É preciso considerar
os migrantes como uma "oportunidade para as comunidades que os
acolhem" e não um problema, desta forma, eles podem "colaborar no
desenvolvimento da Igreja de chegada e contribuir para o crescimento da
fraternidade" – foi quanto disse o Cardeal Antonio Maria Vegliò,
Presidente do Pontifício Conselho para a pastoral dos migrantes e itinerantes,
ao abrir nesta segunda-feira, na Universidade Urbaniana, o Sétimo Congresso
Mundial da Pastoral das migrações.
Participam no
Congresso trezentos especialistas de 93 países dos cinco continentes, que irão
debater até sexta-feira 21 de novembro sobre o tema "Cooperação e
desenvolvimento na pastoral das migrações". Foram igualmente convidados
alguns delegados fraternos para representar as igrejas e confissões cristãs que
partilham a mesma preocupação com o fenómeno da migração, para além de
personalidades do mundo político, diplomático e académico.
Na sua introdução
aos trabalhos, o cardeal não escondeu os problemas de natureza social,
económica, política, cultural e religiosa levantados pelas ondas migratórias e
as consequentes emergências que interpelam a comunidade internacional,
sublinhando que eles representam "um fenómeno complexo e difícil de gerir
devido à sua ligação com todas as esferas da vida quotidiana". Contudo,
reiterou o cardeal, o facto de que milhões de pessoas "se movimentam
apesar dos obstáculos persistentes, mostra uma certa
"incompatibilidade" entre as políticas restritivas e um mundo que
está cada vez mais a avançar em direção a uma liberalização crescente de outros
fluxos”
Também por estes
motivos, explicou o Cardeal, "nesta época de migrações sem precedentes,
existe a tendência para ver o migrante estrangeiro com suspeita e medo" e
assim, em vez de "acolhimento e solidariedade", estas pessoas acabam
por despertar 'desconfiança e hostilidade, suspeitas e preconceitos", a
ponto de o espírito de generosidade ser substituído por apelos a isolamento e
restrição". E daqui a importância do tema desta Conferência, que
aponta para a cooperação e o desenvolvimento na perspectiva da pastoral para os
que deixam a própria terra natal em busca de novas oportunidades de vida.
O cardeal convidou
em seguida para "não se esquecer que o afluxo de migrantes para os
países de acolhimento significa, para estes últimos, grandes benefícios, pois
introduz novas forças criativas e produtivas e que a inclusão dos migrantes nos
países de acolhimento tem a capacidade de criar riqueza para os próprios países
e, ao mesmo tempo, oferece oportunidades de formação, informação, trabalho e
remuneração para os migrantes que, por sua vez, podem partilhar tais
oportunidades com os respectivos países de proveniência".
E finalmente, no
que diz respeito directamente à pastoral, o Cardeal Vegliò recordou que
"os migrantes não têm apenas necessidades materiais, mas também
espirituais, às quais a Igreja deve responder, sendo sempre o ponto de partida
a compreensão da situação dos migrantes em todas as suas dimensões, à luz da
Palavra de Deus e da doutrina social.
Radio Vaticano
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