A crise da imigração acendeu um grande debate na Europa enquanto países
ainda tentam descobrir a melhor maneira de lidar com o número gigantesco de
refugiados que desembarcam no continente todos os dias.
Segundo estimativas, cerca de 500 mil imigrantes chegaram à Europa
somente neste ano – e esse número pode ser bem maior.
A questão tem provocado comoção ao redor do mundo e levantado uma série
de questões. A BBC Brasil tenta responder as principais delas aqui:
1- Por que tantos imigrantes
escolhem ir para a Europa?
Há uma razão óbvia: os imigrantes estão fugindo de guerras e
perseguições nos seus países de origem. Mas não é uma coincidência o fato de
todos eles estarem escolhendo a Europa como destino. Eles acreditam que,
desembarcando em terras europeias, terão oportunidades e escolhas sobre onde
vão ficar.
O principal motivo para isso tem origem em uma história de 30 anos
atrás. Em 1985, muitos países europeus assinaram o Tratado de Schengen (cidade
em Luxemburgo onde ele foi assinado). Ali, representantes europeus concordaram
em tornar mais fácil e livre a circulação de pessoas entre as fronteiras dos
países da região.
Imigrantes que chegam à Europa sabem que eles podem começar a jornada na
costa da Itália ou da Grécia e seguir viajando para outros países sem enfrentarem
tantas restrições de fronteiras.
Na União Europeia, somente o Reino Unido, a Irlanda, a Bulgária, a
Croácia, o Chipre e a Romênia não assinaram o tratado.
2- Por que imigrantes têm tido
que ficar nos países onde eles chegam?
Teoricamente, é ali que eles têm de ficar, segundo um acordo da União
Europeia conhecido como "Regulamento de Dublin", que diz que os
refugiados devem pedir asilo no primeiro país onde eles chegam.
No entanto, alguns países como Grécia, Itália e Croácia, que por sua
localização litorânea são porta de entrada para migrantes, têm permitido que
estes deixem seus territórios e atravessem suas fronteiras.
Muitos imigrantes também evitam fazer registros oficiais nos países onde
eles não querem ficar – e fazem de tudo para cruzar as fronteiras antes que
isso aconteça.
O destino mais procurado por eles é a Alemanha, que espera receber 800
mil imigrantes só neste ano.
3 – Por que mais e mais
imigrantes escolhem não ir para países vizinhos da região do Golfo Pérsico?
Arábia Saudita, Kuwait, Emirados Árabes Unidos - todos eles são países
ricos e que ficam geograficamente bem mais próximos à Síria do que o continente
europeu.
Veja também:
Mas obter permissão para entrar em um desses países da região do Golfo
acaba custando muito caro, e existem relatos de que autoridades estejam
dificultando ainda mais o processo para fugitivos sírios conseguirem a
documentação correta.
E não são apenas os europeus que estão se perguntando por que os países
vizinhos não acolhem esses refugiados. Muitos habitantes da região do Golfo têm
expressado raiva e insatisfação pelo fato de nada estar sendo feito pelos
imigrantes sírios.
A hashtag árabe "receber refugiados sírios é um dever do
Golfo" foi usada mais de 30 mil vezes nas redes sociais no início de
setembro.
4- Por que a maioria dos
imigrantes são homens jovens?
Os últimos dados da ONU indicam que mais de dois terços dos imigrantes
são homens. Quando a reportagem da BBC esteve à bordo de um navio de
resgate para refugiados, era muito perceptível que a maioria dos imigrantes era
formada por homens jovens ou de meia idade.
Eles disseram que um dos motivos para isso é que eles não querem que
outros membros da família se arrisquem em uma jornada tão perigosa. Por
isso, eles preferem checar a rota antes – e boa parte deles admitiu que não
teria coragem de colocar suas famílias nessa travessia. Outros disseram
que pretendiam trabalhar na Europa para mandar dinheiro para casa.
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