Eucaliptos, cactos
e flores silvestres emolduram a estrada para a linda cidade de Ragusa, no sul
da Sicília. Em um pátio perto de uma igreja barroca, um grupo de jovens de
diversos países africanos sentam embaixo de duas oliveiras.
Como a Itália vem
lutando para lidar com o grande número de pessoas resgatadas no mar, esse
antigo monastério converteu-se em um abrigo de emergência para 75 refugiados e
solicitantes de refúgio. Somente neste ano, 60 mil homens, mulheres e crianças
atravessaram o mar, muitos em uma tentativa desesperada de encontrar segurança
na Europa. Mais de 1,8 mil pessoas morreram nesta tentativa.
Zaidoun, um homem
sírio de 30 anos com um sorriso amigável no rosto, está entre os que
conseguiram fazer a travessia e agora se recupera em Ragusa. Há pouco mais de
duas semanas, ele entregou todas as suas economias, 14 mil dólares, para
coiotes no porto turco de Mersin. Eles ofereceram vagas para ele, sua esposa
grávida e duas crianças pequenas para atravessar o mar Mediterrâneo, em um
barco, até a Itália.
“Havia umas cem
pessoas no barco – a maioria sírios, mas também alguns palestinos”, ele contou,
segurando seu filho de um ano nos braços, enquanto sua filha, de três anos,
estava agarrada em suas pernas. “Navegamos por cinco dias até a marinha
italiana nos socorrer. Estamos felizes e gratos de estarmos vivos e salvos.”
Zaidoun e sua
família foram levados para o porto Pozzallo, na Sicília, e, após passar pela
triagem médica e registro, foram transferidos para Ragusa.
“Não existem
padrões de desembarque e procedimentos de recepção na Itália”, observou Fabiana
Giuliani, funcionária do ACNUR que acompanhou a chegada ao sul da Itália de
inúmeros navios com sobreviventes de travessias. “Cada porto tem um
procedimento diferente e eles dependem de se as pessoas foram resgatadas por
navios comerciais ou pela guarda costeira”, ela disse. Ela disse também que nem
todos os portos têm facilidades de recepção e existem diferentes tipos de
centros de recepção, os quais fornecem acomodações de curto ou longo prazo para
refugiados, migrantes e solicitantes de refúgio”.
As condições nesses
centros variam, mas eles estão todos cheios. Agora, os imigrantes que estão
chegando são transferidos para cidades mais longe, como Bolonha, no norte da
Itália.
No ano passado, a
marinha italiana lançou uma operação de busca-e-resgate no Mediterrâneo. Com o
nome de Mare Nostrum, a operação utilizou um grande número de navios e aviões,
que salvaram mais de 160 mil vidas. A maioria dos resgatados foi levada para o
porto de Augusta, na província de Siracusa, na Sicília.
“Criamos um sistema
para receber pessoas e para acomodá-las”, disse o prefeito de Siracusa, Armando
Gradone. “Mas dependemos de voluntários para fazer o trabalho todo e os abrigos
locais estão sobrecarregados. Mais equipes e recursos financeiros devem ser
direcionados para lugares como Augusta e Pozzallo, pois estão recebendo milhares
de pessoas. Nós precisamos de uma operação como o Mare Nostrum também em
terra!”
Na periferia de
Siracusa, em uma montanha com vista para o mar, uma antiga escola foi
transformada em um centro temporário que oferece dormitórios para 60 pessoas.
Eles recebem comida e têm acesso a internet. Também existe telefone público
para que os residentes possam ligar para suas famílias para que saibam que
sobreviveram à travessia.
“Para mim, o mais
difícil é ver crianças pequenas que já sofreram jornadas terríveis”, confessa
Gianpero Parrinello, o diretor do centro. “Este é um trabalho duro”.
Por William
Spindler em Ragusa, Itália
Por: ACNUR
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