sábado, 10 de outubro de 2015

Mineiro vende casa e compra hotel para ajudar imigrantes e refugiados

“Parece loucura, mas é isso mesmo, vendi minha casa e comprei esse hotel desativado para desenvolver um projeto que vai ajudar os imigrantes e refugiados”. A frase do empresário Luís Cláudio Corsini, 39, reflete a surpresa de quem descobre que ele vendeu a própria casa em Belo Horizonte e adquiriu um prédio em Esmeraldas, na região metropolitana da capital, em prol de um projeto social.
Com um misto de satisfação e empolgação, ele conta que a ideia é que os  40 quartos do prédio, até então vazios, ganhem sotaques estrangeiros e se transformem em uma Casa de Apoio ao Imigrante e Refugiado.
O projeto, ainda embrionário, tem origens longiquas, de Manaus (AM). Foi na cidade que o amigo do empresário, o missionário Carlos Eduardo Braga Menezes, 35, realizou um trabalho social com haitianos e trouxe a ideia para Corsini.
Ele e o empresário têm uma trajetória de parcerias em projetos sociais. Menezes é o idealizador da Comunidade Terapeutica Ele Clama, em Contagem, na região metropolitana da capital, que ajuda dependentes químicos a se reabilitar. Em Manaus ele trabalhou com os imigrantes junto com a  ONG Ama Haiti.
“A situação crítica dos imigrantes e refugiados está emergindo  no Brasil e no mundo. Essas pessoas sofrem com a xenofobia (preconceito contra estrangeiro) e a dificuldade de conseguir se legalizar e trabalhar, principalmente agora com a crise do país. O que queremos é criar uma central para ajuda-los em várias frentes, com comida, moradia, saúde, educação, regularização de documentos e emprego. A ideia é ser para eles tutores até que eles consigam sua independência”, explicou Menezes.
Os idealizadores explicam que para colocar o projeto em prática estão buscando voluntários para ensinar português aos estrangeiros, ajudar com o trabalho da casa e parcerias com empresas privadas que possam contribuir com móveis para o espaço, alimentação e, principalmente, emprego para os imigrantes e refugiados. Algumas parcerias já estão sendo negociadas com grandes empresas do setor alimentício.
“Nós vamos visitar algumas empresas com eles e intermediar o emprego. A ideia é observar, por exemplo, onde os estrangeiros que não falam português se encaixam e também ver as vagas com o perfil de cada um deles, claro que tudo dentro da lei”, esclarece Menezes. O emprego é importante para que eles possam ajudar a pagar as contas de água e de luz do prédio.
“Essa ajuda, no entanto, será bem menor que a que eles costumam pagar com alugueis, então, será benefíco para eles. É importante que eles contribuam para que o projeto seja sustentável. Não adianta a gente abriga-los e depois não ter como manter”, explicou Corsini.
A ideia é que fiquem, no máximo, quatro estrangeiros em cada um dos quartos. Ou seja, devem ser abrigadas até 160 pessoas no prédio.Todas as habitações tem banheiro.
A moradia, segundo os idealizadores, também deve ter uma conotação rotativa, depois que o imigrante conseguir se estabelecer e ter a própria casa, abre-se mais uma vaga para um récem-chegado, ou quem esteja com mais dificuldade para se estabilizar no Brasil.
O objetivo é que o trabalho comece a ser desenvolvido, ainda neste mês, com os haitianos,  já que Menezes, tem um conhecimento maior da cultura e necessidade deles, mas o intuito é que posteriormente ele seja expandido para outros estrangeiros.
Aliás, a localização em em Esmeraldas é estratégica, já que a maioria dos haitianos em Minas residem no município. Segundo a prefeitura da cidade, são cerca de 1.500 pessoas vindas do haiti.
Permeado por uma extensa área verde, o prédio  tem diversas áreas comuns, uma cozinha com capacidade para preparar refeições para cerca de 100 pessoas e uma piscina. A ideia do projeto é que alguns dos estrangeiros possam trabalhar até mesmo na cozinha da casa ou na limpeza das áreas comuns.
“Muito mais que moradia, queremos ser uma referência para o imigrante e refugiado e ajuda-los a se legalizar no Brasil. Queremos que, ao chegar no aeroporto, se não tiverem para onde ir, eles possam vir para cá e receber ajuda”, conclui Menezes.

Parceria. As empresas e os voluntários que quiserem ajudar o projeto podem entrar em contato pelo telefone 3097-4550
Natalia Oliveira
O tempo

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