Projeto do
Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados conta histórias pessoais de
refugiados. Entre elas, mostra a vida de Muzon, uma jovem que estimula outros
deslocados a continuarem seus estudos no campo de Azraq, na Jordânia.
Refugiada da Síria há três
anos com sua família, Muzon Al Meliha, de apenas 17 anos, luta pela importância
da educação no campo de refugiados da Jordânia.
Uma defensora apaixonada do direito de estudar entre os deslocados da Síria,
principalmente entre mulheres e meninas, Muzon é comparada à ativista
paquistanesa ganhadora do prêmio Nobel da Paz, Malala Yousafzai.
“Ela me ensinou que não importa quais obstáculos
vou enfrentar na vida, eles podem ser superados”, afirmou Muzon sobre Malala, a
qual já encontrou várias vezes e considera uma amiga. Para Muzon, a comparação
com a ativista paquistanesa mostra que ela está fazendo um trabalho
significativo e que as pessoas confiam em sua causa.
Hoje a família Al Meliha vive na Jordânia,
no campo de refugiados Azraq. Com os pais professores na província de Daraa,
Síria, antes de se deslocarem, e tios diretores em escolas locais, a educação
sempre foi parte importante da vida de Muzon. “Nossa casa foi construída por um
engenheiro. Quando eu estive doente, fui ao médico. Educação é tudo na vida”,
concluiu Muzon, que ainda é estudante.
A família Meliha fugiu do conflito na Síria em
2013. Abu Mohammed, pai de Muzon, contou que, como sua filha estava estudando
para realizar os exames do nono ano da escola, a tia de Muzon sugeriu que a deixassem
no país para continuar os estudos, mas Mohammed preferiu não assumir os riscos
desta decisão.
“Eu sabia
que ela poderia compensar o tempo perdido nos estudos, mas se você perde a vida
não há forma de compensar isso”, desabafou.
Antes de chegar ao campo de refugiados, eles sabiam
pouco sobre como seriam suas vidas. Enquanto, na Síria, Muzon e seus três
irmãos mais novos tinham quartos separados, na Jordânia, a família toda divide
uma única barraca para dormir, cozinhar e lavar.
O medo de Muzon de não ter escolas no campo de
refugiados não foi concretizado: ela se matriculou nas aulas de verão para
acompanhar o currículo da Jordânia.
Muzon conta que muitos alunos paravam de frequentar
as aulas, principalmente meninas com idade próxima à sua. Ao saber que uma
menina largou a escola, ela a convenceu a voltar aos estudos e começou sua
trajetória de estímulo à educação.
“Quando ouço
sobre pessoas que não deixam suas filhas irem à escola para fazê-las se casarem
cedo, fico muito irritada”, afirmou, explicando que no campo de refugiados, a
tendência de fazer com que as meninas se casem para garantir seu futuro é
maior, e que muitos acham que é um meio mais seguro e estável do que manter as
filhas nas escolas.
No entanto, Muzon discorda: “A educação é a arma que
irá protegê-lo na vida”, explica.
Ela lembrou ainda que, individualmente, pode
convencer as pessoas ao seu redor a irem às escolas, mas não pode construir
instituições de ensino ou prover professores. “Precisamos da ajuda da
comunidade internacional para fazer isso, então eu preciso transmitir a
mensagem para aqueles que têm recursos para ajudar”, declarou.
A história de Muzon faz parte do projeto Caminhos,
do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR), que compartilha
trajetórias pessoais sobre os deslocados por todo o mundo.
Onu
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