sexta-feira, 29 de maio de 2015

Mujica critica Europa por não solucionar imigração e mudança climática


O ex-presidente do Uruguai, José Mujica, acusou a "velha Europa" de não solucionar a tragédia migratória do Mediterrâneo nem a mudança climática e culpou os políticos de ignorar estes assuntos para concentrar-se em ganhar eleições.

Após a audiência que teve nesta quinta-feira com o papa Francisco, na qual falaram da "integração na América Latina", Mujica apresentou em Roma seu livro "Una oveja negra al poder" (Uma ovelha negra no poder, em tradução livre).
Sobre imigração, afirmou que ele mesmo provém de uma família de emigrantes da Itália e País do Basco e defendeu que gerações como a sua, de antigos camponeses, voltem agora à Europa e "melhorem o turismo e criem empregos".

"Olhem bem, os que estão contra a imigração, o quão equivocados vocês estão", exclamou Mujica, que desde meados deste mês viaja junto com sua esposa, Lucía Topolansky, por Espanha e Itália, países de origem familiar do político.

O ex-presidente uruguaio acrescentou que "os que querem atravessar o Mediterrâneo não são pobres da África, são pobres da humanidade", e assinalou que a imigração "não é um problema da Itália, é um problema do mundo".

No entanto, a falta de solução persiste, segundo seu ponto de vista, por que "não há um governo mundial, ninguém que se ocupa de cuidar o mundo".

Mujica insistiu que "a Europa está velha, pois tem que comprar televisões e carros novos e não tem filhos", um problema que se resolveria com "o sangue novo da imigração".
"Não tenham medo da mistura!", clamou.

Em relação à mudança climática, reivindicou um compromisso para frear esta fenômeno que causou a perda de "30% do planeta", mas que, segundo o ex-presidente uruguaio, "o homem pode reverter" se enfrentar o desafio com decisão.

"O problema está em nós que manejamos as políticas do mundo e não damos atenção. Os que são os escolhidos para governar não deveriam ignorar as recomendações da ciência. Não significa que a Academia (o âmbito científico) tenha que governar, mas não se pode governar o mundo se não se levar em conta o que diz a Academia", considerou.

"Estamos todos no mesmo barco, precisamos de medidas iguais (...) porque a globalização existe e a má globalização existe, enquanto os governos estamos preocupados com quem ganha as eleições", lamentou.

Por fim, Mujica, que completou 80 anos no último dia 20, disse que "quando era jovem pensava em mudar o mundo e, agora que sou velho, continuo pensando em mudar o mundo".


Efe

Nenhum comentário:

Postar um comentário