O Paraguai conseguiu pôr fim ao uso do país
como território de passagem para levar cidadãos chineses ao Brasil e à
Argentina por parte de uma rede de tráfico humano, disse à Agência Efe o
diretor de Migrações, Jorge Kronawetter, que destacou as medidas aplicadas nos
últimos meses para frear essas ações.
Desde agosto do ano passado, os agentes de
migrações detectaram 'seis ou sete' grupos de chineses, compostos por entre
quatro e seis pessoas, que tentavam entrar com documentos falsos no aeroporto
de Assunção, detalhou.
'Para este tipo de coisas tem que haver algum
cúmplice aqui, alguém para recebê-los', disse Kronawetter, que explicou que do
Paraguai a rede de tráfico levava os chineses a Argentina e Brasil.
O funcionário deu como exemplo a descoberta no ano
passado de uma dezena de chineses que trabalhavam em condições 'sub-humanas' em
supermercados argentinos e que tinham ingressado ao país por terra do Paraguai.
Os imigrantes chegavam por avião com escala em São
Paulo e, posteriormente, mudaram sua rota e ingressavam por Lima, capital do
Peru.
Kronawetter afirmou que o fluxo se deteve depois da
aplicação de medidas de segurança nas resoluções de admissão emitidas pela
Direção de Migrações, o documento que a rede falsificava.
Além disso, as autoridades paraguaias trabalham com
as companhias aéreas para que elas impeçam o embarque de cidadãos que não
contem com os papéis corretos.
'Coordenamos com eles ações que nos permitiram
deter isso, pelo menos até o momento', declarou.
As autoridades migratórias puseram os cidadãos
chineses interceptados no aeroporto à disposição da Justiça, explicou
Kronawetter.
Na entrevista o diretor destacou, além disso, o
processo de incorporação de um sistema informático de controle biométrico
cedido pela Argentina aos controles fronteiriços paraguaios, que investirão nos
aparatos para seu funcionamento, com o que se alcançará uma vigilância
'integrada' entre os países.
O sistema permite a leitura de digitais e
passaportes e o registro de imagens faciais, explicou. 'Isso vai nos colocar à
altura de países modernos no que se refere ao passaporte eletrônico, que era
algo que tínhamos pendente', comentou.
O diretor de Migrações informou também que seu
escritório analisa a possibilidade de impulsionar uma lei de anistia para os
imigrantes ilegais que residem no Paraguai.
'Sabemos que existe muita gente de maneira
irregular, principalmente na área fronteiriça com o Brasil', acrescentou,
ressaltando que essa situação pode ajudar empresas a violar os direitos
trabalhistas dos estrangeiros.
EFE
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