O fenómeno de imigração ilegal aumenta na Europa na
proporção do aumento dos refugiados dos conflitos no Médio Oriente e norte de
África. O risco de que as ondas migratórias levem jihadistas ou outros membros
de células terroristas para o centro do Velho Continente tem feito a Europa
apertar as suas fronteiras. Incluindo num país como a Bulgária, que até há
pouco mais de 25 anos estava mais preocupado em estancar a saída dos seus
cidadãos para fora do que propriamente em fechar as suas fronteiras contra a
entrada de cidadãos estrangeiros.
A realidade mudou. De acordo com o New York Times, há
pouco mais de um ano que a Bulgária tem vindo a pôr em prática um plano de
reforço absoluto do controlo da sua fronteira com a Turquia: reforço de
oficiais na fronteira, novos equipamentos de vigilância e a construção de uma
cerca ao longo de toda a linha fronteiriça junto à cidade búlgara de Lesovo. O
primeiro trecho, com cerca de 32 quilómetros, ficou concluído em setembro.
Dados do mesmo jornal norte-americano apontam para um
fluxo de cerca de 200 mil refugiados que se estima terem entrado na Europa, só
no ano passado, quer por via terrestre quer marítima. De fora das contas ficam
aqueles que conseguiram chegar ao continente clandestinamente, sem serem
detetados.
O reforço da fronteira Bulgário-Turquia é apenas um
exemplo entre os mais visíveis de um sentimento nacionalista e anti-imigração
que tem vindo a proliferar nos últimos tempos em vários países europeus, como
França, Reino Unido, Hungria e República Checa. Nestes países, o surgimento de
partidos políticos de extrema-direita, conservadores, eurocéticos e com um
forte nacionalismo étnico são prova disso. Em alguns casos, como em França, com
a Frente Nacional, ou no Reino Unido, com o UKIP, os partidos crescem de tal
modo ao ponto de ameaçarem o tradicional cenário político-partidário.
Episódios de ataques terroristas como o que aconteceu em
janeiro, em Paris, com o ataque à sede do jornal satírico Charlie Hebdo, faz
com que aumentem os receios de que entre os refugiados que entram na Europa
pelas suas várias fronteiras estejam combatentes estrangeiros alinhados com o
estado Islâmico. No caso da Bulgária, acresce outro fator, que é o facto de ser
o estado-membro mais pobre da União Europeia. É que com a Europa ainda a
recuperar da crise financeira de 2008, o elevado custo de fazer face a uma onda
de refugiados também faz forçar os orçamentos nacionais.
Ao New York Times, um professor universitário búlgaro
especialista em segurança deu forma aos receios de que jihadistas possam estar
a usar a fronteira entre a Turquia e a Bulgária. “Já vi muitos desses
combatentes com os meus próprios olhos”, garantiu Slavcho Belkov, afirmando que
travou conversa com alguns numa estação de autocarros e, quando lhes perguntou
para onde iam, a resposta terá sido “para o céu”.
Observador
Blog miguelimigrante
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