quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Imigrantes enfrentam frio e temperaturas severas rumo à Europa

O frio do inverno e a neve ameaçam a saúde dos filhos dos refugiados dos conflitos no Oriente Médio que cruzam os Bálcãs. Desde o início do ano, passa de 31 mil o número de chegadas às ilhas gregas. A organização Save the Children e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) advertiram nesta terça (19) para os riscos do frio para a saúde das crianças. "A situação é absolutamente desesperadora", declarou à Agência France-Press (AFP) por telefone a porta-voz de Save the Children, Valentina Bollenback, da fronteira entre Sérvia e Macedônia, região atualmente coberta de neve.
"Existe um risco crescente de hipotermia, pneumonia e de outras doenças", advertiu, relatando que viu crianças tremendo de frio, com os lábios já arroxeados. Depois de chegarem à fronteira com a Sérvia, os refugiados caminham quase dois quilômetros de distância sobre a neve que se acumula cada vez mais, até atingirem o primeiro posto de controle sérvio em Miratovac. Bollenback disse que as autoridades sérvias intensificaram seus esforços diante do frio, mas insistiu em que é preciso responder ao problema de maneira "digna para o ser humano".
O Unicef constatou que os filhos de refugiados chegam "fisicamente extenuados, aterrorizados e, às vezes, com necessidade de assistência médica". "As temperaturas registradas recentemente abaixo de zero ameaçam a saúde dos menores que não têm roupa, nem comida adequada", completou a Unicef. "A ausência de calefação em alguns centros de acolhida e também em alguns meios de transporte agrava a situação", completou.
Mais de um milhão de migrantes e refugiados, dos quais quase metade é síria, chegaram à Europa em 2015, de acordo com números do Alto Comissariado da ONU para Refugiados (Acnur). Segundo cálculos da Organização Internacional para as Migrações (OIM), 31 mil chegadas foram registradas nas ilhas gregas desde o início do ano, ou seja, 21 vezes mais do que em janeiro de 2015. Pelo menos 77 pessoas morreram nesses percursos entre 1º e 18 de janeiro. Se as chegadas continuarem nesse ritmo, poderão "superar, com folga, o recorde de 853.650 pessoas alcançado em 2015", indicou a OIM.
Cerca de 90% dos migrantes pertencem aos grupos autorizados pelos países dos Bálcãs a continuar sua rota para a Europa do norte - ou seja, sírios, iraquianos e afegãos. A Áustria planeja não deixar mais entrar em seu território quem pretende seguir para os países escandinavos, a exemplo da Alemanha. A medida pode provocar um congestionamento na Eslovênia, Croácia, Sérvia e Macedônia, onde, por efeito dominó, o controle na fronteira será mais rígido.
A organização Médicos sem Fronteiras pediu à União Europeia (UE) que crie "lugares de passagem seguros" para os demandantes de asilo a caminho da Europa. A ONG denunciou o "fracasso catastrófico" do bloco na gestão da crise migratória.
SWI swissinfo.ch

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