Foto: Edu Oliveira / Arte ZH
As migrações que comovem e assombram o mundo estarão ao lado de
outro tema recorrente no Fórum Econômico Mundial que se realiza de amanhã até
sábado na Suíça. É a questão das desigualdades sociais, ampliadas nas últimas
décadas pelas distorções de renda em todo o mundo, mas não só pelos dramas de
países em conflito. Também em nações em paz, em todos os continentes, a grande
maioria da população vem ficando mais pobre, enquanto a ponta da pirâmide fica
mais rica. No ano passado, no mesmo Fórum, a ONG britânica Oxfam previu, com
base em levantamento anual sobre riqueza do banco Credit Suisse, que em pouco
tempo a parcela de 1% dos mais ricos da população mundial passaria a ter mais
que os 99% restantes. No Fórum deste ano, a Oxfam mostrará que a previsão já se
confirmou em 2015.
O
debate sobre o assunto não é ideológico e está muito acima da discussão de
modelos e sistemas econômicos. Como adverte o Nobel de Economia Paul Krugman, a
pergunta sobre o que leva o mundo a concentrar tanta renda e a ampliar tanta
miséria não é uma interrogação fútil. No caso brasileiro, que confirma essa
tendência, os números sobre desigualdades estão em outro estudo realizado por
economistas da Tendências Consultoria Integrada. Os dados demonstram que a
desigualdade no Brasil, medida pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio
(Pnad), é pior do que se pensa.
A
análise denuncia que as diferenças de renda no Brasil são mais graves do que as
mostradas na pesquisa oficial, porque se baseia também em informações do
Imposto de Renda. Enquanto a Pnad indica um percentual de 16,7% da renda nas
mãos da chamada classe A brasileira, o estudo da Tendências mostra um
percentual de 37,4%. Não é razoável que o crescimento dessas diferenças seja
observado à distância, sem provocar reações e debates. Tanto que o Fórum
Econômico irá se debruçar sobre um assunto que exige bem mais do que
intervenções pontuais, como os programas de transferência de renda, mas
análises profundas e ações decididas contra distorções que acabam por punir a
todos, ricos, remediados, pobres e miseráveis.
Zero Hora
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