare), o solicitante recebe a Carteira de Registro Nacional Migratório, com validade indeterminada. Se for negado, há a possibilidade de recorrer

Em 2024, o Brasil bateu recorde de solicitações de reconhecimento da condição de refugiado.

Dados divulgados pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) mostram que foram registradas 68.159 mil novas solicitações de reconhecimento da condição de refugiado no Brasil – um aumento de 16,3% em relação a 2023.

Também no último ano, outras 13.632 pessoas foram reconhecidas como refugiadas pelo Comitê Nacional para os Refugiados (Conare).

Refugiados no Amazonas

No dia 17 de junho deste ano, a ACNUR (Agência da ONU para Refugiados) lançou oficialmente o Hub Amazonas do Fórum Empresas com Refugiados, o primeiro instalado no Brasil.

A iniciativa tem como objetivo promover a inclusão de pessoas refugiadas no mercado de trabalho, por meio da articulação entre empresas, governo e sociedade civil no estado.

O Hub foi criado para enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades da contratação de profissionais refugiados na região Norte, com foco especial no contexto amazonense.

A escolha do Amazonas não é aleatória. O estado foi o segundo com mais pedidos de refúgio na Região Norte em 2024, com mais de 3,4 mil solicitações.

Desde 2018, já são 107 mil pessoas refugiadas e migrantes registradas no estado — a maioria de origem venezuelana (76%) e haitiana (12%).

Esse cenário reforça o papel do Amazonas como um polo de inclusão socioeconômica de pessoas em situação de refúgio.

Até agora, 17 empresas e organizações empresariais da região já aderiram à iniciativa.

“A criação do Hub no Amazonas tem um significado especial: a região representa o encontro entre resiliência climática, diversidade cultural e inclusão econômica — pilares fundamentais para proteger quem foi forçado a deixar seu país. O setor privado é um parceiro estratégico na construção de soluções sustentáveis”, afirmou Davide Torzilli, representante do ACNUR no Brasil.

Quais direitos têm as pessoas refugiadas no Brasil?

Quem solicita refúgio ou já tem o status de refugiado pode:

  • Trabalhar com carteira assinada e ter acesso à Previdência Social;
  • Ser contratado como jovem aprendiz ou em regime temporário;
  • Estudar em escolas e universidades, mesmo sem documentação completa;
  • Abrir conta bancária com o protocolo ou com a carteira migratória;
  • Usar o SUS e acessar outros serviços públicos.

Refugiados também podem participar de programas de interiorização do governo federal, como no caso de venezuelanos que saem da fronteira com Roraima para outras cidades brasileiras, com apoio logístico e ajuda inicial com moradia e alimentação.

Apesar dos direitos garantidos, pessoas refugiadas ainda enfrentam barreiras para se integrar no Brasil, como dificuldades com idioma, moradia e validação de diplomas.

Mesmo assim, muitos empregadores relatam que refugiados trazem mais diversidade ao ambiente de trabalho, são comprometidos e costumam permanecer por mais tempo nos cargos.

Empresas interessadas em contratar refugiados podem se conectar com organizações parceiras da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), que ajudam na seleção de candidatos e orientação no processo.

realtime1.com.br

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sexta-feira, 20 de junho de 2025

Dia Mundial do Refugiado Rede Clamor

 



MENSAGEM

Dia Mundial do Refugiado | 20 de junho de 2025

 

 

Neste Dia Mundial do Refugiado, a Rede CLAMOR Brasil eleva sua voz em profunda comunhão com milhões de irmãos e irmãs que carregam em seus corpos e memórias as marcas do deslocamento forçado. São rostos que trazem gravadas as cicatrizes da violência, da perseguição e do abandono, mas que também irradiam a luz resiliente da esperança e a força transformadora da dignidade humana. Em cada olhar que busca um horizonte de paz, em cada história interrompida que anseia por continuidade, reconhecemos o clamor da humanidade ferida e o apelo inadiável à nossa responsabilidade evangélica, social e política.

