terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Grandi na ‘linha de frente’ em sua primeira visita aos refugiados como Alto Comissário

(Da esquerda para direita) Mãe síria Fatma e sua filha Farah, sentadas ao lado do vice-governador da província de Gaziantep, Halil Uyumaz, seu marido Ahmed e Felippo Grandi no campo de refugiados Nizip II, na Turquia.

“Uma visita ao país que está na linha de frente da maior crise de refugiados do mundo”. Essas foram as palavras de Filippo Grandi, o Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados, enquanto visitava um dos muitos campos de refugiados da Turquia, próximo à fronteira com a Síria.
O sudeste da Turquia é o lar de mais de um milhão de refugiados sírios, 220.000 deles em campos de refugiados. A própria Turquia recebeu 2,5 milhões de sírios e centenas de milhares de outras pessoas, principalmente provenientes do Iraque. A Turquia é o país que mais hospeda refugiados no mundo.
Nos campos de Nizip I e II, lar de quase 16.000 refugiados, dos quais alguns deixaram seus respectivos países de origem há quatro anos, Grandi justificou sua escolha pela primeira visita como Alto Comissário para enviar uma mensagem ao mundo de que a Turquia está fazendo um trabalho maravilhoso, lidando com um enorme número de pessoas forçadamente deslocadas. O objetivo de sua visita foi conhecer e conversar com famílias refugiadas.
No acampamento, ele foi cumprimentado por Fuad Oktay, presidente da Agência para Emergências e Desastres da Turquia (AFAD, sigla em inglês), o qual gere os campos de refugiados, e pelo vice-governador da província de Gaziantep, Halil Uyumaz.
Em Nizip II, um acampamento com cerca de 4.900 moradores, ele foi recebido por Fatma, Ahmed e seus três filhos. Dois outros filhos foram mortos por estilhaços quando a família estava à procura de segurança perto de Aleppo. A traumatizada família então deixou a Síria há três anos.
"Eu perguntei a Fatma se ela gostaria de voltar à Síria e ela não hesitou. Ela disse com certeza, mas somente quando a paz chegasse ao país", disse Grandi em um vídeo. "Então, a paz tem que vir para estas pessoas. A situação já se arrasta assim há muito tempo. Mas eu estou contente de começar as visitas a partir daqui. Isso me dá um sentimento de desespero, mas também dá esperança para as possibilidades de tempos melhores, se a política for conduzida na direção certa."
No final da estrada Nizip I há um acampamento, inaugurado há quatro anos. Ele agora abriga 10.800 refugiados, 55% das quais são crianças.
Emra é uma viúva criando três dessas crianças. Ela deixou a Síria há um ano depois que seu marido foi morto na guerra. Um de seus meninos, Mohammed, é surdo e mudo. Ele também tem uma condição crônica que deixou suas pernas atrofiadas e rígidas.
"Eu não poderia ficar mais tempo", disse a mãe. "Eu tive um filho portador de necessidades especiais e não tenho dinheiro. Eu tive que vir à Turquia para salvar meus filhos".
Em resposta à pergunta do Alto Comissário, ela disse que o acampamento, administrado pelo Governo turco, fornece vale alimentação e propicia que seu filho vá a um hospital em Gaziantep para fazer o tratamento.
"Ela nos faz lembrar, afinal, que se trata de pessoas sofrendo situações inimagináveis", disse Grandi. "Mas elas são fortes".
Os campos de refugiados, administrados pelas autoridades turcas e apoiados pelo ACNUR, tornaram-se parte da estrutura da Turquia. Segundo o Alto Comissário, os refugiados estão sendo bem cuidados neste país. Mas suas vidas, fora de seu país de origem, são vidas pela metade. E suas esperanças, como Alto Comissário Grandi escutou, remontam ao término da guerra para que possam voltar a levar uma vida novamente plena.
Por Don Murray na Turquia.



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