quinta-feira, 7 de maio de 2015

Presidente da CNBB reafirma apoio da Igreja em ações de enfrentamento ao tráfico de seres humanos


O presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) dom Sérgio da Rocha reafirmou o apoio da Igreja às ações de enfrentamento ao tráfico de seres humanos e trabalho escravo, falando aos participantes do III Seminário Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Seres Humanos.

O evento em Brasília, de 5 a 7 de maio, reúne organizações da Igreja e da sociedade civil e discute, entre outros temas, como a Campanha da Fraternidade de 2014 (Fraternidade e Tráfico Humano) incidiu sobre o enfrentamento ao crime, chamado de escravidão dos tempos modernos.

O Seminário é organizado anualmente pelo Grupo de Trabalho (GT) de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas e Trabalho Escravo da CNBB e as instituições que o integram e tem por objetivo, além de analisar a repercussão da CF de 2014, aprofundar a reflexão teológico-pastoral sobre o tráfico e debater sobre o tema tráfico de pessoas e migrações.

O evento reúne em torno de 80 pessoas de pelo menos 15 regionais da CNBB e conta com o acompanhamento do presidente do Serviço Pastoral do Migrante (SPM) dom José Luiz Salles, bispo da diocese de Pesqueira (PE) e membro da Comissão Episcopal Pastoral para o Serviço da Caridade, da Justiça e a Paz.

Após a abertura na tarde de terça-feira (5) houve a plenária “Análise da Conjuntura Econômica e sua Relação com o Tráfico Humano, com Daniel Seidel, da Comissão Brasileira de Justiça e Paz e de Marcos Vinícius Vieira, subchefe da divisão de imigração do Itamaraty.
Nesta  quarta-feira (6) os temas tratados foram   Tráfico Humano e Migrações; Tráfico Humano e Gênero e Reflexão Teológico-pastoral sobre Tráfico Humano.

Tráfico no Brasil

De acordo com o Relatório sobre Tráfico de Pessoas de 2013, do Departamento de Estado dos Estados Unidos, o Brasil é país de origem, destino e trânsito para homens, mulheres e crianças submetidos à exploração sexual e trabalho escravo, entre outras modalidades, como tráfico de órgãos, adoção irregular, o ‘contrabando’ de imigrantes e a exploração de grupos indígenas.
O Brasil é considerado um dos campeões mundiais em relação às vítimas, responsável por 15 por cento das pessoas traficadas da América Latina para a Europa.
Há várias rotas internas e internacionais de tráfico de pessoas e vários destinos dentro e fora do país. Os números são imprecisos, em razão da invisibilidade e complexidade do crime que envolve redes criminosas internacionais.
As vítimas, segundo pesquisa do Ministério da Justiça (2005/2010), traficadas do Brasil para o exterior, são em sua maioria, da Bahia, Pernambuco e Mato Grosso do Sul, mas já é grande a preocupação com a exploração de meninas e tráfico de mulheres na área da Amazônia legal.
As principais rotas da exploração sexual apontadas, são Suriname, Suíça, Espanha, Holanda e  Portugal. O trabalho escravo, no meio rural e nas cidades, também aparece entre as modalidades mais presentes, com mais de 45 mil vítimas resgatadas desde 1995.
No mundo, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU) o número de pessoas traficadas é de 4 milhões anuais, com uma renda ilícita de US$ 30 bilhões.

Atuar em rede

A alternativa encontrada pelas organizações que atuam no enfrentamento, prevenção ao crime e atendimento às vítimas, é atuar em rede. Desde 2010, o grupo de trabalho criado no âmbito da Comissão Episcopal Pastoral para o Serviço da Caridade, Justiça e Paz da CNBB, reúne pelo menos 10 organizações ligadas à Igreja, mas está aliado há muitas outras organizações da sociedade civil.
Um dos frutos foi a realização da Campanha da Fraternidade de 2014 que tratou e deu visibilidade ao tema.
Para o presidente da CNBB, dom Sérgio da Rocha a atuação desta rede demonstra que a saída é unir forças na sociedade e romper com a indiferença em relação ao tema. 
“Eu fico muito contente de encontrar um grupo que se reúne com a consciência da gravidade do tráfico humano e disposto a se unir e a enfrentá-lo. Precisamos de gente que recorde à sociedade que o drama do tráfico humano continua acontecendo e que, nós não podemos ficar indiferentes. Aqui fica um aleta para que a gente não deixe passar este tema, como nos pede o papa Francisco, porque pessoas estão sofrendo, não fiquemos indiferentes”, exortou.
O Seminário ocorre no Centro Cultural de Brasília (CCB) e neste dia 7, irá refletir sobre ações e propostas entre os regionais da CNBB, encerrando por volta das 16h.




Roseli Rossi Lara

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