Dados da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que reúne as nações mais desenvolvidas do planeta, o fluxo de brasileiros legais para o exterior diminuiu 28% de 2010 a 2013. Essa queda está relacionada à crise econômica mundial de 2008, que devastou a economia de nações que recebiam muitos brasileiros e afetou principalmente os trabalhadores pouco qualificados. "Como sempre, são os postos de trabalho dos imigrantes os primeiros a serem suprimidos", avalia Duval Fernandes, professor da PUC de Minas. Não à toa, 65% dos imigrantes que entraram no Brasil no final dos anos 2000 eram brasileiros que decidiram retornar. Três em cada quatro deles tinham até o ensino médio completo.
Desde 2010, houve uma redução drástica do total de
brasileiros que migram para destinos históricos, como Estados Unidos e países
da Europa. Na Espanha, houve queda de 41% de 2010 a 2013, segundo a OCDE.
Em países como Portugal, Itália e Japão, os fluxos anuais
de brasileiros caíram sensivelmente no mesmo período.
Nos Estados Unidos, a emissão de vistos de imigração para
brasileiros cresceu apenas 1,5% de 2010 a 2014. Tem chamado a atenção, no
entanto, o aumento da procura do desconhecido visto Eb5. Ele permite obter a
cidadania através de investimento de 500.000 dólares em projetos chancelados
pelo governo. São poucos os pedidos brasileiros, mas com tendência de alta: 47
em 2014, quase o total dos três anos anteriores somados, 48.
Profissionais qualificados
Países com políticas de atração migratória se tornaram
mais interessantes. Mas os governos não escolhem imigrantes a esmo: lançam
listas buscando profissionais qualificados em áreas específicas, como o caso da
Austrália e do Canadá. É o caso do paulistano Rafael Isabella. Aos 32 anos, o
analista de negócios de Tecnologia da Informação decidiu viver em Sydney, na
Austrália, com a mulher. Enfrentou os oito meses do processo de imigração e
recebeu a aprovação há um mês. "O que mais me motiva a sair é a situação
atual do país. Temos uma cultura que permite que muita coisa errada
aconteça", justifica. Empresas especializadas na migração para a
Austrália, como a Bravo Migration e a Smart Vistos, têm crescido mais de 30% em
média ao ano. O perfil dos clientes é de profissionais com experiência em suas
áreas, entre 28 e 39 anos.
O caso da Austrália é emblemático: a migração qualificada
brasileira no país mais que dobrou desde 2010. Segundo dados do governo
australiano enviados ao site de VEJA, dos 884 vistos de residência emitidos em
2010, 506 (57,2%) eram para profissionais qualificados. Em 2014, foram 1.520
vistos de residência, dentre os quais 1.077 (70,8%) qualificados. Um aumento de
112% no período. Já o número de brasileiros residentes cresceu 33,2% de 2010 a
2014, de 16.550 para 22.050, segundo estimativas do governo.
No Canadá - onde não há separação nos dados por
qualificação -, o fluxo de brasileiros atingiu um pico histórico em 2010 e
seguiu uma forte redução no ano seguinte. Para autoridades, o recorde está
associado a novas regras para acelerar o processo de entrada. Com isso, pedidos
de anos anteriores que estavam travados podem ter sido contabilizados. De 2011
a 2013, já sob regras mais ágeis, o número de vistos de residência concedidos
por ano a brasileiros cresceu 13,5%.
ACHEIUSA
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