Estrangeiros que moram no Brasil
acompanham a disputa política. Segurança, educação, saúde e economia são os
assuntos que mais interessam para eles
A política nacional não interessa
apenas aos brasileiros. Os estrangeiros que residem no país também estão
acompanhando atentamente as campanhas. Se os resultados das eleições de outubro
vão decidir o futuro de quase 200 milhões de brasileiros, eles também afetarão
o cotidiano de cerca de um milhão de estrangeiros que têm autorização de
residência permanente no país. A maioria dos “gringos” imigrou em busca de uma
vida melhor; ou é casada ou tem filhos com cidadãos brasileiros.
“Eu me importo com a eleição e me
informo sobre a campanha”, explica o alemão Matthias Landthaler, 39 anos,
casado com uma brasileira e pai de um menino de 18 meses. “Eu me sinto
brasileiro de coração”, diz ele, que já morou em vários lugares do país e
reside atualmente em Curitiba.
Dentre os temas abordados durante a
campanha, a questão da segurança pública é o que mais preocupa os estrangeiros
entrevistados. “Estou muito preocupada com a violência”, diz May Inoue, uma
filipina de 28 anos que mora em Curitiba desde 2008. O nível de criminalidade
também chama a atenção do sommelier britânico Paul Tudgay, 42 anos, que se
mudou da Nova Zelândia para cá, com sua esposa paranaense, em junho. “As
questões de segurança pública são muito importantes no Brasil. Esse nível de
criminalidade não é normal”, diz o inglês, que tem acompanhado a política
brasileira há bastante tempo.
Educação e saúde
Para os estrangeiros, a educação também
deveria figurar mais na agenda dos candidatos. “Com uma educação pública de
qualidade, os cidadãos conhecem seus direitos e suas responsabilidades”,
explica Matthias Landthaler, que em 1999 participou de um intercâmbio
estudantil na UFPR.
Kénel Joseph, 28 anos, chegou ao Brasil
no ano passado. Professor de Letras e Filosofia no Haiti, ele gostaria de ver
propostas mais claras dos candidatos à Presidência para melhorar o ensino
público. “Desenvolver o acesso à educação é um dos desafios do Brasil”, afirma
o imigrante.
“Mais hospitais e mais médicos são
necessários”, acrescenta May Inoue, que queria ver os políticos investirem mais
na saúde pública. O alemão Landthaler sofreu com o atendimento oferecido pelo
Estado. Com problemas no fígado, teve de esperar mais de três meses para ser
atendido por um especialista. “Dependo do SUS e tem muito a melhorar para
democratizar a saúde”, diz o alemão, que gostaria de ver melhoras
significativas nos postos de saúde da cidade.
A situação econômica do país também
interessa aos gringos. Apesar das dificuldades que o Brasil enfrenta para
manter um crescimento constante, o químico russo Ruslan Pagaev está otimista.
“Eu acho que o Brasil tem muito espaço para crescer e tem os recursos para
isso.” Para o haitiano Lesly Désir, garçom em um bar do Centro de Curitiba, o
novo governo terá de aumentar os salários e criar mais empregos. O preço do
transporte público também preocupa o refugiado de 34 anos, que conhece
detalhadamente os candidatos à eleição
O voto dos estrangeiros
Segundo a
Constituição Federal, apenas brasileiros natos, estrangeiros naturalizados e
portugueses com residência permanente no país estão autorizados a ter o título
eleitoral. Isso poderá mudar caso seja aprovada uma proposta de emenda à
Constituição, em tramitação no Senado, que concede o direito ao voto e a se
candidatar ao cargo de vereador a qualquer estrangeiro com mais de cinco anos
de residência no país.
Jornal Londrina
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