sábado, 13 de setembro de 2014

Ébola: Cabo Verde mantém restrições de entrada de estrangeiros provenientes da África Ocidental

A decisão foi anunciada terça-feira pela ministra da Saúde daquele país lusófono da África Ocidental, que a justifica com o facto de o executivo CABOhttp://cdncache1-a.akamaihd.net/items/it/img/arrow-10x10.png- verdiano ter entendido que tais medidas restritivas não são excessivas e compreendem excepções que garantem flexibilidade e adaptação a qualquer necessidade que se vier a colocar.
“Nós não chegámos a fechar as nossas fronteiras e, além disso, no dia 01 de Setembro, na sequência da minha participação na reunião dos ministros da Saúde da Comunidade Económica dos Estados da África do Oeste (CEDEAO), e antecipando-nos às recomendações da organização regional e da própria UA, decidimos alterar a resolução governamental e, pontualmente, autorizar a entrada, por razões de emergência humanitária e outras de interesse público, de pessoas estrangeiras não residentes provenientes dos países afectados”, explicou Cristina Fontes Lima.
Segundo a governante, ao mesmo tempo que se solidariza com os países atingidos pela Ébola, Cabo Verde solicita-lhes que reforcem o controlo da saída de pessoas, o que “está a ser garantido”, pelo que as autoridades do arquipélago mantêm as duas medidas já anunciadas, com as excepções entretanto admitidas, nomeadamente a abertura de corredores humanitários, se tal for pedido por esses países e se vier a mostrar necessário.
Medidas eficazes
“Devido a essa flexibilidade estamos a gerir muito melhor as situações, por sabermos que, caso contrário, se se fecha tudo, a economia pára e haverá consequências também a outros níveis, e não é essa a solução”, pondera Cristina Fontes Lima, para acrescentar, reagindo a algumas críticas que se têm feito ouvir, as medidas tomadas são eficazes pelo facto de CABOhttp://cdncache1-a.akamaihd.net/items/it/img/arrow-10x10.png Verde não ter fronteiras terrestres com os países afectados ou com quaisquer outros da África Ocidental que vierem a ser atingidos pela epidemia.
Todos estes cuidados visam igualmente, segundo a ministra, proteger de eventuais excessos de pressão o Sistema Nacional de Saúde de Cabo Verde “que funciona” garantiu, mas que poderá vir a ter grandes problemas se aumentar exponencialmente o número de pessoas a monitorar ou a acompanhar e, eventualmente, a tratar.
“Vamos continuar a avaliar permanentemente as medidas tomadas, que foram projectadas para três meses, de modo a podermos, a um tempo, proteger a saúde das populações CABOhttp://cdncache1-a.akamaihd.net/items/it/img/arrow-10x10.png-verdianas, servir o interesse regional, ser solidários com os Estados vizinhos e contribuir para a acabar com a epidemia”, assegurou a ministra da Saúde de CABOhttp://cdncache1-a.akamaihd.net/items/it/img/arrow-10x10.png Verde.
Com relação ao Senegal, o último país que Cabo Verde inscreveu na sua lista de restrição de proveniência de cidadãos estrangeiros não residentes, Cristina Fontes Lima recusa as alegações de que a de cisão foi tomada de ânimo leve, uma vez que, no entender da ministra, o Governo agiu na base estrita do que são os critérios da Organização Mundial da Saúde (OMS).
“Não corresponde à realidade a ideia de que tomámos a decisão com base num único caso importado registado no Senegal, porque além desse doente há 67 pessoas por ele contactadas que estão a ser seguidas, sendo que duas são suspeitas de terem contraído a doença”, afirmou a Governante, para quem, à luz dos critérios da OMS, “um caso de Ébola configura epidemia”, sendo essa, tecnicamente, a situação do Senegal, daí a decisão de restringir a entrada de pessoas vindas desse país.
Desinformação
A ministra da Saúde de Cabo Verde desmentiu, por outro lado e uma vez mais, a existência de qualquer caso de Ébola em Cabo Verde depois de, há cerca de uma semana, a agência Lusa ter dado conta da existência de 27 casos suspeitos que alegadamente se encontravam de quarentena no arquipélago, uma notícia que mereceu destaque por parte da estação de TV SIC Notícias e foi amplamente replicada por órgãos de Comunicação Social portugueses e, posteriormente, por alguns jornais cabo-verdianos, ecoando igualmente nas redes sociais.
O que existe são pessoas, cidadãos nacionais e estrangeiros que visitaram recentemente os países afectados e estão a ser monitorados pelas autoridades sanitárias para o despiste de qualquer sintoma de Ébola, indicou Cristina Fontes Lima, adiantando que se trata de um “procedimento normalíssimo” que também os países europeus, nomeadamente França e Espanha, estão a seguir em relação a pessoas que tenham estado nos países atingidos pela epidemia.
“A partir do momento em que entram em CABOhttp://cdncache1-a.akamaihd.net/items/it/img/arrow-10x10.png Verde, vindos desses países, cidadãos nacionais e estrangeiros residentes com direito de ir e vir, vamos fazer o seu monitoramento, que consiste em serem acompanhados, no decurso da sua vida normal, pelas autoridades sanitárias, a fim de estas saberem se, dentro do período em que a doença pode desenvolver-se, apresentam algum dos sintomas da Ébola”, explicou a governante.
