Para fugir da 2ª
Guerra Mundial muitos palestinos encontraram em Corumbá o abrigo para seus
familiares. Alguns já tinham na cidade um parente - que veio anos antes e se
instalou no município - e passaram a se dedicar ao comércio. Eles escolhiam as
cidades de fronteira pela facilidade, caso quisessem retornar ao país de
origem. Dessa forma, Corumbá se tornou a terra ideal para muitos deles que
dizem não trocar a cidade por nenhum outro lugar.
“Meu pai veio
primeiro e ficou trabalhando em Corumbá durante um ano na nossa primeira loja
que foi a Monaliza. Depois ele mudou de ponto e se instalou onde agora fica a
Tahani e então minha mãe veio do Paraná com os cinco filhos e nos instalamos na
cidade. Meu pai e minha mãe vieram adolescentes da Palestina para o Brasil
fugindo da Segunda Guerra Mundial e foram para o Sul do país, pois um irmão do
meu pai morava lá e a maioria dos árabes que saíram do país se instalou em
cidades de fronteira. Na época o irmão da minha mãe veio para Corumbá, pois
tinha muita exportação e movimentava muito o comércio e bem nessa época meu pai
veio também para trabalhar nessa área e trabalhamos até hoje com o mesmo segmento”,
contou Tahani Dawod Ybrahim ao Diário Corumbaense sobre a
vinda de seus pais Ziad Dawod Ybraim, já falecido, e a matriarca Mouna Salleh
Ybraim.
Tahani contou que
todos cresceram vendo o desenvolvimento da cidade e hoje se sente orgulhosa por
fazer parte da história e dos 236 anos de Corumbá. A família começou apenas com
uma loja e hoje cinco estabelecimentos movimentam o comércio e empregam dezenas
de pessoas
“Como nós morávamos
em cima da nossa loja, a gente foi criado dentro do comércio. Sempre vimos
nossos pais trabalhando e isso fez com que a gente tomasse o mesmo caminho. Meu
pai achava que a nossa obrigação era estudar e trabalhar, então fazíamos isso,
trabalhávamos e estudávamos no balcão da loja. Agora em setembro nossa loja
completou 26 anos e Corumbá que vai completar 236 no mesmo mês a gente fica
contente com o desenvolvimento da cidade, é bom ver a cidade crescendo e se
desenvolvendo. Cada estabelecimento faz parte de um pouco da história. Corumbá
recebeu nossa família de braços abertos e aqui fizemos muitas amizades e
construímos toda uma história. Temos por Corumbá um carinho mais que especial e
a gente costuma dizer que viajamos e conhecemos outros lugares, mas não tem
nada melhor que a cidade da gente e é aqui que escolhemos para viver”, disse
Tahani.
Outro comerciante
que fez história na cidade, sendo condecorado com o título de Cidadão
Corumbaense, foi Badere Machni, que veio para Corumbá em 1968 a pedido do pai
Mustafá Machni, que aqui chegou em 1955, pois temia rescaldos da Segunda Guerra
Mundial, encerrada uma década antes. “No final de 1968 quando papai me chamou,
vim com meus irmãos e irmãs. Ele já era comerciante aqui; viemos e continuamos
a trabalhar todos juntos e unidos, na linha de confecções. Logo que cheguei,
trabalhei na feira e depois abri uma loja. Foi em Corumbá que eu construí a
minha história, foi aqui que eu construí a minha família, me casei com Jamila
Machni, aqui tivemos quatro filhos e já temos nove netos”, contou o
comerciante.
Badere disse que
participar da transformação de Corumbá é algo mágico, pois quando chegou, a
cidade não tinha muitas ruas asfaltadas e hoje está muito diferente do que era
46 anos atrás. “Quando chegamos aqui tinha muitas ruas sem asfalto, a água não
era encanada e vinha direto do rio para nossa CASA
e a conhecida rua Frei Mariano
era mão dupla, eu vi e participei de todo o desenvolvimento. Minha família e eu
adoramos Corumbá, nós construímos e ajudamos a fazer parte da cidade que hoje
eu considero a minha Pátria, porque meus irmãos, meus filhos e meu pai
cresceram aqui. Meu pai faleceu em 2008. A gente tem uma história aqui, a
família toda praticamente está em Corumbá, tios, irmãos, filhos, construímos
tudo que temos aqui em Corumbá. Eu sou corumbaense mesmo, cheguei aqui com 17
anos e vivo desde então na cidade e não troco por nada, amo essa cidade, posso
ir aonde for, mas é para Corumbá que eu sempre volto, onde tenho a minha
família. Eu penso que os empresários têm que acreditar na nossa cidade, têm que
investir para que ela possa continuar crescendo e muito me entristece ver
as pessoas que conseguem fazer a vida aqui e logo depois vão para outra
cidade”, afirmou.
Daniela
Ramos
Diário
Corumbaense
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