Estrangeiros sentem
dificuldades em arrumar novo emprego. Por ser uma situação nova, governo sente
dificuldades em atendê-los
Cerca de 5 mil haitianos moram
atualmente em Mato Grosso. Deste número, 80% deles são homens que deixaram suas
famílias no país para tentarem reconstruir uma nova vida no Brasil. Após os
festejos da Copa, parte desses imigrantes se encontra desempregada, sem
assistência legal do governo, além de não poderem voltar para casa, devido ao
alto custo da PASSAGEM.
É possível observar pelas ruas da
capital alguns vendedores ambulantes com bijuterias, relógios, entre outros
objetos, além de alguns atuantes na construção civil ou em bares e restaurantes
da cidade. No entanto, apesar de empregados, parte desses trabalhadores sofre
com a exploração por parte de empresários, que se aproveitam da vulnerabilidade
dos haitianos em conseguir um emprego para se sustentar e ajudar a família que
está em outro país.
“Quando encontram algum emprego, eles
são explorados. Às vezes, as empresas pagam um valor diferente aos haitianos,
por conta da vulnerabilidade deles. Daí eles fazem o trabalho que um brasileiro
não quer fazer. Um haitiano faz porque PRECISA
DE DINHEIRO.
Eles têm uma obrigação para pagar aluguel, comer e manter a família que
deixaram no Haiti”, disse o haitiano Duckson Jaques, presidente da Organização
de Suporte das Atividades dos Haitianos no Brasil (Osamb).
Outra grande dificuldade dos
haitianos é a comunicação. Devido ao fato de a língua de origem ser o crioulo e
também o francês, muitos deles acabam se sentindo perdidos no Brasil. “Muitos
falam espanhol, mas para quem não fala é uma dificuldade muito grande. No
entanto, todos fazem um esforço”.
A maioria desses estrangeiros que
chegam ao Brasil em busca de novas oportunidades por vezes se depara com uma
realidade diferente do que almejava. Segundo Duckson, muitos se arrependem de
ter vindo ao país devido às dificuldades, mas não podem voltar, por causa dos
altos preços da PASSAGEM.
“Uma das maiores preocupações pra
gente voltar é que a PASSAGEM é
muito cara. Uma passagem de ida e volta às vezes chega até a R$ 7 mil, depende
do momento que você vai. E você não pode comprar uma passagem muito longe,
porque custa muito caro. Eles sempre me cobram desta forma, pois eu já
participei de várias conferências. Eles sempre falam para eu cobrar a
passagem”.
Duckson ainda avalia o suporte no
Brasil: “O governo federal faz a sua parte, já os governos estadual e municipal
ainda para mim não fazem nada neste sentido. Eu penso que a gente está criando
este mecanismo para facilitar”.
Permanência é uma
barreira
Duckson Jaques está há um ano e seis
meses na capital e até hoje não possui o visto de permanência no Brasil.
Segundo ele, não há prazos para conseguir o documento, que garante mais
liberdade nas atividades do estrangeiro no país. “Tem gente que está na mesma
situação que eu e pega a permanência em seis meses. Tem gente que fica muito
mais, uns dois anos, e até hoje não tem a permanência. É uma situação
complicada e incontrolável”.
Quem luta pela permanência também é
Pierre Charles, de 38 anos. Atualmente ele trabalha com construção civil em uma
empresa na capital. Para vir ao Brasil, teve que deixar esposa e uma filha de
12 anos no Haiti, para buscar melhor qualidade de vida. “Me arrependo um pouco
de ter vindo, por causa do calor. Mas aqui acho melhor qualidade de vida pra
mim e para a minha família, por isso estou em busca de permanência”, disse ele,
que ganha R$ 900 ao mês.
Já o ELETRICISTA Mulier
Janvier, de 32 anos, disse que não se arrepende de vir ao Brasil, mesmo que
esteja há dois anos esperando o visto de permanência. No momento, ele se
encontra desempregado, mas aguarda a resposta de uma empresa. “Aqui é melhor
que em meu país, porque tem qualidade de vida. Mas o problema é que não tenho o
visto de permanência. Tem gente que fica seis meses e consegue, eu já tenho
anos e não consegui. Vou trabalhar e ficar mais dois anos aqui, depois penso no
que vou fazer”.
Simone Gomes
CircuitoMatogrosso
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