O diplomata italiano, que sucedeu no início do ano a
António Guterres, que ocupava o cargo desde 2005, sublinhou que será a primeira
reunião deste tipo organizada pelas Nações Unidas.
"A reunião será limitada aos refugiados sírios
porque eles são o problema mais urgente", afirmou Filippo Grandi, frisando
que seria importante que a conferência contasse com uma boa representação a
nível ministerial e que "os Estados chegassem ao encontro com compromissos
concretos para locais de acolhimento, e não com dinheiro".
Grandi indicou que o secretário-geral da ONU, Ban
Ki-moon, vai presidir a abertura da conferência, agendada para 30 de março na
cidade suíça.
O Canadá assumiu o compromisso de acolher 25 mil
refugiados sírios até finais de fevereiro. Já o Presidente norte-americano,
Barack Obama, prometeu vistos para 10 mil refugiados sírios durante o corrente
ano.
O alto-comissário recordou que a Turquia foi o país, a
nível mundial, que recebeu até à data o maior número de refugiados, cerca de
dois milhões.
O representante anunciou que irá deslocar-se ao
território turco, antes da realização de uma conferência em Londres, a 04 de
fevereiro, para a recolha de fundos. Na mesma ocasião, Filippo Grandi também
vai visitar a Jordânia e o Líbano, outros dois países de acolhimento de
refugiados sírios.
A propósito das redes de tráfico que beneficiam com a
situação dos refugiados sírios, o alto-comissário apelou a uma ação realista
por parte da comunidade internacional.
"Temos de ser realistas. Existem criminosos que irão
fazer o trabalho [na área do acolhimento] por nós, se não o fizermos de forma
correta", salientou.
Filippo Grandi agradeceu ainda o trabalho desenvolvido
pela chanceler alemã Angela Merkel, cujo país recebeu no ano passado cerca de
1,1 milhões de requerentes de asilo oriundos da Síria, do Iraque e do
Afeganistão.
Apesar do exemplo alemão, o alto-comissário manifestou
preocupação pela atuação de outros países europeus, que mostraram a intenção de
fechar as portas aos refugiados.
"O resto do mundo está a observar o que a Europa
está a fazer nesta matéria. Se a Europa começar a impor limitações, a erguer
barreiras, a tornar-se hostil, posso assegurar que o mundo vai seguir esse
exemplo", advertiu o diplomata.
Perante o crescente fluxo de migrantes, a Suécia e a
Dinamarca reintroduziram recentemente os controlos fronteiriços.
"Se a Europa tiver uma resposta coerente e
coordenada, este género de reação não vai surgir", disse Grandi, comprometendo-se
a manter a pressão sobre a União Europeia (UE).
Em 2015, mais de um milhão de migrantes -- a grande
maioria oriunda da Síria -- entraram na Europa, provocando a mais grave crise
migratória que o "velho continente" testemunhou desde a Segunda Guerra
Mundial.
Filippo Grandi recordou que 60 milhões de pessoas em todo
o mundo foram forçadas a abandonar as suas casas devido a guerras ou
perseguições, um número que bate recordes históricos, segundo o Alto
Comissariado da ONU para os Refugiados (ACNUR).
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