segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Papa recorda crianças mortas no mar, símbolo da crise migratória

O Papa recordou hoje no Vaticano, diante dos representantes do corpo diplomático na Santa Sé, as crianças que morreram no mar, ao tentar chegar à Europa, símbolo da crise migratória internacional.

“Nas nossas mentes e nos nossos corações, permanecerão indelevelmente gravadas as imagens das crianças mortas no mar, vítimas dos homens sem escrúpulos e da inclemência da natureza”, afirmou Francisco, num longo discurso que marcou este encontro anual com os representantes de 180 Estados, incluindo Portugal, bem como da União Europeia, da Palestina e da Ordem Soberana de Malta.

A intervenção arremeteu contra os “poderosos que instrumentalizam os fracos”, em particular quem “pratica o tráfico ou o contrabando de seres humanos”.

“Renovo mais uma vez o apelo a travar o tráfico de pessoas, que mercantiliza os seres humanos, especialmente os mais fracos e indefesos”, insistiu o Papa.

Francisco evocou as “cicatrizes” dos migrantes que arriscam tudo para sair do seu país, em bucas de uma vida de “paz e com dignidade”.

Num dos discursos mais importantes do calendário do Vaticano, o pontífice argentino centrou uma grande parte da intervenção na “emergência migratória”, convidando os responsáveis políticos a “vencer o medo”.

“Milhares de pessoas choram enquanto fogem de guerras horríveis, de perseguições e violações dos direitos humanos, da instabilidade política ou social”, advertiu.

Francisco referiu-se às situações de “miséria extrema” e as consequências das alterações climáticas ou da fome, “com milhões de crianças que morrem anualmente por causa dela”.

O Papa criticou a falta de vontade política para resolver “grande parte das causas das migrações”, ajudando a “prevenir tantas desgraças ou, pelo menos, mitigar as suas consequências mais atrozes”.

Nesse sentido, deixou o desafio de debater as problemáticas relacionadas com o comércio dos armamentos, o problema da conservação de matérias-primas e energia, os investimentos, políticas de financiamento e apoio ao desenvolvimento.

“Além disso, temos de estar cientes da necessidade que há, em matéria de migrações, de estabelecer projetos de médio e longo prazo que ultrapassem a resposta de emergência”, prosseguiu.


O encontro começou com as palavras de saudação do novo decano do Corpo Diplomático acreditado junto da Santa Sé, o embaixador de Angola, Armindo Fernandes do Espírito Santo Vieira.

Radio Vaticano

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