segunda-feira, 25 de maio de 2015

440 MIL PESSOAS REFUGIADAS NAS AMÉRICAS EM 2014, 7 MILHÕES AO TODO

Relatório lançado pelo Centro de Monitoramento do Deslocamento Interno (IDMC, na sigla em inglês) revela que, ao fim de 2014, 38 milhões de pessoas estavam deslocadas dentro de seus próprios países, devido a conflitos e à violência. 11 milhões de deslocamentos aconteceram só no ano passado. A cada dia, cerca de 30 mil pessoas foram forçadas a deixarem suas casas em busca de segurança em outros locais. Nas Américas, foram 436.500 novos deslocamentos, acumulando de 7 milhões. A situação mais grave é a da Colômbia, com 6.044.200 deslocamento registrados ao fim de 2014, o que representa 12% da população do continente americano.


No mundo, foram 11 milhões de deslocamentos forçados em 2014. A violência é a principal causa.
Intitulado “Global Overview 2015: People Internally Displaced by Conflict and Violence“, o estudo foi apresentado pela Organização das Nações Unidas (ONU), esta semana. A pesquisa se baseou em dados de janeiro a dezembro de 2014, em 60 países e territórios em todo o mundo. Segundo o IDMC, nunca, nos últimos 10 anos de relatórios, foi reportada uma estimativa tão alta para novos deslocamentos em apenas um ano.
O relatório indica que 60% dos novos deslocamentos de todo o mundo estão concentrados em cinco países: Iraque, Sudão, Síria, República do Congo e Nigéria. Cerca de 2 milhões de pessoas fugiram por conta da perseguição do Estado Islâmico.
Entre as principais causas dos deslocamentos, de um modo geral, estão: o crime organizado, a violência entre gangues, o tráfico de drogas e perseguições religiosas.

Em entrevista à Adital, a irmã Eléia Scariot, uma das coordenadoras da Pastoral dos Migrantes da Arquidiocese de Fortaleza, Estado do Ceará, comenta que a migração é uma questão estrutural e faz parte de um sistema capitalista excludente. É uma realidade “dramática”, ocasionada por uma situação de “desespero”, que leva as pessoas a deixarem a própria terra.
Irmã Eléia explica que, na América Latina, o movimento migratório se dá, principalmente, em busca de melhores condições de vida e de trabalho. Já na Colômbia, o cenário de guerrilha leva os migrantes a buscarem refúgio, que é outra categoria dentro da mobilidade humana.
Segundo a missionária, os “forçados” são pessoas que querem dar um rumo à vida, em busca de uma dignidade maior. “O ser humano foi feito para ser feliz, porém, em uma sociedade selvagem, o foco é a sobrevivência e não a felicidade. O migrante forçado grita por socorro para sobreviver”, declara.
No Brasil, irmã Eléia acredita que as leis ainda são arcaicas, a exemplo do Estatuto do Estrangeiro, de 1980, uma “herança” da ditadura militar. O artigo 5º da Constituição Federal determina a garantia do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança, tanto para brasileiros e estrangeiros. Na prática, irmã Eléia denuncia que o migrante não tem seu direito garantido.



Para aprofundar as reflexões, muitos grupos de estudo têm se dedicado a debaterem a temática. Um exemplo é o I Simpósio Internacional sobre Religião e Migração, que será realizado de 08 a 10 de junho, em São Paulo. O evento é organizado pelo Centro de Estudos Migratórios/Missão Paz, juntamente com o Scalabrini International Migration Institute – Pontifícia Universidade Urbaniana de Roma e o Programa de Estudos Pós-graduados em Ciências da Religião da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP). Entre os assuntos, serão abordados o processo imigratório haitiano no Brasil e os nômades de Deus: diálogos inter-religiosos a partir da sobrevivência humana.


Controversia

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