quarta-feira, 15 de abril de 2015

Lei japonesa protege estrangeiros de discriminação racial

Placa em loja indica que só é permitida a entrada de japoneses.



Em seu blog oficial, o cantor Gackt postou um “desabafo” no fim do mês de março que contava uma experiência de discriminação racial sofrida em Paris (França).
De acordo com o músico, que se hospedou em um hotel na capital francesa, um acontecimento suspeito chamou atenção no restaurante do hotel.

Gackt teria se dirigido ao local para tomar café da manhã, quando escolheu um assento perto da entrada e com uma vista bonita da cidade. No entanto, um garçom teria pedido ao cantor para se sentar no fundo do restaurante, o que foi obedecido sem questionamentos.
Após alguns minutos, Gackt relatou que percebeu que um cliente ocidental sentou no mesmo lugar e não foi advertido pelo funcionário. Quando hóspedes asiáticos entravam no restaurante, eram guiados até os assentos do fundo, enquanto que os clientes ocidentais podiam sentar nos melhores lugares.

Legislação japonesa

A experiência do cantor também provocou indignação em fãs e abriu uma discussão com relação ao que a legislação japonesa diz para os casos de discriminação racial.
O site Bengoshi News, que produz conteúdo referente ao mundo jurídico no Japão, fez uma entrevista com o advogado Ryuichi Ishii, membro da Associação dos Advogados de Hyogo e professor da Universidade Konan em Kobe.

Na entrevista, Ishii explicou como funciona a legislação japonesa e o que poderia ter acontecido se o mesmo caso de discriminação de estrangeiros tivesse ocorrido em um restaurante no Japão.

Segundo o advogado, a constituição japonesa garante o direito a todos de não sofrer discriminação por etnia ou nacionalidade. “Este direito vale para todos, inclusive para os estrangeiros que residem no Japão atualmente”, explicou.

No entanto, para o advogado, em relações que se tratam de “funcionário” e “cliente”, o caso pode ser analisado como individual, o que dificulta que a lei seja aplicada diretamente.
“A pessoa individual tem diversos direitos. Neste caso, seria possível analisar que o restaurante é livre para escolher onde gostaria de guiar os seus clientes”, contou.
Porém, isso não significa que um caso de discriminação em um restaurante no Japão, semelhante ao que foi sofrido por Gackt, passaria em branco perante a legislação japonesa. Para Ishii, mesmo que sejam relações individuais, se um indivíduo sente que teve o seu direito violado por outro, é possível que o caso resulte em processo.

“Se o restaurante reserva os melhores lugares para alguns clientes baseando-se em diferenças de etnia e nacionalidade, sem nenhum motivo lógico, o caso pode se enquadrar na lei que protege o cidadão da discriminação. Neste caso, é comum que a vítima receba o pagamento de indenização”, comentou.

No Japão, alguns casos de banhos públicos que rejeitaram a entrada de estrangeiros já foram julgados desta forma, punindo o estabelecimento com o pagamento de indenizações para as vítimas.

Foto: Reprodução


Alternativa

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