quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Decreto cria comitê para ajudar refugiados em Minas Gerais

“Somos 3 milhões de brasileiros buscando uma vida melhor fora do Brasil. Assim como ficamos indignados quando algum dos nossos é vítima de violência ou de injustiça no exterior, vamos acolher bem os refugiados e imigrantes em Minas”, afirmou ontem Nilmário Miranda, secretário de Estado de Direitos Humanos, Participação Social e Cidadania, que passa a coordenar o Comitê Estadual de Atenção ao Migrante, Refugiado e Apátrida, Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas e Erradicação do Trabalho Escravo (Comitrate). O comitê foi instituído por meio do Decreto 46.489, publicado na terça-feira pelo governador Fernando Pimentel em edição extra do Minas Gerais.


Formado por 28 membros da sociedade civil e outros 28 do governo, o comitê vai se reunir para trocar sugestões de políticas públicas a serem formuladas, mas terá também assessoria técnica para colocar em prática as decisões. “Em algumas cidades, a situação já é aflitiva. Dos 1,5 mil haitianos que chegaram a Esmeraldas, por exemplo, cerca de dois terços estão desempregados. O posto de saúde está atendendo a 200 pessoas por dia”, alerta o secretário, lembrando que 45 mil dos 65 mil haitianos abrigados pelo Brasil ainda não têm visto provisório nem carteira de trabalho temporária. Nilmário lembra ainda que, em função das ofertas de emprego, cidades do Triângulo Mineiro passaram recentemente a atrair imigrantes expulsos de São Paulo.

A tendência é o número de imigrantes aumentar bastante em Minas, podendo totalizar mais de 10 mil pessoas nos próximos 45 dias, prazo previsto para a conclusão do atlas do refúgio de imigrantes no estado, em parceria com a PUC Minas. Segundo João Motta, coordenador da pauta de imigração no estado, a estimativa é de que o contingente já esteja em 7 mil imigrantes em Minas, estabelecidos principalmente em Contagem, Betim, Esmeraldas, Santa Luzia e Vespasiano. “Pelas informações colhidas entre eles próprios, ainda está para chegar muita gente em Minas, que na Copa do Mundo de 2014 ganhou fama de acolhedora”, explica Motta.

“A onda de solidariedade desencadeada pela chegada dos refugiados sírios em BH, depois da comoção provocada pelo naufrágio de 70 crianças nas praias, mostra que em Minas, a maioria das pessoas é generosa”, compara Nilmário Miranda, que repudia manifestações de xenofobia, como as recentes declarações do deputado federal Jair Bolsonaro, que desqualificou refugiados como sendo a ‘escória da humanidade’. Segundo o secretário, o problema é mais complexo do que se imagina. “Ainda é mais fácil acolher o sírio, que se parece com o povo europeu, do que os imigrantes negros do Haiti, falando criolle ou francês”, lamenta Miranda, convidando empresas dos ramos hoteleiro, construção civil e comércio a abrir postos de trabalho para imigrantes. A estimativa é de que haja de 78 a 100 refugiados árabes em Minas.

EM.Com.br

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