quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Sem assistência, haitianos pedem ajuda

Estrangeiros sentem dificuldades em arrumar novo emprego. Por ser uma situação nova, governo sente dificuldades em atendê-los



Cerca de 5 mil haitianos moram atualmente em Mato Grosso. Deste número, 80% deles são homens que deixaram suas famílias no país para tentarem reconstruir uma nova vida no Brasil. Após os festejos da Copa, parte desses imigrantes se encontra desempregada, sem assistência legal do governo, além de não poderem voltar para casa, devido ao alto custo da PASSAGEMhttp://cdncache1-a.akamaihd.net/items/it/img/arrow-10x10.png.
É possível observar pelas ruas da capital alguns vendedores ambulantes com bijuterias, relógios, entre outros objetos, além de alguns atuantes na construção civil ou em bares e restaurantes da cidade. No entanto, apesar de empregados, parte desses trabalhadores sofre com a exploração por parte de empresários, que se aproveitam da vulnerabilidade dos haitianos em conseguir um emprego para se sustentar e ajudar a família que está em outro país.
“Quando encontram algum emprego, eles são explorados. Às vezes, as empresas pagam um valor diferente aos haitianos, por conta da vulnerabilidade deles. Daí eles fazem o trabalho que um brasileiro não quer fazer. Um haitiano faz porque PRECISA DE DINHEIROhttp://cdncache1-a.akamaihd.net/items/it/img/arrow-10x10.png. Eles têm uma obrigação para pagar aluguel, comer e manter a família que deixaram no Haiti”, disse o haitiano Duckson Jaques, presidente da Organização de Suporte das Atividades dos Haitianos no Brasil (Osamb).
Outra grande dificuldade dos haitianos é a comunicação. Devido ao fato de a língua de origem ser o crioulo e também o francês, muitos deles acabam se sentindo perdidos no Brasil. “Muitos falam espanhol, mas para quem não fala é uma dificuldade muito grande. No entanto, todos fazem um esforço”.
A maioria desses estrangeiros que chegam ao Brasil em busca de novas oportunidades por vezes se depara com uma realidade diferente do que almejava. Segundo Duckson, muitos se arrependem de ter vindo ao país devido às dificuldades, mas não podem voltar, por causa dos altos preços da PASSAGEMhttp://cdncache1-a.akamaihd.net/items/it/img/arrow-10x10.png.
“Uma das maiores preocupações pra gente voltar é que a PASSAGEMhttp://cdncache1-a.akamaihd.net/items/it/img/arrow-10x10.png é muito cara. Uma passagem de ida e volta às vezes chega até a R$ 7 mil, depende do momento que você vai. E você não pode comprar uma passagem muito longe, porque custa muito caro. Eles sempre me cobram desta forma, pois eu já participei de várias conferências. Eles sempre falam para eu cobrar a passagem”.
Duckson ainda avalia o suporte no Brasil: “O governo federal faz a sua parte, já os governos estadual e municipal ainda para mim não fazem nada neste sentido. Eu penso que a gente está criando este mecanismo para facilitar”.
Permanência é uma barreira
Duckson Jaques está há um ano e seis meses na capital e até hoje não possui o visto de permanência no Brasil. Segundo ele, não há prazos para conseguir o documento, que garante mais liberdade nas atividades do estrangeiro no país. “Tem gente que está na mesma situação que eu e pega a permanência em seis meses. Tem gente que fica muito mais, uns dois anos, e até hoje não tem a permanência. É uma situação complicada e incontrolável”.
Quem luta pela permanência também é Pierre Charles, de 38 anos. Atualmente ele trabalha com construção civil em uma empresa na capital. Para vir ao Brasil, teve que deixar esposa e uma filha de 12 anos no Haiti, para buscar melhor qualidade de vida. “Me arrependo um pouco de ter vindo, por causa do calor. Mas aqui acho melhor qualidade de vida pra mim e para a minha família, por isso estou em busca de permanência”, disse ele, que ganha R$ 900 ao mês.
Já o ELETRICISTAhttp://cdncache1-a.akamaihd.net/items/it/img/arrow-10x10.png Mulier Janvier, de 32 anos, disse que não se arrepende de vir ao Brasil, mesmo que esteja há dois anos esperando o visto de permanência. No momento, ele se encontra desempregado, mas aguarda a resposta de uma empresa. “Aqui é melhor que em meu país, porque tem qualidade de vida. Mas o problema é que não tenho o visto de permanência. Tem gente que fica seis meses e consegue, eu já tenho anos e não consegui. Vou trabalhar e ficar mais dois anos aqui, depois penso no que vou fazer”.

Simone Gomes
 CircuitoMatogrosso

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