De acordo com o relatório global do ACNUR (2024), mais de 120 milhões de pessoas em todo o mundo foram forçadas a deixar suas casas, sendo 43,4 milhões de refugiados que cruzaram fronteiras internacionais em busca de proteção. No Brasil, segundo o Comitê Nacional para os Refugiados (CONARE), já são mais de 150 mil pessoas reconhecidas como refugiadas até 2024, além de alguns milhares em processo de solicitação de refúgio. Estes não são números ou estatísticas distantes: são pessoas concretas, com nomes, sonhos e direitos inalienáveis, que nos interpelam a construir pontes de solidariedade onde hoje existem muros de indiferença.

Vivemos um tempo marcado por conflitos armados, perseguições sistemáticas e catástrofes climáticas que continuam expulsando pessoas de suas casas, países e narrativas de vida. Diante desse cenário doloroso, reafirmamos com convicção: a guerra é sempre uma derrota da humanidade. Como nos ensinou o Papa Francisco: "Ninguém se salva sozinho, só é possível salvar-se juntos" (Carta Encíclica Fratelli Tutti, n. 32). A paz não é uma utopia distante, mas um dever urgente e inadiável. O Santo Papa Leão XVI nos exorta: "Que cada comunidade se torne uma 'casa de paz', onde aprendamos a transformar a hostilidade através do diálogo, onde a justiça seja praticada e o perdão seja cultivado. A paz não é uma utopia espiritual: é um caminho humilde, tecido de gestos cotidianos, que entrelaça paciência e coragem, escuta


atenta e ação transformadora." (Discurso aos Bispos da ConferÊncia Epicopal Italiana, 17 de junho de 2025).

O Ano Jubilar 2025, sob o lema "Peregrinos da Esperança", nos convida a caminhar solidariamente com aqueles que peregrinam pela vida, frequentemente sem destino certo, sem terra própria e sem voz que os represente. Esta caminhada compartilhada é expressão concreta da nossa fé e humanidade. A tradição social da Igreja, desde a histórica encíclica Rerum Novarum (1891) do Papa Leão XIII, sempre defendeu que cada ser humano possui direitos inalienáveis ao trabalho, à vida digna e à mobilidade, dentro dos princípios da justiça e da caridade. Esta visão se atualiza hoje na defesa intransigente dos migrantes e refugiados, que têm sua dignidade negada e seus direitos fundamentais frequentemente ignorados.

Nossa defesa, porém, precisa ser nutrida por um olhar sensível e interseccional, que reconheça como as difíceis travessias do refúgio impactam de maneiras diferenciadas cada pessoa: mulheres enfrentam vulnerabilidades específicas e riscos de violência de gênero; pessoas negras e indígenas carregam o peso adicional do racismo estrutural; aqueles em situação de pobreza vivenciam barreiras ainda mais intransponíveis. Cada história de refúgio é única e merece uma acolhida que considere estas múltiplas dimensões da exclusão e da vulnerabilidade.

Nesta data significativa, a Rede CLAMOR reitera seu apelo pela construção da paz entre os povos, pela superação das causas estruturais que geram o refúgio e pela abertura de caminhos legais, seguros e dignos para quem busca proteção. Reforçamos também a necessidade urgente de que o Estado brasileiro publique e implemente a Política Nacional de Migração, Refúgio e Apatridia. Esta política, construída de forma participativa por organizações da sociedade civil, organismos internacionais e setores do poder público, constitui instrumento essencial para garantir acolhida qualificada, integração social e proteção integral aos milhares de pessoas que já fazem parte do tecido social brasileiro. É fundamental que a construção dessa política seja nutrida pela mesma sensibilidade interseccional, priorizando a escuta atenta e valorizando o protagonismo dos próprios sujeitos em situação de refúgio. Nada sobre eles pode ser decidido sem eles: suas vozes, experiências e saberes devem ocupar o centro dos processos decisórios, reconhecendo-os não como beneficiários passivos, mas como agentes transformadores de suas próprias realidades e construtores ativos de uma sociedade mais justa e acolhedora.

