Os 18 membros do comité saudaram o anúncio inesperado feito por uma delegação francesa sobre a preparação de um plano nacional de luta contra o racismo, após a apresentação de um relatório de 90 páginas sobre as medidas tomadas pelas autoridades para combater as discriminações.
Contudo, os argumentos franceses estão longe de convencer os peritos do comitê. Para Ewomsan Kokou, membro togolês do comitê, a França, apesar de numerosos instrumentos legais, está confrontada com um "recrudescimento notável do racismo e da xenofobia". Para o relator norte-americano Pierre-Richard Prosper, a razão é só uma: falta de "verdadeira vontade política", cita a Lusa.
O Comitê das Nações Unidas para a Eliminação da Discriminação Racial criticou, nesta quarta-feira, o tratamento que é dado aos ciganos, o debate sobre a identidade nacional, o não reconhecimento do direito das minorias na lei e o endurecimento do discurso político. Os peritos aguardam as respostas do governo francês antes de dirigirem as suas recomendações.
Entretanto, segundo adianta o jornal I, a polícia francesa levantou 40 acampamentos ciganos ilegais em duas semanas, anunciou esta quinta-feira o ministro do Interior de Lyon, Brice Hortefeux.
Está previsto o desmantelamento de 300 acampamentos ilegais em três meses, segundo o ministério que organizará voos charter para repatriar 700 imigrantes sem documentos para a Roménia e Bulgária.
Em Julho, o presidente francês, Nicolas Sarkozy, ordenou a expulsão dos imigrantes ilegais ciganos e o desmantelamento dos seus acampamentos. A França está, aliás, a pressionar a Roménia para integrar melhor os ciganos de modo a que estes não imigrem.
Sarkozy anunciou esta medida entre outras incluídas num pacote legislativo para combater a criminalidade, onde consta também uma proposta que prevê retirar a nacionalidade francesa aos estrangeiros que atentarem contra as autoridades públicas.
Para além do próprio pacote anti-imigração, que levou inúmeras organizações francesas e internacionais a condenar o seu conteúdo racista e xenófobo, o seu anúncio foi feito no mesmo dia em que a CNN divulgou um vídeo onde se vêem cerca de 60 imigrantes e seus bebés, a maioria procedente da Costa do Marfim, a serem arrastadas e agredidas violentamente pela polícia francesa num subúrbio de Paris.
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