sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

Migrações: Conferência em Genebra para debater locais de acolhimento

O diplomata italiano, que sucedeu no início do ano a António Guterres, que ocupava o cargo desde 2005, sublinhou que será a primeira reunião deste tipo organizada pelas Nações Unidas.
"A reunião será limitada aos refugiados sírios porque eles são o problema mais urgente", afirmou Filippo Grandi, frisando que seria importante que a conferência contasse com uma boa representação a nível ministerial e que "os Estados chegassem ao encontro com compromissos concretos para locais de acolhimento, e não com dinheiro".
Grandi indicou que o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, vai presidir a abertura da conferência, agendada para 30 de março na cidade suíça.
O Canadá assumiu o compromisso de acolher 25 mil refugiados sírios até finais de fevereiro. Já o Presidente norte-americano, Barack Obama, prometeu vistos para 10 mil refugiados sírios durante o corrente ano.
O alto-comissário recordou que a Turquia foi o país, a nível mundial, que recebeu até à data o maior número de refugiados, cerca de dois milhões.
O representante anunciou que irá deslocar-se ao território turco, antes da realização de uma conferência em Londres, a 04 de fevereiro, para a recolha de fundos. Na mesma ocasião, Filippo Grandi também vai visitar a Jordânia e o Líbano, outros dois países de acolhimento de refugiados sírios.

A propósito das redes de tráfico que beneficiam com a situação dos refugiados sírios, o alto-comissário apelou a uma ação realista por parte da comunidade internacional.
"Temos de ser realistas. Existem criminosos que irão fazer o trabalho [na área do acolhimento] por nós, se não o fizermos de forma correta", salientou.
Filippo Grandi agradeceu ainda o trabalho desenvolvido pela chanceler alemã Angela Merkel, cujo país recebeu no ano passado cerca de 1,1 milhões de requerentes de asilo oriundos da Síria, do Iraque e do Afeganistão.

Apesar do exemplo alemão, o alto-comissário manifestou preocupação pela atuação de outros países europeus, que mostraram a intenção de fechar as portas aos refugiados.
"O resto do mundo está a observar o que a Europa está a fazer nesta matéria. Se a Europa começar a impor limitações, a erguer barreiras, a tornar-se hostil, posso assegurar que o mundo vai seguir esse exemplo", advertiu o diplomata.

Perante o crescente fluxo de migrantes, a Suécia e a Dinamarca reintroduziram recentemente os controlos fronteiriços.
"Se a Europa tiver uma resposta coerente e coordenada, este género de reação não vai surgir", disse Grandi, comprometendo-se a manter a pressão sobre a União Europeia (UE).
Em 2015, mais de um milhão de migrantes -- a grande maioria oriunda da Síria -- entraram na Europa, provocando a mais grave crise migratória que o "velho continente" testemunhou desde a Segunda Guerra Mundial.

Filippo Grandi recordou que 60 milhões de pessoas em todo o mundo foram forçadas a abandonar as suas casas devido a guerras ou perseguições, um número que bate recordes históricos, segundo o Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (ACNUR).


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