Como Rede Eclesial que se estende pelo continente Latino-Americano e Caribenho, renovamos nosso compromisso de seguir escutando com atenção, acompanhando com proximidade e defendendo com coragem cada vida marcada pelas fronteiras da indiferença e do abandono. Que cada comunidade cristã seja tenda aberta ao


encontro e espaço de reencontro com a dignidade humana e os valores transformadores do Evangelho. Em cada gesto de acolhida, em cada porta que se abre, em cada abraço que cura, fazemos presente o Reino de Deus entre nós.

Que neste Jubileu possamos ser, como Igreja e sociedade, sinais vivos da esperança que não decepciona (Rm 5,5). Que o clamor dos refugiados continue nos interpelando e mobilizando, até que todas as pessoas tenham um lar seguro, um nome respeitado, um futuro possível e uma história de pertencimento. A esperança que proclamamos não é ingênua, mas comprometida. Não é passiva, mas transformadora. É a esperança que se faz presente no gesto concreto, na política pública justa, na comunidade acolhedora e na sociedade que reconhece em cada refugiado não um problema, mas um irmão ou irmã em humanidade.

Que esta data nos inspire a continuar caminhando como peregrinos da esperança, tecendo redes de solidariedade que atravessem fronteiras e derrubem muros. Que possamos ser, em cada território, sementes de uma civilização do amor que floresce no encontro, na justiça e na paz. Enquanto existir uma história interrompida pela violência, nossa missão permanece viva. Pois acreditamos que outro mundo é possível, onde cada pessoa possa dizer: "aqui também é minha casa, aqui também posso sonhar, aqui também posso reconstruir minha história de dignidade e esperança."

Rede CLAMOR Brasil

20 de junho de 2025 – Dia Mundial do Refugiado


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quinta-feira, 19 de junho de 2025

Em Brasília, IBGE divulgará resultados de fecundidade e migração do Censo Demográfico 2022

 


O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgará, no dia 27 de junho, às 10h, em Brasília (DF), o Censo Demográfico 2022: Fecundidade e migração: Resultados preliminares da amostra. O evento ocorrerá no Auditório do Instituto de Química (IQ) da Universidade de Brasília (UNB), campus universitário Darcy Ribeiro, e contará, também, com transmissão ao vivo pelo Portal do IBGE.

A divulgação contemplará informações sobre fecundidade e parto de mulheres de 12 anos ou mais de idade, desagregados por idade da mãe, cor ou raça e nível de instrução.

Já os dados de migração serão detalhados por sexo e idade, e trazem informações de imigração internacional, local de nascimento, de residência anterior e tempo interrupto de residência no município.

Haverá desagregação para Brasil, Grandes Regiões, Estados, Municípios e outros recortes geográficos compostos a partir de municípios.

A divulgação também contará com transmissão pelas redes sociais do Instituto. Os resultados poderão ser acessados no portal do IBGE e em plataformas como o SIDRA e o Panorama do Censo, sendo que nesse último poderão ser visualizados, também, por meio de mapas interativos.

O evento de divulgação será realizado no auditório do Instituto de Química (IQ) da Universidade de Brasília (UnB), campus universitário Darcy Ribeiro, em Brasília (DF). Para participação presencial, é necessária confirmação por e-mail até o dia 26 de junho.

Divulgação: “Censo Demográfico 2022: Fecundidade e migração: Resultados preliminares da amostra”
Data: Sexta-feira, 27 de junho de 2025
Horário: 10h (horário de Brasília) - credenciamento às 9h
Local: Auditório do Instituto de Química (IQ) da Universidade de Brasília (UNB), campus universitário Darcy Ribeiro, em Brasília (DF)

Confirmar presença: Pelo e-mail eventos@ibge.gov.br

Transmissão online: IBGE DigitalYoutubeInstagramTikTok e Facebook

https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/

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quarta-feira, 18 de junho de 2025

Missão Paz: migrações latinas e suas influências

Esta visita guiada convidará o público a conhecer as instalações e o trabalho da Missão Paz, instituição de apoio e acolhimento a imigrantes e refugiados, desde 1939, contígua à Igreja Nossa Senhora da Paz. Também se discutirão os fluxos de migração ocorridos da América Latina para São Paulo, bem como desdobramentos culturais consequentes. A atividade ocorrerá após o término da apresentação musical de abertura do projeto Centro em Concerto 2025.

