O
aumento no número de trabalhadores estrangeiros no Brasil, vindos para ocupar
cargos técnicos, de nível médio ou de alto escalão, sobretudo em
multinacionais, tem criado oportunidades de negócios.
A ESCOLA DE IDIOMAS Berlitz do Brasil, por exemplo, se
surpreendeu ao ver a língua portuguesa ser o segundo idioma mais procurado no
ano passado - ultrapassou o espanhol. Assim, as aulas para estrangeiros
passaram a representar 18% do negócio. A maioria dos alunos veio dos Estados
Unidos, México, Chile, além de países asiáticos, disse o gerente de marketing
do Berlitz, Luis Simões.
O
crescimento de serviços em setores como offshore, indústria automobilística,
infraestrutura, saúde, além do aumento das multinacionais, tem demandado
conhecimentos específicos e isso também justificaria a vinda de estrangeiros e
suas famílias, destacou o gerente. Para trazer um profissional de outro país,
uma empresa chega a gastar até quatro vezes mais que o custo de um colaborador
local. A decisão de trazer um executivo estrangeiro costuma ser criteriosa,
afirmou Simões. "É um mercado bastante exigente, mas abre espaço para uma
série de serviços específicos".
Mobilidade global
A
opinião é compartilhada pelo sócio fundador da EMDOC, empresa especializada em
mobilidade global, João Marques. Ele acredita que devam surgir no mercado
oportunidades em áreas como as de restaurantes com o segundo idioma, além de
serviços domésticos, de motoristas e de seguranças de modo a atender os
estrangeiros. "É um novo mercado e é impressionante como existem
oportunidades", ressaltou.
O
sócio e diretor de estratégia da consultoria Great Group, Júlio Amorim, também
acompanha a tendência da vinda de estrangeiros. Ele tem visto isso com mais
ênfase do ano passado para cá, principalmente de pessoas vindas do mercado
europeu (portugueses e espanhóis). "Mas o tempo de adaptação de um executivo
estrangeiro é maior, então as empresas têm de prestar atenção nisso".
O
diretor da Superação Treinamentos e Consultoria, Marcos Sousa, que PALESTRA em eventos motivacionais de grandes
empresas, explicou que o expatriado já chega ao país com a sua língua nativa,
obviamente, mas que muitas vezes também fala além dela o inglês e o francês. É
uma pessoa geralmente culta e bem exigente. Contudo, precisa do atendimento
familiar para se adaptar. "Há muitos engenheiros e técnicos. São pessoas
que estudaram em boas escolas e costuma ser um público com grande conhecimento,
mas a adaptação requer atenção".
O
engenheiro Cleber Gomes, diretor do comitê de Educação de Engenharia do
Congresso SAE Brasil, disse que o País tem particularidades macroeconômicas que
chamam a atenção dos nativos de outras culturas, sendo que no ramo automotivo
os profissionais vêm também para ampliar os seus negócios. "O Brasil é um
dos maiores fabricantes de veículos e peças do mundo, logo, muitos estrangeiros
vêm para fazer o link com as matrizes e acabam ficando".
Adaptação é o foco
A
globalização cria um novo cenário anualmente no mapa-múndi, mas cerca de 70%
das expatriações falham, segundo levantamento da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Nos processos que não têm êxito, 50% são porque o funcionário não se adaptou ao
novo estilo de vida. Para evitar prejuízos com dificuldades culturais é
fundamental que as empresas ofereçam infraestrutura sólida de realocação e
adaptação - do funcionário e de sua família.
A
Mundivisas, empresa especializada em prover consultoria e imigração no Brasil,
oferece uma gestão integrada nessa área e tem visto demanda por mão de obra
principalmente no ramo de petróleo, óleo e gás. A empresa analisa um estudo
recente da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) que apontou: o País
precisará de 6 milhões de trabalhadores estrangeiros para cargos específicos
nos próximos anos.
"O
processo de expatriação está aquecido. Vimos acréscimo de 10% no volume de
processos tramitados no primeiro semestre deste ano", afirmou a presidente
e sócia da Mundivisas, Mariangela Moreira.
Segundo
ela, a indústria automobilística, as fábricas do setor farmacêutico e o setor
bancário também devem ter aumento na contratação. Ela ponderou, porém, que é
preciso analisar pontos como os que levam o expatriado a querer voltar para o
seu país de origem: o choque cultural de morar e trabalhar em um lugar com costumes
sociais diferentes.
"A
ambientação social não só do expatriado, mas também de sua família, é um ponto
chave para as empresas manterem seu funcionário no Brasil e evitar custos
jurídicos no caso de uma volta repentina". Neste sentido, a Mundivisas
oferece serviço de RELOCATION,
que vai desde uma reunião com o RH das empresas para conhecer o perfil do
funcionário e suas necessidades, até ajuda na busca por escolas e moradia ao
expatriado.
Treinamento de liderança
Desenvolver
a capacidade de comunicação de líderes em aspectos cognitivos de empatia
intercultural. É a proposta que envolve o programa Imersão para liderança
Global "Go Brazil", do instituto Berlitz. Em São Paulo, de 21 a 26 de
outubro, a escola atenderá a quinze altos executivos estrangeiros nesse
sentido. O Programa foi realizado na China em junho e o Brasil foi escolhido
devido aos investimentos estrangeiros e eventos como a Copa e as Olimpíadas.
DCI
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