Os diretores da empresa GEP, que detém as marcas
Cori, Emme, Luigi Bertolli e que representa a grife internacional GAP no
Brasil, terão que prestar esclarecimentos, nesta quarta-feira (17), à
Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp), devido ao flagrante de trabalho escravo
na confecção de roupas que comercializam. A audiência, prevista para as 14h30
no Plenário José Bonifácio, foi convocada pelo deputado estadual Carlos Bezerra
Jr. (PSDB), vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos e propositor da lei
paulista contra a escravidão.
Fiscalização do
Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e do Ministério Público do Trabalho
(MPT) resgatou, em 22 de março, 28 imigrantes bolivianos costurando peças para
o grupo GEP em condições análogas às de escravo, numa oficina têxtil
clandestina na zona leste de São Paulo. Os resgatados cumpriam jornadas
exaustivas, acumulavam dívidas e estavam sujeitos a condições degradantes, por
problemas de segurança e higiene no interior do estabelecimento.
As vítimas
trabalhavam das 7h às 18h, de segunda-feira à sexta-feira. Aos sábados,
cuidavam da limpeza e manutenção da oficina. “Quanto mais peças costurarmos,
mais dinheiro ganhamos, então preferimos não parar”, afirmou um dos trabalhadores
na ocasião. Aliciados na Bolívia, alguns dos imigrantes já começavam a
trabalhar endividados, porque eram obrigados a pagar os custos de transporte e
entrada no Brasil. Mesmo os que administravam a oficina tinham dívidas com
empréstimos para a compra de novas máquinas e contratação de mais costureiros.
Entre os problemas
detectados na oficina clandestina estavam desde questões de segurança,
incluindo extintores de incêndio vencidos, fiação exposta e botijões de gás em
locais inapropriados, com risco agravado pela concentração materiais
inflamáveis, até problemas relativos às condições de alojamento. Os resgatados
viviam em quartos adaptados. Além disso, alimentos foram encontrados
armazenados junto com produtos de limpeza e ração de cachorros.
Contato
Desde que o flagrante aconteceu, a Repórter Brasil vem tentando obter um posicionamento da GAP internacional sobre o flagrante de trabalho escravo na empresa escolhida para representar o grupo no país. Após contato com os escritórios da multinacional em Londres, no Reino Unido, e em São Francisco, nos EUA, a reportagem recebeu a orientação de contatar os representantes da própria GEP, que, por sua vez, já haviam se posicionado anteriormente no sentido de negar a redução de trabalhadores à escravidão. A GEP responsabilizou seus fornecedores e alegou que “repudia com veemência toda prática de trabalho irregular”. A grife internacional GAP não se posicionou sobre o caso até o momento.
Desde que o flagrante aconteceu, a Repórter Brasil vem tentando obter um posicionamento da GAP internacional sobre o flagrante de trabalho escravo na empresa escolhida para representar o grupo no país. Após contato com os escritórios da multinacional em Londres, no Reino Unido, e em São Francisco, nos EUA, a reportagem recebeu a orientação de contatar os representantes da própria GEP, que, por sua vez, já haviam se posicionado anteriormente no sentido de negar a redução de trabalhadores à escravidão. A GEP responsabilizou seus fornecedores e alegou que “repudia com veemência toda prática de trabalho irregular”. A grife internacional GAP não se posicionou sobre o caso até o momento.
Esta é a quarta convocação da Comissão de Direitos
Humanos para esclarecer crimes da exploração de mão de obra escrava. A grife
espanhola Zara,
a Racional Construtora,
responsabilizada pelo caso de escravidão em obras do Hospital Oswaldo Cruz na
região da Avenida Paulista, em São Paulo, e representantes do programa “Minha
Casa, Minha Vida”, do governo federal, já foram chamadas à Alesp em outras
ocasiões. O estado de São Paulo recentemente promulgou a lei 14.946/2013, conhecida como
“lei paulista contra a escravidão”, norma que cassa o ICMS de empresas envolvidas
com trabalho escravo, e proposta pelo parlamentar Carlos Bezerra Jr.
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