O ano de 2015 foi marcado pelo drama dos refugiados, principalmente na
Europa. A trágica foto do menino sírio Alan Kurdi, que morreu afogado tentando
desembarcar numa praia da Turquia, foi a imagem de destaque do ano. Mas,
enquanto alguns países da Europa se fecham para o drama dos refugiados, no
Brasil foi diferente. E essa permanece sendo a perspectiva para 2016. O Brasil
desenvolveu uma política diferenciada para o problema. Vem facilitando a
entrada de estrangeiros que vivem situação de guerra em seus países, ou, por
questões humanitárias, dos haitianos, que desde o terremoto no país, em 2010,
entram em grande número em território brasileiro. E a perspectiva é que, em
2016, o processo se mantenha, até com a possibilidade de o movimento migratório
aumentar.
Apesar de ser um país que segue as convenções da ONU (Organização das
Nações Unidas) sobre refugiados, o Brasil não chega a ser um dos principais
acolhedores de estrangeiros nestas condições. Segundo o Conare (Conselho
Nacional de Refugiados), o número de pessoas que chegou aqui soma pouco mais de
oito mil. A maioria – pouco mais de duas mil pessoas – é de sírios fugidos da
guerra civil que afeta o país há alguns anos. Os demais são de países da
América Latina e África.
A imigração para o Brasil começou há 485 anos, com os colonizadores
portugueses. Desde esse período até agora, os fluxos diminuíram, mas nunca
pararam. No século XIX, os europeus e japoneses viam o país como uma nação
próspera. Depois, surgiram as duas grandes guerras, nas décadas de 1910 e 1940.
Mais recentemente, chegaram os haitianos – fugindo da miséria de seu país,
devastado por um terremoto em 2010 – e os sírios, acossados pela guerra civil
que nunca acaba.
Adequar unidades
diplomáticas
A política adotada em 2015 deve levar a um aumento dessas estatísticas
em 2016 e nos próximos anos. O Brasil tomou a iniciativa de ir a três países
por onde passam os refugiados: Líbano, Jordânia e Turquia. A intenção é a de
adequar as unidades diplomáticas na região para que, em uma eventual entrada de
imigrantes em massa, haja suporte para a emissão de vistos. Além disso, o
governo brasileiro liberou recursos para o desenvolvimento da política em favor
dos refugiados, o que não acontecia há muito tempo.
O número de refugiados sírios no Brasil pode aumentar em 2016, diante da
continuidade da guerra civil no país. Muitos deles não têm a intenção de ficar
em território nacional, desejam chegar a outros destinos, como os Estados
Unidos e a Europa, apesar da distância entre as nações. Inclusive, o volume de
imigrantes que tentam sair do país de forma ilegal, como aconteceu em São
Paulo, pode aumentar. No estado, em menos de seis meses, cinco estrangeiros
foram processados por usarem passaportes falsos. A questão foi tratada como
humanitária, e todos foram absolvidos, pois passam pelo drama da guerra em seus
países.
Quase 60 milhões
Para o presidente do Conare, Beto Vasconcelos, o que acontece hoje no
Oriente Médio, além de outras regiões do mundo, é um fato preocupante. São
quase 60 milhões de pessoas deslocadas anualmente. “É o maior número desde a
segunda guerra”, observa Vasconcelos. Por isso, avalia-se que a presença do
Brasil como abrigo desses refugiados vai aumentar. “Apesar de crescente, é um
número pequeno em relação a outros países. Mas o volume vai aumentar”, diz uma
fonte do Ministério da Justiça.
FATOONLINE
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