Ramirez: árabes somam 38% dos refugiados no Brasil
Cartilha lançada pelo Acnur
no Brasil aborda temas como documentação e direitos trabalhistas destes
estrangeiros. Árabes representam 38% das pessoas em condição de refúgio no
País.
Quais são os documentos que
um refugiado possui? Quais são seus direitos trabalhistas? Eles podem trabalhar
legalmente no Brasil? Para responder estas e outras perguntas sobre as
condições de trabalho para refugiados no País, o Alto Comissariado da
Organização das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) lançou recentemente no
Brasil uma cartilha com informações sobre como contratar os estrangeiros em
condição de refúgio que buscam trabalho por aqui.
A cartilha, toda escrita em
português e disponível no link http://migre.me/pvQSY, foi criada para
esclarecer às empresas questões relativas à contratação dos refugiados e traz
ainda depoimentos de alguns empregadores que ofereceram oportunidades a estas
pessoas.
“Em geral, todos os
refugiados procuram emprego por sua conta, mas tentamos dar ferramentas para
que eles possam ingressar mais facilmente no mercado de trabalho”, explica
Andrés Ramirez, representante do Acnur no Brasil. Ele conta que a lei
brasileira permite que os refugiados tenham carteira de trabalho, o que já os
habilita para contratação em empresas no País, mas há outras questões a serem
levadas em consideração.
“O tema da língua é
fundamental. Para os refugiados de nacionalidades com línguas latinas é mais
fácil para entender a língua portuguesa, mas para aqueles de línguas mais
afastadas do português fica mais difícil”, conta Ramirez, destacando que o
aprendizado da língua portuguesa é fundamental para que os refugiados tenham
acesso ao mercado de trabalho no País.
Segundo Ramirez, há ainda
empresas parceiras que ajudam na colocação dos refugiados em outras companhias,
com a Emdoc, que por meio do Programa de Apoio para a Recolocação dos Refugiados
(PARR) ajuda a encontrar empresas interessadas na contratação destas pessoas.
Somente no ano passado, 80 refugiados conseguiram empregos por essa parceria.
A Cáritas, entidade
assistencial pertencente à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, é outro
órgão que atua na colocação dos refugiados nas empresas. “No Rio de Janeiro,
eles têm contato com 26 empresas, o que tem gerado um fluxo de encaminhamento
contínuo de refugiados ao mercado de trabalho”, diz o representante do Acnur.
Árabes
Ramirez conta que,
atualmente, o Brasil abriga 7.662 refugiados de 80 países. Os sírios são a
principal nacionalidade de refugiados no Brasil, somando 1.739 pessoas. O
representante do Acnur diz que, segundo dados do final de 2014, o Brasil tem
refugiados de 15 países árabes. Juntas, estas pessoas somam 38% dos
estrangeiros em situação de refúgio.
Ele explica ainda que,
destes 15 países árabes, quatro se destacam pela maior quantidade de refugiados
enviada ao país, sendo a Síria o primeiro, conforme mencionado, seguido de
Líbano (324 pessoas), Palestina (314) e Iraque (233). Segundo Ramirez, os
cidadãos destes quatro países somam 34% dos refugiados no Brasil.
O representante do Acnur
revela ainda que há 1.546 solicitações de refúgio de árabes sendo analisadas
pelo Comitê Nacional para os Refugiados (Conare), órgão ligado ao Ministério da
Justiça, que é responsável pela decisão de conceder refúgio aos estrangeiros no
Brasil. Estas pessoas, diz Ramirez são de 19 países árabes, o que pode aumentar
ainda mais o número de nações do Norte da África e Oriente Médio com refugiados
no Brasil.
Adaptação
Ramirez explica que muitos
refugiados têm dificuldades de se adaptar à vida no Brasil devido a diferenças
na língua, vestimentas e costumes, e acabam querendo deixar o país. Ao entrar
no mercado de trabalho, diz ele, essa visão acaba mudando.
“Ele passa a ter mais
facilidade com a língua. O trabalho não é só uma questão econômica, mas também
uma questão cultural”, diz o executivo sobre a inserção dos refugiados na sociedade.
Para ele, a entrada dos
refugiados árabes no mercado de trabalho daqui é relevante também para que os
brasileiros passem a entender melhor sua cultura e desmistifiquem alguns
estereótipos existentes, como os que os associa ao terrorismo.
“É muito importante para que
os brasileiros entendam que os árabes são pessoas iguais a qualquer outra”,
ressalta. Segundo Ramirez, a presença de árabes em empresas brasileiras ajuda a
melhorar a opinião pública sobre as pessoas daquela região e também aumenta a autoestima
dos refugiados.
Agencia Brasik-Arabe
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