Os haitianos que entraram ilegalmente no país deverão receber visto
humanitário que lhes garanta a permanência no país por cinco anos. O documento
poderá ser renovado por igual período e, dependendo da situação, ser trocado
pelo visto permanente. De acordo com o secretário nacional de Justiça, Paulo
Abrão, a regularização será destinada apenas aos imigrantes haitianos.
“O conjunto de medidas especiais que o Estado brasileiro adota para fins
de regularização dentro do nosso território está destinado aos haitianos, em
virtude da responsabilidade diplomática e histórica que o Brasil tem com o povo
do Haiti”, disse o secretário, em entrevista à imprensa na cidade de Rio
Branco, antes de ir para Brasileia com a equipe multissetorial enviada
pelo governo federal a fim de analisar a situação dos imigrantes ilegais no
município acriano.
Ainda de acordo com o secretário nacional de Justiça, os africanos e
asiáticos, também refugiados no Acre, passarão por outros procedimentos. “Essas
medidas, a priori, não estão sendo alcançadas a quaisquer outras
nacionalidades, que deverão seguir os procedimentos ordinários que a nossa
legislação prevê. Caso haja uma solicitação fática de protocolo de refúgio,
esse pedido é encaminhado para o Comitê Nacional para Refugiados para que haja
deliberação, analisado cada caso individualmente. Se for negado, essas pessoas
deverão se retirar do território”.
O grupo multissetorial que está em Brasileia é composto por
representantes da Polícia Federal, dos ministérios da Justiça, Relações
Exteriores, trabalho e do Desenvolvimento Social e Combate à Fome e da
Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República. Além de verificar o
problema fronteiriço, cada órgão terá uma função na regularização dos
imigrantes. Serão emitidos documentos como CPF, Carteira de Trabalho e
protocolo de pedido de refúgio no país.
Abrão explicou também que a equipe multissetorial irá estudar uma forma
de solucionar o problema da imigração ilegal, mas não definiu o que deve ser
feito. “Nesses quatro dias aqui, no Acre, nós vamos apurar o nosso diagnóstico
em relação à questão dos haitianos. Já existe um conjunto de iniciativas
elaboradas, visando a estimular a vinda [dos haitianos] pelo mecanismo da
emissão de vistos no Haiti e desestimular a vinda pelas vias irregulares,
terrestres aqui pelo Acre. Essas medidas serão anunciadas em um momento mais
oportuno”.
O secretário de Justiça e Direitos Humanos do governo do Acre, Nilson
Mourão, entende que o problema e a necessidade da participação do governo
federal são urgentes. “Nosso principal objetivo é que as autoridades federais
vejam, in loco, a realidade. Nós estamos carregando os problemas
com muita dificuldade, com muito sacrifício, porque o problema é complexo.
Agora estão vindo nos visitar e é extremamente importante que nos vejam,
constatem a realidade, para tomar as providências que nós entendemos cabíveis”,
disse.
Mourão defende a assistência aos imigrantes abrigados no estado, mas
alerta para a presença de traficantes e coiotes (agenciadores de imigrantes
ilegais) entre os refugiados. “A grande maioria são pessoas pobres, humildes,
que buscam dias melhores aqui no Brasil. São vítimas, tanto da catástrofe como
vítimas dos coiotes. É claro que no meio deles existem coiotes e traficantes
infiltrados. Há todo um problema de tráfico de drogas, de contrabando, tráfico
de armas que sempre acompanham movimentos migratórios que são feitos dessa
forma”, alertou.
Agencia Brasil
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