A
Agência de Refugiados da ONU afirmou na terça-feira que o conflito no leste da
Ucrânia, em particular em torno de Donetsk, Luhansk e cidades vizinhas, está
levando mais pessoas a deixar suas casas e aumentando a necessidade de ajuda
humanitária.
Vincent Cochetel, diretor do ACNUR Europa, disse a jornalistas
em Genebra que o número de pessoas deslocadas no interior Ucrânia mais do que
dobrou nas últimas quatro semanas. O ACNUR estima que 260 mil pessoas foram
deslocadas desde segunda-feira, em comparação com 117 mil da primeira semana de
agosto.
O Alto Comissário da ONU para os Refugiados, António Guterres,
disse que o aumento acentuado no número de deslocados ao longo das últimas três
semanas foi uma grande preocupação. "Se esta crise não for rapidamente
interrompida, terá não só devastadoras consequências humanitárias, mas também o
potencial de desestabilizar toda a região. Após as lições dos Balcãs, é difícil
acreditar que um conflito dessas proporções poderia se desenvolver no
continente europeu", disse ele.
A maioria dos deslocados - 94% - são do leste da Ucrânia e estão
permanecendo nas regiões Donetsk, Kharkiv e Kiev. O ACNUR acredita que o número
real de pessoas deslocadas é maior já que muitos estão hospedados com famílias
e amigos, optando por não se registrar com as autoridades.
"Por causa da insegurança, agentes humanitários não têm
sido capazes de avaliar a situação das pessoas deslocadas na região de
Luhansk", disse Cochetel, acrescentando que o ACNUR planejava uma missão
para averiguar ainda esta semana. As autoridades ucranianas dizem que 2,2
milhões de pessoas permanecem atualmente em áreas de conflito.
O número de pessoas utilizando três corredores criados pelas
autoridades ucranianas para fugir de áreas de conflito está diminuindo, principalmente
devido a incidentes recentes, quando civis perderam suas vidas nos ataques.
Foram reportadas 6 mil pessoas que partiram por estes corredores, desde o final
de julho.
Na região de Donetsk, desde terça-feira passada, as autoridades
locais informaram que cerca de 10 mil pessoas deixaram a cidade portuária de
Mariupol para Zaporizhzhia, Berdiansk e outros locais, após atividades
militares das forças anti-governamentais.
Cochetel do ACNUR disse que o bombardeio tinha deixado as
pessoas em áreas de conflito com acesso limitado a alimentos, água e outras
necessidades básicas. Em Donetsk, Makiivka e Gorlovka, as autoridades regionais
estimam que exista 20 mil pessoas com deficiência e que necessitam de ajuda.
Em Luhansk, os moradores ficaram sem suprimentos de comida e
água, e lidaram com a escassez de energia e problemas de comunicação durante um
mês. Edifícios e estradas estão seriamente danificados, impedindo os esforços
de ajuda humanitária.
Em Yasynuvata, cerca de 150 pessoas teriam supostamente encontrado
abrigo em porões sem eletricidade. Muitas delas são pessoas mais velhas. Novos
deslocados estão chegando com recursos limitados e são ainda mais dependentes
de ajuda.
Depois que o governo ucraniano restabeleceu controle sobre
várias cidades no norte da região de Donetsk no início de julho, muitas pessoas
internamente deslocadas voltaram rapidamente. Por exemplo, cerca de 20 mil
pessoas deslocadas retornaram para a cidade de Slovyansk vindas de outras áreas
da região de Donetsk.
Enquanto isso, o número de ucranianos que fazem solicitação de
refugio ou pedem asilo na Rússia aumentou quase 66 mil em agosto. De acordo com
o Serviço Federal de Migração, mais de 121 mil ucranianos solicitaram refúgio
ou asilo temporário desde 1 de Janeiro.
Desde o final de julho, as quotas de asilo temporário para
várias regiões, incluindo Moscou, São Petersburgo, Rostov e na Chechênia foram
preenchidas, o que significa que os cidadãos ucranianos precisam procurar asilo
em outras regiões. Além disso, 138.825 ucranianos procuraram outras formas de
permanência legal, tais como autorizações de residência temporárias /
permanentes e o programa de "reassentamento de compatriotas."
Um número maior de ucranianos está chegando na Rússia sob o REGIME de isenção de vistos. As autoridades
russas dizem que cerca de 814 mil ucranianos entrou na Rússia desde o início do
ano. Este número inclui as pessoas que solicitaram refúgio/asilo temporário e
outras opções de residência.
A maioria dos ucranianos chega a Rússia e fica com parentes e
amigos, encontra ACOMODAÇÃOprivada
com uma família anfitriã ou aluga seu próprio apartamento. As autoridades
adotaram regulamentos para facilitar a estadia temporária dos ucranianos.
O ACNUR continua a apoiar o governo local e a sociedade civil,
bem como prestar assistência direta aos mais vulneráveis. Até o momento, a
agência de refugiados da ONU já distribuiu mais de 150 toneladas de ajuda
humanitária para as regiões Donetsk e Kharkiv, hospedando mais de 100 mil
pessoas deslocadas. O ACNUR também coordenou a distribuição de alimentos
fornecidos por diferentes instituições.
Um total de 4.106 ucranianos pediram asilo na União Europeia,
entre janeiro e julho, comparado com 903 pedidos em todo ano de 2013. A maioria
das solicitações ucranianas de asilo foram na Polônia (1082), Alemanha (556) e
Suécia (500). Além disso, 380 ucranianos buscaram asilo na Belarus.
Por: ACNUR
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