A Missão Paz atua de forma a acolher e integrar socialmente e politicamente imigrantes, solicitantes de refúgio, refugiados e apátridas, com respeito às suas histórias, identidades e diversidade cultural, e visando que esses grupos tenham protagonismo e direitos garantidos.

O público conhecerá as diversas formas de auxílio da Missão Paz aos imigrantes e refugiados, desde a documentação até a inserção laboral, passando pelo atendimento de saúde, assistência social, jurídica e o ensino do idioma local, no curso de português. Ao longo do percurso, os participantes descobrirão histórias inspiradoras e compreenderão os desafios e conquistas alcançados pelos migrantes.

A estrutura da Missão Paz conta com divisões tais como Casa do Migrante e Centro de Estudos Migratórios, que fornecem material de estudo prático e teórico acerca de movimentos migratórios advindos de outros países para o Brasil. Com isso, a visita guiada também abordará – alinhada ao tema 2025 do projeto Centro em Concerto – as influências da fusão cultural entre imigrantes latino-americanos e a cidade.

A visita será guiada pela equipe da Missão Paz.

Ponto de encontro: Missão Paz – Rua Glicério, 225
Após a atividade, a apresentação do projeto Centro em Concerto acontecerá na Paróquia Nossa Senhora da Paz, às 13h, ao lado da Missão Paz.

Data e horário

Terça

De 08/07 a 08/07Terça

A visita será guiada pela equipe da Missão Paz.

Ponto de encontro: Missão Paz – Rua Glicério, 225
Após a atividade, a apresentação do projeto Centro em Concerto acontecerá na Paróquia Nossa Senhora da Paz, às 13h, ao lado da Missão Paz.

https://www.sescsp.org.br/

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sexta-feira, 13 de junho de 2025

Bispos mexicanos expressam solidariedade aos migrantes em meio a protestos em cidades dos EUA


Pessoas seguram cartazes durante uma manifestação em Washington, em 10 de junho de 2025, como parte dos protestos nacionais em solidariedade aos protestos de Los Angeles contra as varreduras federais de imigração. (Foto OSV News/Nathan Howard, Reuters)

 A conferência episcopal mexicana expressou solidariedade aos migrantes “que sofrem perseguição e violência” nos Estados Unidos em meio aos protestos que agitam Los Angeles.

A conferência pediu que a “dignidade e os direitos de todos sejam respeitados”, já que imagens dos protestos — como manifestantes agitando bandeiras mexicanas — juntamente com prisões, chamam a atenção ao sul da fronteira e geram manifestações de preocupação do governo mexicano.

'Resultado de ataques massivos'

“Com dor e preocupação, acompanhamos de perto a complicada situação que surgiu em decorrência das grandes operações de detenção de migrantes sem documentos — e dos protestos em resposta que ocorreram em Los Angeles, Califórnia — e que se espalharam para outros lugares”, diz a declaração, assinada pelo Bispo Eugenio Lira Rugarcía, de Matamoros-Reynosa, líder do ministério de mobilidade humana dos bispos. O presidente da Conferência, Bispo Ramón Castro Castro, de Cuernavaca, e o secretário-geral, Bispo Auxiliar Héctor M. Pérez Villarreal, da Cidade do México, também assinaram a declaração de 10 de junho.

A declaração citou o Arcebispo José H. Gomez, de Los Angeles , que disse: “Todos concordamos que não queremos imigrantes indocumentados, terroristas ou criminosos violentos conhecidos, em nossas comunidades. Mas não há necessidade de o governo executar ações de repressão que provoquem medo e ansiedade entre imigrantes comuns e trabalhadores e suas famílias.”

Abordando a questão da imigração

O Bispo Rugarcía continuou: “A grande maioria dos migrantes sem documentos contribui para o bem das comunidades em que vivem e trabalham. … A solução para a migração sem documentos exige múltiplas ações conjuntas. Entre elas, um sistema de imigração que permita que as coisas sejam feitas corretamente, sem a necessidade de recorrer a outras vias que só acabam complicando a vida de todos.”

