Um
imigrante a mais é um emprego a menos. Certo?
Errado - pelo menos de acordo
com um
estudo publicado
em abril pelo Escritório Nacional de Pesquisa dos Estados Unidos (NBER, na sigla em inglês) por Gihoon Hong,
da Universidade de Indiana, e John McLaren, da Universidade de Virginia.
A literatura econômica (e os
políticos) costumam olhar a imigração do ponto de vista da oferta de trabalho.
A chegada de estrangeiros aumentaria o estoque de trabalhadores disponíveis,
criando competição com os nativos e achatando os salários.
Mas há o outro lado da moeda.
Como os recém-chegados são ao mesmo tempo novos consumidores, eles também
aumentam a demanda por trabalho - por mais garçons, vendedores, professores e
tudo mais.
O que Hung e McLaren fizeram
foi criar um modelo econômico que divide a economia local em dois setores: os
"transacionáveis" (produtos e serviços que podem vir do mercado
global) e os "não-transacionáveis" (que são por definição 100%
locais, como um corte de cabelo).
O efeito da imigração no emprego foi medido usando dados do Censo
de várias áreas metropolitanas dos Estados Unidos em três momentos: 1980, 1990
e 2000. A suposição, baseada em outros estudos, é que a chegada de imigrantes
não causa uma saída de locais.
A conclusão: "cada
imigrante criou 1,2 empregos locais para trabalhadores locais, a maioria indo
para nativos, e 62% deles no setor "não-transacionável", um efeito
que os autores chamam de "shot in the arm" ("injeção na
veia", em tradução livre).
Aumenta também a diversidade de
serviços locais, outra boa notícia para os moradores. Os salários tendem a cair
no setor transacionável e subir no não-transacionável: o efeito final depende
do tamanho da injeção na veia e da composição da economia local.
Referências
Um trabalho
similar em espírito ao de Hong e McLaren foi feito em
1996 por Elise Brezis e Paul Krugman. A
conclusão foi que inicialmente, os imigrantes pressionam os salários para
baixo, mas a resposta do investimento e dos retornos de longo prazo causa um
movimento contrário no longo prazo.
O desafio é dar tempo para o
efeito acontecer: o ciclo só se torna virtuoso se não for interrompido. "O
otimismo ou pessimismo sobre o sucesso de uma economia em absorver imigrantes
pode constituir uma profecia auto-realizável", escreviam os autores na
época.
O efeito geral da imigração é
uma questão ainda não resolvida na teoria econômica. As interações entre
qualificação, consumo, cultura, empregos, salários, comércio internacional,
empreendedorismo (e bravatas políticas) são complexas demais para serem
capturadas por um único modelo. Ainda assim, a tendência é de ver a imigração
como positiva no balanço.
Uma pesquisa da Universidade
de Chicago com dezenas de economistas consagrados em 2013 fez a
seguinte pergunta: o americano médio estaria em melhor situação se um número
maior de trabalhadores estrangeiros de baixa qualificação pudesse entrar no
país todo ano? 50% disseram que sim, 28% demonstraram incerteza e 9%
discordaram.
Quando a
pergunta é sobre o
efeito da entrada de imigrantes bem qualificados, aparece um consenso: 89%
concordam (fortemente ou não) que o efeito é positivo e 5% estão incertos.
Exame
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