quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

Aos 17 anos, refugiada síria defende a educação de meninas em campo de deslocados na Jordânia

Projeto do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados conta histórias pessoais de refugiados. Entre elas, mostra a vida de Muzon, uma jovem que estimula outros deslocados a continuarem seus estudos no campo de Azraq, na Jordânia.

Refugiada da Síria há três anos com sua família, Muzon Al Meliha, de apenas 17 anos, luta pela importância da educação no campo de refugiados da Jordânia. Uma defensora apaixonada do direito de estudar entre os deslocados da Síria, principalmente entre mulheres e meninas, Muzon é comparada à ativista paquistanesa ganhadora do prêmio Nobel da Paz, Malala Yousafzai.

“Ela me ensinou que não importa quais obstáculos vou enfrentar na vida, eles podem ser superados”, afirmou Muzon sobre Malala, a qual já encontrou várias vezes e considera uma amiga. Para Muzon, a comparação com a ativista paquistanesa mostra que ela está fazendo um trabalho significativo e que as pessoas confiam em sua causa.

Hoje a família Al Meliha vive na Jordânia, no campo de refugiados Azraq. Com os pais professores na província de Daraa, Síria, antes de se deslocarem, e tios diretores em escolas locais, a educação sempre foi parte importante da vida de Muzon. “Nossa casa foi construída por um engenheiro. Quando eu estive doente, fui ao médico. Educação é tudo na vida”, concluiu Muzon, que ainda é estudante.

A família Meliha fugiu do conflito na Síria em 2013. Abu Mohammed, pai de Muzon, contou que, como sua filha estava estudando para realizar os exames do nono ano da escola, a tia de Muzon sugeriu que a deixassem no país para continuar os estudos, mas Mohammed preferiu não assumir os riscos desta decisão.

 “Eu sabia que ela poderia compensar o tempo perdido nos estudos, mas se você perde a vida não há forma de compensar isso”, desabafou.

Antes de chegar ao campo de refugiados, eles sabiam pouco sobre como seriam suas vidas. Enquanto, na Síria, Muzon e seus três irmãos mais novos tinham quartos separados, na Jordânia, a família toda divide uma única barraca para dormir, cozinhar e lavar.

O medo de Muzon de não ter escolas no campo de refugiados não foi concretizado: ela se matriculou nas aulas de verão para acompanhar o currículo da Jordânia.

Muzon conta que muitos alunos paravam de frequentar as aulas, principalmente meninas com idade próxima à sua. Ao saber que uma menina largou a escola, ela a convenceu a voltar aos estudos e começou sua trajetória de estímulo à educação.

 “Quando ouço sobre pessoas que não deixam suas filhas irem à escola para fazê-las se casarem cedo, fico muito irritada”, afirmou, explicando que no campo de refugiados, a tendência de fazer com que as meninas se casem para garantir seu futuro é maior, e que muitos acham que é um meio mais seguro e estável do que manter as filhas nas escolas.

No entanto, Muzon discorda: “A educação é a arma que irá protegê-lo na vida”, explica.

Ela lembrou ainda que, individualmente, pode convencer as pessoas ao seu redor a irem às escolas, mas não pode construir instituições de ensino ou prover professores. “Precisamos da ajuda da comunidade internacional para fazer isso, então eu preciso transmitir a mensagem para aqueles que têm recursos para ajudar”, declarou.

A história de Muzon faz parte do projeto Caminhos, do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR), que compartilha trajetórias pessoais sobre os deslocados por todo o mundo.

Onu 

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