O ex-presidente do Uruguai,
José Mujica, acusou a "velha Europa" de não solucionar a tragédia
migratória do Mediterrâneo nem a mudança climática e culpou os políticos de
ignorar estes assuntos para concentrar-se em ganhar eleições.
Após a audiência que teve
nesta quinta-feira com o papa Francisco, na qual falaram da "integração na
América Latina", Mujica apresentou em Roma seu livro "Una oveja negra
al poder" (Uma ovelha negra no poder, em tradução livre).
Sobre imigração, afirmou que
ele mesmo provém de uma família de emigrantes da Itália e País do Basco e
defendeu que gerações como a sua, de antigos camponeses, voltem agora à Europa
e "melhorem o turismo e criem empregos".
"Olhem bem, os que
estão contra a imigração, o quão equivocados vocês estão", exclamou
Mujica, que desde meados deste mês viaja junto com sua esposa, Lucía
Topolansky, por Espanha e Itália, países de origem familiar do político.
O ex-presidente uruguaio
acrescentou que "os que querem atravessar o Mediterrâneo não são pobres da
África, são pobres da humanidade", e assinalou que a imigração "não é
um problema da Itália, é um problema do mundo".
No entanto, a falta de
solução persiste, segundo seu ponto de vista, por que "não há um governo
mundial, ninguém que se ocupa de cuidar o mundo".
Mujica insistiu que "a
Europa está velha, pois tem que comprar televisões e carros novos e não tem
filhos", um problema que se resolveria com "o sangue novo da
imigração".
"Não tenham medo da
mistura!", clamou.
Em relação à mudança
climática, reivindicou um compromisso para frear esta fenômeno que causou a
perda de "30% do planeta", mas que, segundo o ex-presidente uruguaio,
"o homem pode reverter" se enfrentar o desafio com decisão.
"O problema está em nós
que manejamos as políticas do mundo e não damos atenção. Os que são os
escolhidos para governar não deveriam ignorar as recomendações da ciência. Não
significa que a Academia (o âmbito científico) tenha que governar, mas não se
pode governar o mundo se não se levar em conta o que diz a Academia",
considerou.
"Estamos todos no mesmo
barco, precisamos de medidas iguais (...) porque a globalização existe e a má
globalização existe, enquanto os governos estamos preocupados com quem ganha as
eleições", lamentou.
Por fim, Mujica, que
completou 80 anos no último dia 20, disse que "quando era jovem pensava em
mudar o mundo e, agora que sou velho, continuo pensando em mudar o mundo".
Efe
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