O presidente da Conferência
Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) dom Sérgio da Rocha reafirmou o apoio da
Igreja às ações de enfrentamento ao tráfico de seres humanos e trabalho
escravo, falando aos participantes do III Seminário Nacional de Enfrentamento
ao Tráfico de Seres Humanos.
O evento em Brasília, de 5 a
7 de maio, reúne organizações da Igreja e da sociedade civil e discute, entre
outros temas, como a Campanha da Fraternidade de 2014 (Fraternidade e Tráfico
Humano) incidiu sobre o enfrentamento ao crime, chamado de escravidão dos
tempos modernos.
O Seminário é organizado anualmente
pelo Grupo de Trabalho (GT) de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas e Trabalho
Escravo da CNBB e as instituições que o integram e tem por objetivo, além de
analisar a repercussão da CF de 2014, aprofundar a reflexão teológico-pastoral
sobre o tráfico e debater sobre o tema tráfico de pessoas e migrações.
O evento reúne em torno de
80 pessoas de pelo menos 15 regionais da CNBB e conta com o acompanhamento do
presidente do Serviço Pastoral do Migrante (SPM) dom José Luiz Salles, bispo da
diocese de Pesqueira (PE) e membro da Comissão Episcopal Pastoral para o
Serviço da Caridade, da Justiça e a Paz.
Após a abertura na tarde de
terça-feira (5) houve a plenária “Análise da Conjuntura Econômica e sua Relação
com o Tráfico Humano, com Daniel Seidel, da Comissão Brasileira de Justiça e
Paz e de Marcos Vinícius Vieira, subchefe da divisão de imigração do Itamaraty.
Nesta quarta-feira (6)
os temas tratados foram Tráfico Humano e Migrações; Tráfico Humano e Gênero e
Reflexão Teológico-pastoral sobre Tráfico Humano.
Tráfico no Brasil
De acordo com o Relatório
sobre Tráfico de Pessoas de 2013, do Departamento de Estado dos Estados Unidos,
o Brasil é país de origem, destino e trânsito para homens, mulheres e crianças
submetidos à exploração sexual e trabalho escravo, entre outras modalidades,
como tráfico de órgãos, adoção irregular, o ‘contrabando’ de imigrantes e a
exploração de grupos indígenas.
O Brasil é considerado um
dos campeões mundiais em relação às vítimas, responsável por 15 por cento das
pessoas traficadas da América Latina para a Europa.
Há várias rotas internas e
internacionais de tráfico de pessoas e vários destinos dentro e fora do país.
Os números são imprecisos, em razão da invisibilidade e complexidade do crime
que envolve redes criminosas internacionais.
As vítimas, segundo pesquisa
do Ministério da Justiça (2005/2010), traficadas do Brasil para o exterior, são
em sua maioria, da Bahia, Pernambuco e Mato Grosso do Sul, mas já é grande a
preocupação com a exploração de meninas e tráfico de mulheres na área da
Amazônia legal.
As principais rotas da
exploração sexual apontadas, são Suriname, Suíça, Espanha, Holanda e Portugal. O trabalho escravo, no meio rural e
nas cidades, também aparece entre as modalidades mais presentes, com mais de 45
mil vítimas resgatadas desde 1995.
No mundo, segundo a
Organização das Nações Unidas (ONU) o número de pessoas traficadas é de 4
milhões anuais, com uma renda ilícita de US$ 30 bilhões.
Atuar em rede
A alternativa encontrada
pelas organizações que atuam no enfrentamento, prevenção ao crime e atendimento
às vítimas, é atuar em rede. Desde 2010, o grupo de trabalho criado no âmbito
da Comissão Episcopal Pastoral para o Serviço da Caridade, Justiça e Paz da
CNBB, reúne pelo menos 10 organizações ligadas à Igreja, mas está aliado há
muitas outras organizações da sociedade civil.
Um dos frutos foi a
realização da Campanha da Fraternidade de 2014 que tratou e deu visibilidade ao
tema.
Para o presidente da CNBB,
dom Sérgio da Rocha a atuação desta rede demonstra que a saída é unir forças na
sociedade e romper com a indiferença em relação ao tema.
“Eu fico muito contente de
encontrar um grupo que se reúne com a consciência da gravidade do tráfico
humano e disposto a se unir e a enfrentá-lo. Precisamos de gente que recorde à
sociedade que o drama do tráfico humano continua acontecendo e que, nós não
podemos ficar indiferentes. Aqui fica um aleta para que a gente não deixe
passar este tema, como nos pede o papa Francisco, porque pessoas estão
sofrendo, não fiquemos indiferentes”, exortou.
O Seminário ocorre no Centro
Cultural de Brasília (CCB) e neste dia 7, irá refletir sobre ações e propostas
entre os regionais da CNBB, encerrando por volta das 16h.
Roseli Rossi Lara
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