segunda-feira, 18 de maio de 2015

873 estrangeiros pedem visto de permanência na PF de Piracicaba


A delegacia da Polícia Federal de Piracicaba já recebeu este ano 873 solicitações de CIE (Cédula de Identidade de Estrangeiro), que é o documento que permite a permanência de estrangeiros no país.
A delegacia de Piracicaba é uma das unidades que mais recebe este tipo de solicitação no Estado de São Paulo, principalmente por conta de estudantes de outros países que frequentam as universidades da região.
Além disso, já foram registrados nos primeiros cinco meses do ano seis pedidos de naturalização e quatro de refúgio político.
A reportagem do JP conversou com dois haitianos e um boliviano que solicitavam a documentação na semana passada no prédio da PF em Piracicaba.
O haitiano Jian Serge, 23 anos, chegou ao Brasil em 2012 e logo procurou emprego na região.
Desde então, trabalha como operador de máquinas em uma indústria na cidade de Limeira.
Serge, natural da cidade de Cayes, no Haiti, disse que se interessou pelo Brasil devido às belezas naturais do país.
“Aqui é o melhor país da América Latina para se viver. Está um pouco difícil por conta da crise e da alta do dólar, mas ainda consigo mandar um pouco de dinheiro para a minha mãe”, disse o operador de máquinas, que acompanhava um amigo recém chegado do Haiti, que também veio buscar melhores condições de vida no Brasil.
Há um ano no Brasil, o haitiano Maxo Augustin (foto), 29 anos, também veio para Piracicaba na semana passada para renovar sua CIE.
Nascido na cidade de Carrefour, no Haiti, ele foi atraído ao Brasil pelas oportunidades de trabalho.
“Já tinha procurado o Brasil outras vezes em busca de uma vida melhor. Com o que ganho aqui consigo mandar um pouco de dinheiro para o meu filho que está na República Dominicana, mas está cada vez mais difícil, porque aqui a gente trabalha muito e ganha pouco. A alta do dólar também prejudica muito a gente”, disse o haitiano, que trabalha em uma indústria na cidade de Nova Odessa.
Já o boliviano Alex de Mendoça, 52 anos, veio ao Brasil apenas a passeio, mas acabou ficando.
Há três anos no país, ele vive hoje em Piracicaba, onde dá aulas de Espanhol.
Mendoça estava atrás de uma licença permanente no Brasil, devido ao tempo de residência e de trabalho que exerce no país.
“Mas, na verdade, estou pensando seriamente em voltar para La Paz, pois as coisas aqui estão subindo muito e não está mais compensando ficar. Lá está melhor”, afirmou Mendoça.

O delegado federal Florisvaldo Emílio das Neves explicou que grande parte dos pedidos de permanência são relacionados a estudantes que frequentam as universidades da região.
“Tem muitos da Esalq, por ser uma instituição de renome internacional; tem de São Carlos, de Araras e toda a região. Para se ter uma ideia, só na Unasp, que é uma universidade ligada à igreja adventista na cidade de Engenheiro Coelho, existem cerca de 300 angolanos estudando. Todos esses alunos nos procuram para renovar a CIE”, contou Neves.
Por conta desta peculiaridade, Neves aponta que Piracicaba é uma das unidades que mais recebe este tipo de pedido no Estado.
“Nós consideramos um movimento grande em relação às outras unidades do Estado. Apesar de existirem muitos estrangeiros em busca de trabalho na região, os estudantes ainda são a maioria”, disse o delegado.

Reportagem: Gustavo Simi

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