A justiça egípcia aprovou as
medidas adoptadas pelo Ministério do Interior para expulsar estrangeiros
homossexuais do país e proibir que eles retornem novamente ao Egipto.
A decisão, emitida na
terça-feira pelo Tribunal Administrativo, rejeita o recurso de um cidadão líbio
denunciado em 2008 por manter relações homossexuais e que foi posteriormente
deportado, segundo confirmaram fontes judiciais.
A investigadora da
Iniciativa Egípcia para os Direitos Pessoais Dalia Abdelhamid disse que a lei
egípcia permite ao Ministério do Interior expulsar - sem recorrer aos tribunais
- qualquer cidadão estrangeiro que efectue "ações que ameacem a segurança
nacional ou que infrinjam a moral publica".
Abdelhamid qualificou a
sentença de "grave" e expressou os seus temores de que ela
"possa ser usada contra qualquer estrangeiro que não seja do agrado das
autoridades e por isso expulso sob o pretexto de ser homossexual".
Segundo a decisão do
Tribunal Administrativo, o Ministério do Interior tem competências para
proteger "o interesse público e os valores religiosos e morais e impedir
que se propague a imoralidade na sociedade".
O cidadão líbio que
apresentou a denúncia pedia a anulação da sua deportação, e alegava que tinha
passaporte em dia e morava no Egipto desde 2006. Além disso, argumentava que
antes da sua expulsão estudava na Academia Árabe de Transporte Marítimo, no
Cairo, e que ao ter seu nome incluído na lista de pessoas que têm a entrada
proibida no Egipto foi impedido de concluir a sua formação.
Abdelhamid denunciou que
cerca de 200 homens foram detidos desde Outubro de 2013 acusados de
"praticar acções imorais" (homossexualismo) no Egipto, e muitos deles
foram condenados à prisão. "Há muitos casos em que as pessoas não foram
detidas cometendo esse 'delito' em flagrante", acrescentou a activista.
Fontes da polícia explicaram
que se homossexuais foram flagrados praticando actos de
"libertinagem" eles são detidos, no caso de egípcios, e deportados,
no caso dos estrangeiros. Poucos casos de estrangeiros chegam nos tribunais. Em
relação ao líbio, houve uma sentença pois ele mesmo recorreu da sua expulsão
perante a justiça.
A lei egípcia não persegue
explicitamente o homossexualismo, mas o que denomina "libertinagem",
por isso os processados sempre enfrentam acusações de práticas imorais. Em
Novembro, um tribunal sentenciou a três anos de prisão oito cidadãos por terem
aparecido em um vídeo no qual se representava um suposto casamento gay num
barco no rio Nilo, embora a pena tenha sido posteriormente rebaixada para um
ano.
Um dos casos mais
controvertidos foi a detenção, em 2001, de 52 pessoas no navio
"Queen", no Cairo, frequentado então por homossexuais. No julgamento
do caso, 21 dos processados foram condenados a três anos de prisão e trabalhos
forçados.
@verdade
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