terça-feira, 2 de setembro de 2014

Estrangeiros que trabalham no Brasil mandaram US$ 1,4 bi para o exterior


Mesmo com o Brasil em recessão, estrangeiros empregados no país remetem, nos sete primeiros meses do ano, volume recorde de recursos para suas famílias. Somente em julho, foram US$ 261 milhões, quantia 80% maior que a registrada em igual período de 2013

 Enquanto carrega pedras de um lado para o outro na megaobra do novo Centro Administrativo do Distrito Federal, Osnic Cezaire, 26 anos, mantém o pensamento nos dois filhos que deixou no Haiti, de onde saiu quase um ano atrás em busca de vida nova.
“É muita saudade”, balbucia ele, com um português ainda pouco compreensível.
As crianças — de 2 e 7 anos — ficaram com a mãe dele no país mais pobre das Américas, maltratado por conflitos sociais e pelo devastador terremoto de 2010.
Todo mês, o operário manda boa parte do salário para casa. Foi a maneira encontrada por ele para se fazer presente, mesmo estando a 7,5 mil quilômetros de distância.


Como Osnic, milhares de estrangeiros vêm tirando o sustento do Brasil. Para esses trabalhadores, recessão é uma palavra que não existe.
Tanto que o volume de recursos remetidos por eles para os países de origem não para de aumentar. Em julho, foram US$ 261 milhões, um salto de 80% na comparação com igual período de 2013.
No acumulado dos sete primeiros meses do ano, os gringos mandaram US$ 1,4 bilhão para suas famílias — um recorde para o período, conforme o Banco Central.

Diante desse movimento, o saldo na conta que o BC classifica como transferências unilaterais despencou.
Entre janeiro e julho de 2013, os brasileiros que trabalham no exterior mandaram para cá US$ 1,8 bilhão a mais do que os gringos remeteram para seus países.
Nos mesmos sete meses deste ano, a diferença caiu para US$ 877 milhões.
Além de mais estrangeiros trabalhando no Brasil, essa queda se explica também pelo fato de muitos brasileiros terem perdido os empregos no exterior ante as dificuldades enfrentadas por muitas economias desde o estouro da crise de 2008.

Osnic nem pensa em perder seu emprego no Brasil.
Ele conta que as remessas que faz regularmente para o Haiti só seriam suspensas se conseguisse trazer os filhos para o lado dele.
Enquanto esse dia não chega, o operário planeja enviar cada vez mais DINHEIROhttp://cdncache1-a.akamaihd.net/items/it/img/arrow-10x10.png para a família. “Se estou bem aqui, eles têm que estar bem por lá.
Se não, meu trabalho não adianta nada”, comenta um dos quatro haitianos fichados na obra.
O conterrâneo Penold Renard, 29, também pai de dois filhos, é outro que não hesita em transferir para o país onde nasceu todo o dinheiro que sobra.
“Se não eu, quem vai ajudar minha família?”, indaga.


Correio Braziliense 

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