“Parece loucura, mas é isso mesmo, vendi minha casa e comprei esse
hotel desativado para desenvolver um projeto que vai ajudar os imigrantes e
refugiados”. A frase do empresário Luís Cláudio Corsini, 39, reflete a surpresa
de quem descobre que ele vendeu a própria casa em Belo Horizonte e adquiriu um
prédio em Esmeraldas, na região metropolitana da capital, em prol de um projeto
social.
Com um misto de satisfação e empolgação, ele conta que a ideia é
que os 40 quartos do prédio, até então vazios, ganhem sotaques
estrangeiros e se transformem em uma Casa de Apoio ao Imigrante e Refugiado.
O projeto, ainda embrionário, tem origens longiquas, de Manaus
(AM). Foi na cidade que o amigo do empresário, o missionário Carlos Eduardo
Braga Menezes, 35, realizou um trabalho social com haitianos e trouxe a ideia
para Corsini.
Ele e o empresário têm uma trajetória de parcerias em projetos
sociais. Menezes é o idealizador da Comunidade Terapeutica Ele Clama, em
Contagem, na região metropolitana da capital, que ajuda dependentes químicos a
se reabilitar. Em Manaus ele trabalhou com os imigrantes junto com a ONG
Ama Haiti.
“A situação crítica dos imigrantes e refugiados está emergindo
no Brasil e no mundo. Essas pessoas sofrem com a xenofobia (preconceito
contra estrangeiro) e a dificuldade de conseguir se legalizar e trabalhar,
principalmente agora com a crise do país. O que queremos é criar uma central
para ajuda-los em várias frentes, com comida, moradia, saúde, educação,
regularização de documentos e emprego. A ideia é ser para eles tutores até que
eles consigam sua independência”, explicou Menezes.
Os idealizadores explicam que para colocar o projeto em prática
estão buscando voluntários para ensinar português aos estrangeiros, ajudar com
o trabalho da casa e parcerias com empresas privadas que possam contribuir com
móveis para o espaço, alimentação e, principalmente, emprego para os imigrantes
e refugiados. Algumas parcerias já estão sendo negociadas com grandes empresas
do setor alimentício.
“Nós vamos visitar algumas empresas com eles e intermediar o
emprego. A ideia é observar, por exemplo, onde os estrangeiros que não falam
português se encaixam e também ver as vagas com o perfil de cada um deles,
claro que tudo dentro da lei”, esclarece Menezes. O emprego é importante para
que eles possam ajudar a pagar as contas de água e de luz do prédio.
“Essa ajuda, no entanto, será bem menor que a que eles costumam
pagar com alugueis, então, será benefíco para eles. É importante que eles
contribuam para que o projeto seja sustentável. Não adianta a gente abriga-los
e depois não ter como manter”, explicou Corsini.
A ideia é que fiquem, no máximo, quatro estrangeiros em cada um
dos quartos. Ou seja, devem ser abrigadas até 160 pessoas no prédio.Todas as
habitações tem banheiro.
A moradia, segundo os idealizadores, também deve ter uma conotação
rotativa, depois que o imigrante conseguir se estabelecer e ter a própria casa,
abre-se mais uma vaga para um récem-chegado, ou quem esteja com mais
dificuldade para se estabilizar no Brasil.
O objetivo é que o trabalho comece a ser desenvolvido, ainda neste
mês, com os haitianos, já que Menezes, tem um conhecimento maior da
cultura e necessidade deles, mas o intuito é que posteriormente ele seja
expandido para outros estrangeiros.
Aliás, a localização em em Esmeraldas é estratégica, já que a
maioria dos haitianos em Minas residem no município. Segundo a prefeitura da
cidade, são cerca de 1.500 pessoas vindas do haiti.
Permeado por uma extensa área verde, o prédio tem diversas
áreas comuns, uma cozinha com capacidade para preparar refeições para cerca de
100 pessoas e uma piscina. A ideia do projeto é que alguns dos estrangeiros
possam trabalhar até mesmo na cozinha da casa ou na limpeza das áreas comuns.
“Muito mais que moradia, queremos ser uma referência para o
imigrante e refugiado e ajuda-los a se legalizar no Brasil. Queremos que, ao
chegar no aeroporto, se não tiverem para onde ir, eles possam vir para cá e
receber ajuda”, conclui Menezes.
Parceria. As empresas e os voluntários que quiserem ajudar o
projeto podem entrar em contato pelo telefone 3097-4550
Natalia Oliveira
O tempo
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