Questionada sobre o número de pessoas que se encontram, actualmente, nestas circunstâncias, Cristina Fontes Lima indicou serem mais de meia centena, uma vez que a entrada de passageiros por via aérea, vindos do Senegal, foi restringida mas não interrompida.
CEDEAO pede contributo de Exército na luta contra a Ébola
A Comissão da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) instou as forças de defesa dos seus Estados membros a contribuírem para vencer a doença hemorrágica do vírus de Ébola que já matou mais de duas mil pessoas dos quatro mil casos registados na região desde Dezembro de 2013.
O apelo foi lançado Terça-feira em Accra, no Gana, pela comissária para os Assuntos Políticos, Paz e Segurança, Salamatu Hussaini Suleiman, no QUADROhttp://cdncache1-a.akamaihd.net/items/it/img/arrow-10x10.png duma reunião dos chefes de Estado-Maior da Defesa oesteafricanos que decorre sob a égide do Comité dos Chefes de Estado Maior da CEDEAO (CCDS).
Segundo ela, a epidemia de Ébola, «se não for gerida correctamente terá consequências devastadoras para o desenvolvimento da região». Por conseguinte, a comissária exige « esforços colectivos relativamente à ajuda e o apoio aos Estados membros cujas populações estão confrontadas com a ameaça desta doença perigosa ».
Apresentou ainda diferentes medidas de intervenção tomadas pela Comissão para combater a doença, nomeadamente a instauração dum Fundo de Solidariedade e colaborações com multiparceiros. Suleiman notou que a região foi nos últimos dois anos palco de crises de grande envergadura no Mali e na Guiné-Bissau mas igualmente do terrorismo, da pirataria e de outros actos criminosos no Golfo da Guiné.
Prestou homenagem ao presidente cessante do CCDS, o general Soumaila Bakayoko da Côte d´Ivoire, « que desempenhou um papel essencial em termos de supervisão das intervenções para a resolução destas crises». A comissária desejou igualmente as boas vindas ao novo presidente do CCDS, o almirante Mathew Quashie do Gana.
Dando o pontapé de saída à reunião, o ministro da Defesa do Gana, Benjamin Kubuor, descreveu a ameaça de Ébola como uma « situação muito preocupante que requer esforços colectivos de todos ». «É por esta razão, disse, que o presidente em exercício da CEDEAO, sua excelência John Dramani Mahama (actual Presidente do Gana), fez de Accra o ponto de distribuição do apoio na luta contra o Ébola na subregião », acrescentou. «É igualmente uma ocasião para vocês os responsáveis do Exército utilizarem este fórum a fim de discutir sobre modalidades da ajuda a levar à população civil, bem como elaborarem estratégias para conter a propagação deste vírus», disse.
Fundação Pax Africana contra estigmatização e ostracismo de países vítimas de Ébola
A Fundação Pax Africana (FPA), administrada pelo ex-Secretário-Geral da Organização de Unidade Africana (OUA), o togolês Edem Kodjo, denunciou a estigmatização de que são vítimas os países afectados pela febre Ébola e o ostracismo de que são objecto sobretudo em África.
Num comunicado transmitido quarta-feira à PANA em Lomé, a FPA refere que o ressurgimento deste vírus em países frágeis como a Libéria, a Serra Leoa e a Guiné-Conakry revela-se dia a dia uma ameaça para a saúde pública regional.
Por outro lado, indicou, manifesta- se como um grave perigo para a economia regional e internacional, tendo em conta os fluxos financeiros produzidos nesta parte do continente. O QUADROhttp://cdncache1-a.akamaihd.net/items/it/img/arrow-10x10.png deste cenário é ensombrado pela decisão unilateral tomada por várias companhias aéreas de suspender os seus voos para os países afectados pela epidemia de Ébola, lamentou.
A Fundação constata que «esta medida comercial prejudica há várias semanas o abastecimento de produtos e materiais médicos, ou ainda qualquer outra assistência visando deter a propagação da epidemia de Ébola nos Estados mais duramente afectados».
A Pax Africana, que qualifica estas medidas de deslocadas e não produtivas, denuncia um “ostracismo sem nome, orquestrado em redor destes países vítimas de Ébola e que vai finalmente lesar o tecido social destes Estados».
A Fundação apela para o fim desta estigmatização dos países africanos na imprensa internacional. Para a Pax Africana, um melhor controlo sanitário rigoroso e coordenado dos pontos de PASSAGEMhttp://cdncache1-a.akamaihd.net/items/it/img/arrow-10x10.pngentre as diferentes alfândegas na África Ocidental é o melhor e mais prático remédio contra a propagação de Ébola nesta zona geográfica do continente africano.
Revelada oficialmente em Março passado na Guiné-Conakry, a febre do vírus de Ébola atingiu a Libéria, a Serra Leoa e a Nigéria, matando mais de duas mil pessoas no continente africano.
A Pax Africana, criada em Julho de 2010, é uma organização sem fins lucrativos que trabalha para a paz e o desenvolvimento em África através de acções de construção da unidade do continente.

 Opais

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