Um programa federal implementado em 71 jurisdições policiais dos Estados Unidos permite que oficiais locais atuem como agentes de imigração, agravando a insegurança entre as comunidades, denunciou na quinta-feira, 12, o Conselho Nacional da Raça.
O programa, criado em 1996, passou quase desapercebido até 2001 e agora está crescendo rapidamente sem a supervisão adequada do governo, segundo um relatório que examina o impacto da iniciativa.
"Comprovamos que este programa está deteriorando as relações entre a polícia e a comunidade latina, o que afeta negativamente a segurança pública", disse Elena Lacayo, autora do informe, durante uma coletiva de imprensa por telefone. "Muitos hispânicos vivem em áreas onde o programa foi imposto e não reportam crimes, nem cooperam com a polícia, com medo de serem deportados".
Conhecido como a seção 287(g) da Ata de Imigração e Nacionalidade, a medida permite que policiais municipais e estaduais imponham leis migratórias após firmarem um acordo com o governo federal e submeterem-se a um treinamento.
A iniciativa, aplicada sobretudo no sul dos Estados Unidos, permite a agentes colaborar com funcionários do Serviço de Imigração e Controle de Alfândegas (ICE, na sigla em inglês).
"O objetivo dessa aliança é facilitar a expulsão de imigrantes indocumentados que tenham cometido crimes graves e atuar como uma 'força multiplicadora' para os recursos limitados do ICE", afirma o relatório.
O princípio do programa era prender e deportar criminosos, mas ele não treina os agentes locais suficientemente. Por isso, provocou a prisão e deportação de imigrantes que não cometeram crimes, de acordo com a organização.
O reporte menciona o caso de Noé López, imigrante que foi preso em janeiro de 2008 em Nashville, Tennessee, por pescar sem licença. Após ser preso, foi considerado pelo programa 287(g) e deportado.
O documento destacou que durante o ano fiscal de 2008, agentes policiais que participaram no programa identificaram e expulsaram 33.831 pessoas, cerca de 9,5% de todas as deportações do ICE. Até julho de 2010, aproximadamente 71 acordos foram firmados entre o governo e localidades para a execução do programa.
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