MPF denunciou duas pessoas por trabalho escravo no
município de Cantá.
Três nicaraguenses, vítimas de tráfico humano, trabalhavam em fazenda
Três nicaraguenses, vítimas de tráfico humano, trabalhavam em fazenda
Após o resgate de três nicaraguenses, 'vítimas de
crime de redução à condição análoga a de escravo', em uma fazenda no município
de Cantá, em agosto deste ano, o Ministério Público Federal em Roraima (MPF/RR)
conseguiu nesta semana o repatriamento desses estrangeiros para o país de
origem.
Os trabalhadores foram vítimas de tráfico de
pessoas, mediante o contato de um brasileiro, com residência nos Estados
Unidos, que prometeu excelentes condições de trabalho a quatro nicaraguenses.
Após aceitarem a oferta e desembarcarem no Brasil, eles ficaram cerca de oito
meses isolados na propriedade, em condições de higiene e segurança totalmente
inadequadas, sem receber regularmente salário.
Mediante articulação com o Ministério das Relações
Exteriores (MRE) e o Consulado da Nicarágua, o MPF conseguiu o retorno dos três
estrangeiros à Nicarágua. O quarto nicaraguense já havia conseguido fugir e
retornar à sua terra natal.
Durante o período em que aguardavam o retorno ao
seu país, os trabalhadores foram acolhidos em uma casa de apoio fornecida pelo
governo do estado, na qual recebiam os mantimentos necessários, por meio de
articulação entre os órgãos competentes.
Denúncia
As investigações sobre o caso tiveram início após o comparecimento na Sala de Atendimento ao Cidadão do MPF/RR de uma das vítimas, que conseguiu fugir e procurou o órgão para relatar as condições de trabalho encontradas na fazenda do município de Cantá.
As investigações sobre o caso tiveram início após o comparecimento na Sala de Atendimento ao Cidadão do MPF/RR de uma das vítimas, que conseguiu fugir e procurou o órgão para relatar as condições de trabalho encontradas na fazenda do município de Cantá.
Após as apurações, imediatamente foi requisitada
instauração de inquérito policial pelo MPF e na mesma semana foi cumprido
mandado de busca e apreensão por ordem da Justiça Federal. No dia 4 de agosto,
os nicaraguenses foram encontrados em uma fazenda de difícil acesso,
trabalhando em condições degradantes.
O MPF/RR ofereceu denúncia contra duas pessoas, por
crimes de redução à condição análoga a de escravo, de frustração, mediante
fraude a direitos assegurados na legislação do trabalho, além de ocultação de
estrangeiro em situação irregular. O órgão ministerial também requereu à
Justiça a antecipação de provas, no intuito de realizar a oitiva dos
trabalhadores e permitir o retorno à Nicarágua, evitando prejuízo ao processo,
bem como o entrave no repatriamento, o que foi deferido.
O Ministério Público Federal pediu a condenação dos
denunciados pelos crimes cometidos, além do pagamento de indenização, a título
de danos morais individuais, a cada trabalhador.
Além das medidas adotadas pelo MPF, o Ministério
Público do Trabalho (MPT) também ajuizou medidas judiciais, com o fim de
garantir os direitos trabalhistas das vítimas. A ação do MPT tramita atualmente
na Justiça do Trabalho em Boa Vista.
G1 RR
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