Protestos eclodiram em 6 de junho após batidas do Serviço de Imigração e Alfândega dos EUA em áreas predominantemente latinas de Los Angeles. Protestos subsequentes eclodiram em cidades como São Francisco.

O presidente Donald Trump ordenou a entrada da Guarda Nacional em Los Angeles em 7 de junho e mobilizou cerca de 700 fuzileiros navais para se juntar a eles. O governador da Califórnia, Gavin Newsom, disse que processaria o governo Trump por comandar a Guarda Nacional do estado. "Ele incitou os incêndios e agiu ilegalmente para federalizar a Guarda Nacional", disse Newsom.

Audiência sobre Ordem de Restrição Temporária

No final de 10 de junho, um juiz federal, o Juiz Distrital dos EUA Charles Breyer, rejeitou o pedido de Newsom por uma liminar temporária imediata para restringir o envio de tropas da Guarda Nacional e da Marinha dos EUA por Trump. Ele marcou uma audiência para analisar o pedido da Califórnia por uma liminar temporária em 12 de junho.

O governador do Texas, Greg Abbott, disse em 10 de junho que enviaria tropas da Guarda Nacional para cidades ao redor de seu estado antes dos protestos planejados.

As batidas policiais fazem parte da prometida repressão do governo Trump à imigração ilegal. O Wall Street Journal relatou que autoridades federais começaram a se concentrar em locais como lojas Home Depot, onde trabalhadores diaristas se reúnem, e a prender imigrantes ilegais sem antecedentes criminais e aqueles com antecedentes semelhantes.

12 milhões de imigrantes mexicanos nos EUA

O México tradicionalmente expressa preocupação com o bem-estar dos cerca de 12 milhões de imigrantes mexicanos que vivem nos Estados Unidos, de acordo com o banco espanhol BBVA, que publica um relatório anual sobre migração e remessas mexicanas. Os mexicanos representavam 45% dos estimados 11,3 milhões de pessoas sem status legal nos Estados Unidos, informou o Migration Policy Institute em 2022.

A presidente mexicana , Claudia Sheinbaum, se manifestou em defesa dos migrantes mexicanos nos Estados Unidos, afirmando que diplomatas mexicanos têm oferecido proteção consular. Ela elogiou os migrantes mexicanos como "trabalhadores esforçados", cujo trabalho impulsiona a economia americana e as remessas sustentam as famílias no México.

“Nossa posição é, antes de tudo, o respeito pelos direitos humanos acima de tudo. Não concordamos com essas ações que violam os direitos humanos dos migrantes, que os criminalizam, como se fossem criminosos. Eles são trabalhadores honestos que contribuem para a economia dos Estados Unidos”, disse Sheinbaum em 9 de junho.

Comentários do Presidente Sheinbaum

Os comentários de Sheinbaum sobre a aplicação da lei de imigração dos EUA não passaram despercebidos nos Estados Unidos. 

A Secretária de Segurança Interna, Kristi Noem, disse em 10 de junho na Casa Branca: “Claudia Sheinbaum se manifestou e incentivou mais protestos em Los Angeles, e eu a condeno por isso. Ela não deveria estar incentivando os protestos violentos que estão acontecendo.”

Sheinbaum negou ter incitado quaisquer protestos nos Estados Unidos, chamando as acusações de "falsas". 

“Nunca pedimos mobilização violenta”, disse ela em 11 de junho. “Sempre fomos a favor de protestos pacíficos.”

O descontentamento do México com as operações de imigração dos EUA ocorre após o México intensificar sua própria fiscalização migratória — sob pressão dos EUA — para impedir que migrantes que transitam por seu território cheguem à fronteira norte com os Estados Unidos. A Alfândega e Proteção de Fronteiras dos EUA relatou 8.383 encontros com migrantes na fronteira EUA-México em abril, uma queda acentuada em relação aos 128.895 encontros registrados no mesmo mês de 2024.

David Agren escreve para a OSV News de Buenos Aires.

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