O controle da imigração aparece como um dos assuntos que
mais preocupam os britânicos às vésperas das eleições do dia 7 de maio, com
pesquisas que indicam o auge do UKIP, o partido eurofóbico que pode conquistar
mais cadeiras no parlamento.
A imigração foi insistentemente abordada na campanha
eleitoral e os líderes se esforçaram em propor medidas para controlá-la através
de Nigel Farage, líder do UKIP (Partido de Independência do Reino Unido), que
citou os imigrantes como se fossem a fonte de todos os problemas do Reino
Unido.
O professor Peter Urwin, da Escola de Negócios de
Westminster, disse à Agência Efe que a imigração foi um assunto relevante nos
últimos anos em toda Europa, mas que no caso do Reino Unido os debates variam
desde a preocupação pelo aumento da população até os relacionados à segurança.
"No Reino Unido, a natureza específica dos debates sobre a imigração varia
desde a preocupação pelos limitados serviços públicos, devido a uma crescente
população, até o livre-comércio, a globalização, a segurança e o assunto da
participação na União Europeia", afirmou Urwin.
Os dois principais partidos, Conservador e Trabalhista,
concordaram na necessidade de conter a imigração, apesar de o primeiro ter
proposto alternativas muito mais severas que o segundo, principal legenda da
oposição. O primeiro-ministro do Reino Unido, o conservador David Cameron, que
tenta a reeleição no dia 7 de maio, quer impor duras restrições aos
comunitários que quiserem trabalhar no país, como um prazo de seis meses para
que encontrem trabalho ou que tenham vivido quatro anos no país antes de serem
beneficiados com os subsídios estatais. Cameron também quer proibir a entrada
de imigrantes de países recém-aderidos à União Europeia (UE) até que suas
economias se equiparem às dos outros membros. Já o líder da oposição
trabalhista, Ed Miliband, propôs alocar mais trabalhadores no controle de
fronteira, além de obrigar os funcionários públicos a falarem inglês e
estabelecer uma espera de dois anos até que os novos imigrantes tenham acesso
ao sistema de benefícios estatais. Nigel Farage, o político que pede a imediata
saída do país da UE, é a favor de um sistema por pontos, similar ao da
Austrália, para selecionar os imigrantes de acordo com suas capacidades
trabalhistas, e propõe fixar em 50 mil o número de estrangeiros permitidos a
entrar por ano. Esse número é muito mais baixo que o atual. De acordo com
números oficiais, quase 300 mil imigrantes entraram anualmente no Reino Unido
nos últimos três anos, apesar de o governo de Cameron ter prometido cotar a
entrada em menos de 100 mil. Para o especialista político Paul Whiteley, da
Universidade de Essex, as pesquisas indicam que, depois da economia e do
Serviço Nacional de Saúde (NHS, ma sigla em inglês), a imigração é o assunto
que mais preocupa os cidadãos.
Apesar de a economia ter aparecido como o maior
incômodo dos britânicos no início da campanha, em março, esse tema "passou
a ser menos importante, enquanto o NHS se mantém igual e a importância da
imigração aumentou à medida que as eleições se aproximavam", ressaltou
Whiteley. Segundo Peter Urwin, nenhum partido "quis se apresentar como
brando sobre a imigração", pois "há uma percepção de que o Reino
Unido perdeu o controle de suas fronteiras", disse. No entanto, a atitude
dos britânicos em relação ao aumento de estrangeiros também varia de acordo com
a idade dos eleitores.
Segundo a organização British Social Attitudes Survey,
que analisa o comportamento social, 51% dos maiores de 65 anos e 23% dos
menores de 25 anos consideram a imigração como um dos assuntos mais
importantes. Para Urwin, a intolerância sobre os imigrantes também varia por
regiões do país. "As regiões com uma tendência contrária à imigração
costumam ser curiosamente áreas com a menor quantidade de imigrantes, enquanto
em locais como Londres, onde os últimos imigrantes (que entraram) vivem em
grande quantidade, há mais aceitação. Viver junto e se misturar traz aceitação
e tolerância", opinou Urwin.
EFE
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