domingo, 3 de janeiro de 2016

Enquanto os refugiados chegam a Europa, em 2016 o Brasil continuará abrindo as suas fronteiras

O ano de 2015 foi marcado pelo drama dos refugiados, principalmente na Europa. A trágica foto do menino sírio Alan Kurdi, que morreu afogado tentando desembarcar numa praia da Turquia, foi a imagem de destaque do ano. Mas, enquanto alguns países da Europa se fecham para o drama dos refugiados, no Brasil foi diferente. E essa permanece sendo a perspectiva para 2016. O Brasil desenvolveu uma política diferenciada para o problema. Vem facilitando a entrada de estrangeiros que vivem situação de guerra em seus países, ou, por questões humanitárias, dos haitianos, que desde o terremoto no país, em 2010, entram em grande número em território brasileiro. E a perspectiva é que, em 2016, o processo se mantenha, até com a possibilidade de o movimento migratório aumentar.
Apesar de ser um país que segue as convenções da ONU (Organização das Nações Unidas) sobre refugiados, o Brasil não chega a ser um dos principais acolhedores de estrangeiros nestas condições. Segundo o Conare (Conselho Nacional de Refugiados), o número de pessoas que chegou aqui soma pouco mais de oito mil. A maioria – pouco mais de duas mil pessoas – é de sírios fugidos da guerra civil que afeta o país há alguns anos. Os demais são de países da América Latina e África.
A imigração para o Brasil começou há 485 anos, com os colonizadores portugueses. Desde esse período até agora, os fluxos diminuíram, mas nunca pararam. No século XIX, os europeus e japoneses viam o país como uma nação próspera. Depois, surgiram as duas grandes guerras, nas décadas de 1910 e 1940. Mais recentemente, chegaram os haitianos – fugindo da miséria de seu país, devastado por um terremoto em 2010 – e os sírios, acossados pela guerra civil que nunca acaba.

Adequar unidades diplomáticas
A política adotada em 2015 deve levar a um aumento dessas estatísticas em 2016 e nos próximos anos. O Brasil tomou a iniciativa de ir a três países por onde passam os refugiados: Líbano, Jordânia e Turquia. A intenção é a de adequar as unidades diplomáticas na região para que, em uma eventual entrada de imigrantes em massa, haja suporte para a emissão de vistos. Além disso, o governo brasileiro liberou recursos para o desenvolvimento da política em favor dos refugiados, o que não acontecia há muito tempo.
O número de refugiados sírios no Brasil pode aumentar em 2016, diante da continuidade da guerra civil no país. Muitos deles não têm a intenção de ficar em território nacional, desejam chegar a outros destinos, como os Estados Unidos e a Europa, apesar da distância entre as nações. Inclusive, o volume de imigrantes que tentam sair do país de forma ilegal, como aconteceu em São Paulo, pode aumentar. No estado, em menos de seis meses, cinco estrangeiros foram processados por usarem passaportes falsos. A questão foi tratada como humanitária, e todos foram absolvidos, pois passam pelo drama da guerra em seus países.
Quase 60 milhões
Para o presidente do Conare, Beto Vasconcelos, o que acontece hoje no Oriente Médio, além de outras regiões do mundo, é um fato preocupante. São quase 60 milhões de pessoas deslocadas anualmente. “É o maior número desde a segunda guerra”, observa Vasconcelos. Por isso, avalia-se que a presença do Brasil como abrigo desses refugiados vai aumentar. “Apesar de crescente, é um número pequeno em relação a outros países. Mas o volume vai aumentar”, diz uma fonte do Ministério da Justiça.

 FATOONLINE

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