A delegacia da Polícia
Federal de Piracicaba já recebeu este ano 873 solicitações de CIE (Cédula de
Identidade de Estrangeiro), que é o documento que permite a permanência de
estrangeiros no país.
A delegacia de Piracicaba é
uma das unidades que mais recebe este tipo de solicitação no Estado de São
Paulo, principalmente por conta de estudantes de outros países que frequentam
as universidades da região.
Além disso, já foram
registrados nos primeiros cinco meses do ano seis pedidos de naturalização e
quatro de refúgio político.
A reportagem do JP conversou
com dois haitianos e um boliviano que solicitavam a documentação na semana
passada no prédio da PF em Piracicaba.
O haitiano Jian Serge, 23
anos, chegou ao Brasil em 2012 e logo procurou emprego na região.
Desde então, trabalha como
operador de máquinas em uma indústria na cidade de Limeira.
Serge, natural da cidade de
Cayes, no Haiti, disse que se interessou pelo Brasil devido às belezas naturais
do país.
“Aqui é o melhor país da
América Latina para se viver. Está um pouco difícil por conta da crise e da
alta do dólar, mas ainda consigo mandar um pouco de dinheiro para a minha mãe”,
disse o operador de máquinas, que acompanhava um amigo recém chegado do Haiti,
que também veio buscar melhores condições de vida no Brasil.
Há um ano no Brasil, o
haitiano Maxo Augustin (foto), 29 anos, também veio para Piracicaba na semana
passada para renovar sua CIE.
Nascido na cidade de
Carrefour, no Haiti, ele foi atraído ao Brasil pelas oportunidades de trabalho.
“Já tinha procurado o Brasil
outras vezes em busca de uma vida melhor. Com o que ganho aqui consigo mandar
um pouco de dinheiro para o meu filho que está na República Dominicana, mas está
cada vez mais difícil, porque aqui a gente trabalha muito e ganha pouco. A alta
do dólar também prejudica muito a gente”, disse o haitiano, que trabalha em uma
indústria na cidade de Nova Odessa.
Já o boliviano Alex de
Mendoça, 52 anos, veio ao Brasil apenas a passeio, mas acabou ficando.
Há três anos no país, ele
vive hoje em Piracicaba, onde dá aulas de Espanhol.
Mendoça estava atrás de uma
licença permanente no Brasil, devido ao tempo de residência e de trabalho que
exerce no país.
“Mas, na verdade, estou
pensando seriamente em voltar para La Paz, pois as coisas aqui estão subindo
muito e não está mais compensando ficar. Lá está melhor”, afirmou Mendoça.
O delegado federal
Florisvaldo Emílio das Neves explicou que grande parte dos pedidos de
permanência são relacionados a estudantes que frequentam as universidades da
região.
“Tem muitos da Esalq, por
ser uma instituição de renome internacional; tem de São Carlos, de Araras e
toda a região. Para se ter uma ideia, só na Unasp, que é uma universidade
ligada à igreja adventista na cidade de Engenheiro Coelho, existem cerca de 300
angolanos estudando. Todos esses alunos nos procuram para renovar a CIE”, contou
Neves.
Por conta desta
peculiaridade, Neves aponta que Piracicaba é uma das unidades que mais recebe
este tipo de pedido no Estado.
“Nós consideramos um
movimento grande em relação às outras unidades do Estado. Apesar de existirem
muitos estrangeiros em busca de trabalho na região, os estudantes ainda são a
maioria”, disse o delegado.
Reportagem: Gustavo Simi
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