A Associação de
Apoio aos Trabalhadores Imigrantes (ASTI) e a Amnistia Internacional acusaram o Governo luxemburguês de dificultar o reagrupamento familiar, impedindo a
reunião dos refugiados com membros das suas famílias.
Em comunicado conjunto divulgado hoje, as associações
denunciam "obstáculos colocados [pelo Governo] ao reagrupamento
familiar", que podem configurar "uma violação do artigo 8° da Convenção Europeia dos
Direitos do Homem".
"O Ministério [dos Negócios Estrangeiros] interpreta
de forma muito restritiva o reagrupamento familiar, mesmo tratando-se de
famílias sírias", em "contradição flagrante com as belas palavras do
ministro Asselborn, que se comprometeu a acolher mais requerentes de asilo
sírios no Luxemburgo", acusam as associações.
Em causa estão os prazos "demasiado curtos"
para introduzir o pedido de reagrupamento familiar e a interpretação
"contraditória e absurda" da legislação aplicável, segundo a nota.
Ao abrigo da lei, os requerentes de asilo que obtenham o
estatuto de refugiado podem pedir o reagrupamento familiar no prazo de três
meses, estando dispensados durante esse período de provar que têm rendimentos
suficientes. O problema, segundo as associações, é que o prazo "não
reflecte a realidade do terreno", sobretudo no "caso de países em
guerra, onde [os requerentes] terão dificuldades de monta para obter os
documentos necessários num prazo tão curto", incluindo passaportes e
certificados de nascimento.
As associações denunciam ainda casos em que o pedido de
reagrupamento familiar foi recusado "por não estar provado que os membros
da família estão a cargo do refugiado", uma situação "contraditória e
absurda" quando "a lei dispensa os refugiados de fazerem prova de
rendimentos".
"Como se pode dispensar um refugiado, por um lado,
de fazer prova de rendimentos suficientes, e por outro lado exigir que prove
que os membros da família que quer trazer para o Luxemburgo estão a seu
cargo?", questionam as duas associações.
A ASTI e a Amnistia Internacional denunciam ainda casos
em que o Ministério dos Negócios Estrangeiros recusou o reagrupamento familiar
alegando não estar provado que os membros da família "estão privados do
apoio familiar no país onde vivem".
A situação já tinha levado a ASTI e a Amnistia
Internacional a questionar o Ministério dos Negócios Estrangeiros em Dezembro,
mas os pedidos de esclarecimento das duas associações ficaram "sem
resposta".
As associações reclamam ainda o alargamento dos prazos
para pedir o reagrupamento familiar sem fazer prova de rendimentos, como já
acontece na Bélgica (onde o prazo é de um ano), França, Áustria, Espanha ou
Suécia, tendo em conta "as reais dificuldades [dos refugiados] para
encontrar trabalho".
P.T.A.
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