O Papa recordou hoje no Vaticano, diante dos
representantes do corpo diplomático na Santa Sé, as crianças que morreram no
mar, ao tentar chegar à Europa, símbolo da crise migratória internacional.
“Nas nossas mentes e nos nossos corações, permanecerão
indelevelmente gravadas as imagens das crianças mortas no mar, vítimas dos
homens sem escrúpulos e da inclemência da natureza”, afirmou Francisco, num
longo discurso que marcou este encontro anual com os representantes de 180
Estados, incluindo Portugal, bem como da União Europeia, da Palestina e da
Ordem Soberana de Malta.
A intervenção arremeteu contra os “poderosos que
instrumentalizam os fracos”, em particular quem “pratica o tráfico ou o
contrabando de seres humanos”.
“Renovo mais uma vez o apelo a travar o tráfico de
pessoas, que mercantiliza os seres humanos, especialmente os mais fracos e
indefesos”, insistiu o Papa.
Francisco evocou as “cicatrizes” dos migrantes que
arriscam tudo para sair do seu país, em bucas de uma vida de “paz e com
dignidade”.
Num dos discursos mais importantes do calendário do
Vaticano, o pontífice argentino centrou uma grande parte da intervenção na
“emergência migratória”, convidando os responsáveis políticos a “vencer o
medo”.
“Milhares de pessoas choram enquanto fogem de guerras
horríveis, de perseguições e violações dos direitos humanos, da instabilidade
política ou social”, advertiu.
Francisco referiu-se às situações de “miséria extrema” e
as consequências das alterações climáticas ou da fome, “com milhões de crianças
que morrem anualmente por causa dela”.
O Papa criticou a falta de vontade política para resolver
“grande parte das causas das migrações”, ajudando a “prevenir tantas desgraças
ou, pelo menos, mitigar as suas consequências mais atrozes”.
Nesse sentido, deixou o desafio de debater as
problemáticas relacionadas com o comércio dos armamentos, o problema da
conservação de matérias-primas e energia, os investimentos, políticas de
financiamento e apoio ao desenvolvimento.
“Além disso, temos de estar cientes da necessidade que
há, em matéria de migrações, de estabelecer projetos de médio e longo prazo que
ultrapassem a resposta de emergência”, prosseguiu.
O encontro começou com as palavras de saudação do novo
decano do Corpo Diplomático acreditado junto da Santa Sé, o embaixador de
Angola, Armindo Fernandes do Espírito Santo Vieira.
Radio Vaticano
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